Broken Strings. escrita por MissCaroline


Capítulo 6
Incertezas.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo veio mais rápido dessa vez :)
Obrigada pelos reviews!
A música do capítulo é Heartbreak Warfare - John Mayer. Sugiro que a escutem enquanto leiam o capítulo.
Boa leitura!



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Incertezas.


“De sofrer e amar, a gente não se desfaz."Guimarães Rosa


Link da música: http://www.youtube.com/watch?v=GeCClzNCfcA&ob=av2n

Lighting strike

(Raios caindo)

Inside my chest to keep me up at night

(Dentro do meu peito que me mantém acordado a noite)

É verdade que Mione não possui o costume de ingerir bebidas alcoólicas, todavia naquele evento estava sendo uma exceção. Já havia tomado algumas taças de champagne, o que a deixara mais leve e risonha, contudo nada muito preocupante.

Participava de um divertido diálogo com Pansy e alguns conhecidos da loira, quando algo próximo ao bar lhe chamara a atenção. Harry e uma ruiva linda conversavam animadamente. A mulher ria e flertava abertamente, apesar dos gestos dele serem mais contidos.

Dream of ways

(Eu sonho maneiras)

To make you understand my pain

(De fazer você entender minha dor)

O que Harry tinha na cabeça? Depois de toda aquela cena no jogo, ele resolvia dar o ar de sua graça no after party apenas para humilhá-la em público? A castanha pensava totalmente furiosa.

Clouds of sulfur in the air

(Nuvens de enxofre no ar)

Bombs are falling everywhere

(Bombas caindo em todo lugar)

It's heartbreak warfare

(É uma guerra de sofrimento)

Pediu licença e caminhou sorrateiramente para onde o casal estava. Ao se aproximar, descobriu que a maldita ruiva, na verdade era Ginny, sua ex-amiga de infância. Ginny, a garota que brincava de boneca com ela, e sempre tentava persuadi-la a trocarem de brinquedos.

Once you want it to begin

(Uma vez que você queira começar)

No one really ever wins

(Ninguém realmente ganha)

In heartbreak warfare

(Em uma guerra de sofrimento)

Chegou no exato momento que sua ex amiga perguntava debochada:

– Hermione é amiga dessas pessoas?

– Para você ver como mudanças ocorrem, Ginny. Olha que não digo apenas por mim. – continuou - Harry e eu juntos, você voltando de Paris... – respondeu e a ruiva virou-se para ela – Bem vinda à Inglaterra, Ginny. – deu um sorriso maquiavélico e percebeu que a ruiva finalmente se tocara com quem estava mexendo.

– Hermione é você? – perguntou a ruiva.

– Sim, Ginny. – respondeu sorrindo. – Por que a surpresa? – debochou.

– Está bem diferente, muito bonita. – precisou admitir.

Os emaranhados cabelos cacheados deram lugar a um longo cabelo ondulado, os dentes da frente antes grandes e tortos agora formavam um sorriso belo e admirável, fora o vestuário da garota que aparentemente estava lindo.

Por mais surpreendente que fosse, em sua opinião, Ginny tinha uma rival a altura.

– Obrigada. – respondeu – Você está – parou como se pensasse na palavra certa para utilizar – admirável.

– Obrigada. – agradeceu.

Antes que um silêncio constrangedor pudesse se instalar, Ron apareceu.

– Ah, finalmente encontrei-os – falou dirigindo-se a Harry e a Hermione – Ou melhor, Ginny os achou. – disse ao notar a irmã – Como vai, Mi? – perguntou antes de abraçar a amiga.

– Bem, Ron. Estou bem – disse esboçando um pequeno sorriso.

– Eaí, cara. Como foi o jogo?

– Estava empatado até o último minuto, porém Malfoy conseguiu fazer um gol! – respondeu claramente irritado lembrar-se do acontecimento.

– Putz! – exclamou o ruivo.

– Terá mais sorte da próxima vez, Harry. – disse a ruiva sem se importar com a presença de Hermione.

– É o que esperamos, Ginny. O que aconteceu hoje foi uma fatalidade. – disse Hermione colocando sua mão sobre o ombro de Harry – Pois todos nós sabemos da capacidade de Harry e o quão talentoso ele pode ser quando deseja.

If you want more love why don't you say so?

(Se você quer mais amor, porque não me diz então?)

Harry a olhava incrédulo. Ele sabia que Mione era controlada, crises de ciúmes eram raras. No entanto, naquele momento não era isso que parecia.

O que estava havendo com sua namorada?

If you want more love why don't you say so?

(Se você quer mais amor, porque não me diz então?)

–X-

Receber elogios de seus pais, vencer a partida de pólo, humilhar Potter frente a seus conhecidos, ganhar um jantar com a namorada do mesmo, descobrir que o namoro estava em crise e ainda por cima quase beijá-la.

Céus, que manhã foi aquela?

Para completar sua felicidade, Hermione tinha ido ao brunch desacompanhada. É fato que até então não puderam ter um diálogo a sós já que às vezes as quais conversaram Pansy, Theo e Blaise estavam presentes. Entretanto, a ideia de tê-la ali a sua mercê era gratificante e tentadora. Só precisaria agir no momento certo.


Drop his name

(Pegue o nome dele)

Push it in and twist the knife again

(Empurre e torça a faca novamente)

Watch my face

(Olhe para meu rosto)

Contudo, chegadas inesperadas acontecem. Próximo ao bar junto ao pobretão, uma ruiva charmosinha, provavelmente a Weasel fêmea estava Potter. Granger repousava sua mão no ombro dele enquanto o idiota a segurava pela cintura.

As i pretend to feel no pain

(Enquanto eu finjo não sentir dor)

– Ah, você já viu... – murmurou Blaise.

Draco não respondeu, apenas olhava de modo impassível o casal.

– O que ele está fazendo aqui? Eles não estavam brigados? – indagou Blaise.

Draco virou-se subitamente e respondeu:

– Eu não sei, Blaise. Não tenho nem ideia do porquê Potter estar aqui. – apertava o copo que segurava com extrema força.

Blaise percebendo a reação do amigo tentou acalmá-lo.

– Relaxe, Draco. Tudo está indo de acordo com seu planejamento, não? – indagou.

– Não. – encarou Blaise. – Eu não gosto de súbitas mudanças, principalmente quando elas não fazem parte do plano original. – respondeu virando de uma fez o Whisky que segurava enquanto via Hermione e Harry saírem da onde estavam de braços dados.

Clouds of sulfur in the air

(Nuvens de enxofre no ar)

Bombs are falling everywhere

(Bombas caindo em todo lugar)

It's heartbreak warfare

(É uma guerra de desgosto)

–X-

Era notável o desconforto de Lucius. Como qualquer Malfoy, ele gostava de ser o centro das atenções, logo aquela festa era a oportunidade perfeita. Afinal, se tinha uma família que fazia de tudo para agradar e recepcionar dignamente os Malfoy, podia-se afirmar que eram os Parkinson.

James Potter não estava presente, portanto um ótimo motivo para alegrá-lo. Não que Potter brilhasse mais do que ele, contudo Lucius precisava aceitar que Potter era tão importante quanto ele, caso James estivesse ali possivelmente o clima não seri ao mesmo. Afinal todos sabiam da rivalidade entre eles, a maior parte dos cavalheiros ficaria receosa, pois qualquer mal entendido poderia provocar conseqüências desagradáveis.

A verdade é que desde o momento que Hermione Granger foi apresentada, ele estava estranho e Narcissa percebeu isso, porém o motivo dele estar assim ela nem poderia imaginar. Lucius estava preocupado já que passou um bom tempo sem ouvir diretamente o nome daquela família. Agora anos após o ocorrido, aquele nome voltava a ser dito trazendo inúmeras recordações.

Por mais detestável que fosse talvez trouxer o passado a tona seria a melhor opção a todos, principalmente para Draco. Lucius sendo homem, percebeu como seu filho olhava para a garota Granger, o mesmo olhar que ele destinara a outra pessoa há muito tempo.

No one really ever wins

(Ninguém nunca ganha realmente)

In heartbeak warfare

(Em uma guerra de sofrimento)

–X-

If you want more love why don't you say so?

(Se você quer mais amor, porque não me diz então?)


A grama verde e bem aparada, os lírios e as rosas em um canto extremamente bem cuidados, alguns bancos espalhados pelo local. Tudo isso demonstravam o afinco que os donos do local tinham por aquele jardim, alguns bancos espalhados pelo local. Aos olhos de terceiros aquele cenário e o casal que ali estavam, eram a idealização do mais puro romantismo, entretanto nem tudo é o que parece.

Harry guiou Hermione até ali para que tivessem uma conversa séria a respeito de toda a confusão que se instalara no relacionamento deles. Sentaram-se em um dos bancos e se encararam.

Just say so

(Apenas diga)

Harry foi o primeiro a falar

– O que foi aquela cena há pouco? – perguntou em um tom calmo, mas sem deixar de ser sério.

How come the only way to know how high you get me

(Como a única maneira de saber o quão alto você me alcança)

Hermione o olhou com um brilho nos olhos e disse:

– Ciúmes, o sentimento que sempre se faz presente em qualquer relação, até na nossa. – admitiu. - Não é por que brigamos que isso te deixa livre para flertar com alguém na minha frente. Apesar dos nossos maus momentos, temos algo duradouro e que não termina de uma hora para outra.

Is to see how far i fall

(É ver quão longe eu caio)

Harry a encarou quase sem acreditar que aquelas palavras saíssem de Hermione, por mais madura que fosse, ela não gostava de aceitar e reconhecer naturalmente aquele tipo de sentimento ou fazer uma afirmação daquelas.

God only knows how much i'd love you if you'd let me

(Só Deus sabe o quanto te amaria se você deixasse)

– Cheguei e vi você em volta daquelas pessoas, sorrindo e completamente relaxada. Aquilo me feriu de uma maneira que você nem imagina. Chame-me de egoísta ou qualquer outro adjetivo semelhante, mas saber que apesar da nossa briga hoje de manhã em poucas horas você já estava bem e sem mim, fez me sentir um lixo. – falou encarando seus sapatos.

But i can't break through it all

(Mas eu não posso alcançar tudo.)

It's heart, heartbreak

(É uma dor, um sofrimento)

Ela o olhou e respondeu calmamente:

– Porém, você sabe que vivi anos sem você, Harry. Você não pode construir a sua felicidade em torno de uma pessoa. Primeiramente, você deve estabelecer a sua para depois pensar em um futuro a dois.

– É a sua maneira de dizer que acabou? – perguntou com a face levemente corada e um tom magoado.

Let's just just fix this whole thing now

(Vamos apenas resolver isso tudo agora)

I swear to god we're going to get it right

(Juro por Deus que vamos fazer direito)

If you lay your weapon down

(Se você abaixar sua arma)


A garota o olhou, deu um sorriso triste, e com algumas lágrimas em seus olhos. Colocou a mão no rosto do rapaz:

– Não, Harry. É a minha maneira de lhe dizer que você deve pensar mais em si próprio. O mundo está aqui nos esperando, para ser vivido e construirmos nossos sonhos nele.*

– Eu amo você, Hermione. Independente do que aconteça saiba que eu amo você, sempre. – disse Harry.

– Eu amo você, Harry. Antes de ser meu namorado, você é meu melhor amigo. Não quero perder você jamais.

Abraçaram-se e olharam-se.

– E se não dermos certos? – murmurou Hermione.

– Eu não sei, Mi. Entretanto, fique sabendo que nunca se verá livre de mim. – brincou fazendo a garota sorrir.

Separaram-se e Harry continuou:

– Estamos perto do fim, não acha?

– Talvez sim, talvez não. Esperemos agora. – finalizou dando um sorriso ao amigo.

–X-

Red wine and ambien

(Vinho tinto e calmante)

O modo apaixonado como ele a olhava, o jeito como se tocavam, as lágrimas da garota, o abraço. Ginny olhava tudo aquilo arrasada, Harry tinha uma história com Hermione. Pelo que estava observando o sentimento era mútuo, por mais que doesse admitir, Hermione olhava Harry com amor e um carinho gigante. Digamos que de forma semelhante, Ginny olharia.

Apertou a pequena bolsa que segurava com força e tentou reprimir as lágrimas que desejavam sair.

You're talking shit again

(Você está falando merda de novo)

– Que clichê, não acha? – perguntou uma voz próxima a ela.

Escutou alguns passos e uma loira alta e linda surgiu ao seu lado.

– Por que seria clichê? – respondeu firme.

– Um casal de melhores amigos apaixonados, e a amiga de ambos é apaixonada por ele. – disse venenosa.

– Não sei do que está falando. – falou a ruiva sem querer mostrar seu ponto fraco.

A loira bebericou o champagne que tomava e continuou:

– Ah sabe sim! Não acha que é feio invejar a felicidade alheia? – provocou.

– Não preciso disso. Acho que quem está fazendo isso é você, afinal quem está fazendo todo esse interrogatório não sou eu. – rebateu deixando a loira corada.

A loira deu uma pequena gargalhada e disse:

– Se eu fosse você tomaria cuidado, pequena Weasley. Por mais detestável que eu seja, sou uma amiga fiel e uma inimiga extremamente perigosa. Saiba que faço tudo por meus amigos e o casal que você expiava, faz parte desse seleto grupo.

– Obrigada pelo aviso, querida. Felizes são eles por terem sua amizade. – falou usando todo seu sarcasmo, principalmente na última palavra.

– É claro que sim. – disse sorrindo. – Espero que tenha entendido o recado. Estarei de olho em você, qualquer mínimo problema entre eles envolvendo seu nome garanto que não ficará em vão. Pense com carinho, sim? – perguntou irônica. Virou-se e deu alguns passos até dizer – Ah, tenha uma ótima estadia na Inglaterra.

Se Ginny pensava que sua missão era fácil foi até conhecer Pansy Parkinson. Afinal, com quem pior seria mexer senão com a perigosa herdeira dos Parkinson?

It's heartbreak warfare

(É uma guerra de sofrimento)

–X-


O diálogo que teve com Harry aquele dia na casa dos Parkinson mexeu profundamente com Hermione e tirara um peso das costas dela. O relacionamento deles não era mais o mesmo, talvez tivesse caído na rotina, talvez o amor estivesse indo embora ou ainda nunca esteve presente.

Contudo, é fato que todos os acontecimentos daquele dia permaneciam em sua cabeça. Draco, Pansy, Ginny e Harry. Cada um a sua maneira estava ocupando sua mente de algum jeito. Primeiramente surgia Draco naquela noite, dias após isso lá estava ele oferecendo novamente sua ajuda, sendo cavalheiro e a prendendo em um jantar. Depois, Pansy e toda sua euforia causando um mal estar entre ela e Harry. Não que ela não tivesse simpatizado com a garota, entretanto a diferença gritante entre as personalidades se fazia presente. A chegada de Ginny, o flerte entre a ruiva e seu namorado, tudo aquilo lhe irritara. Ginny era o perfeito lobo na pele de cordeiro, desde criança a garota a tentava manipular e Mione percebia a inveja que a ruiva sentia por ela e sua vida. Aquilo lhe fazia mal, porém quando criança tentava relevar, pois pensava que era uma questão de fase. Contudo, o tempo lhe mostrou que não era bem assim. Ainda havia Harry... Ela o amava, é claro, mas de qual maneira? Qual era o sentimento que os ligavam? Amor, amizade, sexo, companheirismo ou o quê? Céus, tantas perguntas.

O caderno aberto e nenhum sinal de anotações, todos aqueles episódios estavam atrapalhando seu rendimento. Não podia deixar que sua impecável reputação acabasse por um final de semana estranho. Virou-se para os lados e ficou que seus colegas dormiam placidamente. Aquilo era algo que a irritava profundamente em Oxford. Uma boa quantidade de alunos era proveniente das mais tradicionais famílias britânicas, portanto ir a faculdade para eles era apenas uma tarefa monótona e que na percepção deles em nada mudaria sua confortável vida. O velho professor Bins explicava mais um assunto sobre Economia Política e nem se preocupava com os descasos daqueles estudantes, fazia vista grossa e sabia que era o suficiente para manter seu emprego. Hermione se mexeu inquieta em sua carteira e tentou olhar por cima procurando algum colega que tivesse anotado os tópicos da aula.

Uma pequena bolinha a acertou em cheio bem nas costas,virou-se furiosa e viu Draco sorrindo charmosamente para ela. Ele apontou para a bolinha que estava nos pés dela e fez um gesto indicando para que ela pegasse. Abaixou-se e pegou a bolinha com tudo, Draco novamente indicou para ela abrir o papel. Abriu-o e viu uma mensagem:

Desculpe-me pelo método retrógrado, mas era a minha única alternativa. Precisamos conversar a respeito do nosso jantar. Pare de lançar esses olhares fulminantes a seus colegas, nem todos buscam a perfeição, Granger.

D.

P.S: Não fique enfurecida com meu comentário, sim?

Virou a folha amassada e respondeu-lhe:

Certo, podemos ver isso no final da aula. Os olhares são meus e faço o que bem entendo. Pare de azucrinar e sem mais bolinhas, certo?

H.

P.S: Não estou enfurecida com seu comentário, a propósito.

Enviou a bolinha a seu remetente e ficou esperando a reação do garoto. Viu o quanto ele controlou o sorriso e a olhava com um ar debochado arqueando as sobrancelhas.

Droga. Nem mesmo suas respostas mal educadas tiravam o sorriso de lado do rosto de Malfoy.

Uma bolinha em sua cabeça agora. Merda! Malfoy não sabia ler por acaso? Abriu o papel e viu uma resposta divertida.

Sim, os olhares são seus, entretanto os comentários são meus**.

D.

Malfoy e seu maldito dever de sempre sair por cima. Que diabos ele tinha?


–X-


A expressão de Granger ao ler sua resposta foi impagável. Ela olhava o papel com uma feição carrancuda, porém Draco sabia que no fundo, ela se segurava para não rir. Após isso, ela voltou sua atenção ao professor e escrevia em seu caderno. Granger e sua mania de perfeição, aquilo o irritava profundamente. Se existissem dez alunos acordados, apenas dois prestavam atenção. Sua aula era monótona e sua matéria completamente fácil no ponto de vista do loiro.

Os minutos restantes após a pequena brincadeira com a garota passaram lentamente. Foi um alivio quando a aula finalmente acabara. Percebeu que Hermione organizava seus pertences vagarosamente e repetiu o gesto, ao se dar conta, só restavam ambos na sala.

– O que você deseja falar comigo, Malfoy? – perguntou direta.

– Nosso jantar será essa semana. – falou sem rodeios. – Qual dia é melhor para você?

– Obrigada por me consultar – disse arredia. – Acho que quinta está bom. – falou despreocupada.

– Desculpe, Senhorita Perfeição. Meu mundo não gira em torno em torno de você, sabe? Certo, quinta-feira às 20h. Passo em sua casa. Até mais. – disse e saiu sem nem ao menos escutar a resposta de Hermione.

Draco estranhara a reação de Hermione, porém se ela pensava que poderia fazer o que bem entendesse quando quisesse. Ledo engano. Draco Malfoy não brincava em serviço.


–X-


O dia extremamente corrido na universidade fez com que Mione chegasse completamente cansada em seu apartamento. Tomou um relaxante banho, preparava-se para jantar quando recebeu um telefonema. Era sua mãe.

– Boa noite, filha. – disse uma voz delicada.

– Boa noite, mãe. Quanta saudade. – respondeu.

– O sentimento é o mesmo, meu bem. Está tudo certo? – perguntou.

– Sim, sim. – respondeu rapidamente.

– Sua avó me contou a respeito da partida de pólo que você esteve no último final de semana. Esperava que você mesma me contasse, querida. – disse um pouco chateada.

– Perdão, mãe. – pediu Hermione. – Aquilo me pegou de surpresa e a primeira pessoa que pensei em ligar foi Grandmère. Pensei que se eu contasse a senhora, isso a deixaria irritada. – admitiu

– Hermione, acima de tudo sou sua mãe. – falou zangada – Se minha própria filha não quer contar as coisas para mim, que tipo de carrasco eu sou?

Aquilo deixara a garota completamente sem defesas e sabia que sua mãe estava com a razão.

– Desculpe, mãe. Tantas coisas acontecendo e eu estava perdida. – choramingou.

A reação da garota preocupava a mulher do outro lado da linha.

– O que está acontecendo, minha filha? Seja honesta. – pediu.

– Harry e eu estamos em crise, nosso namoro está por um fio senão é que já acabou. Pessoas surgindo em minha vida do nada e bagunçando totalmente as coisas. Eu não sei o que fazer. – respondeu nervosa.

– Hermione, calma sim. Engula esse choro que eu sei que está prestes a sair e escute-me com atenção. – a garota fez o que a mãe disse – Harry é seu amigo antes de ser seu namorado, seu amigo de infância. Sei que você tenta fazer tudo com perfeição, querida, porém nem sempre podemos fazer. Imprevistos acontecem em nossa vida constantemente. Talvez Harry não seja a pessoa certa para você, talvez. Quanto a essas pessoas, analise-as criticamente como você sempre fez e separe o joio do trigo, sim?

Hermione ouvia tudo com extrema atenção.

– Sim – respondeu timidamente. – Obrigada, mãe. Muito obrigada.

– Sou sua mãe. Conheço você melhor do que si mesma – riu – Além de querer notícias suas, liguei para lembrar-lhe sobre o aniversário de sua avó daqui a algumas semanas.

– É claro. O que Grandmère disse a respeito? – indagou

– Falou que pretende fazer uma pequena recepção para comemorar.

– Que de pequena não tem nada. – concluiu Hermione.

– Exato. Liguei para lhe contar isso e saber notícias suas. Espero uma visita sua querida.

– Pode deixar mãe. Saudade.

– Boa noite, filha. Saudade.

Mal desligara o telefone e escutou a campainha tocar. Surpreendeu-se ao ver Harry com uma feição extremamente séria.


–X-


Desde sempre demonstrou ser uma pessoa que detestava fofocas, afinal pessoas muitas vezes inventam mentiras ou fazem suposições para poder ter o que comentar sobre a vida alheia. Entretanto, quando um afobado Seamus lhe procurou afirmando que vira Hermione e Draco conversando em uma sala vazia aquilo o deixou em alerta. Pois Seamus era uma pessoa confiável e não ia ter o porquê de fazer aquilo. Além do que as atitudes estranhas de Hermione naquela semana só confirmavam o que o garoto havia lhe dito. Sua namorada (até onde ele sabia) não lhe procurava mais e os beijos não passavam de selinhos ou no rosto, faltava paixão nos gestos dela.

Após muito refletir decidiu procurá-la à noite no apartamento dela. Tocou a campainha e percebeu como a garota ficara surpresa ao vê-lo.

– Harry? – perguntou.

– Oi, Hermione. – disse sério. – Posso entrar? – indagou.

– Sim, é claro. – o garoto entrou – Sente-se, por favor. – pediu.

– Obrigado pelo convite, contudo é uma visita rápida. – disse educado – Vim apenas para lhe dar um aviso, como amigo. – viu como a garota arqueara as sobrancelhas e sem entender onde ele queria chegar.

– Primeiramente Mi, seja honesta. O que você tem com Draco Malfoy? – perguntou sem rodeios.

– Do que está falando, Harry? – indagou pasma.

Ele deu um sorriso irônico e respondeu sarcástico:

– Eu sei que hoje você ficou após uma aula conversando com Malfoy, sozinhos em uma sala. Não venha com a desculpa que estavam discutindo a matéria por que eu duvido muito. Malfoy é idiota, mas não é burro.

Mione olhou-o incrédula e respondeu:

– Que seja, Harry. Malfoy é meu colega em algumas aulas, portanto é normal que eu converse com ele.

Harry escutou a resposta, porém não se convenceu e continuou:

– Hermione, eu conheço Malfoy há anos e sei que a última coisa que ele quer com uma garota como você é amizade. – disse com raiva .

– Harry, por favor... Sem crises sim? – pediu calma

– Não é apenas uma crise, Hermione. É preocupação com o que pode acontecer com você.

Hermione o olhou confusa e indagou:

– E o que pode acontecer a mim?

– Malfoy pode te ferir, machucar profundamente. – respondeu aparentemente honesto. – Ele tem a capacidade de fazer você acreditar em coisas que em seu estado normal jamais acreditaria.

Hermione o olhava descrente como se Harry fosse algum louco.

– Como tem tanta certeza disso, Harry? – perguntou confiante.

– Laureen, filha de um casal de empregados da casa de veraneio dos meus pais, é um exemplo.

– Como assim? – perguntou sem entender.

– Em um passado não muito distante, Malfoy se envolveu com essa garota, prometeu mundos e fundos à coitada que acreditou cegamente. – falou com raiva. – Entregou sua virgindade a ele, rompeu relações com sua família, ficou desamparada.

– Você tem certeza disso, Harry? – questionou seriamente.

– Absoluta. Se não fosse por meus pais eu não sei qual teria sido o fim dela. – suspirou.

– É uma acusação grave, Harry.

– Não é uma acusação, é a verdade. – rebateu. – Seja lá o que Malfoy está querendo de você, não é nada bom. Espero que pense nisso que lhe falei. Boa noite, Mi. – aproximou-se e deu um beijo na testa de Hermione.

Harry não fez cerimônia e se dirigiu para fora do apartamento sozinho. Já Hermione ficou estática pensando em tudo que o moreno lhe falara. Era fato que ela vinha se perguntando o porquê ganhara a simpatia do loiro, pois ele aparentava ser uma pessoa que dificilmente se cativava com algo.

Agora Harry chegava contando-lhe aquele tipo de coisa. Em quem deveria acreditar: Harry - seu melhor amigo e namorado (?) ou em Draco - quem surgira inesperadamente em sua vida.


Qualquer que fosse as intenções de Draco Malfoy para com sua pessoa, ela descobriria naquele jantar.

Good to know it's all a game
(Bom saber que é tudo um jogo)

Disappointment has a name:

(Decepção tem um nome:)

It's heartbreak warfare

(É guerra de sofrimento)


–X-


Os dois dias para acontecer o aguardado jantar passaram rápidos e sem transtornos tanto para Draco quanto para Hermione. Para o primeiro pela primeira vez ocorria um sentimento de ansiedade, pois afinal no íntimo sabia que lidava com uma garota diferente das demais; A garota partilhava do mesmo sentimento, entretanto por motivo diferente. Pois para ela aquela noite serviria como resposta a indesejada dúvida sobre quem falava a verdade.


Seu relacionamento com Harry ainda caminhava em passos lentos, é verdade. Porém depois daquele noite em seu apartamento, Harry estava mais presente e até carinhoso, nada exagerado. Parecia que a frieza do final de semana e da segunda- feira havia mexido com ele. Ainda não tinha uma opinião formada a respeito daquilo, contudo esperava que rendesse boas consequências a ambos. Era esperar para ver. No entanto, no momento concentrava suas forças no jantar dali a algumas horas.

–X-


Aparentemente o relacionamento de Granger e Potter estava em crise, pelo menos fora isso que notou aquele dia no haras. Portanto esperava um distanciamento entre o casal, contudo não foi isso que presenciou naquela semana. Tinha que concordar que os gestos de carinhos entre eles era mais contido e em menor quantidade, no entanto para sua raiva eles ainda existiam. O jantar daquela noite, no momento, era a única saída para conquistar Granger. Teria que dar as cartas corretamente.

–X-

Olhou-se pela última vez no espelho de sua casa e gostou do resultado. Estava bonita, não havia fendas ou decotes na roupa. Usava um vestido xadrez nas cores vermelha e preta, um pequeno salto, uma jaqueta de couro e uma bolsa nas mãos. Vestiu-se da maneira que sentia bem sem se preocupar com o que seu acompanhante acharia. Pontualmente, às 20h ela caminhava para fora do prédio deparando-se com Draco encostado em um elegante carro preto, o mesmo da noite em que se conheceram.

Andou em direção a ele e perguntou:


– Há muito tempo que está aí?


– Cheguei faz cinco minutos. - respondeu dando um sorriso.


– Menos mau. - respondeu a garota retribuindo o sorriso.


Ele estendeu sua mão para Mione que aceitou.


– Vamos?! - questionou Draco.


– Sim. - murmurou a garota. O loiro a guiou até o carro, abrindo a porta em um típico gesto de cavalheirismo.


Mione acomodou-se no confortável automóvel enquanto Draco adentrava.

O veículo começou a mover-se ao mesmo tempo em que o silêncio dava seus primeiros sinais. Draco ligou o som e dirigiu-se para Hermione:

– Está muito bonita, Hermione. - falou sincero.

Um pequeno rubor surgiu em seu rosto denuciando-a, porém tentou manter-se normal e devolveu o elogio:

– Obrigada! Você também está muito bonito, Draco.

Ele a olhou e deu um mínimo sorriso de lado.

– Achei que usaria verde, afinal avisei-lhe que gosto de verde e o quão atraentes as mulheres ficam ao utilizar essa cor. - disse pomposamente.


Hermione o olhou e deu um sorriso maroto antes de responder.

– O nosso jantar é um jantar entre amigos, não um encontro romântico - fez uma pausa e continuou - A sua cor preferida é verde, contudo em nenhum momento afirmei que a minha também fosse verde.

Draco olhava surpreso e sério. Nunca imaginou que a resposta pudesse ser essa. Que merda estava havendo?!


–X-


Notas:

* No diálogo entre Hermione e Harry na casa dos Parkinson, Mione diz: O mundo está aqui nos esperando, para ser vivido e construirmos nossos sonhos nele. Frase nitidamente inspirada na música Let there be love do Oasis.

** A resposta que Draco dá a Hermione pelo papel que conversavam(Sim, os olhares são seus, entretanto os comentários são meus) foi sugerida pela minha querida amiga virtual Carol, vulgo Caderninho Azul, portanto os créditos pertencem a ela.

*** Na foto do look da Hermione a Emma Watson já está com o cabelo curto, entretanto aqui na fic Hermione tem cabelos longos.




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Notas finais do capítulo

Bom, aos poucos está sendo revelada a personalidade dos personagens. Porém, gostaria de deixar claro que ninguém é totalmente bom ou totalmente ruim. Todos possuem suas qualidades e seus inúmeros defeitos.
O que esperam para esse jantar? hehe
Há muitas questões para serem reveladas ;)
Reviews para saberem o que estão achando e aguardando dessa história!
Beijos,
Carol.