Ilusões, Tentativas e Recomeços Ii escrita por gataportuguesa, Darknana


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos especiais a Kant por ter ajudado a gatz a escrever o dialogo entre a Manu e a Alicinha.. =D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/18294/chapter/8

  Manuella acordou um pouco mais animada do que no dia anterior. Era o seu primeiro dia de aula e isso lhe dava um friozinho na barriga. Uma nova etapa em sua vida estava começando naquele dia e ela esperava cumpri-la muito bem.

            - Você demorou! – se queixou Cínthia ao vê-la no local que combinaram de se encontrar.

            - Desculpa, ainda não conhecia essa faculdade e me perdi.

            - Ah, daqui a pouco você se acostuma. É bem fácil até. Você tem aula em qual sala?

            - Ainda nem vi, sabia que estava esquecendo alguma coisa. – respondeu chateada, fazendo a outra rir.

            - Um dia você vai esquecer onde está a tua cabeça. Vou contigo na secretaria pra saber onde você vai estudar.

            - Engraçadinha! – disse séria pra logo depois cair na risada.

            Era bom poder voltar a rir ao lado de Cínthia, sem brigas, sem cobranças e Pierrot aproveitou o momento o máximo que pôde.

            - Manu, o que aconteceu entre você e a Alicinha? – a garota perguntou depois de um tempo.

            - Por quê? – rebateu a vocalista já em alerta.

            - Sei lá. Aquela cena no cinema foi tão estranha. Você comprando chocolate pra ela, aquelas coisas que a Naná disse. Sei lá, fiquei com a impressão de que não tava sabendo de algo.

            A escritora voltou a olhar pra frente e ficou pensativa. A baixista não insistiu e continuou a guiá-la também em silêncio.

            Sentia-se triste por sua amizade ter mudado tanto. Manu não confiava nela como antes, não era espontânea como sempre fora. Parecia estar sempre em posição defensiva. E precisando culpar alguém, culpou João Pedro. Afinal, tudo mudara depois que ele aparecera na vida da outra.

            - Lembra da sua festa de quinze anos? – perguntou a vocalista, quebrando o silêncio.

            - Sim. O que tem ela? – perguntou confusa.

            - Eu transei com a Alicinha naquela noite.

            - VOCÊ O QUÊ?

            O espanto era evidente no tom de sua voz. A mágoa também, já que ela nunca soubera dessa história.

            - Foi um erro, ok? Eu tinha bebido um pouco, tava muito carente, ela veio pra cima de mim e acabei não resistindo.

            - Mas ela era uma criança, Manuella! – exclamou.

            - Eu sei, não tem desculpa pro que eu fiz. Nunca te contei porque queria esquecer tudo isso. Eu amava a Beta, não queria nada com a Alicinha. Apenas aconteceu.

            Cínthia ficou em silêncio. Era muita informação em pouco tempo.

            - Você me acha um monstro, né? – perguntou Pierrot tristemente.

            - Não, eu te conheço muito bem pra saber que você jamais faria isso por mal ou para machucá-la. Você é minha melhor amiga, Manu, é como uma irmã. Isso que aconteceu não muda o meu amor por você.

            A vocalista lhe abraçou com força.

            - Muito obrigada, Cín. Você não sabe como eu tive medo que você se afastasse de mim se soubesse a verdade.

            - Sua bobinha, jamais farei isso. – falou fazendo-lhe cafuné. – Mas o que aconteceu ontem?

            - Eu pensei que se ficasse longe dela, ela acabaria por esquecer esse amor que sentia, mas errei. Devia ter conversado com ela direito, explicar o motivo de não poder ficar com ela.

            - Você enrolou e não me contou. – comentou fazendo a outra suspirar.

            - Ela se culpa por eu não ter ficado com ela. Acha que foi ruim na cama, que não soube me satisfazer. Eu fui a primeira e única pessoa que ela fez amor e que beijou. Durante todo esse tempo ela não teve nadica de nada com ninguém. – falou tristemente.

            - E isso mexeu com você... Te deixou se sentindo culpada... – a baixista falou como se pensasse alto.

            - Isso mesmo. – disse a garota sem perceber que não eram perguntas e sim afirmações.

            - Você precisa conversar com ela, Manu.

            - Eu sei. Vou ligar hoje mesmo e marcar algo com ela.

            A baixista assentiu, apontou a secretaria e se despediu da amiga. Mal virou as costas e deu um sorriso confiante. Sua prima tinha chances. Vira isso nos olhos da amiga. Alicinha precisava saber disso urgentemente...

 

333

 

            Alice estava nervosa. Sabia que Pierrot lhe procuraria mais cedo ou mais tarde. Só não pensou que fosse tão cedo. Lembrou-se do que Cínthia tinha dito e se sentiu mais calma.

            - Eu tenho chance! – começou a repetir em voz alta, como se fosse um mantra.

            Escolheu uma roupa que valorizava o seu corpo, sem deixá-la vulgar. Que mostrava e escondia ao mesmo tempo. Se olhou no espelho e ficou satisfeita. Estava linda!

            A mini-saia jeans ficava muito bem com a blusinha preta de alcinhas que estava colada    em seu corpo. O decote mostrava que atrás daquele pano, havia muita coisa pra explorar. Deixou seu cabelo solto e colocou uma sandália rasteira.

            Olhou o relógio e o nervosismo voltou. Estava na hora de ir...

 

333

 

            Manu se sentou num dos bancos do calçadão. O dia na faculdade fora corrido, mas sentia-se feliz por finalmente ter começado o curso.

            O sol ia se pondo e iluminava fracamente o mar. Ela admirava essa imagem quando sentiu um par de olhos lhe olhando com insistência.

            Olhou para o lado e viu que Alicinha vinha andando em sua direção. Não conseguiu deixar de lhe a olhar de cima a baixo, assim como não conseguiu evitar que seu queixo caísse um pouco. Ela estava linda e ninguém seria maluco de negar.

            Pegou o canudinho que estava dentro do seu coco verde e o levou à boca, engolindo rapidamente a água.

            A loirinha adorou a maneira como a mais velha tocava o canudinho e sorriu. “Ela está linda como sempre!” pensou, sentando-se ao lado da garota.

            - Olá! Demorei muito?

            - Não. Eu é que costumo chegar um pouco mais cedo. Ás vezes, gosto de ficar sozinha com os meus pensamentos e então aproveito essas oportunidades. – respondeu sem olhá-la.

            - Como foi o primeiro dia de aula? – perguntou puxando assunto.

            - Interessante. É um curso que me fascina e acho que escolhi bem.

            Alice desistiu de esperar que a mais velha lhe olhasse e passou a admirar o mar.

            - Precisamos ter uma conversa séria. Na verdade, devíamos ter conversado há muito tempo atrás, logo depois daquela noite.

            - Se você me chamou aqui pra dizer que foi um erro...

            - Não, não foi pra isso! – interrrompeu a escritora. – Eu gostei de ter feito amor contigo.

            - Então...

            - Eu apenas amava outra. Não soube administrar a situação. Não queria te enganar e você parecia saber que eu amava a Roberta. Achei que nada precisava ser dito. Que se ficasse no meu canto, você poderia acabar por esquecer aquele amor. Me desculpa por ter sido tão imatura contigo? – perguntou de cabeça baixa.

            Alice segurou a ponta do queixo da mais velha e levantou seu rosto.

            - Às vezes, você parece tão frágil, tão indefesa, que dá vontade de abraçar e pôr no colo. – falou mergulhando seus olhos nos olhos da vocalista, que lhe olhou num misto de espanto e encantamento.

            - Você não me conhece tanto assim... – murmurou.

            A loirinha começou a acariciar o rosto da outra.

            - Você tem dentes tão, tão... Nem sei como explicar, só sei que os adoro. A tua boca é perfeita, linda mesmo. Mas você é carente em vários sentidos, Manuella e fica perto das garotas que precisam de uma fortaleza, de um abrigo.

            A mais velha lhe olhou assustada.

            - Estou “lendo” tudo isso no teu rosto. Os rostos dizem muito sobre as pessoas. Você tem um sorriso lindo, franco e que dá vontade da gente rir junto, mas tem um olhar tão diferente, um olhar tão triste que me deixa com vontade de ter o poder de tirar todas as dores do teu coração, só pra poder devolver esse sorriso lindo que você tem. Por muito tempo fiquei olhando as suas fotos e sempre que as vejo, encontro os detalhes que mais me chamam atenção. E durante esse tempo, várias vezes me perdi tentando descobrir o que realmente existe em você. A tua capacidade de misturar infantilidade com maturidade me fascina e eu preciso confessar que, às vezes, penso que você não é uma única pessoa e que se disfarça pra poder encantar as pessoas.

            Pierrot sorriu. O espanto já tinha ido embora e só havia encantamento.

            - Valeu a pena ter dito tudo isso pra ganhar esse sorriso tão lindo como agradecimento.

            Dessa vez, a vocalista acabou ficando um pouco corada.

            - Então nada do que você disse é verdade? Foi apenas pra me animar? – perguntou um pouco decepcionada.

            - Não! – falou prontamente. – Tudo o que falei veio do fundo do meu coração. Como diz a canção, você é o segredo que eu vou desvendar, Manuella.

            - Tome cuidado. – avisou.

            - Por quê?

            - E se você não gostar do que descobrir? – perguntou brincalhona.

            Alicinha riu abertamente e depois disse com os olhos brilhando:

            - Impossível! Você é uma pessoa doce demais, sabia?

            Manu segurou a mão da mais nova e a tirou de seu rosto.

            - Não gostou do carinho? – perguntou tristemente. – Eu jamais irei te machucar!

            - Por que você está me dizendo isso?

            - Porque eu te conheço, eu sei os teus pontos fracos. Jamais farei algo que possa machucar teu coração.

            - Você é encantadora, sabia? – perguntou sorrindo como não sorria há muito tempo. – Mas se me desvendar, perderei toda a graça e você se cansará de mim. O interessante é ser misteriosa.

            - Nunca me cansarei de você. – disse séria.

            Pierrot achou graça. Ela podia ter mudado em muitas coisas, mas continuava com a personalidade forte.

            - Do que você está rindo? – perguntou brava.

            - Você é adorável, Alicinha. Desde pequena com esse gênio forte.

            - Eu já não sou mais pequena. Agora eu sou uma mulher.

            - Estou vendo. – disse fazendo pouco caso.

            - Uma mulher madura e decidida.

            - Uhum. – concordou, dando a entender que não achava nada daquilo e deixando a outra ainda mais irritada.

            - Você não devia fazer pouco caso de Alice Moreira. – avisou.

            - Por quê? Você vai me morder? – zombou.

            - Não, vou te beijar! – disse puxando a outra pela nuca e colando suas bocas num beijo cheio de desejo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E agora, o que vai acontecer? Será que Manu vai lembrar do comentário sobre seus dentes, dar uma de lobo mal e morder a pobre Alicinha? E Alicinha? Conseguirá mesmo desvendar todos os mistérios de Manu? Manu será um travesti? Ela é filha da Claudia Raia? E o JP? Vai ser um corno manso ou vai estufar o peito e dar uma de galo de briga? Descubra essas e outras respostas nos próximos capítulos de Ilusões, Tentativas & Recomeços.. A fanfiction que não se passa na India =D