Cuidado Com O Que Você Deseja escrita por Katie Anderson


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182962/chapter/1

Capítulo 1

(Prólogo)

Olhe, eu preferia que nada disso tivesse acontecido. Ou melhor, se pudesse eu desejaria que nada disso tivesse acontecido. Iria me livrar de uma enorme confusão.

   Essa história de desejo é uma coisa perigosa. É assustador. Geralmente acaba em algo totalmente desastroso. Sério, não é algo que vai acontecer e depois você esquece, nem pense que vai ser assim.

   Pois é, a escolha é sua. Boa sorte.

Meu nome é Catherine Stewart.

   Tenho 14 anos e sou aluna da Yorek High School, em Manhattan, Nova York. Até semana passada, minha reputação escolar estava perfeita. Bem, quase perfeita. Tá bom, normal. Tão normal quanto se pode ser a de uma aluna inteligente qualquer. Eu não era ninguém popular nem nada desse tipo, ou melhor dizendo, eu era uma zé-ninguém da Yorek High School. Tirava boas notas, não bagunçava na sala... enfim, uma pessoa (meio CDF sim, mas o que eu poderia fazer?) razoavelmente normal.

   Não sou uma pessoa que pessoa que possui muitos amigos. Como não sou popular, meu amigos são pessoas normais como eu. Minha melhor amiga é Katie (mas eu costumo chamá-la de Kat) e o meu melhor amigo é Fred. Katie é líder de torcida e mesmo assim não é popular. Como ela é meio CDF as garotas a colocaram bem atrás, apesar de ela dar mortais de costas incríveis e ter uma elasticidade surpreendente.

   Fred é diferente. Ele não é nada popular. Ele tentou ser jogador de futebol, mas tudo o que ele conseguiu foi ganhar grandes hematomas. Então ele decidiu entrar para o clube de teatro. E deu certo. Ele é um ator incrível, e canta super bem. Acaba participando de todas as peças da escola (geralmente com o papel principal), e já ganhou alguns prêmios. O ruim é que ninguém liga pra isso no primeiro ano do ensino médio. Também não é tão interessante como ser um atleta. Outra coisa ruim é que a maioria da escola diz que ele é gay porque ele canta e dança bem. Fred possui também outro probleminha: ele tem uma queda por mim. Ele garante já ter superado isso, mas eu tenho certeza que não. Bem, que seja. Eu não me importo. Mas meu namorado, Rick, se importa. E muito.

   Rick é um caso complicado. Ele era bem legal no começo, mas depois de algumas semanas de namoro, ele se mostrou que realmente era: ciumento, arrogante e um pouco (tá, muito) agressivo. Sério, ele não me deixa sair com ninguém alem das minhas amigas, Ashley e Katie. Mal me deixa falar com Fred! Isso me dá muito ódio! Nem sei mais porque estou com ele. Não tenho a menor idéia de como Ash pode gostar dele.

   Ashley é legal. Conheço-a desde a segunda série. Logo que a conheci, nos tornamos grandes amigas. Só que há uns dois anos atrás, ela se juntou para a gangue de Jennifer.

   Jennifer Fuller é o mal em forma de garota adolescente. Ela me odeia desde o dia em que nos conhecemos. Lembro-me muito bem. Estávamos na quarta série, no primeiro dia de aula. Sentamo-nos juntas e começamos a conversar. Na aula de matemática, a professora colocou um problema no quadro e eu fui a única que acertei. Isso a deixou com muito ciúme. O mesmo aconteceu na aula de Português. E na aula de Inglês. Acho que não preciso continuar. Jennifer é daquele tipo de pessoa que acha que pode ter tudo o que quer. Foi o que aconteceu com Ash. Na verdade, ela só ficou amiga de Ash porque ela era minha amiga. E também é por isso que eu namoro Rick. Jennifer era louca por Rick (não a culpo; Rick é mesmo um gato) assim como o seu clone, Kelly. Nenhuma das duas perdia a oportunidade de encontrá-lo e dar em cima dele. Acontece que eu sou muito mais bonita, gentil e inteligente do que qualquer uma delas. Então você já imagina quem ele preferiu; eu, é claro. Isso deixou Jennifer morrendo de inveja.

   Há alguns meses, eu consegui pegar outra coisa que pertencia a Jennifer: Ashley. Sim, Jennifer marca tudo como dela; até pessoas. Teve uma coisa boa em tudo isso: hoje, Ash me conta todos os podres de Jennifer. Mas eu não confio muito nela, pois com a mesma velocidade que ela me abandonou, ela pediu para que voltássemos a ser amigas.

   Eu e Kat classificamos os professores em três grupos: os Suportáveis, os Insuportáveis e os Patéticos. Um dos nossos melhores professores, mesmo ensinando a matéria mais chata e insuportável, é Ryan, que ensina Literatura Mundial. Ele é uma pessoa bem legal. Outra coisa que me faz gostar dele como professor, é que eu sou a única aluna que me dou bem na matéria, da sala toda. Por isso que ele me baba geral. Muitos alunos o acham meio idiota, mas Kat e eu gostamos dele. Até que o colocamos na lista de professores Suportáveis, e não Patéticos.

Mas o inesperado aconteceu.

   Hoje, enquanto eu passava pela sala dele, o encontrei cochilando em cima de sua mesa na hora do almoço. Como um professor cochila logo na hora do almoço? Como não consegui pensar em nenhuma resposta decente achei melhor entrar e falar com ele.

   – Professor? Tá tudo bem?

   – Ahn? Ah, sim. É que só estou muito cansado, pois passei a noite em claro tentando corrigir essas provas – Ryan disse antes de bocejar.

   – Tem algo que eu possa fazer para ajudar? – Perguntei, só para ser educada, na esperança que ele dissesse não.

   – Na verdade Catherine, – Ele nunca me chamava de Cath, não importa o quanto eu pedisse. – Não, não. Deixa pra lá. Não posso lhe pedir isso.

   – Pode dizer.

   – Ok. É que como você é praticamente a melhor aluna que eu tenho na escola inteira...

   – Sério? Sou mesmo? – Cortei-o surpreendida. Não tem como eu não ficar surpresa depois de uma informação como essa.

   – Sim. Eu estava pensando, como você é uma aluna extremamente exemplar, será que tinha como você corrigir essas provas pra mim? Só faltam as da sua sala. Quer dizer, se não houver problema nenhum pra você.

   – Claro. Sem problema. Agora?

   – Você não prefere almoçar primeiro e fazer isso depois da a-a-ula? – Bocejou. – Mas se isso for cansativo pra você ou se você não tiver tempo, com certeza eu vou entender...

   – Não, pode deixar que eu faço isso agora – Cortei-o novamente; estava doida pra ver as provas do povo. – Eu já almocei e não me importo. Também não vai ser cansativo, pois quase sempre ajudo a minha mãe corrigir as provas da faculdade.

   – Ah, tá. Bem, muito obrigado. Importa-se se eu for à enfermaria por alguns minutos? Estou com muita dor de cabeça.

   – Não, não me importo. É melhor você ir logo, antes que a enfermeira saia para almoçar.

   – Muito obrigado mesmo, Catherine. Não sei como te agradecer.

   – Enquanto o senhor está fora, eu posso dar uma olhada nas provas?

   – Sim, sim. Mas não comece a correção antes de eu chegar.

   Tudo o que eu tinha na mente naquele momento era: “Vá embora de uma vez, Ryan. Não está vendo que eu quero ver logo essas provas idiotas?”. Então ele foi à enfermaria. Eu, lógico, fui ver as provas. Putz. Quase não acreditei nas coisas que eu vi. Um livro fácil como Romeu e Julieta? O povo nem sequer sabe o motivo da rivalidade entre Capuletos e dos Montechios! Mas, vi uma coisa que realmente me deixou chocada. Jennifer tinha acertado 75% das questões! JENNIFER! Ela nunca tirara uma nota maior de que um D+ em Literatura! Logo em seguida, vi que as respostas dela estavam iguais as da Katie. Então, lembrei que ela sentava bem atrás de Kat. Mas como isso é possível? Filar é baixo demais, até mesmo para Jennifer. Então, Ryan chegou e atrapalhou total o plano diabólico que eu tinha na mente.

   – Então? – Perguntou ele – O que achou? Tá complicado, ou alguma coisa do gênero?

   – Na verdade, não. Sempre adorei Romeu e Julieta. Estão facílimas de corrigir as questões.

   – Então tudo bem – Disse meio desconfiado – O livro esta aí em cima, e o gabarito da prova está na segunda gaveta. Você pode começar agora, e se quiser vir aqui depois da aula para terminar, eu te agradeceria pra sempre. A única coisa que eu não posso fazer é te dispensar da aula, pois não tenho autorização pra isso. Eu mesmo terminaria, mas como só faltam duzentas provas, e cinqüenta e três são da sua turma...

   – Chega Ryan. Vá descansar de uma vez! – Cara, como eu adorava interromper aquele professor! – Pode ir descansar. Afinal, o senhor confia em mim.

   – Sim, Catherine, eu confio. Muito obrigado mesmo. Você foi a melhor coisa que aconteceu hoje comigo. Mas comece logo. Você só tem uma hora e quinze minutos. Não se atrase para a aula. Vou para minha casa descansar um pouco e estarei de volta às quatro. Até mais.

   Quando eu comecei a corrigir as provas tive uma surpresa horrível: ninguém (além de mim e da Kat, é claro) tinha faturado na prova. Todas as notas estavam bem abaixo da média.

   Fiquei tão decepcionada com as notas, mas com idéias tão diabólicas para entregar Jennifer... sério, fiquei dividida. Achei que não fosse possível, mas senti pena de Jennifer. Foi a única pessoa que filou nessa prova. Significava que ela era tão retardada que ela não sabia absolutamente nada sobre Romeu e Julieta. Mesmo assim, tomei uma decisão radical: ia aumentar um pouquinho as notas, já que sou tão boa em falsificar a letra do povo. Talvez esse seja o meu talento. Mas, bem, sim, é uma idéia arriscada, mas pelo menos, um monte de gente vai passar de ano. Eu tinha um bom motivo pra fazer isso. Tinha ótimas intenções! Em nenhum momento me senti culpada.

– Você fez O QUÊ? – Perguntou Kat, perplexa quando contei á ela que tinha aumentado as notas do povo.

   – Calma Kat. – Disse, tentando (sem sucesso) acalmá-la – Fiz isso com boas intenções. Senti tanta pena do povo ao ver aquelas respostas ridículas...

   – Mesmo assim, Cath, você não pode sair por aí mudando a notas das pessoas! Mesmo que esteja mudando para melhor. Isso é totalmente errado!

   – Eu sei, mas...

   – Eu sei que você teve boas intenções, mas, já passou pela sua cabeça que Ryan pode perder toda a confiança que ele tem em você?

   – Me deixe apenas explicar...

   – Você pelo menos pensou o que pode acontecer se te pegarem? Você pode ser suspensa! Ou pior. Você pode ser EXPULSA!

   – Entendi! Estou errada! Vou me ferrar quando me pegarem! Vamos Kat, continue dizendo coisas animadoras pra mim! – Surtei total.

   – Ok. Acho que tem como você arrumar isso – Disse ela, um pouco mais calma – Onde estão as provas?

   – Entreguei ao Ryan, hoje, logo depois da aula.

   – Você não faz nada direito, não é mesmo, Catherine? – Ela começou a surtar de novo – Será que ele ainda ta na escola? Se ele estiver, podemos entrar e pegar...

   – Não dá! – Cortei-a, desesperada – Ele foi pra casa já faz meia hora!

   – Tá bom. Desculpe Cath, eu não sei mais o que fazer. Vai ter que ser assim. O que passou, passou. Mas me conta: como foram as notas?

   – Katie! Eu estou numa situação desesperadora como essa e tudo o que você me pergunta é como foram as notas?

   Ela apenas ergueu uma sobrancelha.

   – Foram horríveis! Pior do que você pode imaginar! – Rendi-me a ela. Sou só uma adolescente de 14 anos! Mesmo sendo meio CDF, não resisto a nenhum tipo de fofoca.

Tudo ia bem. As aulas eram normais, as pessoas continuavam as mesmas. Pena que isso só durou até sexta-feira.

   – Ashley, Brian, Catherine, Daniel, Fred, Heloise... – Ryan chamava os alunos para receber suas provas.

   Todo mundo estava confuso. Todos com cara de idiotas do tipo: Hã? Sem entender absolutamente nada. Então, de repente, Brian começou a pular e gritar e o resto da sala seguiu seu exemplo. Foi tudo tão estranho que até Ryan reparou.

  Então o pior aconteceu. Ryan foi olhar na lista, quanto os alunos tiraram. E depois olhou nas provas. Comparando a letra da prova com a do caderno. “Agora ferrou!” pensei em silencio. Ainda bem que Ryan era meio lerdo para pensar.  Então, uma voz ecoou naquele silencio constrangedor:

   – CATHERINE!!!!!!!  O QUE VOCÊ FEZ?!

   – E-e-u n-não se-e-i do q-que o senhor está-á faland-d-do professor... – Gaguejei.

   – Pra sala do Sr. Warkback, o diretor, AGORA!

   Então nós fomos. Foi a pior coisa que aconteceu no dia. No semestre. No ano. Na minha vida. A minha sorte é que o diretor era muito calmo. O que ele disse foi mais ou menos assim:

   – Bem, Catherine, você sabe que o que você fez foi muito errado. Isso foi contra as normas da escola. Mas sinto-lhe dizer, Sr. Ryan, que a culpa também é sua.

   – O que?! Da pra repetir isso, por favor?

   – Não é necessário, pois é isso mesmo o que o senhor ouviu – Disse o Sr. Warkback, de um jeito tão normal, como se os alunos fizessem isso todo dia. Será que fazem? – O senhor sabe muito bem do que eu estou falando. O que passou pela sua cabeça quando deixou a responsabilidade de corrigir suas provas com uma garota de 14 anos? Vocês dois irão receber punições...

   – NÃO! Por favor, Sr. Warkback, não me expulse!  – Comecei a choramingar – Por favor, ainda faltam quatro meses pra terminar o ano...

   – Sr. Warkback, por favor, não me demita, minha mãe me expulsaria de casa se eu fosse demitido de novo...

   – Silencio vocês dois! – Disse o Sr. Warkback – Ninguém aqui será expulso ou demitido! Você – Ele apontou para Ryan – Irá fazer hora extra por três semanas. Para compensar o tempo que dormiu durante o trabalho. E você – Ele apontou para mim – Mereceria uma suspensão, mas como você é uma aluna extremamente exemplar, receberá apenas uma advertência, que terá que trazer assinada por seus pais amanhã, e uma detenção para cumprir amanhã após a aula.

   – Professor, eu tenho mesmo que receber uma advertência? Quer dizer, eu não posso cumprir apenas a detenção? – Perguntei esperançosa.

   – Desculpe, mas é o melhor que eu posso fazer. Afinal, você fez uma coisa errada, sabendo que era errado, o que torna a situação pior ainda. Sinto muito. E quero que você traga pra mim a advertência assinada amanhã.

   – Sim, senhor.

   Pensando bem, acho que ele tinha razão. Era melhor uma detenção do que uma suspensão. O QUE É QUE EU ESTAVA PENSANDO? É claro que ele não tinha razão! Estava realmente ferrada quando chegassem em casa! Nunca na minha vida recebi uma advertência! Mas, eu acho que posso falsificar a assinatura de minha mãe. Não seria tão difícil.

– De jeito nenhum! NÃO! – Disse Kat, depois que eu falei sobre a conversa com Warkback e da falsificação – Você não acha que já causou problemas demais, Cath? Quer dizer, você teve muita sorte de não ser expulsa.

   – Olha Kat, eu vim aqui em busca de apoio moral e você não está me ajudando! Você está quase igual ao Warkback!

   – Nunca mais repita isso! Ok, como você vai fazer para contar para os seus pais?

   – Eu não sei. Eu pensei em...

   Mas nesse momento, Kelly estava vindo na nossa direção, toda feliz e saltitante.

   – Ei, você é a Catherine, não é? – Perguntou Kelly – É que os meus pais vão viajar nesse final de semana e eu vou dar uma festa e pensei em convidar vocês duas. Então, você vem?

   – Eu não sei muito bem se eu vou poder ir...

   – Ela vai – Afirmou Kat.

   – O que? – Perguntei.

   – Que ótimo! – Kelly começou a dar pulinhos de felicidade – Você também vai, não é Katie? Seria ótimo se você fosse.

   – Vou.

   – Maravilhoso! Vejo vocês lá então. – Ela se despediu e foi embora.

   – KATIE! – Exclamei – Você enlouqueceu? E a minha advertência e minha detenção?

   – Ah, você dá um jeito. Que nem você disse, você falsifica a assinatura da sua mãe.

   – Mas você disse que...

   – Olha Cath, me escuta. Kelly vai dar uma festa e não sei por que convidou a gente.  Me diga quando isso vai acontecer de novo! E eu só vou poder ir à festa se você for.

   – Não vou poder ir. Eu ao menos nem quero ir!

   – Cath, eu conheci um garoto.

   – Hã?

   – O nome dele é Chad. Eu o conheci lá na praia, enquanto eu e as meninas ensaiávamos a coreografia para o próximo jogo. A gente começou a conversar e ele disse que deveríamos sair um dia desses. Então pensei em convidá-lo para a festa. Você podia levar o Rick.

   – Por que eu levaria o Rick?

   – Olhe, ele sabe que eu sou líder de torcida, mas ele também pensa que eu sou popular. Só que eu não sou. E se eu fosse para a festa, ele poderia pensar que...

   – Tá bem.

   – O que você disse?

   – Que eu vou. E que vou levar o Rick.

   – Catherine, eu te amo!

   – Eu sei que sou demais. Só vamos ter que esconder a advertência da minha mãe até sábado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cuidado Com O Que Você Deseja" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.