Cuidado Com O Que Você Deseja escrita por Katie Anderson


Capítulo 19
Capítulo 19




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Capítulo 19

   – Sim, é claro que já! Você achou o quê; que eu nasci assim? – Ele perguntou. – Com uma aparência de 25 anos de idade e como um ser imortal?

   – Bem, na verdade...

   – Deixa, eu nunca devia ter dito isso. – Eu nunca pensei sobre o passado de Jeff. – A questão é, eu já fui humano. Mas, eu recebi uma proposta, e aqui estou.

   – Proposta?

   – Na minha época, eu era um dos mais avançados intelectualmente. E, na época tínhamos outras crenças, então me ofereceram isso, e eu aceitei. Uma escolha que, se eu soubesse as conseqüências, nunca teria aceitado.

   – Algum dia você vai me contar? Quero dizer, a sua idade? – Perguntei.

   Ele hesitou por um momento.

   – Talvez. – Disse ele, por fim. – Só quando eu tiver certeza de que você está preparada para ouvir. Mas você não faz ideia de quem eu cheguei a conhecer.

   Isso me deixou curiosa.

   – Que tipos de pessoas? – Perguntei.

   – Ah, de todos os tipos. Shakespeare, Einstein, Da Vince... Sabe, esses caras aí que você gosta. – Encarei-o, boquiaberta. – Newton era muito divertido. Sem contar os músicos que marcaram os últimos séculos. John Lennon e Paul foram os meus favoritos. Sabe, quando eles estavam no início da carreira.

   – Dos B-Beatles? – Perguntei.

   – Não, dos Rolling Stones! – Debochou. – Claro que sim, de onde mais eles seriam? – Mas ele falava rápido demais, não dava tempo de interrompê-lo. – E não apenas os astros antigos. Eminem, Gwen Stefani, Katy Perry... – Eu apenas o encarava, babando, enquanto ele falava os nomes de alguns dos melhores músicos do mundo. – E até Avril Lavigne e Billie Joe Armstrong.

   BILLIE JOE ARMSTRONG? Jeff conheceu o vocalista do GREEN DAY?

   E Avril Lavigne? Ela é a minha maior ídolo desde que eu tinha 8 anos!

   – O único ruim disso, é que o tempo passa para todos, menos para mim. Eu ficarei desse jeito para sempre. As pessoas realizam seus pedidos e me dispensam. Eu queria que, apenas uma vez, isso fosse diferente.

   Realmente, deve ser horrível. Quero dizer, conhecer pessoas, ver elas crescerem e até morrerem, e você sempre do mesmo jeito. nunca tinha visto a coisa por esse lado.

   Ele deve ter percebido que eu estava calada, pois falou:

   – Olha, eu já contei algo sobre mim. Agora, sua vez. Diga algo sobre você. De preferência, que tenha a ver com o porquê de Will estar chateado com você.

   Eu sabia que aquela conversa tinha segundas intenções! Jeff é um danado!

   Eu contei a ele. O que eu tinha a perder? Ele ia acabar descobrindo de qualquer forma. E, além disso, eu já estava cansada de segredos.

   Passei o fim de semana todo estudando. Eu sei que a maioria das pessoas acharia isso loucura, mas eu precisava de algo para me distrair. Algumas pessoas escutam música, outras assistem TV, outras pulam de prédios... bem, quando eu não estou andando de skate, estou estudando. Acho que isso explica porque as minhas notas são tão boas. Jeff deve ter percebido que eu estava mal, pois me deixou em paz o fim de semana todo.

   A semana passou normalmente. Rápida demais, para falar a verdade. É fácil quando você está focado em apenas um assunto, ou em mesmo nada. Eu nem me esforçava para falar com Will, agora eu nem conseguia olhar para ele diretamente, já que sabia o que eu tinha feito.

   Mas, hoje é sexta-feira. É o dia da semana em que eu estou mais confiante.

   Bem, resumindo a história, eu esperei até o fim da aula para falar com Will. Eu precisava esclarecer algumas coisas. E precisava dizê-las antes que ele fugisse. E foi o que eu fiz. Esperei a aula acabar, peguei ele pelo braço e o arrastei até a sala de música. É, desde que eu conheci Jeff, venho fazendo loucuras.

   – O que você quer? – Perguntou ele.

   – Finalmente! – Respondi. – É a primeira vez que você fala comigo em duas semanas!

   – Você não respondeu à minha pergunta. O que você quer? – Ele perguntou novamente.

   – Quero conversar com você. Satisfeito? – E eu achava que Jeff era uma pessoa difícil...

   – Hum. Olha, eu tenho treino, então eu agradeço se você for rápida.

   – Eu sei que você está com raiva de mim, e sei o motivo. Mas eu realmente preciso falar com você.

   – Você sabe o motivo? – Perguntou ele, desconfiado. Acho que ele pensou que eu estava blefando.

   Eu não devia ter dito que sabia o motivo. Ele é um garoto, é orgulhoso demais para admitir que ficou com ciúme.

   – Sei. – Fui idiota o suficiente para admitir.

   – Como você... – Ele começou a dizer.

   – Rachel. – Disse.

   Ele ficou em silêncio. No lugar da sua expressão despreocupada e confiante de sempre, eu vi outra expressão que eu conhecia bem: vergonha.

   Will estava com vergonha. Will! Mas, eu também me sentiria assim se isso acontecesse comigo. Se ele estava assim, imagina como eu deveria estar naquele momento. Não tinha nenhum espelho ali, mas eu pude sentir que eu estava começando a ficar muito vermelha.

   – Olha, eu não sei o que Rachel disse, mas tenho certeza de que não é verdade. – Ele disse. – Agora, já que você já falou comigo, posso sair? Não posso faltar ao treino.

   – Você já faltou uma vez por mim. Se for necessário, você o fará de novo. – Eu estava séria. Acho que ele deve ter notado isso.

   – O que você quer saber? Tá, eu vi você com aquele cara. Mas isso não é um assunto meu. Posso sair agora?

   Bem, posso dizer que não esperava que ele fosse tão direto. Para dizer a verdade, isso tornou as coisas bem mais fáceis.

   – Não. – Eu disse.

   – Eu tenho uma pergunta. Por que você não pega aquele cara e enfia nessa sala ao invés de...

   – Porque é você com quem eu quero falar. Agora, escuta.

   – Não, Catherine, escuta você. Eu não estou exigindo nada. Você pode ficar com quem você quiser. Eu não me importo. Tudo que eu quero é não receber outra advertência por chegar atrasado ao treino. Saia da minha frente.

   – Como é? Olha, eu não vou ficar aqui apenas escutando seus...

   – Você ouviu. Por que você ainda está no meio do meu caminho? – Ele me tirou da frente da porta. Droga! Eu tinha que escolher um jogador de futebol americano. Não podia ser um de ping-pong, que não tem força para me levantar. – Outra hora a gente conversa.

   Então ele saiu, batendo a porta e me deixando sozinha na sala.

   Preciso confessar que isso foi bem desagradável. Tudo. O fato de ele ter sido grosso comigo e também de ter me deixado sozinha. Ele poderia ter sido mais... a quem eu estou querendo enganar? A culpa era toda minha. Eu nem devia ter arrastado ele para lá, para começo de conversa. Mas, algo que ele disse clareou um pouco a minha mente.

   – Katie? Você tem um minuto? – Perguntei.

   – Cath, eu estou no meio de um treino. Vai ser rápido? – Ela respondeu.

   É, eu estou tirando as pessoas que eu gosto das atividades esportivas hoje.

   – Vai, eu prometo.

   Então eu a arrastei até o lado de fora.

   – Sim, o que você quer me dizer?

   Essa é a parte difícil. A que eu decido se eu falo a verdade ou não.

   Acho que não tem problema, se eu arrumar as coisas depois. Mas, sempre que eu tento arrumar, o estrago aumenta ainda mais. Talvez agora seja diferente.

   – Hm, você quer ir lá em casa amanhã? – Perguntei.

   – Você me tirou do treino para dizer isso? – Ela perguntou. – Bem, eu vou, faz um tempão que você não me convida. – Ela sorriu.

   – Ah, que bom. É, e você sabe onde Chad está? – Perguntei.

   – Chad? Por que você quer saber? – Bem, o que eu digo agora? Eu não posso contar pra ela o que rolou.

   – Porque... eu queria falar umas coisas com ele. Você não se importa, né?

   Bem, eu não menti. Apenas omiti alguns fatos.

   – Não, claro que não. Ah, sei lá, acho que ele deve estar provavelmente treinando para o jogo de baseball que ele terá semana que vem. Ou no Central Park compondo alguma coisa.

   Ela não precisou dizer mais nada. Agora eu sabia exatamente onde encontrá-lo.

   Bem, eu meio que conheço a cabeça da maioria dos garotos. Luke, meu primo, por exemplo. se garante totalmente nos esportes. Eu sempre ganho dele, mas... sim, eu tinha certeza de que Chad não estava treinando. E, ele tinha me dito como adorava poesia, coisa e tal. Não tenho certeza, mas tive um pressentimento. E, depois disso, segui direto até o Central Park.

   Não tinha muita gente lá, o que era estranho, pois o Central Park de Manhattan está sempre lotado. Mas pude avistá-lo, sentado perto de uma árvore. Ele estava com um violão. Katie estava certa. Ele estava mesmo compondo alguma coisa. Bem, ele alternava entre escrever num caderno e tocar violão. Por experiência própria, posso afirmar que isso é compor.

   Cheguei mais perto, e descobri que estava certa. Mas, eu cheguei perto demais.

   – Catherine. Esperava te ver aqui.

   – Ham, o que isso quer dizer, exatamente? Ah, deixa pra lá. Eu vim aqui por outro motivo.

   – Eu sei porque. – Disse ele.

   Eu estou acostumada com pessoas blefando, mas dessa vez, eu tive certeza de que ele não estava.

   Numa rápida olhada em seus olhos e percebi que estava em perigo. Não ele, mas eu. Tinha algo errado. Eu tinha que sair dali agora. Tinha que pensar em algo que me desse algum tempo pra correr.

   Então, eu fiz algo que eu mataria quem fizesse comigo.

   Peguei uma tesoura da minha bolsa, cortei as cordas do violão dele, joguei tudo no chão e saí correndo.

   Eu sei. Uma decisão nada madura. Mas tinha algo de errado com Chad. Foi o melhor que eu consegui pensar. E eu estava sob pressão.

   No meio do caminho, peguei o skate de um menino, para ganhar velocidade. Eu sei que, em condições normais, isso seria completamente errado. Mas, naquela situação, as condições normais eram de zero importância. E Chad estava se aproximando.

   Então ele me pegou. Paramos em um beco sem saída. Não tinha para onde correr.

   Eu só tinha uma esperança.

   Jeff, apareça, pensei.

   Apenas alguns segundos se passaram e começou a se formar uma cortina de fumaça laranja.

   – O que você aprontou agora, Catherine? Espero que não tenha... – Ele hesitou. – Você. – Ele olhou pra Chad.

   – Você. – Chad respondeu, mas não do mesmo jeito de Jeff. Jeff tinha raiva em sua voz. Chad tinha... eu não sei muito bem, mas deu pra ver que ele estava se divertindo muito ali. – Eu esperava ver você aqui, Jeff.

   – Peraí, calma. Vocês se conhecem? – Perguntei, perplexa.

   – Digamos que ele... foi meu último... amo. – Respondeu Jeff, pouco a vontade com isso. – Catherine, quando você disse que gostava de um Chad, eu não imaginei que era esse Chad.

   Sério, eu ainda estava chocada. Daqui a pouco eu estaria que nem Andressa, minha amiga da aula de Inglês, falando: CHO-QUEI!

   – Eu não estou entendendo droga nenhuma. Dá pra vocês me explicarem do começo, por favor? – Perguntei. Escutei um pequeno barulho, que deve ter acontecido por perto. Mas não era hora de eu me preocupar com isso.

   – Lembra de que te disse que uma pessoa não pode pedir mais pedidos, para não causar dependência? – Perguntou Jeff, calmamente.

   – S-sim. – Respondi.

   – Então, essa regra foi criada por causa do nosso querido Chad aqui. Ele era o garoto mauzinho e espertinho que ficou dependente e tentou se matar.

   – Eu não tentei me matar. – Disse Chad.

   – Ah é, quem tentou foi Kendall Schmidt. Eu confundi. Deve ser porque vocês dois são altos, loiros e têm olhos claros.

   – É. – Disse Chad, sorridente.

   – Isso não é uma brincadeira, criança. – Disse Jeff, sério. – E eu não brincaria com ele se fosse você, Catherine. Ele é muito poderoso. Tudo o que eu dei a ele, ainda está com ele. Na época, eu não tinha autoridade o suficiente para desfazer todos os pedidos dele. – O tom de Jeff era amargo.

   – Acredita em mim agora? – Perguntou Chad.

   – Você... você é louco! – Respondi. Procurei algum modo de fugir, mas... eu estava cansada de fugir. Sempre que a situação fica difícil, eu fujo. Eu tenho que parar com isso e começar a enfrentar os meus problemas, não importa o quão ruim eles sejam.

   A quem eu estou querendo enganar? Eu estava encurralada. Não tinha nenhuma chance contra Chad. Achei melhor ouvir o que ele tinha a dizer.

   – Katie me falou sobre você. A garota deslocada, que tinha amigos, mas não era popular. E que tinha uma mãe muito chata. Bem, ela não disse desse jeito, mas foi o que eu entendi. – Começou Chad. – Quando te conheci na festa de Kelly, vi como você estava insegura e tive certeza de meus argumentos.

   Eu não sou assim! E eu não estava insegura naquela noite! Quis gritar. Mas achei melhor não interrompê-lo.

   – Katie é uma garota tagarela, você sabe disso. Quando ela mencionou que sua mãe tinha abandonado seu castigo, eu tive certeza que você tinha recebido Jeff e usufruído de seus poderes.

   – Calma. – Eu interrompi. – VOCÊ me mandou Jeff?

   – Ahã. Você é meio lenta, né? Eu o mantia preso, mas, quando te vi, achei que talvez você fosse um bom alvo.

   – Caramba. Você me mandou Jeff. – Repeti.

   – Hello! Eu estou aqui! – Disse Jeff. – Sou uma pessoa, não um objeto! Vocês não podem ficar me mandando por aí!

   – Eu estou me referindo ao palmtop, idiota! – Disse Chad.

   Escutei aquele barulho de novo. Como se alguém tivesse chutado um pedra pequena. Deixa isso prá lá. Concentra, Catherine.

   – Eu sabia que você tinha tentado me enfeitiçar para que eu gostasse de você. – Ante que eu pudesse interrompê-lo, para perguntar como, ele acrescentou: – Eu usei meus pedidos com sabedoria, ao contrário de você, Catherine.

   Tóin! Ele me chamou de burra, sem dó nem piedade!

   – Olha aqui, se você acha que... – Comecei a dizer, mas me senti obrigada a parar quando vi Jeff me fuzilando com os olhos.

   Momento de silêncio.

   – Jeff, eu acho que você já fez o necessário por aqui. – Então, eu não sei como, mas Chad colocou Jeff de volta ao palmtop e travou a tela.

   Meu Deus! Como eu nunca pensei nisso? Se alguém travar a tela, ele não tem como sair!

   Caramba, eu sou muito burra!

   Sim, voltando à situação atual, agora eu estava ferrada. Sem saída. Sozinha, sem Jeff para me ajudar. Apenas eu e Chad. E eu não tinha nenhuma chance contra ele. Se eu sobreviver, eu vou matar Katie. Afinal, a culpa é dela por ter começado a namorar esse doido. Não minha, que, por acaso me apaixonei por ele, meio que me envolvi com ele, dei razões para ele me odiar e destruí completamente o violão dele.

   Tá, a culpa é minha.

   – Agora – Disse ele, se aproximando – o que você vai fazer?

   Cínico. Ridículo. Mentiroso. Doido varrido. Mas não disse nada disso. Não queria dar esse prazer a ele.

   – Me solta. – Ele estava segurando (com força) meus ombros.

   – Não.

   – Sério, Chad, está doendo. Me solta. – Insisti.

   – Já disse que não.

   – ME SOLTA! – Gritei.

   – NÃO!

   Então, o dono do barulho se revelou.

   – Eu acho que a ouvi dizendo para você soltá-la. – Disse Will.



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