A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 10
CAPÍTULO VIII: O clã dos Caçadores




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Alan seguia o caminho que encontrara. Após atravessar a pequena abertura, se viu em um túnel apertado, escuro e úmido, uma fenda entre rochas, que aos poucos ia se alargando até desembocar no que parecia ser um túnel subterrâneo. Na realidade era bem mais que isso. Uma cripta, um cemitério construído debaixo da catedral para abrigar pela eternidade os corpos dos clérigos daquela abadia. Ouvia-se o som de goteiras e alguns urros distantes ecoavam pelas paredes medonhas do local. O experiente homem seguia com sua arma em punhos e com todos os sentidos apurados, esperando, de qualquer lado, de qualquer modo, o inesperado. O que, alguns metros de penumbra depois, ele encontra, ou melhor, é encontrado. A negra criatura, que mal se podia diferenciar no breu daquele ambiente, o encarava. As largas e desproporcionais mandíbulas se escancaram em um rugido e o infectado o ataca velozmente. Alan porém espera até que o ser se aproxime o bastante, para então, em um reflexo, com um tiro de sua Winchester calibre 12, estoura a cabeçada criatura. Uma nuvem de sangue dissipa-se pelo ar, enquanto Alan reengatilha a arma, carregando um novo cartucho. Logo outros infectados surgem pelo túnel e atacam, o primeiro é atingido no ombro direito e gira pelo ar enquanto despenca ao chão, a arma é engatilhada novamente, a segunda criatura é atingida em cheio no peito, sendo lançada alguns metros para trás. Uma terceira é pega em pleno ar, enquanto saltava em um ataque, e o impacto da pesada carga de chumbo a lança contra uma das paredes. Outros dois infectados avançam, há o disparo, o bombeio da arma e outro disparo em sequência, as criaturas caem ao chão ensanguentadas. A magazine da arma se esvazia, e Alan começa a recarregar os cartuchos. Outro ser surge e o ataca. O sexto cartucho ainda era colocado no depósito da arma, quanto o monstro já estava perto demais. Alan prepara-se para um ataque físico, porém ouve-se um tiro, e a criatura é abatida. O homem olha na direção da qual se ouviu o disparo que o salvara e percebe um homem em pé, não muito longe dele, empunhando um rifle. Logo aparecem outros três, todos vestidos do mesmo modo: com longos e grossos sobretudos de tonalidade acinzentada e com capuz, que lhes cobriam a cabeça.

Enquanto recupera o folego, Alan termina de carregar sua arma e a engatilha diante dos estranhos que lhe apareceram. Um dos quais, toma a dianteira do grupo e lhe diz, amigavelmente: “Não tema, se você não é uma destas criaturas, somos amigos...”, vendo que Alan abaixara um pouco a guarda, o homem segura seu rifle apenas com a mão direita e usa a outra para descobrir a cabeça de seu capuz, revelando-se um homem branco, com olhos e cabelos castanhos e um pouco de barba por fazer. “Sou Wlademir Deron Limasky, responsável por este grupo...”, ele se apresenta, e depois se volta para seus companheiros, que também descobrem suas cabeças, “...e estes são David Boaz,...”, apontando para um homem de pele morena, faces rudes e cabeça raspada, “... nosso técnico e, agora também, responsável pelas provisões, Oshiro...”, mostrando o segundo homem, de estatura baixa, feições orientais, meia-idade e cabelo negro bem curto, “... e nosso estressado de plantão Michael Hans-Dave.”, lhe mostrando o homem alto, de cabelos loiros e compridos, amarrados em um rabo de cavalo na nuca, sendo este o que atirou na ultima criatura que atacava Alan. Diante das apresentações, Alan, por sua vez, apenas põe sua arma por sobre os ombros e informa simplesmente: “me chamo Alan.”

“O que faz aqui?”, o líder do grupo lhe questiona, ao que Alan fornece a explicação: “Estava atravessando a cidade, com um companheiro de viagem, quando o chão se abriu... a única saída que encontrei me trouxe até aqui...”, nisto, Wlademir comenta: “Bem, creio que devemos nos desculpar por isto... o caso é que explorávamos a catedral e chegamos a sua cripta, nos deparamos com uma porta lacrada e... bem, acho que exageramos um pouco nos explosivos... Mas, o companheiro de viagem que comentou, ele está bem?”, Wlademir demonstra preocupação, ao que Alan completa: “Creio que sim, a cratera que se abriu não o alcançou, ele permaneceu no nível das ruas, mandei que procurasse um abrigo, e agora tento sair daqui para me juntar a ele...” Diante de tal resposta, Wlademir propõe: “Também buscamos, dentre outras coisas, uma forma de sair daqui, o fato é que a explosão também broqueou o caminho pelo qual viemos e não podemos voltar por ali, que acha, Alan? Nos ajudamos um ao outro e saímos daqui?” A proposta é aceita, e o grupo segue sua caminhada pelos túneis.

Após algum tempo de caminhada, Hans se aproxima de Alan, o analisa com o olhar e comenta: “Uma 12GA, um revolver e... han, uma faca comprida... Hã, você deve se achar muito bom, ou ser completamente louco, pra se arriscar a andar por ai só com isso...” Alan ignora a sagacidade de tal comentário, e responde de forma igualmente irônica: “E você, Caçador, acha que vai eliminar todas os infectados e salvar o mundo com balas calibre 5,56 e granadas VOG de 40 mm?” Diante de tal comentário, o grupo paralisa a caminha, antes que Hans respondesse, Wadlemir toma a palavra: “Ao que parece você é bem espertinho meu amigo, mas parece subestimar nosso 'trabalho'... O que?! É da classe dos que acham que os estudiosos vão descobrir uma 'cura'? Ou dos que acham que vão resolver tudo rezando? Ou talvez, pelo jeito que fala, você até seja de algum destes grupos... Bem, deixe-me lhe mostrar um ponto de vista: sim, somos o que chamam de Caçadores, mas não somos idiotas como alguns dizem, sabemos que não podemos eliminar todos os infectados, e sabemos que para cada um deles que matamos, surgem outros quatro... Mas quer saber de uma coisa, enquanto estas criaturas estiverem ocupadas nos enfrentando, elas não estarão atacando as vilas, os abrigos ou os campos de sobreviventes, e sabe o que há nestes locais? Além das pessoas que amamos, também há os espertinhos procurando a tão sonhada 'cura' ou rezando para um Deus que parece já ter nos esquecido a muito tempo. Nós não sabemos misturar produtos químicos, fazer compostos e estas coisas... o que sabemos fazer é combater, e é isso que fazemos, estamos dando tempo para que outros continuem tentando 'salvar o mundo' com suas poções mágicas... Se é mesmo inteligente, deve ser capaz de enxergar que a suposta divisão de clãs entre as pessoas deste lugar é relativa e superficial, todos contribuem para um mesmo propósito, apenas de formas distintas... Nós lutamos, o que dá tempo para estudiosos, como os chamados Imortais, continuarem com suas pesquisas e até mesmo os Assassinos contribuem para isso, forçando alguma ordem e impedindo que as pessoas se matem umas as outras apenas por comida e vacina...” “Não os quis ofender...”, Alan responde, “Claro que não... Não se preocupe com isso, se equivocar é normal, é o que nos torna humanos...”, Wlademir conclui, enquanto dá ordem para que a caminhada continue.

A caminhada prossegue e Alan acaba ficando um pouco para trás, percebendo isso, Oshiro se aproxima dele, comentando: “Não entenda mal, estamos todos muito estressados... Eramos nove quando saímos de nossa vila, perdemos bons amigos nesta operação e o senhor Wlademir teme que possam ter se sacrificado em vão...” Alan responde: “Sinto por seus amigos... Mas o que os trouxe até este local?” “Uma reprodutora...”, Oshiro explica, “...ao que parece há uma destas no subterrâneo desta cidade, se conseguirmos eliminá-la, os zangões ficarão desorientados, e os ataques neste quadrante diminuirão, ou mesmo cessarão, por algum tempo pelo menos...”

Tiros são disparados, ao ouvi-los, Oshiro avança para junto dos demais, e Alan o segue. Eles atravessam uma rachadura e chegam ao que parecia ser um túnel de metrô (embora enferrujados, ainda se percebiam os trilhos no chão). Ao chegarem, eles ainda veem Hans abatendo um infectado com disparos de seu rifle. Os demais se aproximam e percebem corpos de outra criaturas abatidas. Também encontram o que parecia ser o cadáver de uma pessoa normal. Acreditando poder se tratar de um sobrevivente, Alan se aproxima rapidamente e começa a analisá-lo, tomando-lhe o pulso. Porém ele rapidamente se desanima, enquanto informa aos demais que quase não há batimento cardíaco, Wlademir lhe questiona sobre chances de salvar aquela pessoa, ao que ele responde: “Talvez se pudéssemos lhes prestar cuidados intensivos e imediatos... Mas neste local e sem saber como levá-lo pra fora daqui...” “Então, não há chance?!”, Hans questiona, ao que Alan lhe certifica que não. “Então, só há uma coisa que podemos fazer por ele...”, Hans concluí. Ele afasta os demais do corpo, apanha sua pistola, a engatilha e lhe dispara na cabeça. Alan o encara, ao que ele responde, percebendo-se um certo tom de remorso em sua voz: “Moribundos podem se tornar infectados, cadáveres não...”


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Notas finais do capítulo

Continua.... (não resisti a escrever isso rsrsrsrsrs)



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