Angela olhava o pôr-do-sol sentada na cadeira de balanço.

Tinha outra ao lado dela na varanda dos Gilberts.

Ela pensava sobre sua vida.

Em sua antiga cidade,onde tanto amargou por ser filha de quem era conheceu diversos tipos:egoístas,hipócritas,marginais,bandidos,até mesmo policiais corruptos.

Pessoas que eram dignas de se esquecer.

Angela a cada dia que passava esquecia seus nomes,seus rostos e suas histórias.

Para que reter na mente algo tão sujo e vil?

Agora,se visse algum deles na rua,nem reconheceria.

Ela mudou,e sabia disso.Finalmente a garotinha assustada e sem amor se tornava a cada dia uma mulher segura e que acreditava ser amada.

A Angela de antes não acreditava em milagres.A Angela de agora acreditava que tudo era um milagre.

A Angela de antes culpava a Deus por tudo de ruim que acontecia.A Angela de agora agradecia que Ele a tenha deixado passar por tantas provações e sofrimentos,por que hoje entendia o valor de tudo o que tinha.

Outras pessoas só dariam valor ao que perderam.Ela dava valor a cada segundo que passava com seu namorado,sua irmã,sua família e seus amigos.

Se ela tinha amor,tinha tudo o que precisava.

Como uma vez disse a Stefan,não tinha tudo o que amava,mas amava tudo o que tinha.

Damon se sentou ao lado dela enquanto ela refletia.

Angela sorriu para ele.

–É um lindo crepúsculo não é?

–Sim.

Damon parecia meio desconfortável.

–O que foi?

–É que estamos sentados na varanda em cadeiras de balanço admirando o pôr-do-sol.Parecemos um casal de velhinhos.

–Vocé é um velhinho.-ela disse com um sorriso de implicância.

Damon revirou os olhos.

Angela segurou a mão dele.

–Carpem Diem*,Damon.

–Carpem Nochem*,Angela.

E de mãos dadas,com um enorme sorriso cada um,viram aquele que talvez era o mais belo dos crepúsculos de suas vidas.

Essas sim,eram lembranças que valiam a pena.

"Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre."(Cecília Meireles)