Permanecia sentado naquela poltrona estranha em que se recordava da primeira vez que encontrara com Harry. Ao seu lado havia um cadáver sem sangue algum no corpo. Um cadáver “especial”, digamos assim. Natasha tinha seus olhos fechados, seu corpo estava coberto por um manto avermelhado. Mas Edward não se incomodara com isto. Seus olhos eram vagos, e ele havia se esquecido de limpar sua boca com o sangue de sua amada. Em sua língua ainda poderia senti-la, seu doce líquido percorrera por seus lábios, e nesta etapa ele não conseguia sentir mais nada.

- Isabella. – Gritou Edward, sua voz havia um tom assustador. Seu rosto parecia congelado em uma única expressão. Exatamente daquele jeito qualquer pessoa poderia afirmar facilmente que ele era algo sobrenatural.

- Edward? – Bella aproximou-se, mas não tanto. Ela não sabia para onde olhar, seus olhos iam e voltava no cadáver e nele. – O que houve? – Rapidamente aproximou-se, sem pensar no temperamento conturbado de Edward.

- Não se aproxime. – Praticamente rosnou seus olhos nos dela a fez recuar alguns passos.

- Edward, deixe-me ajuda-lo... Você matou Natasha? – Havia tantas perguntas que queria fazer, mas sabia que ele não as responderia.

- Dispa-se. – Ordenou ele, sem ao menos encará-la.

E ela sem hesitar começou a se despir, automaticamente. Quando ela estava completamente nua, o encarou, confusa.

- O que você está fazendo? – Bella continuava com os olhos fixos nele, que continuava sério.

- Vá para seus aposentos, e me aguarde lá. – Ordenou ele.

Seus olhos iam ao corpo nu dela, enquanto caminhava encabulada até desaparecer em sua vista. Edward estava ciente de que estava amanhecendo, e que ele a qualquer momento poderia começar a enfraquecer. Mas não se importava mais. Do que adiantava viver na eternidade sem ao menos ter algo para continuar a viver? Edward não queria amar mais ninguém. Não queria mais nada. Não tinha mais razão de tentar novamente. Isto era insano. Ele virou o tal “chefe” mas não tinha ao menos um foco. Seu coração frio e amargurado havia amado, uma vez em sua vida, mas ele simplesmente fechou-se. Para sempre, desta vez.

Caminhou silenciosamente por aquele enorme castelo, observando todos os detalhes que não havia reparado das outras vezes. Como se fosse à última vez que estivesse nele. Quando chegou à porta de Bella não hesitou, era próximo ao porão, e era só uma porta, sem nada decorado. Ela estava entreaberta.

Parou para observá-la por um momento. Coberta por um lençol fino de seda vermelha, seu corpo se delineava dentre dele. Sua pele branca contrastava exposta a luz do candelabro no criado-mudo. Estava deitada de lado, observando-o no mesmo momento. Edward aproximou-se, e ao sentar ao seu lado passeou com os dedos sobre sua costela.

- Você é bonita. – Disse-lhe, com um sorriso. Sua expressão havia mudado rapidamente, de um homem sério e frio. Para um rapaz doce com um sorriso bem moldado em seus lábios.

- Você é confuso. – Murmurou ela, sentando-se, segurando o lenço sobre os seus seios.

- Por quê? – Começou a acariciar o cabelo dela.

- Antes eu era feia e suja... – Riu baixo. – Agora sou bonita?

- Não deveria se esconder em sujeira. – Comentou ele, seus olhos fixos nos dela.

- Por que mudou tão repentinamente de humor? – Perguntou ela.

- Não vale a pena chorar pelo leite derramado. – Disse ele. – Além do mais, se for para ter um fim, que seja bem feito.

- Um fim? O que isso quer dizer? – Aproximou-se mais.

- Você irá descobrir. – Edward disse antes de puxá-la delicadamente pela nuca para si, dando-lhe um doce beijo nos lábios.

Logo a fez mais travessa, deixando a timidez de lado e esquecendo-se completamente do lençol. O empurrou, deitando-o na cama, ficando por cima, beijando-o com mais ferocidade, ao desabotoar sua camisa. As mãos de Edward subiam e desciam sobre as coxas dela, enquanto beijava-lhe o pescoço.

Enquanto isso o sol clareava tudo por ali, mas no quarto o aspecto era de que ainda não estava nem perto de clarear. Mas o corpo dele sabia exatamente a hora. Estava enfraquecendo vagarosamente, mas ele continuava a não se importar com isso. Além do mais, era seu fim. E no fundo Bella já sabia o que iria acontecer.

Depois de algumas horas Edward estava apenas deitado ao lado dela, mais pálido que o normal e bem mais magro.

- Por que está fazendo isso? – Perguntou ela, acariciando o rosto dele enquanto dava beijinhos de leve em seu rosto.

- É o meu fim. – Murmurou ele, parecia ter feito um grande esforço para pronunciar essas palavras.

- Mas parecia um grande começo quando você matou Harry. – Disse ela.

- Porém um grande fim quando ele matou aquilo que eu mais amava. – Completou. – E só me dei conta quanto perdi...

- Por trás de todo esse sangue frio ainda há um homem. – Ela lhe sorriu.

- Me faça um favor. – Edward olhou-a. – Me leve para o sol.

- Você ficou maluco? – Sentou-se.

- Quero ver a luz do sol. – Tossiu. – Antigamente era a minha parte favorita do dia. Quando tudo estava... – Deu uma pausa, pegando todo o ar que conseguia. – Tudo tão claro...

- Você tem certeza? – Perguntou.

- Absoluta.

Bella vestiu sua roupa intima e a camisa de Edward. Em seguida, levantou-se e o ajudou. O segurando caminhou com dificuldade até próximo ao corredor descoberto. Aonde o sol irradiava toda sua beleza. Ele deu um sorriso, porém Bella parou.

- Por favor, Edward. – Olhou-o. – Esse não precisa ser seu fim. Se você quiser, eu posso ser sua... Eu serei sua. Não se vá. – As palavras simplesmente saíram de sua boca, sem que ela mandasse.

- Já está tarde demais para amar alguém, Bella. Eu já sou velho demais para tudo isso. – Mordeu o lábio. – Mas eu lhe agradeço por tudo isso... Porém, me leve para o sol, por favor.

- Não. – Uma única lágrima correu sobre o seu rosto ao encará-lo. – Eu realmente estou chorando por sua causa? – Ela riu.

- Você é uma bobona mesmo. – Murmurou, e deu passos curtos ainda segurando-se nela.

Os olhos de Edward brilharam ao ver o sol, tão próximo. Antes ele queria distancia, mas agora sua vontade era de tê-lo queimando todo o seu corpo.

Depois de alguns minutos soluçando, Bella caminhou vagarosamente em direção ao sol.

- Quando eu estiver exposto, você poderá me soltar. – A instruiu.

- Eu até que gosto de você, Edward. – Ela riu. – Você é um canalha...

- Mas eu amo você? – Ele disse com um sorriso malicioso.

- Até assim você é convencido?

- Essa é a minha marca registrada. – Riu.

E então ela deu os últimos passos. Ambos expostos ao sol. Bella o soltou, e afastou um pouco. Seu choro ficava cada vez mais alto ao observá-lo queimar. Primeiro ele lhe sorriu.

- Eu até gosto de você, Bella. – Ele sussurrou.

E então sua pele começou a queimar, e em seguida foi apenas um clarão. Depois foram suas cinzas.

- Aqui jaz um vampiro cafajeste e incrivelmente idiota. – Parou para soluçar. -Porém, um guerreiro, que sempre alcançou seus objetivos, mesmo eles sendo os mais repugnantes e grotescos de todos. Um apaixonado, que faria tudo por sua amada, mas também um bobão, que nunca percebeu isto. Aqui jaz Edward Cullen.

FIM.