A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 36
CAPÍTULO XIV: Remorço e perda




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O sol abrasador do meio-dia superaquecia a terra ressequida naquele ambiente escarpado, dominado por montanhas e colinas, além de diversos vales fluviais secos. A conhecida figura com o sobretudo e o chapéu na cabeça de Alan adentra cautelosamente a localidade. Um tenebroso urro ecoa ao fundo daquela paisagem, porém, a experiência que possuía lhe dizia que a distância que demonstrava estar, o tornava pouco preocupante. A região apresentava diversos troncos ressecados, alguns até já petrificados, de antigas árvores e outros restos de plantas que demonstravam que o local teria sido, em algum momento do passado, um reduto de mata. A medida que adentrava mais ao local, o medidor que Alan carregava em seu sinto começa a emitir estalos, indicando a área estar com alto nível de agentes infecciosos. Porém, diante de tal alarme, ele apenas respira fundo e toma coragem para ignorá-lo, seguindo em frente, demonstrando sua motivação enquanto empunhava a arma de pressão Viper, acrescida de uma mira luneta, que lhe fora entregue por Esquyeu. Ele o carrega com um dardo, que fora preparado com uma dose da vacina.

Ele segue pelo vale dominado pelos restos de antiga mata, até chegar a uma área mais rochosa e acidentada, dominada por escarpas, de onde se percebiam várias entradas a cavernas. Seguindo sempre cauteloso, ele começa a se adentrar em uma das aberturas, sendo abraçado pela escuridão subterrânea.

Quanto a escuridão se torna absoluta, Alan acende uma lanterna e a prende no cano da arma que empunhava, enquanto seguía a explorar o ambiente cavernícola. Estranhamente, a medida que ele mergulhava às entranhas rochosas daquele local, seu medidor começava a emitir estalos cada vez mais fracos, até se silenciar por completo. Não demora muito até que surja a sensação de coisas se movendo nas proximidades. Após alguma busca, a luz de sua lanterna lhe revela grandes grilos de caverna, além de alguns opiliões se movendo por entre fungos que cresciam entre as rochas estranhamente úmidas do local, todos fugindo prontamente da luz. Mais algum tempo avançando por aquele túnel repleto de estalagmites e ele acaba chegando a um amplo lago subterrâneo, no qual se viam alguns estranhos peixes completamente albinos fluindo como fantasmas por sob a água.

Ele se admira um pouco com aquele ambiente que havia se desenvolvido, aparentemente, independente do que ocorrera na superfície, e acaba por concluir consigo mesmo, ao perceber que não havia qualquer indicio de agentes infecciosos ali:

— “Se realmente esteve por aqui, não estará aqui... Acho que é a ausência de luz solar... Deve impedir que os germes se desenvolvam... Talvez busque algum buraco para se esconder, mas não os fundos, deve precisar sair...”

Seguindo suas conclusões ele passa a buscar uma saída daquele túnel. Após não muito tempo de exploração, ele desliga a lanterna, e vê ao longe, um indício de luz solar, o que indicava uma saída. Ele avança na direção da luz e a teoria se confirma, pois a medida que ele seguia naquela direção, seu medidor voltava lentamente a emitir estalos.

Caminhando por aquela larga galeria do túnel, ele logo avista a abertura que conduziria de volta ao lado de fora. Enquanto avançava, ele escuta algo como que passos por sobre o solo rochoso. Ele empunha o rifle pneumático e se prepara. O som dos passos se repete, e ele se volta para a direção de onde eles vinham, mas nada se mostra em suas proximidades, ao que parecia o eco da caverna lhe estaria confundindo os sentidos. Apesar de não conseguir ver nada, a sensação de não estar só não o deixava, e ele continuava buscando por algo, até quanto um múrmuro reverberou pelas paredes rochosas. Uma enfática voz forçava um “saia daqui”. Alan, novamente, se põe em alerta. Passos rápidos se ouvem pelas proximidades, mas a reverberação do som no ambiente fechado da caverna volta a impossibilitar a localização de sua origem. Os passos param, aparentemente, por perto. Alguns instantes de silêncio antecedem o ataque da criatura. Era um infectado, mas estava em seu estágio inicial, como os comerciantes haviam falado a Esquyeu. Ainda trajava roupas e podia-se perceber que se tratara de uma mulher.

A infectada atacara emitindo um forte e agudo grito, suas vestes, embora bem danificadas, ainda eram reconhecíveis, um longo vestido de cor esbranquiçado, com recortes laterais para as pernas, as quais estavam cobertas por uma calça, de mesma cor. Ainda se podia perceber também as feições da mulher que ali estava se transformando em monstro, era magra, de porte atlético, de estatura mediana, com longos cabelos negros, os quais se mostravam muito desgrenhados, os olhos estavam foscos e com um tom amarelado, os dentes se mostravam apodrecidos, sua pele já se mostrava extremamente pálida e, ao que parecia, começa a criar crostas e tumores. Alan usava a arma que empunhava como escudo e os dois se atracaram por alguns instantes, medindo forças. Podia se ouvir a criatura insistindo em esbravejar “saia daqui!”. Parecia que falar, mesmo uma frase tão simples, lhe exigia muito esforço. O embate entre os dois acaba, acidentalmente, acionando o gatilho da arma, um dardo é disparado e se despedaça ao atingir uma das estalactites do teto. O feito acaba por distrair momentaneamente a infectada, permitindo a Alan que a empurrasse. Indo para trás com o impulso, ela se oculta por detrás de algumas formações rochosas da caverna. Alan recarrega a arma com outro dardo e passa a buscar a criatura pelos arredores. Não demora muito para um segundo ataque, e desta vez, a infectada o consegue apanhar pelas costas, tentando dominá-lo e mordê-lo. Alan, se debatendo, consegue se livrar do ataque, toma alguma distância, empunha o rifle e dispara, a criatura, entretanto, se move rapidamente, esquivando-se por bem pouco do dardo (de fato, este chega a passar por entre seus cabelos, antes de se despedaçar também contra uma parede rochosa) e voltando a se ocultar por entre as rochas e a escuridão da caverna.

 

O terceiro ataque é frontal. Ao perceber a criatura logo a sua frente, Alan rapidamente recarrega o rifle, mira e dispara. Desta vez acerta em cheio. O dardo acerta na base do pescoço, pouco acima da clavícula esquerda. A criatura sente o impacto, se desequilibra um pouco, mas continua avançando, até quase chegar em Alan. Porém, a dose de vacina do dardo começa a lhe afetar e ela se prostra ao chão, sentindo os efeitos.

Percebendo que dera certo seu plano, Alan logo abandona a arma e vai na direção da infectada caída no chão e se contorcendo, reconhecendo-a: - “Samaria!”


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