Eu não me lembrava da noite anterior. Minha cabeça latejava, tudo girava. Aos poucos eu fui melhorando e consegui me enfiar debaixo do chuveiro gelado, com roupa e tudo. Nada mais girava, meus sentidos voltaram e eu pude sentir o cheiro de bebida em minhas roupas. Examinando-as eu vi que faltava um sapato e minha saia estava levantada. As lembranças voltaram aos poucos: uma casa enorme, música alta, bebida. Respirei fundo e tirei meu sapato, depois me despi e tentei tomar um banho.

Depois de fazer minha higiêne, eu saí do banheiro já melhor. Quando entrei no meu quarto, eu sabia que estava ferrada. A cama estava para fazer, o chão cheio de latas de cerveja, meus posters estavam apenas meio pendurados, a janela estava aberta, mas o cheiro de bebida era forte. Então eu vi a televisão quebrada, caída ao lado da parede.

– Merda!

Assim que falei corri para o lado da televisão e vi o estrago. Desisti de tentar arrumá-la e comecei a arrumar o quarto. Quando acabei, saí do quarto e vi o resto da casa, os quadros caídos no chão, mais latas e papel higiênico espalhado por todos os cantos. Sem reclamar comecei a pegar as latas e jogá-las no saco de lixo na minha mão. Quando escurecia, eu tinha arrumado toda casa e passado pano. Voltei para meu quarto e coloquei a televisão em cima de seu suporte quebrado. Tirei o resto do vidro da frente e o resto que estava caído no chão e joguei em outro saco de lixo, depois joguei uma toalha em cima dela.

Peguei todos os sacos de lixo e coloquei para fora de casa.

Em casa novamente, eu arrumei os últimos detalhes, tomei um copo de água e comi macarrão estantâneo- ou miojo. Quando finalmente sentei no sofá, a campainha tocou.

– Entra! - eu gritei.

Então Heather entrou em casa, arrumada para uma festa, um vestido preto colado no seu corpo como se fosse embalado a vácuo, uma sandália enorme de doze centímetros agulha e os cabelos loiros lisos em volta de seu rosto.

– Vamos arrumar a festa? - ela perguntou sorrindo

– Nada de festa hoje, amanhã talvez.

Ela suspirou e sentou ao meu lado.

– Gata, seus pais estão viajando, a gente tem que aproveitar! - ela disse quase gritando de empolgação.

– Eu arrumei a casa toda sozinha, nada de festa! - respondi fingindo estar brava.

– Eu te ajudo amanhã, sério! - ela falou beijando os dedos.

– Você disse isso ontem. - eu balançei a cabeça rindo - Ok, mas se você não vier amanhã me ajudar, eu juro que nunca mais terá festa neste quarteirão! E nada de passar pro segundo andar, tô ferrada por causa da televisão.

Ela sorriu e levantou, me levando para o meu quarto para me arrumar para festa.

Quando eu estava pronta, começamos a ligar para a maior quantidade de pessoas que conseguimos e as onze, a festa estava começando. Jason, namorado da Heather, havia trazido bebida e agora ele e Heather estão se pegando no sofá. Eu estou dançando, provocando um menino que eu nunca vi antes, ele estava me olhando de um jeito diferente, como se quisesse sumir comigo daqui.

Então uma coisa estranha aconteceu, o menino olhou para porta e virou a mão, eu olhei para porta e não vi nada diferente, então olhei para o menino e ele não estava mais lá. Olhei em volta, procurando por ele, mas não o achei. E, do nada, algo me puxou para cima e eu atravessei o teto. Olhei em volta e não vi nada, mas eu tinha quase certeza de mãos segudando minha cintura.

Eu estava no meu quarto, sentada na cama, sozinha.

– Quem está aqui? - perguntei respirando pesado.

Então uma mão invisível cobriu minha boca com um pano. Minha respiração acalmou e eu caí no sono.