P.O.V. Avada Kedavra
–Por que não foi comemorar com o Harry?- ouvi a voz de Annabelly assim que passei pela passagem da sala comunal.
–Eu estou cansada. - me joguei no lugar ao seu lado. -Acho que nunca passei tanto nervoso quanto hoje.
–Você estava com o Harry, não é?Na hora da prova. -assenti. -Ficamos preocupadas.-Belly disse olhando para a irmã,que concordou.
–Acho que vou me deitar. Não estou me sentindo bem.
–Quer que a gente traga algo para você?-Katheryn prontamente perguntou.
–Não, obrigada.
Entrei no meu quarto e me joguei na cama.
Eu vou enlouquecer.
–Avada?-me levantei em um salto e olhei para onde vinha a voz. -Desculpe, não queria assustar.
–Sirius?Como?-ele apontou a lareira com a cabeça.
–Aconteceu alguma coisa?
–Harry passou na primeira prova.
–Isso não deveria ser bom?
–É bom, mas... Isso só significa que ele vai continuar e que as coisas só tendem a piorar.
–Acha que alguma coisa vai acontecer?
–Acho que muita coisa vai acontecer.
–Quem é o professor de defesa de vocês?
–Moody. Alastor "olho-tonto" Moody.
–Boa pessoa. Meio pirado, mas boa pessoa.
–Ele me da uma sensação estranha.
–Talvez seja o olho. -ele comentou rindo.
–Não, Sirius.O olho 'tá longe de ser uma preocupação.
–Vai dar tudo certo. -ele me abraçou. -Eu prometo.
–-*--*--
Em meio a todo caos e calamidade que essa escola virara, ainda devíamos celebrar o Baile de Inverno.
Eu poderia aguentar isso, se não fosse por duas gêmeas martelando na minha cabeça sobre o quão importante era eu escolher o meu vestido o mais rápido possível.
–Vocês já escolheram os seus?
–Não... -responderam envergonhadas.
–Então por que vocês estão me perturbando?
–Porque a gente quer que você vá escolher conosco.
–Tudo bem. Eu vou.
Peguei um casaco e fomos andando até Hogsmead.
–Avada, você já tem par? -encarei Katheryn com a sobrancelha arqueada.
–Eu não sei nem se eu vou. Você vai com quem?
–Com um primo nosso, Blasio Zabine. -percebi que ela corara, mas não me dignei a comentar.
–Annabelly? -ela deu de ombros. -Como assim?-imitei seu gesto. -E os pretendentes?
–Ela dispensou todos. -Kathy comentou, fazendo com que a irmã lhe olhasse com raiva. -E, além disso, o sonso não aprovou ninguém.
Sonso era o apelido "carinhoso" que o Andrew Vicent Reynald, irmão mais velho delas, ganhara assim que entrara para a sonserina.
–Ele não tem que aprovar nada. -retrucou irritada.
O fato era que Annabelly era apaixonada por, ninguém mais ninguém menos que, Fred Wasley. Ele sendo grifinório não parecia muito aceitável aos olhos de seu querido irmão.
No fim ninguém fica com ninguém e todo mundo fica infeliz.
–Está dizendo que se o sonso não aprovar, você vai mesmo assim? -perguntou descrente.
–Katheryn, deixe sua irmã em paz.
Essa revirou os olhos e continuou andando.
Elas ficaram quatro horas provando vestidos. QUATRO HORAS.
–O que você acha desse? -Kathy perguntou dando uma volta.
–'Tá lindo. Assim como o primeiro. -disse já cansada.
–Avada! -exclamou irritada. -Eu tenho que estar perfeita! Eu vou com Blasio Zabine! Tenho que estar à altura!
–Por que esse interesse repentino? Por que você tem que estar perfeita?
Ela olhou para o provador onde a irmã estava e se sentou ao meu lado.
–Você conhece Pansy Parkison?
–Aquela garota que vive seguindo o Draco? -ela assentiu. -Sim,por que?
–Blasio gosta dela. -ela disse baixo, sempre olhando para os lados para ver se ninguém estava ouvindo.
–E onde você entra?
–Ele quer que ela sinta ciúmes. -acenei em sinal de compreensão. -Mas também não quer... "Trair" ela. Então me convidou. -deu de ombros com um sorriso meio apreensivo.
–Tem alguma coisa que você não está me contando?
–Ele acha que por eu ser prima dele não seria a "traição" que ele tanto teme cometer. -continuei a encarando, esperando que ela continuasse, mas ela começou a encarar as próprias mãos.
–Mas...?
–Mas Pansy não sabe que ela é prima dele. -ouvi a voz de Annabelly as minhas costas.
Kathy levantou um olhar culpado para mim.
–Ela não está fazendo nada de errado. Só quer ajudar o Zabine.
–Se você diz. -Bell deu de ombros. -O que achou?-girou, mostrando o vestido longo, tomara que caia vermelho, com um cinto desenhado dourado.
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–Ah. Meu. Merlin. Você está linda! -Kathy gritou. -Você tem que levar esse! Está perfeito!
–Então você devia levar aquele. -ela apontou para um vestido preto em canto.
O vestido era lindo, inteiramente preto e estilo sereia, com detalhes florais, também preto, cobrindo todo o vestido, só que pareciam feitos de couro, que olhado de longe pareciam ser escamas de cobra. Pareceria tomara que caia e aberto nas costas, se não fosse pelo detalhe, imitando um ramo, logo acima do ombro.

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–É perfeito. Você vai levar esse, não adianta nem discutir comigo. -eu disse pegando o vestido e lhe entregando.
–E você? -perguntou, inclinando a cabeça para o lado como uma criança.
–Depois eu procuro alguma coisa. Cansei de vestido por hoje. -elas riram, mas foram pagar e voltaram comigo para o castelo.
–Você vai jantar? -Kathy perguntou.
–Hoje não, eu... Não estou com fome. -me encararam por um segundo, antes de dar de ombros e saírem.
Entrei no meu quarto e tranquei a porta, assim que acendi a luz vi que havia uma caixa em cima da minha cama. A caixa era larga e baixa, com um enorme laço verde de veludo em cima.
Puxei com cuidado a fita, para não desfazer o laço, retirei a tampa.
Dobrado só era possível ver enormes rendas. Mas assim que coloquei o vestido em cima da cama, perdi o fôlego. Era vermelho de veludo e longo,com um detalhe na cintura,que lembrava um espartilho,as enormes rendas negras se localizavam no busto,cobrindo o decote,e haviam outros que cobriam os pulsos.
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–Ele é muito bonito. Quem te deu? -ouvi a voz de Sirius atrás de mim e me virei assustada.
–Eu... Eu pensei que havia sido você.
–Definitivamente não. Eu não sirvo pra comprar roupa. Não veio com cartão?
Revirei as coisas e achei dentro do laço, um cartão escondido.
"Achei que se você fosse ao baile devia ser como uma rainha. Devia honrar sua linhagem.
Então peço que aceite esse presente.
Papai.
P.S. Achei que essa cor lhe agradaria, realça seus olhos."
–Foi meu pai.
–Vermelho? -ele perguntou irônico.
–Disse que realça meus olhos.
–Pelo menos ele tem bom gosto. -disse dando de ombros.
–-*--*--
–Ãhn... Avada, eu... Posso falar com você? -Harry perguntou.
–Claro. Aconteceu alguma coisa?
–Não, é só que... Eu... Queria saber se você não quer ir ao baile comigo?-perguntou mexendo as mãos nervosamente.
–Não conseguiu convidar a Cho?-sorri vendo-o corar.
–Não. -disse de forma derrotada. De repente pareceu perceber algo e arregalou os olhos. -Mas não pensa que eu to te convidando como segunda opção, não é isso é só que...
–Harry, 'tá tudo bem. E... Bom, eu aceito ir ao baile com você.
–Sério?
–Sério. -ele sorriu e me abraçou, logo em seguida correu para a sua aula.
–-*--*--
–Avada! Você ainda não está pronta?
–Claro que eu estou!-disse cutucando o esmalte da unha.
–Por que você ainda não está pronta?
–Porque ainda são 15:00.
–Exatamente! Estamos atrasadas!
–Vão se vestindo no quarto de vocês, depois a gente se encontra.
Elas saíram bufando, mas saíram e assim que o fizeram eu peguei novamente a caixa do vestido e fiquei encarando a veste. Seria realmente seguro usá-lo?
"Querida, você devia esquecer tudo isso. Aproveite o baile." "Lilian tem razão. Ele é seu pai, talvez só queira ver você feliz." Tudo bem, então... Acho que eu devia me arrumar.
Por mais que estivesse "sozinha, James e Lilian transformaram tudo aquilo em uma grande diversão.
–Você está linda. -não precisava olhar para saber quem era.
–Obrigada, Sirius. -agradeci.
–Se eu tivesse uma filha, gostaria que ela fosse assim como você. -ele apoiou uma mão em meu ombro, pelo reflexo pude ver que ele sorria.
Meu cabelo se encontrava cacheado até a metade das minhas costas e meus olhos estavam em um azul vibrante. Definitivamente eu parecia com ele.
–Nunca pensou em ter filhos? -me virei para olhá-lo de forma curiosa.
–Já. Uma vez. -disse se afastando e indo em direção à janela.
–O que aconteceu?
Ele estendeu a mão, oferecendo-me suas lembranças, e eu a segurei.
Havia uma mulher muito bonita, loira com olhos negros, milhares de imagens deles dois juntos apareceram. Na última imagem apareceu ele chorando sobre um caixão, com minha mãe ao seu lado dizendo que eles não poderiam sujar a linhagem.
Soltei sua mão de forma brusca.
–Ela a matou. Ela a matou! Sirius! Por Merlin! senti meus olhos arderem.
–Está tudo bem. -ele me abraçou e me levou de novo para frente do espelho. -Você não pode borrar a maquiagem. -disse sorrindo.
–Como pode ignorar isso? Como pode cuidar de mim sabendo que sou filha dela?
–Você não tem culpa. Uma hora todos nós nos machucamos, devemos aprender a transformar essa dor em força.
–Eu sinto muito.
–Não sinta.
Ouvimos uma batida na porta.
–Deve ser o Harry.
–Boa sorte com seu baile. Aproveite.
–Você não quer vê-lo?
–Acho melhor não, vocês já devem estar atrasados.
Senti que não era isso, afinal assim como eu, ele sabia que o baile não começaria sem o Harry, mas permiti que ele fosse embora.
–-*--*--
P.O.V. Remo Lupin
Assim que Sirius voltou, comecei a ouvir milhares de coisas quebrando, o quadro de sua mãe começou a gritar e pude ouvi-lo mandando-a calar a boca e fechando as cortinas com agressividade.
Fui até a sala com cautela, afinal, não sabia o que Sirius podia estar segurando agora. Mas o encontrei sentado no sofá, com os braços apoiados nos joelhos e a cabeça entre as mãos, chorando.
Isso era preocupante. Sirius só chorava por dois motivos:
1-Quando se lembrava da morte de Lilian e James.
2-Quando se lembrava de Ellysa, uma garota nascida trouxa que ele havia conhecido há 15 anos.
–O que aconteceu?
–Ela perguntou se eu nunca quis ter um filho. -ele respirava fundo tentando conter as lágrimas.
–Eu sinto muito.
–Eu a amava.
–Eu sei que sim.
–Posso te contar um segredo?-assenti, sem saber onde ele queria chegar. -Eu ia ser pai. -ele sussurrou como se dizer aquilo em voz alta fosse pecado. -Ela estava grávida quando morreu.
–Sirius... Eu não sabia-fiquei sem o que dizer.
–Ninguém sabia. Achei que se não falasse disso para ninguém doeria menos. -ele começou a negar com a cabeça e se aproximou como que para me contar um segredo. -Não funcionou.
O abracei de lado meio sem jeito e permitir que ele chorasse tudo o que devia. Chorasse pela mulher, pelo filho e pelo futuro incerto.
–-*--*--
P.O.V. Harry Potter
Esfreguei novamente as minhas mãos, suadas, na calça. Puxei a gravata de forma incomodada e bati na porta.
Dois minutos depois, Avada a abriu com um sorriso encantador.
–Harry. Está muito bonito.
–Você também está linda. sorri e estendi o braço. Podemos ir?
–Acho que sim.
Percebi que sua mão tremia levemente, o que mostrava que ela não estava tão calma quanto aparentava.
–Nervosa?
–Você não?
–Ponto para você.
–Harry, desde agora, eu quero que você saiba que eu sinto muito se eu pisar no seu pé. -Ri com seu comentário, esquecendo o nervosismo momentaneamente.
–Digo o mesmo para você.
–Harry, você... Gosta de mim? Tipo, como amiga?
–Claro que gosto, por que essa pergunta agora?
–Eu quero saber se você confia em mim. parei de andar e me virei para encará-la de forma intrigada.
–Aconteceu algo?
–Não.
–Então por que isso agora?
–Eu só quero saber.
–É claro que eu confio. Até de olhos fechados.
–Bom... ela começou a olhar para os lados, como que incomodada. Acho que podemos ir então.
–Tudo bem. estendi o braço novamente e fizemos o trajeto em silêncio.