Cuidado Com O Que Você Deseja escrita por Katie Anderson


Capítulo 17
Capítulo 17




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Capítulo 17

   Peguei meu skate e fui para a rampa. Precisava me acalmar, e isso foi o melhor que eu consegui pensar.

   Uma coisa que eu gostava era que, aos domingos, a rampa estava vazia. Mas eu não consegui me concentrar, pois não saía da minha cabeça o que Gabi e Jeff disseram esta tarde. Eu não tinha me tornado outra pessoa. Ou será que tinha?

   Jeff tinha razão. O que eu fiz com Katie foi horrível. E eu tinha deixado Chad me beijar ontem.

   Nunca me senti tão mal por algo que eu mesma fiz. Katie não está com Chad por minha causa.

   Eu beiijei o namorado da minha melhor amiga.

   Eu sou a pior melhor amiga do mundo.

   Não consegui me concentrar no skate, qualquer manobra que eu tentava fazer não dava certo. E Melanie não estava lá, então não havia motivos para que eu continuasse. O melhor que eu podia fazer era voltar pra casa.

   Não tive uma noite tão ruim. Tirando todo o sentimento de culpa, que não queria me abandonar. Mas o que eu não queria mesmo era ir para escola. Até tentei fingir que estava com cólica, mas não consegui convencer meu pai. Ele é legal, mas não tanto assim.

   Na escola, tudo parecia normal. Segunda-feira, alunos com cara de tédio, Katie com as líderes de torcida, Danny... é, nem tudo estava normal.

   Ele não estava feliz e sorridente como sempre. Estava... sei lá, normal. E ele não é normal normalmente. Tinha algo acontecendo. E ele passou a aula de literatura em silêncio, o que é praticamente impossível de ser feito. A não ser que você esteja dormindo.

   Eu não entendo. Com exceção de Fred e Nick, Danny é o garoto mais sentimental que eu conheço. E um dos mais populares da escola. Mas, tipo, ele não faz nada. Sério, nada mesmo. Tá, ele é gato, mas isso você simplesmente nasce com, não adquire. Ele não pratica esportes ou qualquer outro tipo de atividade extracurricular, e acho que nem estuda, pois suas notas são apenas medianas. Sinceramente, eu não entendo.

   Mesmo assim, tentei falar com ele. Sorte que, como ele senta do meu lado em Literatura, isso não foi difícil. E Ryan nunca repara no que seus alunos estão escrevendo.

  Alguma explicação por ficar sem falar comigo o dia inteiro? – Escrevi numa folha do meu caderno.

   Oi. Falei. Satisfeita? – Escreveu ele de volta.

   Ah, vamos Dan. Você não é assim.

   Ah, foi mal. É que aconteceram algumas coisas depois da sua festa e... olha, não posso continuar, se Ryan me pegar...

   Ele não vai, acredite em mim. E ele me odeia mais do que odeia você, não precisa se preocupar com isso :D Agora, conta, o que aconteceu depois da festa?

   Nada. Bem, aconteceu, mas essa não é a hora de falarmos sobre isso. Depois, tá?

   Não, não e não! Sempre é a hora de falarmos de algo como isso.

   Ok. Você quer mesmo saber?

   Nãããão! Estou insistindo este tempo todo e não quero saber.

   Você sabe que não precisa desse sarcasmo todo, né?

   Ok. Ele não estava ajudando. E Ryan olhava pra nós a cada 5 minutos, então resolvi não arriscar. Se continuasse com aquilo... Bem, acho que provavelmente receberia uma ameaça de suspensão. Mas, quem se importa? Eu estava tentando descobrir o que havia de errado com Danny.

   Depois da aula ele meio que me contou. Não tudo, só o "que eu precisava saber". Ah! Eu precisava saber de tudo. Não de apenas uma versão resumida da história.

   Mas eu descobri que havia sim algo de errado com ele. Mas nada tão dramático e horrível. Só, sei lá, aquele tipo de coisa usual que acontece com todo mundo. Brittany terminou com ele.

   Bem, pelo que eu entendi, foi mais ou menos isso. Ele foi até a casa de Brittany falar com ela, aí ele descobriu que ela também estava com Brian. Sabe, aquele menino da detenção. Então, eles discutiram, e Danny terminou tudo. Ou foi Brittany. Tanto faz. O que importa é que ele está solteiro agora. Não que eu esteja interessada.

   Mas, sei lá. Ele estava meio deprimido. Odeio ver as pessoas deprimidas. É totalmente deprimente.

   Ele disse que estava mais feliz assim. Não queria conhecer ninguém, ficar sozinho por um tempo. Haha. Se é isso que ele quer...

   Eu achei muito estranho.

   Enquanto eu passava pelo corredor, vi Will. Então eu acenei pra ele. Mas ele não acenou de volta. O que, pra mim, era estranho. Sempre ele falava comigo. Aconteceu alguma coisa. E, sempre que eu ia atrás dele, ele continuava andando, me evitando. Sério, estou começando a ficar cansada disso. Parece que todos os meus amigos resolveram fazer algo que não deu muito certo. Eu realmente fiquei preocupada. Será que eu tinha feito alguma coisa? Mas, o que eu aprendi sobre as pessoas, é que não devemos nos concentrar em uma maneira só de chamar a atenção delas. Se Will não quer falar comigo, beleza. Eu vou descobrir o que ele está escondendo, mas de outro modo, um modo mais indireto.

   A semana passou rapidamente para alguns... mas, para mim, foi a semana mais lenta que já vivi. Pelo menos não foi de toda ruim. Eu consegui pensar num jeito de fazer Danny ficar menos depressivo:

   – Mel? – Perguntei.

   – Oi, Cath. E aí? – Disse ela, do outro lado da linha.

   – Ah, beleza. Você tá livre hoje de tarde?

   – Acho que sim. – Respondeu ela. – Eu realmente queria sair um pouco de casa. Minha mãe pediu para que eu ficasse de babá quando chegasse, mas acho que Nick já está bem crescidinho para passar uma tarde sozinho.

   Quando ela disse isso, eu fiquei muito contente por Annie ser uma menina.

   – Claro. A gente se vê na rampa?

   – Parece perfeito. – E então desligou. Já tinha confirmado com uma, agora só faltava mais um.

   – Danny! O que você vai fazer hoje à tarde? – Fui direto ao ponto.

   – Não sei. O que você quer fazer?

   – Bem, tenho algo em mente. Você gosta de skate? –Tinha que me certificar primeiro. Vai que ele não gosta? Melanie praticamente vive skate.

   – Nunca andei, para falar a verdade. Mas acho bem legal. – Disse. – Mas, você não parece o tipo de garota que curte skate.

   Se eu ganhasse dinheiro cada vez que eu escutasse isso...

   – É, eu sei. Então, você topa?

   – O quê? – Sério, sem querer ofender ninguém, mas Danny estava meio retardado hoje. Acho que é efeito que a sexta-feira causa nas pessoas. Bem, isso acontece comigo nas segundas-feiras, mas...

   – Ir lá para a rampa hoje mais tarde. Você vai?

   – Ah, claro. Depois da escola?

   – É, por aí.

   Então o sinal tocou e tivemos que voltas às aulas.

   Eu não tive muito trabalho, pois eles meio que se conheciam. Haviam se encontrado naquele dia, na minha casa.

   Nada podia dar errado, pensei.

   Deu.

   Veja bem, acho que é melhor eu contar o que aconteceu do começo.

   Cheguei na rampa, e não havia ninguém lá. Após uns dez minutos de espera, vi Melanie se aproximando. O que foi bom. O fato de ela chegar primeiro, quero dizer. Porque, quando Danny chegasse, ia parecer apenas uma coincidência. E eles não notariam que eu tinha armado aquilo. Começamos a conversar. Nada de Danny.

   – Bem, vamos andar um pouco? – Perguntou Mel. É, seria o melhor jeito de passar o tempo. Mas acho que Danny ainda ia aparecer. Ele não faria isso comigo.

   Não fez. Pois, alguns minutos depois, o viele vindo em nossa direção. Meio perplexo com a presença de Melanie, mas ele veio. E isso é que é o importante, não é?

   Bem, eu não preciso dizer o quão Melanie ficou surpresa com Danny. Ela estava com uma cara toda "Wow!". É, ela parecia satisfeita.

   – Danny, vem aqui! – Chamei. – Daniel, Melanie, Melanie, Daniel. – Tentei apresentá-los. Não deu muito certo. Mas, fazer o quê?

   – Oi. Pode me chamar de Danny. – Ele foi fofo.

   – Oi. – Melanie hesitou. – Pode me chamar de Mel, se você quiser. – Caramba, ela estava vermelha! – Eu tenho a impressão de que já te vi em algum lugar. Seu rosto me é familiar.

   – É, eu tive a mesma impressão.

  Houve um silêncio.

   – Lá em casa. No sábado. Lembram agora? – Disse. Odeio silêncios profundos. E, além do mais, eu estava me sentindo uma vela ali no meio, então fui andar um pouco e deixá-los sozinhos.

   Eu queria ser assim. Ter essa facilidade para conhecer a pessoas. De conversar. É realmente mais complicado. Mas, vendo eles dois ali, fazendo isso tão facilmente, me fez sentir como a garota mais problemática do mundo.

   A cada kickflip que eu fazia eu pensava. Por que será que Will está assim? Eu nem tive a chance de tentar falar com ele. Mas foi bom, até. Eu consegui fazer um fakie hardflip sem cair! Pena que eu não tinha com quem comemorar; não queria atrapalhar os dois lá embaixo. Até um 360º kickflip. Mas, eu ainda não tinha conseguido fazer um frontside ollie 180º. Eu mandava bem no skate, mas não tanto quanto Melanie. E ela estava ocupada no momento para me ajudar agora.

   Droga, fiz de novo! Eu realmente preciso começar a me controlar melhor. É que... quando eu começo a falar de skate e manobras, eu me empolgo um pouquinho. E isso realmente é chato para quem não gosta. Tipo, eu sei quando me sinto quando Luke se empolga com os seus jogos de computadores. Para não perecer chata, eu fico apenas concordando com a cabeça e dizendo "arrã". Acho que o povo se sente do mesmo jeito quando eu começo a soltar um monte de coisas sobre skate.

   Sim, a parte do problema.

   Eu nunca imaginei que algo assim poderia acontecer. Mas, eu vi Danny e Melanie se afastando e vindo em minha direção.

   – Nossa! Ele é tão legal! E ainda é um gatinho. Valeu, Cath! – Disse Melanie, mas baixo demais para Danny escutar.

   – Ah, eu só pensei que você ia gostar dele. – Disse. Não disse que queria tirá-lo da depressão, mas isso ela não precisava saber.

   Mas, o inesperado aconteceu.

   De tanto ficar sentada, Melanie decidiu andar um pouco, para esticar as pernas.

   Esse foi o seu erro.

   Acho que talvez ela tenha se empolgado demais. Ou estava só nervosa porque Dan estava observando-a. Ela começou com manobras leves, como ollies e kickflips. E então começou a aumentar a velocidade, e fazer manobras mais radicais. Então, ela tentou fazer um smith grind no corrimão da escada que nos dá acesso à rampa.

   Não sei muito bem o que aconteceu depois. Talvez alguma coisa com a roda do skate dela, ou algo no corrimão. Sei que ela caiu de seu skate e começou a rolar escada abaixo. Bem, Danny não podia ficar sem fazer nada, né? Ele correu e tentou segurá-la. Mas ela estava vindo com força demais.

   Bem, tudo o que eu vi depois foi Melanie em cima de Danny, ambos caídos no chão. Mas tinha algo de errado com Danny. Ele estava fazendo umas caretas estranhas, como se estivesse com muita dor.

   – Danny? Tem alguma coisa errada? – Perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

   – Cath, deixa eu te perguntar uma coisa. PARECE QUE ESTÁ TUDO BEM?

   Eu sei que ele não estava bem, mas ele podia tentar ser um pouquinho mais amigável.

  – Meu pulso! Tá doendo pra caramba! – Mas ele não disse caramba. Nas circunstâncias, eu não podia culpá-lo. Melanie também não. Ela estava ocupada demais culpando a si mesma.

   – Ai, meu Deus! Eu quebrei o pulso de Danny! – Ela não parava de repetir. – Cath, me ajuda! O que a gente faz com ele?

   Ok, acho que a rampa de skate não foi um bom lugar para tentar juntar os dois. Talvez eu devesse ter tentado numa lanchonete ou num lugar mais... Seguro.

   – Ah, sei lá, Mel! Liga pra alguém! Não podemos deixá-lo no chão gemendo de dor! – Primeiro tia Casey desmaia, agora Danny quebra o pulso... acho que tenho atraído alguns pequenos acidentes ultimamente.

   A sorte foi que, como Danny morava bem perto, corremos até sua casa a procura de alguém. Encontramos seu irmão mais velho, Jack, e eles três (Melanie, Danny e Jack) foram ao hospital.

   O mais assustador foi, que quando eles saíram, vi alguém se aproximando. E não era qualquer pessoa.

   Era Rachel.



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