Capítulo 11

Megan adorou ir me buscar na escola. Eu via isso em seus pensamentos. Também via que ela meio que estava preocupada em eu ter ódio dela por ter me escondido o segredo da minha vida por tanto tempo. Eu tinha , ainda, um pouco de recendimento, mas não ódio. E o silêncio em que o carro se encontrava estava me irritante.

“Meg, fale alguma coisa.”, eu exasperei. Ela me encarou com os dóceis olhos azuis. Os lábios cerrados por querer falar e não querer me irritar. Respirei fundo e forcei um sorriso em meus lábios. “Me conte de Dean.”

Um sorriso apareceu em seus lábios. “Ele me convidou para jantar com ele, na sexta.”, ela deu de ombros. “Eu ainda não sei o que dizer.”

“Que tal que aceitar.”, eu respondi e sorri de verdade. Era bom ver que Meg estava feliz. E ainda me distraía de Ethan e Christina. E do olhar escuro de Nara.

“Você acha?”, seus olhos azuis brilharam.

“Eu tenho certeza.”, concordei. “Você gosta dele, mesmo parecendo odiá-lo. E ele está tentando se aproximar de você. Se dê uma chance, Meg. Viva além de mim.”

Me calei estudando minhas própria palavras. Ás vezes, eu tinha a impressão de que Megan também poderia ler a minha mente. Porque, envés de de continuar falando sobre a possibilidade do encontro com Dean, ela disse:

“Parece que você diz isso por experiência própria.”, ela sorriu. Meu rosto começou a corar e eu desviei meu olhar para a janela. “É o tal Ethan? Aquele loiro?”

Abri a boca para dizer que não tinha nada com Ethan e nem teria, mas me calei. Se parecesse irritada, Megan iria tomar isso como uma confirmação. Vendo que eu não responderia, minha madrinha resolveu voltar ao assunto inicial.

“Você me convenceu, Jô”, ela disse sorrindo. Felizmente estávamos chegando em casa. “Vou sair com Dean na sexta. Mas,” , ela levantou um dedo na minha direção. “nada de festinha, Senhorita Jordan”

Revirei meus olhos. “Você realmente está falando sério, Megan?”

“Não”, ela sorriu. “Confio em você , Jô”

Eu sorri. Ela confiava em mim, pena que eu não confiava em mim mesma.

*****

Eu sabia que ele estava lá antes de o vê. E nem precisei de ler a mente dele. Era só usar a lógica. Dessa vez, para que eu não tivesse que dormir de roupa, fui ao banheiro do andar de baixo e vesti um short preto e uma blusa azul clara de moletom. Megan ficou no andar de baixo assistindo mais um episódio de Heroes, mesmo eu a obrigado para desligar a televisão.

Quando abri a porta do meu quarto, vi Ethan deitado em minha cama, folheando uma revista antiga minha. Ele parecia tão entretido com a leitura que quase não me notou entrando no quarto. Cruzei meus braços e limpei minha garganta.

“Esse negócio de entrar no meu quarto vai virar hábito?”

Ethan levantou o olhar da revista para mim, com um meio sorriso nos lábios. Seus olhos verdes predominaram na iluminação precária do meu quarto. Minha garganta secou. Ele jogou a revista para o canto da cama e colocou as mãos atrás da cabeça, me encarando. Seu cabelo loiro estava um pouco caído em seus olhos, mas invés de eu achar feio e incomodante, achei sensual.

“Pensei que quisesse saber das notícias da Sociedade Carmim, em primeira mão.”, ele levantou uma sobrancelha.

Dei um passo a frente, movida para pela curiosidade. Quando dei um por mim, estava sentada na beirada da cama, bem perto de Ethan. Seu sorriso aumentou, mas algo em seu olhar me incomodou. Tinha um tipo de apreensão neles. Estiquei minha mão e tirei os cabelos de seu rosto.

“Obrigado”, ele agradeceu.

Assenti e cruzei minha pernas, já sentada na cama, e pousei minhas mãos no colchão para me dar equilíbrio. “Me conte porque está tenso”

Ethan engoli a seco e desviou os olhos do meu. “Uma notícia que realmente abalou todos os Carmim.”, ele olhou no fundo dos meus olhos cinzentos, através dos óculos. “A Rainha Carmim tem um filho.”

Não sei o porque, mas senti meu coração acelerando e minhas mãos começaram a suar. Era uma possibilidade impossível que eu fosse essa criança. Porque Ethan disse que era um filho. Homem. Não uma filha. E também, qual era a possibilidade de eu ser filha da Rainha Carmim. Uma em mil, com certeza. Ethan continuou falando como se não notasse meu silêncio.

“Ela mesma, a Rainha, que contou.”, ele olhou através de mim, para o teto e esticou as pernas. “Disse que seu filho já morava aqui antes, mas que , devido os perigos dos Darks irem atrás dele, se mudou para longe.”

“E agora ele está de volta.”, arrisquei. Minha voz não passava de um sussurro. Ethan assentiu, mas parecia mais para ele mesmo do que em resposta a mim.

“E os Darks estão atrás dele”, ele continuou. Ethan se endireitou na cama e me olhou. Senti meu rosto queimar por sua atenção. Seu cheiro achocolatado invadiu minhas narinas. Reparei que ele ainda estava com o uniforme da escola. Deveria estar exalto. “Deve ter sido esse o porque deles terem ido atrás de nós ontem.”, franzi o cenho, confusa. Ethan sorriu e esticou uma mão no meu rosto, começando a massagear o lugar onde minhas sobrancelhas se encontravam. Me fez relaxar imediatamente. “Eles devem ter pensado que eu era o filho da Rainha.”

Balancei a cabeça e vi Ethan me estudando.

“E o que vai acontecer agora?”, perguntei me livrando da mão dele. Isso estava me impedindo de pensar direito. “Uma caçada ao filho da Rainha?”

“Provavelmente.”, ele se sentou em frente a mim e resolveu mudar de assunto. Seus olhos pareciam mais aliviados por ter se livrado desse peso. “Então, encontrou alguém que lhe chamasse atenção na escola?”

“Isso de novo?”, perguntei. Ethan jogou a cabeça para trás e riu. “Não, não tem ninguém naquela escola que me chame atenção”, seu sorriso morreu. Minha boca pareceu ganhar vida e continuou falando. “Só um bando de patricinhas , mauricinhos, jogadores de futebol metidos e nerds”

Ethan me deu um olhar estranho, como se visse pela primeira vez. Virei a cabeça, desviando meu olhar para minha colcha. Demorou um segundo ou dois, mas senti a mão quente de Ethan em meu queixo, me obrigando a encará-lo de volta. Seus olhos verdes estavam estreitou e se tingiram de azul. Dei um tapa em seu mão quando percebi que ele estava tentando entrar em minha mente. Seus olhos voltaram ao verde.

“Me desculpe.”, ele disse . “É que é frustante não conseguir entrar em sua mente. Querer saber o verdadeiro significado por trás de suas palavras. Querer saber o porque desse ódio com o pessoal da escola.”

Ele não sabia o qual frustada eu estava também. Em parte por ele tentar usar seu poder em mim, sem meu consentimento. Depois pelo meu não funcionar com ele. Mas, acho que ele teve uma noção quando eu disse, dura:

“Seria bem mais educado se você tivesse simplesmente perguntado.”, cruzei meus braços e pressionei meus lábios juntos. Ethan pegou meu queixo de novo, mas seus olhos continuaram verdes.

“Me conte, por favor”, ele pediu.

Soltei o ar. Sabia que era incapaz de negá-lo qualquer coisa. Mesmo assim , hesitei. Olhei para ele, e o vi calmo, esperando. Fechei meus olhos. “Eu só odeio esse esteriótipo de que a patricinha judia da nerd e ainda fica com o garoto mais bonito da escola. Eu sou uma Nerd. Tenho que defendê-los. Na cultura, os nerd são usados, judiados e zoados pelos populares.”

“Você foi zoada ou judiada?”, ele perguntou me interrompendo.

“É claro que não.”, ajeitei meu óculos no rosto. “Não os deixava fazer isso comigo, e isso os frustava. Sempre tinha uma resposta na ponta da língua.”, me senti um pouco estranha por estar falando isso com alguém. Ainda mais com Ethan. Eu nunca tinha contado isso nem para Megan, mas ela parecia sempre perceber quando tinha algo errado.

“Então, você foi usada?”, ele perguntou cautelosamente. Separando com cuidado as palavras. Abaixei meu rosto de novo e ele pegou-o novamente, dessa vez prendendo-o entre as suas mãos. Pisquei forte algumas vezes antes de responder.

“Faz parte, sabe”, eu disse com a voz embargada. “Olhe para mim, Ethan.”, eu pedi. “Mas olhe de verdade. O que você vê além de uma nerd com um óculos fundo de garrafa e estranha?”

Ethan aproximou meus rosto do dele, olhando apenas em meus olhos. E não oscilando o olhar de lá por nem um segundo. “Vejo uma garota linda, inteligente e maravilhosa.”, ele deu um meio sorriso que fez meu coração acelerar. Minha respiração ficou tão alta que meu rosto corou, constrangido. “Um pouco desconfiada e nervosa no início, mas uma pessoa com uma alma linda. E que quando sorri, faz com que os olhos brilhem.”, eu dei um pequeno sorriso. “Viu? É isso!”, ele ficou tenso. “Eu teria prazer em quebrar a cara do babaca que te magoou.”

“Eu também”, respondi.

Nós dois rimos, mas paramos quando percebemos o quão perto estávamos um do outro. Meus olhos pesaram ao mesmo tempo que os dele e se fecharam em perfeita sincronia. Inclinei minha cabeça para frente, oferecendo meus lábios. Conseguia sentir sua respiração batendo em meu rosto. O silêncio queimava em meus ouvidos. OMG! O que eu estou fazendo? E porque não consigo parar de ansiar pelos lábios dele nos meus.

“Jô, apague essa luz e vá dormir.”

Megan bateu na porta , ao mesmo tempo em que Ethan e eu parecemos levar um choque e nos afastamos. “Claro, Meg.”, respondi com a voz trêmula.

Escutei seus pensamentos se afastando e olhei para Ethan. Ele estava em pé , de costas para mim, encostado no parapeito da janela. Pensei em ir lá e me aproximar, mas meus pés pareciam grudados no chão. Apenas engoli a seco e o esperei falar. Na verdade ele parecia nem respirar.

“É melhor eu ir embora”, ele disse depois de uns minutos em silêncio. Assenti , mesmo sabendo que ele que não iria ver. Ele tomou impulso e pulou aparando sentado no parapeito da janela. Então olhou para trás. Eu balancei a cabeça e ele retribuiu o cumprimento. Ele virou e pulou janela a baixo. Escutei um baque surdo e corri até a janela. O vi correndo rua abaixo.

Sem olhar para trás.