João se frustrou ao acordar e ver que a namorada não respondera o seu mail. “Deve ter estado muito ocupada” pensou tristemente.

                Como fazia todo sábado, se levantou e foi correr um pouco pelas ruas londrinas.

                A namorada não saíra de sua cabeça um só minuto. Estava preocupada com essa distância, mas ao mesmo tempo se achava idiota por pensar nessas coisas. A separação duraria apenas alguns meses e logo eles voltariam a ser o casal que sempre foram.

                Ao voltar pra casa, viu que Manu ainda não respondera o seu email. “Ainda deve estar dormindo” pensou tentando não se decepcionar. Então pegou seus livros e começou a estudar.

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                Pierrot acordou com uma grande dor de cabeça. Depois da pequena discussão com Cínthia não conseguiu mais relaxar.

                Ela entregou os presentes e viu as amigas ficarem um pouco mais felizes. Continuou contando sobre o tempo que passou fora e perguntou o que cada uma tinha feito. Entretanto, tudo estava diferente. Parecia que algo tinha mudado e que ninguém se comportava como antes.

                Aquilo lhe incomodou bastante e tentando não demonstrar o seu desagrado, ela passou a observar Alicinha com o canto dos olhos.

                Detestava aquela pirralha pois sempre lhe causou muita dor de cabeça. Muitas vezes ela fora motivo de discussão com Beta e Manu viu a paz voltar quando a garota foi embora do Brasil. Só que agora ela estava novamente no rio e tão mudada! “O que será que aconteceu pra ela mudar tanto?” se perguntou.

                Alice percebeu que era analisada e resolveu não retribuir o olhar. Queria ver por quanto tempo a escritora lhe olharia. Ela foi a única pessoa que foi dormir radiante pois Manu a olhara por muito tempo e a curiosidade dela serviria para que conseguisse se aproximar e ter alguma chance de conquistá-la.

                - Bom dia, minha linda filha! Dormiu bem? – perguntou Vera ao ver a garota ir tomar o seu café da manhã.

                - Demorei a dormir, mas depois que consegui foi tranqüilo.

                - Você não parece muito bem... – comentou preocupada.

                - Estou com uma dor de cabeça fortíssima. Me arranja algum remédio, mamãe?

                A mulher foi pegar um comprimido e Pierrot tomou seu suco de laranja antes de começar a comer as torradas com geléia de morango.

                - Pronto, Mamá. Toma quando acabar de comer. Agora me conta como foi viver esses meses em Londres. E quero todos os detalhes. – pediu entusiasmada.

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                Cínthia acordou de mal humor. Detestava brigar com suas amigas, entretanto não podia ficar calada vendo sua melhor amiga se transformar em alguém tão diferente.

                Amava a escritora como se fosse sua irmã e sentia que aquele relacionamento não faria bem, porém a explicação de Manu era plausível.

                Decidida, pegou o telefone para ligar para ela, convidando-a para um passeio no shopping e uma ida ao cinema. Seria uma ótima chance de fazer duas jogadas com um único movimento.

                Pierrot aceitou e Cínthia foi para a segunda parte do seu plano...

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                Bárbara começou a beijar o pescoço da namorada para despertá-la.

                - Boa tarde, dorminhoca. – falou vendo a catarinense abrir os olhos. – Vamos tomar café da manhã ou vamos direto pro almoço?

                - Ah, Babs... Vai lá você. Ainda estou com sono. Minha mãe já deve ter preparado tudo, pode ir lá. – disse Naná mudando de posição e fechando os olhos.

                - É por isso que estou te chamando. Tenho vergonha de ficar sozinha com ela quando durmo aqui. Afinal, ela sabe que a gente transa, eu fico sem graça. – comentou suspirando e fazendo a outra rir.

                - Tá bom, eu levanto e vou contigo. – decidiu dando um rápido selinho em Babi e indo escovar os dentes.

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                Manuella chegou no BarraShopping quase às duas da tarde e foi direto pra praça de alimentação, onde marcara com Cínthia.

                Ao avistá-la, ficou surpresa pois a garota estava com o namorado.

                - Pontual como sempre! – disse Arthur beijando a escritora. – Como foi a viagem?

                - Maravilhosa. E você, como anda? – ela perguntou enquanto cumprimentava a amiga.

                - Ótimo. Estou progredindo bastante no meu trabalho. Em breve já poderei pensar em casar. – comentou olhando para a namorada e sorrindo.

                - Por falar na sua namorada, não sabia que ela tinha me convidado para segurar vela.

                Cínthia riu do tom irritado, mas educado da amiga.

                - Jamais faria isso contigo. É um programa a quatro.

                - O quê? – perguntou abismada. – Como assim a quatro?

                - Nossa, o banheiro estava lotado. – disse Alicinha sentando-se ao lado de Pierrot. – Oi, Manu! – cumprimentou. – Tudo bem?

                - Voltou bem na hora, priminha. Vocês querem comprar o lanche aqui ou compramos no cinema? – perguntou Cínthia vendo que a amiga não responderia nada.

                Ela olhou para o namorado que preferiu comprar na praça de alimentação e para a prima que concordou com ele.

                - Então vou lá no McDonald´s comprar refris, batatas e hambúrgueres. Vamos Arthur?

                Assim que os dois saíram, Alice olhou para Manu e esperou que ela lhe olhasse de volta.

                A vocalista sabia que a outra estava lhe olhando e que devia manter algum tipo de conversação, mas estava bastante furiosa pra conseguir isso. Cínthia armara aquele encontro e ela fora idiota o bastante pra não perceber antes que fosse tarde demais.

                Após dois minutos tentando se acalmar, ela olhou para a garota e, mal humorada, apenas perguntou:

                - Que foi?

                - Por que você não me suporta?

                Pierrot se assustou. Não esperava aquele tipo de pergunta. Incomodada, desviou o olhar até onde a amiga se encontrara esperando sua vez de fazer o pedido.

                Alicinha nada disse por um minuto, respeitando o silêncio da mais velha, entretanto, não conseguiu continuar calada.

                - É doloroso saber que o momento mais lindo e importante da minha vida foi um erro pra você. – disse baixinho.

                Manuella sentiu um aperto no coração. Sabia que tinha sido canalha com a garota, porém na época estava mais preocupada com Beta do que com qualquer outra coisa.

                - Eu me entreguei a você por amor. Você foi a única pessoa que me tocou e que me beijou... – despejou com a voz embargada, deixando a outra completamente espantada.