The price of evil... escrita por Laís


Capítulo 1
Conjuring her deepest fears.


Notas iniciais do capítulo

É a primeira fic que escrevo, então perdoem-me se for absurdamente ruim.



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-Quem é você garota? –Perguntara um senhor bem acima do peso de sotaque estrangeiro e cabelos grisalhos. –Vamos, diga! Qual é o seu nome?

Fitei aquele senhor um tanto quanto ranzinza e quase não conseguia assimilar suas palavras. As coisas estavam tão confusas, eu nem sabia como estava me sentindo, talvez cansada. Muito cansada.

-Desculpe, mas por acaso isso é da sua conta? –Respondi sem tentar ser educada.

-Não, mas passa a ser quando uma jovem malcriada com a aparência de um zumbi fica jogada na frente do meu estabelecimento espantando os fregueses. Ainda por cima com uma roupa de hospital! –Respondeu quase berrando.

Não tinha reparado, mas eu estava com aquelas roupas esquisitas e completamente brancas de hospital. Mas... Ah, claro.

-Então mocinha, tá esperando que eu traga água para regá-la ou vai dar o fora daqui?

-Eu iria embora agora mesmo... Se eu tivesse pra onde ir. –Fitei o chão e não esperei uma resposta, já estava me levantando da calçada, quando o senhor falou comigo mais uma vez.

-Espere, você deve estar com fome. E não pode sair por aí com essas roupas. Vamos entre.

Entrei na pequena confeitaria, não muito diferente de todas as outras do resto do mundo, um balcão sobre uma prateleira revertida a vidro cheia de doces, algumas mesas e do lado oposto o caixa onde estava uma moça muito jovem de cabelos ruivos preso em um rabo de cavalo alto perfeitamente arrumado atendendo duas crianças com as mãos completamente cheias de balas e pacotes de biscoito. Ouvi o barulho de uma porta sendo batida com força e vi do canto da parte restrita aos fregueses o rapaz com um avental e touca trazendo uma bandeja cheia de pães doce. Meu estômago roncou. Não lembrava qual havia sido a última vez que tinha feito uma refeição decente. O senhor de cabelos grisalhos saiu da mesma porta e se dirigiu à moça do caixa. Conversavam muito baixo pra que eu pudesse entender e depois de uns dois minutos e moça saiu da frente do balcão onde ficava o caixa e veio em minha direção.

-Ei! Oi? Alguém em casa? – Ela me encarava com um sorriso simpático. Não percebi que eu também a encarava e estava de pé no meio da confeitaria parecendo alguém catatônico.

-Ah, desculpa. Oi. – Foi só o que consegui dizer.

-Oi, meu nome é Isabelle, eu trabalho aqui. - Isso eu percebi sozinha. Será que eu tava parecendo alguém que tinha fugido da ala de psiquiatria de um hospital? Provavelmente. - Nos fundos da confeitaria, tem um quarto onde o antigo rapaz do caixa dormia, bom, lá você vai poder tomar um banho e depois eu te empresto algumas roupas. Tudo bem? –O olhar dela era de pena, e eu não gostei nem um pouco daquilo.

-Sim, obrigada.

Segui Isabelle pela porta dos fundos que dava em um corredor estreito. No fim tinha um quarto bem pequeno, com uma cama de solteiro antiga e uma televisão do tipo que não se via há muito tempo.

-O banheiro é naquela portinha, não se preocupe, ele está limpo. Tem shampoo, sabonete e tudo que você for precisar, o rapaz se mudou há menos de uma semana, algumas coisas ficaram. Vai lá enquanto eu arranjo umas roupas pra você.

Vi a garota sumir pelo corredor. Precisava mesmo de um banho.

A água gelada fez com que eu acordasse do meu transe, estava um pouco mais esperta. Fui lembrando aos poucos de tudo que havia acontecido nos últimos meses. Raiva. Tristeza. Saudade. Eu só queria que tudo voltasse a ser como era antes, sentir a sensação de ter um lar e alguém pra cuidar de mim. Desde a morte da minha avó, nunca mais havia me sentido assim, protegida. E agora que a minha mãe tinha voltado e eu finalmente estava me entendendo com ela, a idiota aqui tinha que estragar tudo. Sempre eu! Por que eu simplesmente não morria? Que droga. Deixei que as lágrimas caíssem o tempo que fosse necessário, era o que eu mais queria depois de tudo. Chorar.

Sai do banheiro e vi um short jeans rasgado e uma camisa masculina xadrez em cima da cama. Vesti e voltei para a confeitaria. Lá estavam alguns fregueses, o rapaz alto, jovem e até bonito; o velhinho ranzinza e Isabelle. Os três olharam. Senti-me corar naquele exato momento. Odiava pessoas me olhando.

-A garota rebelde! Achei que eu tivesse morrido naquele banheiro. Vamos, sente-se aqui. – Apontou para uma das mesas. –Simon, veja o que ela quer.

O rapaz alto ia se aproximando da mesa que eu estava e me lançou um sorriso tímido.

-Oi, é... Meu nome é Simon. Você... Tá bem? –O nervosismo dele ficou bem evidente quando deixou a bandeja escorregar das mãos e cair na mesa, sorte que estava vazia. –Ah, desculpa por isso, quer comer alguma coisa?  Ah, é claro que quer, a pergunta certa é o que.

-É... Qualquer coisa pra mim tá bom, alguns sonhos talvez?

-Certo. Sonhos. Já volto. –Não se passou muito tempo até que Simon estivesse ali na minha frente de novo. Mas dessa vez com dois sonhos e um suco de laranja. Agradeci e o convidei para me fazer companhia.

-Minha camisa ficou um pouco grande em você, mas ficou... Bonita. –Ele me fitava com os olhos de um azul muito claro.

-Ah, a camisa é sua? Muito obrigada, de verdade.

-Não precisa agradecer. Qual o seu nome? Você mora aqui por perto?

Fingi não ouvir as perguntas.

-Você é filho do senhor...?

-Mackeinze. Mas ele prefere ser chamado de Mack. Como sabe que ele é meu pai?

-Você é muito novo pra trabalhar, imaginei que estivesse só ajudando. Aliás, você tem os olhos dele. –Ri para Simon que parecia mais relaxado ao falar comigo. Já tinha terminado de comer os sonhos e resolvi que já era hora de voltar pra casa, ou para o hospital.

-Simon, pode chamar seu pai pra mim, por favor? –Alguns minutos depois Mack e Simon estavam em pé na minha frente. – Muito obrigada mesmo, eu nem tenho como agradecer. Prometo que voltarei pra pagar pelos sonhos – me voltei para Simon - e devolver sua camisa. –Sorri, por algum motivo, me sentia bem ali.

-Não precisa agradecer, nem pagar nada. Apesar de ser rebelde, será bem vinda aqui. Você tem pra onde ir? Se não tiver, pode... –Interrompi Mack e disse que precisava acertar umas coisas e que voltaria em breve. Agradeci mais uma vez e já estava saindo quando Simon me segurou pelo braço e ele mesmo parecia surpreso com sua atitude.

-Não vai mesmo me dizer seu nome?

–Fica pra próxima. –Sorri e fiquei na ponta dos pés para alcançá-lo e dar um beijo na sua bochecha.

Eu não sei se podia me sentir assim mesmo com o meu mundo virando de cabeça pra baixo, mas estava feliz.

Ouvi alguém gritando atrás de mim.

-Ei garota! –Era Isabelle.

-Oi? –Respondi de forma seca.

-Pensa que eu não reparei a forma que você tava se atirando para o Simon? Só vou te deixar um aviso, presta atenção, não volta mais aqui e nem pense em procurar o meu namorado de novo. Para o seu próprio bem. - E deu meia volta em direção à confeitaria.

O que? Quem aquela garota pensa que é? De todo jeito, tenho mais o que fazer do que me preocupar com as suas futilidades. Calma aí... Ela disse namorado?

Xx


Droga, por que a porra do meu celular não parava de tocar? Procurei no criado mudo ao lado da cama o relógio digital, esforço em vão. Fazia tanto tempo que eu não dormia na minha própria casa que nem conseguia me encontrar.  Resolvi procurar pelo celular que devia estar jogado em baixo da cama. Vou matar o filha da puta que tá enchendo o saco uma hora dessas.

“5 chamadas perdidas. Gordo.”

Porra, o que o Zacky tem de tão importante pra falar comigo agora? Seja lá o que for não me interessa. Minha cabeça doía muito por culpa da festa de ontem, desliguei o celular e voltei a dormir.

Xx

Não sabia se voltava ao hospital ou ia pra casa. Que ideia idiota a minha de ter fugido, será que mamãe havia acordado? Se ela acordasse queria estar lá para pedir desculpas. Como assim se ela acordasse? É claro que ela iria acordar. Ela tinha que acordar.  Resolvi passar em casa antes, arrumar umas coisas e pegar tudo que eu fosse precisar pra viver no hospital de novo.

Xx

-Ultimamente eu tenho pensado bastante sobre tudo. Matt acabou de sair totalmente despedaçado de uma relação de anos! Eu conheço o Matt há muitos anos e ele é como se fosse meu irmão, então eu acabo sofrendo junto com ele, entende? E tenho pensado muito no Jimmy também. Sinto muito a falta dele e, eu sei que se ele tivesse aqui, as coisas estariam bem melhor. Acho que é uma coisa que eu nunca vou superar... Agora o empresário do Avenged anunciou uma nova turnê e, porra, eu não to preparado pra isso! Eu tenho sentido minha vida tão... Vazia.

-E por acaso você está falando tudo isso para uma prostituta por que, Synyster Gates?

A loira o fitava.

-Vá embora. –Brian se surpreendeu com o próprio tom e a loira continuava a encará-lo com uma expressão confusa. – Vamos! Além de puta é surda? –Com raiva, a mulher se levantou, pegou suas coisas e saiu batendo a porta com força.

Ok. O que eu vou fazer agora? Seu telefone tocou.

-Ei gordo! Já disse que o que tivemos foi só um caso, uma noite, nada sério. Pode parar de me procurar, por favor? –Do outro lado da linha Zacky ria até demais, provavelmente estava bêbado.

-Ei, vem pra casa do Matt agora.

-Por que eu iria sair do conforto da minha casa pra ir até aí? To com duas garotas aqui tá bom? Ah, calma, não são duas! São três! Como eu não vi...

-Vem logo. Videogames, pizza e muita cerveja.

-Tô indo, meu amor. –Zacky o xingou e desligou. Brian precisava mesmo dessa “reuniãozinha”, estava um pouco afastado dos meninos e agora só tinham mais três semanas antes da nova turnê.

Xx

Já havia duas semanas que eu praticamente estava morando no hospital, odeio hospitais. E aquele em particular não me trazia boas lembranças, foi aqui que eu vi minha avó morrer devido ao câncer. Foi aqui que ela me deixou. No mesmo dia, minha mãe aparecia, depois de anos, como se tivesse apenas chegado um pouco tarde do trabalho. Mas dois meses já haviam se passado e apesar de tudo, não foi tão ruim assim. E agora... Droga. Se eu não tivesse...

De repente vi uma correria de enfermeiras e médicos próximos a mim. Senti um calafrio e uma vontade enorme de vomitar quando vi todos eles entrarem no quarto da minha mãe. Não sabia o que pensar. Queria entrar naquele quarto e saber o que tava acontecendo, mas não conseguia mexer nem um músculo. Queria gritar até meus pulmões explodirem pra mamãe acordar e eu pedir desculpas, mas minha voz não saia. Senti meus olhos arderem. Tudo ao meu redor agora estava embaçado, só ouvia as vozes das enfermeiras, minhas pernas começaram a ceder e de repente me vi bem perto do chão gelado e branco.





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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo: O que? Cara, eu sei que as coisas andam meio complicadas, mas abandonar o Avenged? Se você sair a banda vai acabar! Acabar, entende?
---
-Senhorita Wooden Brown?- Assenti- Sou o detetive Vernet - ergueu o distintivo em minha direção - Podemos conversar?
Senti minhas pernas cederem, mas continuei de pé. É claro que a polícia iria se envolver.
Xx
Então, devo ser queimada em praça pública?