Dakota Lessons escrita por Nebbia


Capítulo 4
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Bom, não recebi reviews de dois os meus leitores no último capítulo e nenhum leitor novo desde que comecei a fanfic, mas tudo bem porque eu não iria parar de atualizar a fic nem que ninguém acompanhasse muahahaha òwó
Esse capítulo era para ser maior, mas decidi cortar. O próximo terá o resto.



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Quando o garoto foi libertado de seu castigo, a primeira coisa que fez foi, novamente, fugir de casa. Correu para o deserto, sempre se certificando de que saberia voltar para casa mais tarde.

À certa altura, parou de correr e continuou seu caminho andando, imerso em pensamentos, armando planos de fuga de casa mesmo sabendo que nunca seriam realizados.

Quieria fugir para a costa dos Estados Unidos. Pegaria dinheiro e daria um jeito de sobreviver até chegar lá e, ao chegar, pegaria um barco. Voltaria para a Inglaterra e se viraria lá. Estava cansado daquela gente nascida na (ex-)colônia, de sotaque estranho, que não têm um mínimo de inteligência para uma conversa coerente.

Mas estava bem no meio daquele pedaço de terra que considerava inútil, aquela parte seca em que nunca havia coisa interessante para se fazer.

Bom, por ironia do destino o garoto seguiu caminhando a oeste, direção oposta a leste, que por sua vez é a direção que no momento segue o jovem índio de alguns dias atrás. Este andava como um verdadeiro homem em seu cavalo, cavalo este que recebeu de presente de seu pai no dia seguinte à sua chegada.

E ambos continuaram seguindo suas direções até ficarem praticamente frente a frente, um a poucos metros do outro. E o índio estaria perfeitamente no meio do campo de visão do homem branco se este ao menos estivesse com a cabeça levantada. Mas ele estava no campo de visão do índio, e o índio espantou-se ao perceber que era a mesma pessoa daquela noite.

Parou o cavalo e ficou a observá-lo. Ele continuava andando, aproximando-se do outro completamente alheio à sua presença. O índio não falou nem fez nada, ficou apenas parado. E olhando.

O garoto branco olhou para cima quando viu a sombra de um bicho grande, e sua expressão levemente, inconscientemente revoltada transformou-se em uma de surpresa, a mesma surpresa do índio quando viu-o ao longe.

Ficaram a se encarar por longos minutos, nenhum deles realmente sabendo o que fazer; cada um com seus próprios pensamentos, suas próprias perguntas sobre o outro.

Especialmente o índio.

Ele, crendo que seria melhor tentar um segundo contato, desceu de seu cavalo e aproximou-se um pouco mais do outro, segurando as rédeas do animal.

Taki eniciyapi hwo?”

Pendeu de leve a cabeça para o lado, olhando o de olhos verdes de um modo quase inocente.

O outro nada respondeu, gerando um silêncio desconcertante. Deu a entender que a tentativa de comunicação falhara.

Não desistindo, ele então levou a mão esquerda ao próprio peito, deixando-a bem aberta lá, para que estivesse claro o que queria dizer.

” Alfred.”, disse, sorrindo.

O outro arregalou os olhos. Seguiu-se mais um pouco de silêncio até que, para o alívio de Alfred, ele imitou-o, colocando a mão aberta no peito e proferindo seu nome.

” Arthur.”

O índio deu um sorriso ainda maior. Achava divertido conseguir comunicar-se com outra pessoa sem que ela soubesse sua língua e nem ele a dela.

Micaje Alfred!”, enfatizou, em sua língua.

” M-micaje Arthur”, repetiu o outro, franzindo o cenho.

O outro riu. Arthur estranhava um pouco, mas acha engraçado o seu comportamento.

Ficaram juntos até mais ou menos meio-dia, apenas andando lado a lado e vez ou outra arriscando algum comentário em suas respectivas línguas, ora fracassando, ora sendo compreendidos. Até Alfred precisar se esforçar um pouco para dizer que precisava ir embora. Quando finalmente conseguiu fazer o outro entendê-lo, sorriu e montou em seu cavalo.

Amba!“, disse antes de começar a galopar.

Arthur ainda observava-o afastar-se em alta velocidade até sumir no horizonte, e percebeu algo.

Seu cavalo não tinha cela.

Voltou para casa logo depois de ficar sozinho novamente. Comeu e jogou-se na cama, postando-se a pensar.

Alfred não era nome de índio...

Haviam muitas coisas que o interessavam naquele garoto e, por isso mesmo, queria conhecê-lo melhor. Iria se relacionar com ele, tornar-se seu amigo. Assim poderia descobrir por que ele tinha tantas características de um homem branco. Era um bom passatempo naquele fim de mundo...

Ouviu um barulho no andar de baixo e correu para abrir a porta. Pelas colunas do corrimão da escada via o corpo enorme de seu pai, de costas. Berrava com alguém que ele não conseguia ver. Berrava e berrava muito, na verdade. Arthur percebia seu uniforme de tenente todo sujo de poeira.

“ Eu não quero saber! Vocês que se virem nessa merda! Contratem mercenários, construam um canhão! Não quero saber! Eu só quero a porra desses selvagens fora daqui em um mês, entendeu?! Um mês e não mais!!”

“ Mas senhor...”, começou uma voz mais fraca, com sotaque nativo, “ Eles conhecem melhor a região que nós! Têm seus segredos! Nós não...”

“ Então descubra seus segredos!”

“ Não temos como!”

“ Já disse que não me importa! Eu quero cada um desses filhos da puta desaparecidos! Mortos! Presos! Esquartejados! Que seja! E você vai conseguir isso! Você vai...”

Fechou a porta, abafando a gritaria. Já ouvira o suficiente e não queria que seu pai percebesse que ele estava a espioná-lo.

Mas, mesmo conseguindo ouvir claramente todas as palavras produtos da raiva dele, tinha um sorriso no rosto.

Porque agora sabia como descobrir tudo sobre Alfred e agradar ao seu pai ao mesmo tempo.

Só faltava amadurecer o plano...

E teria a noite toda para isso.

No meio da noite, Alfred acordou. Saiu sorrateiramente de sua tenda e ficou a espiar a paisagem do deserto que rodeava a pequena aldeia.

Literalmente pequena. Constituíam-na umas 30 pessoas, um número demasiado menor que o normal. Eram, na verdade, parte de um grupo maior que se desentendeu e foi separado em dois, sendo que a parte dele foi obrigada a deixar a área do outro grupo. Muito andaram até acharem uma região quase idêntica à que estavam acostumados a viver, mas uma vez encontrada foi ali que se estabeleceram.

Claro, Monjave em nada poderia ser comparado aos desertos de Mississipi, mas sim, era geograficamente satisfatório.

Mas naquele momento não pensava nas vantagens e desvantagens do lugar onde vivia. Pensava em Arthur, o homem branco que encontrara pela segunda vez por pura sorte.

Pensou se ambos teriam algum destino a traçar juntos. Afinal, encontrar-se duas vezes com a mesma pessoa de forma tão inusitada não era normal. Aquilo tudo deixava-o confuso e ele desejou, do fundo de seu coração, que pudesse ter uma conversa com Wakinyan para esclarecer tudo.

Outra coisa que não entendia era por que ele ficava andando sozinho no meio do nada, com aquela expressão tão... Mista de ora raiva, ora tristeza e ora medo. Tudo bem, ele também andava sozinho pelo deserto, mas tinha motivos. O que o outro, aparentemente, não tinha. Naquele dia estava tentando ficar mais íntimo de seu cavalo novo, por exemplo, o qual deu o nome de “ Tashunke Ohitika”. Mas costumava chamá-lo apenas por “Ohitika”.

E não, não deixou de notar a cicatriz do lado de seu olho esquerdo.


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Notas finais do capítulo

Preciso avisar também que do dia 7 de janeiro a 4 de fevereiro estarei viajando, então nada de atualização de fanfic.
FELIZ ANO NOVO, PEOPLE :3



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