Eu achava uma tremenda babaquice e viadagem, pura frescura da minha mãe. Não precisava ir ao piscicólogo, eu estava chorando há três dias, não queria sair de casa, mas idaí? Eu estava de férias, eu poderia muito bem ficar em casa, não é? Era um término de um namoro, mas é claro que eu estava arrasado! Eu amava a Selena, o que ela fez comigo, não se faz, mas não é motivo da minha mãe querer me mandar ao piscicólogo! Simplesmente não é... Justo!

- Kenny, qual é cara, vamos passar em uma lanchonete! Esquece esse lance de piscicólogo. É besteira - tentei convencê-lo.

- Esquece Bieber, prometi a sua mãe que levaria você ao piscicólogo e é isso que eu estou fazendo, agora desça do carro - Kenny disse em tom autoritário, que me dava até medo. Bufei e desgostoso saí do carro. Estávamos parados de frente a uma grande construção luxuosa, era uma clínica com vários tipos de consultório, dentre eles, o de piscicologia. Dei de ombros, derrotado, com Kenny alí, eu nunca conseguiria fugir para lugar algum. Ajeitei o casaco em meu corpo e num ato repentino de coragem, entrei no prédio. Recordei-me de que a sala em que seria minha seção era a dezenove, e então, completamente desnorteado, comecei a andar por um corredor de cor creme.

- Senhor Bieber? – ouvi uma mulher me chamar, virei-me para a direção da voz e forcei um sorriso falso – O Doutor DiLaurentis está a sua espera – disse ela abrindo uma porta de tom pastel para mim, dei de ombros e fiz um sinal a Kenny que estava entrando. Suspirei pesadamente e entrei na sala, eu não sabia o que esperar, eu não sabia o que deveria fazer, então fiquei quieto.

- Obrigado Gabriella, pode se retirar agora – disse o doutor de seu gabinete. Ajeitou seus óculos de finas e pequenas lentes para mais perto de seus olhos verdes e sorriu para mim, novamente forjei um sorriso e sentei-me no divã que havia na sala. Ouvi passos aproximarem de mim e o doutor sentar-se em uma pequena poltrona, ao lado de onde estava. Bufei e deitei-me.

- Eu não vou dizer nada – disse decidido, fechando meus olhos.

- Tudo bem então. Mas você tem quarenta e cinco minutos para não dizer nada. – disse dando de ombros. Bufei, esse velho me faria mesmo falar!

- Ok, você venceu – revirei os olhos. – Mamãe pediu para vir até aqui, porque eu estou mal, por mais que eu diga aos meus fãs e ao mundo que não, eu estou – fechei os olhos, forçando-os para tentar barrar as lágrimas – Selena me traiu, mas ainda a amo e não consigo tirá-la da minha cabeça. Tudo que eu penso a envolve, eu estou ficando maluco, estou chorando por ela há três dias – funguei – Eu não quero isso doutor, isso dói! Ela me usou, queria fama e conseguiu, me largou depois disso, meu coração está quebrado, não sei o que faço. Pensa que é fácil sorrir quando o mundo está desabando? Eu tenho minhas fãs, tenho que dizer que está tudo bem, quando não está, porque eu sei, que elas ficarão tristes! Tem os tablóides, os sites de fofoca, minha família, meus amigos... É muita coisa! Só tenho dezoito anos, pra tantas responsabilidades. Por favor, me diga o que fazer.

Eu não pude me conter, e comecei a chorar, só falar o nome “’Selena” já dói, e como dói. Dói ainda mais saber a mania fria que me traiu, e eu nunca pude imaginar que isso doeria tanto. Dor de amor, e que dor. Eu não quero isso pra mim, não quero para meus amigos e para minhas Beliebers, eu não quero pra ninguém, só quero tirar isso do peito!

- Olhe meu caro, o seu caso é bem complicado, mas comum. Tudo bem, as proporções são maiores já que é um astro teen – suspirou pensante. – Eu já sei! Justin Bieber, você irá fazer um fake, para esquecer um pouco da sua vida, viver uma vida diferente de vez em quando. Não precisa entrar sempre, apenas quando precisar espairecer e esquecer um pouco os problemas. O que acha?

- É uma idéia... Diferente! – levantei-me surpreso, mas logo bufei triste – Não dá, quando perguntarem sobre meu of, não posso dizer que sou o Justin Bieber e...

- Acalme-se garoto! Eu já pensei em tudo – levantou-se de sua poltrona e pegou uma pasta vermelha em cima de sua mesa, entregando-me. Não entendi muito bem, mas a abri, resolvendo explorar seu conteúdo, dentro dela, havia uma foto de um garoto, bastante boa pinta até, a foto mostrava apenas seu rosto, mostrando claramente seus traços bem definidos. Possuía uma pele bastante branca, lábios bem desenhados e finos, um nariz levemente arrebitado e olhos verdes, como os do doutor. Seus cabelos eram curtos e negros, arrumados para cima.

- Esse era o meu filho – disse ele nostálgico – Era um bom filho, ah se era. Matth sempre foi muito obediente sabe? Não dava trabalho algum a mim ou a minha esposa. Era um filho perfeito, ótimas notas e tudo mais. E então, em uma noite, eu tinha bebido demais, e saí com o carro. Comecei a dirigir que nem um louco, não vi meu filho na rua e então...

Ele não terminou a frase, engoli em seco e baixei a cabeça.

- Sinto muito.

- É... – disse ele pensante. – Por favor, use a essa foto do meu filho. Se perguntarem, você se chama Matthew DiLaurentis, mora em Ohio e tem dezoito anos. E então, o que acha? Topa a experiência de criar um fake e afogar um pouco os problemas?

Apenas assenti e estendi a mão ao doutor, que a apertou de pronto. Sorri sincero pela primeira vez ao dia, mas o mesmo se desfez com um bater na porta.

- Doutor? A próxima cliente já está aqui.

- Obrigado Gabriella, mande-a entrar. Tchau Senhor Bieber, e boa sorte.

Sim, eu sentia dentro de mim que ali seria um novo começo, um novo Justin, secreto, sem problemas para afetar a cabeça. Sem mais, sem menos, sem Selena. Finalmente, eu arrancaria toda essa tristeza dentro de mim, ou, assim espero.

Pelo amor das minhas Beliebers, que essa teoria dê certo.