Lábios Insanos escrita por Anonymous


Capítulo 4
(Livro I) Capítulo II Part. 2/3 - Conhecendo.


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora, meninas. Mas devido às férias, eu vou demorar para postar um pouquinho por conta das coisas que arrumei pra fazer e tal. Postarei na próxima quinta da semana que vem.



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— Não vai comer?


Ele pareceu ainda mais tenso, mas desconversou.


— Coma logo, ainda quero te mostrar mais algumas coisas.


Voltei à prestar atenção em meu prato, os camarões realmente estavam divinos. Fazia tempo em que eu não comia camarões, na verdade, fazia tempo que eu não comia algo tão diferente. Anthony manteve a taça intacta durante meu almoço, parecia cada vez mais interessado nos meus lábios ao mastigar a comida do que em qualquer outra coisa. Não demorou muito para que eu terminasse, mas ele não me deu tempo nem para elogiar o prato.


— Venha, quero te mostrar uma outra parte da ilha que você não viu.


Anthony jogou o dinheiro sobre a mesa e saiu puxando-me em direção à uma parte cercada por coqueiros. A chuva havia passado, mas o sol insistia em se manter escondido. Estava frio, a areia úmida permitia que meus tênis se enchessem daqueles grãos irritantes.


— Existe algo lhe incomodando? – sentei-me em um pequeno tronco de árvore que havia na direção próxima aos coqueiros. – Não está com frio?


Ele se sentou ao meu lado, encarando o mar, como eu estava fazendo.


— O que poderia me incomodar? – dei de ombros, eu balançava os pés fingindo não perceber que sua atenção estava sempre voltada para mim. A vontade que eu sentia era de sorrir, eu me sentia tão bem por estar perto de alguém da minha família. Isso me confortava.


— Com esse tempo, não dá nem para aproveitarmos a praia. Deve ser tão lindo aqui.


— Sim, é muito bonito. Principalmente nos fins de tarde.


— Você já veio aqui alguma vez? – um forte vento começou à agitar a água, fazendo crescer as ondas. Eu me encolhi. E isso chamou a atenção de Anthony, seus braços passaram envolta de meu corpo, aproximando-me dele. Sua temperatura era consideravelmente mais baixa do que a do vento que acabara de passar por nossos corpos.


Estremeci. E ao perceber ele me soltou. Como uma pessoa em sã consciência suportaria à uma temperatura daquelas!?


— Eu vinha muito aqui quando seus pais eram... – arqueei as sobrancelhas para que ele continuasse. – ...eu e seu pai éramos muito unidos, vinhamos aqui quase todo o verão.


— Por favor...sem histórias de como era o seu passado, detesto essas coisas.


Peguei em seu pulso e saí puxando-o até a água. Ele relutou mas mesmo assim eu consegui guiá-lo. As ondas frias batiam contra meu corpo, arrepiando-me. Meus tênis foram embora em três tempos. A quanto tempo eu não sentia aquele cheiro bom que é a maresia.


— Aguenta um mergulho? – tentava manter-me firme na areia abaixo de meus pés mais era quase impossível com tamanhas ondas.


Até que veio uma onda forte demais para que eu lutasse contra ela. Fui jogada diretamente para os braços de Anthony que parecia esperar exatamente isso.


— Ainda quer mergulhar desse jeito? – Ele envolveu-me com seus braços impedindo que eu me movesse, me deixando com ainda mais frio. – Tem sorte de estarmos no Brasil, caso contrário sofreria de hipotermia.


Eu não conseguia prestar atenção em suas palavras, nossos olhares pressos um ao outro. Era como se ele me chamasse, silenciosamente. Uma nova onda. Seus braços se prenderam fortes em meu corpo, assustando-me quando a onda passou por debaixo de meus pés sem que eu precisasse me mover, pois ele havia feito aquilo por mim, evitando que eu caísse novamente.


— Vem, vamos logo antes que a lancha não nos espere.


Sua mão fria tocou a minha e de repente me peguei segurando em sua mão. Tentei ignorar meus pensamentos mal intencionados durante a viagem de volta para casa. Entrei por meu quarto jogando minhas roupas pelo chão, criando um rastro até o banheiro. Tomei um banho relaxante e saí para procurar por Jella. Encontrei Anthony sentado no enorme sofá com ela em seu colo.


Recostei meu corpo na porta que separava o corredor da sala, admirando-o. Anthony era tão bonito para ser tio, isso era definitivamente um castigo comigo. Sem falar que era tão misterioso que aguçava demais minha curiosidade. Tornei a pensar na pele fria, a ausência de cor. Eu poderia considerá-lo um defunto se quisesse. Eu não acreditava muito em mortos vivos, apesar de gostar. Mas meus pensamentos loucos deviam apenas estar indo longe demais.


— Já é a segunda vez que espiona sem fazer barulho. – meus olhos saltaram, como ele chegara à minha frente tão rápido?


— Me desculpe. Na verdade iria lhe perguntar se há internet aqui.


— Vejo que não olhou em todas as suas gavetas. – franzi o cenho esperando que ele explicasse. – Tem um notebook qual pode usar, está em uma de suas gavetas. Aliás, ele é seu.


Meus lábios se curvaram para um sorriso forçado. Estiquei os braços na intenção de pegar Jella no colo, ele se esquivou, impedindo que eu à tocasse.


— Pode devolver minha gata? – ele lançou-me um olhar pensativo, mas eu sabia que estava só brincando. Então entregou-me o animal. – Obrigada.


Fui me preparando para tomar um caminho de volta à meu quarto, quando ele puxou-me pelo braço.


— Se precisar de algo, estarei no escritório. – assenti e andei de volta para o quarto em passos largos antes que ele me interrompesse mais uma vez.


Olhei pelas gavetas e achei um notebook preto em uma delas, junto com ele estava um laçarote vermelho. Não perdi tempo e o liguei. Enquanto esperava as coisas carregarem e se instalarem, fiquei imaginando porque não havia feito antes o que eu estava pensando em fazer. Entrei na internet e procurei por "Livros de Anthony Masen" haviam vários. Mas um único me chamou a atenção. Lábios Insanos. Procurei por downloads online, mas não encontrava nada. O máximo que consegui foi o yahoo respostas me dizendo o que eu já temia: ele não permitia vazar os livros na internet. Não me dei por vencida e fiquei durante um bom tempo procurando por outros livros. Eu sabia que existia algo em seu escritório, ele não viajaria sem pelo menos um de cada exemplar. Pensei em pedir para ler, mas acho que isso não o agradaria. Então, eu iria pegar cada um na primeira oportunidade que tivesse.


Jella parecia estar tão animada com o novo lar que se lambia animadamente enquanto andava pelo quarto. Permaneci em minha cama durante algum tempo...Meus pensamentos voando longe. O quanto Anthony me conhecia? E desde quando? Pois eu nem sabia a existência de Anthony até a morte de meus pais.


Recostei-me na cabeceira, fechei os olhos e voei para a imagem de Anthony no mar, segurando-me em seus braços...tão definidos e fortes. A palidez era atrativa. Voltei à internet buscando por sites pornôs. Havia tanto tempo em que eu não me tocava. Afastei meu roupão de uma só vez.


Comecei tocando meus seios, enquanto imaginava os lábios roxos e definidos de Anthony. Fechei o notebook, nada daquelas imagens artificiais seria preciso. As imagens de meu tio na praia retornou à minha mente, dando origem à uma sequência de toques por meu corpo. Meus mamilos aos poucos iam ganhando vida, ficando intumescidos. Minhas pernas roçavam-se uma na outra, meu interior se encontrava quente, pulsante, latejando por algo que estava apenas em minha mente. Lembrei de seus olhos, ohhh... os olhos. Mordi uma das mãos para abafar o gemido rouco que volta e meia tomava conta de meus lábios. Minha respiração foi ficando acelerada. Eu já havia perdido a noção do que estava fazendo. Minhas pernas se afastaram automaticamente dando a chance que minhas mãos queriam.


Ouvi uma forte batida na porta.


Meus olhos se estreitaram. Foi como um choque, um alerta para eu ter uma ideia do que estava fazendo. Fechei meu roupão e corri para abrir a porta antes que a pessoa do lado oposto fizesse questão de abrí-la.


— Precisa de algo, Marie? – franzi o cenho, ele não havia ouvido nada, certo? – Quero dizer...eu estava pensando se não gostaria de assistir algo na sala.


Fechei a porta em sua cara, recostando-me contra ela. Por quê diabos assistir algo na sala se tem televisão no meu quarto!? Lembrei que ele estava do lado de fora e à abri novamente.


— Me desculpe. Eu...bom, eu...apenas me dê alguns minutos.


Me tranquei e corri para procurar algo em meu armário. Acabei colocando um pijaminha preto, por ser fim de tarde, logo eu iria dormir mesmo. Peguei Jella e saí para a sala. E ele estava lá. Sentado de frente para a televisão, parecendo muito ocupado trocando o canal de filmes por um de desenhos. Eu ri com a visão e ele percebeu minha presença.


— O que foi?


— Nada, nada...


— Sente-se aqui, Marie. Deixarei que você escolha um filme, desde que não chore enquanto o vê. – dei-lhe uma cotovelada e me arrependi. Ele era duro, feito pedra. Parecia que eu havia dado uma cotovelada em quina de mesa.


Ele fingiu não perceber mas eu sabia que ele havia notado. Permaneci calada e me sentei à seu lado no sofá.


— Vamos ficar aqui no Brasil por quanto tempo?


— Mais alguns dias, por quê?


Antes que eu pudesse responder, foi possível ouvir meu espirro. Seu olhar transmitia uma leve preocupação e então ouvi sua voz.


— É alérgica à gatos?


— Ah, não eu..acho que foi aquela água gelada logo de manhã. – ele se levantou e foi em direção à cozinha, reclamando.


— Bem feito. Nunca te disseram que é perigoso brincar com água em dia de chuva? Agora ficará resfriada.


Ele trouxe um copo com água, havia um aspirina em sua mão. Parecia que ele já sabia o que iria acontecer. Por mais que aquilo fosse apenas um espirro. Eu estava perplexa. Ele riu e me entregou o copo, jogando a aspirina na água.


— Só tem um dia que estamos aqui e já estou achando que você saiu de algum filme de premonição. – tomei o remédio enquanto ele gargalhava escolhendo os possíveis dvds que poderíamos ver. – E você não deveria ficar rindo, isso só comprova a minha verdade.


— Você é tão boba, Marie. Anda, escolhe um desses. – observei nossas opções, só havia filmes de ação. Cruzei os braços e me levantei procurando por algum filme de terror. – O que foi? São ótimos filmes.


— Prefiro O exorcista, você gosta?


Ele não me respondeu. Colocamos o filme e ficamos lá. Eu já sabia o filme de cor e salteado, então não prestei tanta atenção assim. Caí por seu ombro e ficamos lá, assistindo o filme. Eu percebi suas olhadas discretas para mim. Ele parecia um pouco impressionado por não me ver gritar, pelo contrário, eu estava tão calma.


— Ainda estou esperando por seus gritos. – ele sussurrou e eu sorri. Ele estava mesmo esperando por isso?


— Então se ferrou, não sou como as outras. – meu rosto se inclinou para fitá-lo melhor. Seus lábios se curvaram, ele se aproximou e antes que eu imaginasse algo, outro espirro escapou. – ...desculpe!


— Vou dormir então. Me chame quando for jantar. – levantei-me, pronta para dar o primeiro passo quando sua mão fria me puxou, fazendo-me sentar ao seu lado outra vez.


— Pode deixar, eu irei colocá-la na cama.


Meus olhos se estreitaram. Ele se levantou e saiu me guiando pelo corredor de volta em direção ao quarto.



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Notas finais do capítulo

Comentem bastante, quem sabe não acabo postando a terceira parte antes do previsto. Beijos.



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