Tomás imediatamente se afastou dela, que tinha um sorriso cínico nos lábios.

–Ficou doida minha filha?! Que foi, acha que poder sair por ia beijando o primeiro que vê pela frente?! – Tomás disse indignado.

Claro que ele já havia percebido que ela estava a fim dele, não era tão burro. Mas não sabia que ela poderia ser tão cara de pau...

–Tomás, admite que você gostou também.

–Que gostei o quê, eu sou CA-SA-DO!

–Infelizmente...

–Olha só... Nunca mais me procura, ok? E não ouse chegar perto da Carla e dos meus filhos. Esquece que eu existo.

Tomás saiu de lá e deixou ela sozinha, como na noite anterior na boate.

Assim que entrou no carro, Tomás mal conseguia pensar direito. Bilhões de pensamentos diferentes vinham a sua cabeça, deixando-o atordoado.

“O que eu fiz?

Será que eu conto pra Carla?

Acho que não... ou melhor contar?

E se eu contar e ela quiser me deixar?

Não, não iria suportar ficar separado dela e dos nossos filhos...

Mas se eu não contar, vai ser pior... Ela vai ficar mais brava ainda”

Ele mal conseguia prestar atenção no transito, mas conseguiu chegar em casa sem bater em nada.

Quando chegou no prédio, Tomás colocou seu carro no estacionamento, mas não saiu lá de dentro. Encostou a cabeça no volante e ficou lá, com seus pensamentos confusos.

Depois de um tempo, ele decidiu que era melhor entrar, já estava bastante tarde. Ele subiu e chegou em seu apartamento.

Quando ele entrou, não viu Carla na sala, então deduziu que ela já estaria dormindo no quarto deles. Ele foi até lá, em silencio, e quando abriu a porta... nada. Tomás ficou preocupado, Carla não costumava dormir fora.

Foi ver no quarto de Angellina e Thiago se eles estavam lá. Ficou aliviado quando viu os três dormindo ali. Thiago estava no berço dele, em um lado do quarto e Angellina no dela, no outro lado do quarto. Carla estava em um colchão improvisado no meio do quarto, entre os dois berços. Tomás se sentiu mal por ela estar ali por sua causa. Ele pensou em ir acordar ela, pra chamar ela pra ir pra cama, mas mudou de ideia.

Depois de tomar um banho rápido, foi se deitar em sua cama, mas nem conseguiu dormir, ainda estava pensando sobre tudo que vem acontecendo nesses dias. Ele estava mais distante, mais frio com a família, saindo quase toda noite, bebendo além do normal... Nem ele entendia o que tinha acontecido com ele. Tinha que voltar ao normal, precisava voltar ao normal. Queria sua família feliz e unida de volta. Queria sua esposa carinhosa e dedicada. Seus filhos lindos e espertos. Queria que todo voltasse a ser como era antes...

***

Diego acordou bem cedinho, estava animado. Hoje ele e Roberta iriam contar para Leonardo e Silvia do mais novo membro da família. Levantou e tomou um banho rápido e se vestiu.

Roberta e Rodrigo ainda estavam dormindo. Rodrigo era igualzinho Diego, mas só na aparência, porque na personalidade, tinha puxado mais a mãe.

Diego preparou um café da manhã bem farto (Já conhecia a fome da esposa pela manhã) e levou pra Roberta na cama, ela continuava dormindo.

Ele colocou a bandeja num cantinho e subiu na cama, indo até Roberta para acordá-la. Com muito custo, conseguiu acordar Roberta, enchendo ela de beijinhos. Eles tomaram café sem pressa, com brincadeiras, beijinhos e muita ternura.

Depois de tomarem café juntinhos, Roberta e Diego foram tentar acordar Rodrigo.

–Vamos Rodrigo, acorda bebê... – Roberta tentava acordar o filho, mas sem sucesso. Ele continuava dormindo como um anjinho.

–Desisto. Agora é com você. – Roberta levantou e deu um selinho em Diego.

–Eu? Como é que eu vou fazer ele acordar?

–Você consegue. – Roberta sorriu e saiu do quarto do filho.

Diego suspirou e foi tentar acordar Rodrigo.

–Filho, acorda... – Diego balançava levemente os pequenos ombros de Rodrigo.

–Por quê tão cedo? O que eu fiz de tão ruim pra ser acordado tão cedo assim? – Rodrigo murmurou, sem abrir os olhos.

Diego riu do jeito que seu filho falou, era igualzinho a Roberta falando...

–Onde você ouviu isso menino? – Diego perguntou sorrindo.

–Eu ouvi a mamãe falando isso, e deu certo. – Ele murmurou novamente.

–Por quê será que eu não estou surpreso? – Diego riu e revirou os olhos. – Anda, levanta logo dessa cama.

Rodrigo balançou a cabeça negativamente e se virou pro outro lado, tentando dormir mais.

–Tudo bem, vamos aos negócios. – Diego disse, sério. – Aqui em casa tem vários doces que eu e sua mãe guardamos, e eu vou comprar mais hoje, tudo pra você, se você levantar dessa cama agora, tomar seu banho e depois comer seu café da manhã. Mas você também pode ficar aqui dormindo até a hora que quiser, mas vai ficar o dia todo sem doce, sem falar que vai perder os desenhos que estão passando agora na TV.

Rodrigo parecia pensar nas opções. Diego observava ele. Rodrigo suspirou e se virou para seu pai, já de olhos abertos.

–Tudo bem, vou levantar... – Rodrigo disse, sonolento. Ele se levantou da cama e ele e Diego saíram do quarto.

Diego estava dando banho em Rodrigo, o que deixava os dois molhados. Rodrigo não parava de se mexer, o que fazia a roupa de Diego ficar encharcada.

–Para de pular um pouquinho? Eu sei que você gosta de água, mas a gente tem que terminar logo.

–Por quê?

–Por que eu combinei com seu avô que a gente ia almoçar lá na casa dele. E do jeito que tá, gente vai chegar lá só na hora da janta. – Diego riu e Rodrigo também.

Diego finalmente conseguiu terminar de dar banho nele. Depois que colocou o roupão em Rodrigo, foram para o quarto dele, para poder vesti-lo. Depois de vestido, arrumado, penteado e perfumado, Rodrigo estava pronto. Roberta também estava tomando banho, e acabou ao mesmo tempo que Rodrigo. Ela demorou um pouco mais pra se arrumar. Depois de pronta, procurava por Rodrigo. Achou ele no quarto.

–Ah, aí está você! Por que não me respondia? – Roberta disse e foi entrando no quarto do filho. Rodrigo estava sentado no chão, brincando com sua coleção de carrinhos.

–Porque eu não ouvi mamãe. – Rodrigo nem olhava para Roberta, estava concentrado demais em seus carrinhos.

–Okay, você sabe onde está aquela bolsinha que eu levei ontem pra casa da sua tia Márcia, minha chave tá lá dentro... – Roberta procurava no quarto do filho. Embaixo da cama, do travesseiro, da caixa de brinquedos, em tudo!

–Não vi mamãe. – Ele respondeu calmamente. Roberta respirou fundo e tentou se acalmar.

–Tudo bem. Acho melhor você começar a arrumar seus carrinhos, daqui a pouco nós já vamos sair. Só falta o seu pai sair do banho que a gente vai. – Roberta saiu e foi procurar sua bolsa em outro lugar.

Depois de alguns (vários) minutos, Diego finalmente ficou pronto. Roberta tinha achado sua bolsa, embaixo do sofá. Já estavam prontos e dentro do carro. Diego era o mais animado, estava doido para contar a novidade para seu pai.

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