During The Rain escrita por Haru


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Seguinte, a oneshot tá super curtinha, sem graça e sem noção ;A; Mas a Yumi leu e mandou eu postar, então aqui estou. ♥ Sem contar que, poxa, eu amo esse casal, mas parece que sou a única nesse mundo e. ):
Enfim, boa leitura.



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Algumas pessoas não podiam ser substituídas. Mesmo que já fizesse algum tempo. Um bom tempo. Anos que passavam tão rápido, mas ao mesmo tempo, pareciam arrastar-se. Era assim que Donghae pensava sobre seus dias.

Agora, ele estava na China, com o resto do Super Junior M. Aquilo lhe trazia lembranças. A chuva, caindo do lado de fora, atraía sua visão apenas por conforto – ele não a olhava realmente.

Ele apenas... lembrava. Não sabia se as lembranças o deixavam magoado ou feliz, eram apenas... Lembranças, afinal.

Donghae lembrava-se da primeira vez que o Super Junior M foi promover na China. Ele sentiu falta dos outros. Tinha chorado baixinho, tentando não acordar Henry que estava dividindo o quarto consigo, antes de abandoná-lo, não se importando com o horário e ligando para Hyukjae, aos prantos, querendo apenas não sentir-se sozinho.

Ele queria poder invadir a cama de Leeteuk e dormir com a pessoa que mais lhe protegera depois da morte de seu pai, ou com Eunhyuk, que afinal de contas, ainda era seu melhor amigo; ou até mesmo Heechul, que brigava e fazia birra, mas sempre deixava Donghae ocupar um pedaço de seu colchão e encostar sua cabeça no ombro do mais velho.

Mas quando estava na China, sem nenhuma dessas pessoas para lhe amparar, ele recorria a uma pessoa que talvez, não teria coragem de recorrer enquanto tivesse opções menos... embaraçosas. Eram sim próximos, mas não era como se fossem super amigos, ou tivessem um laço forte de sentimentos.

No entanto, a chuva estava realmente forte naquela noite. Donghae não gostava de dormir sozinho, em um lugar do qual ele não conhecia, e muito menos com uma tempestade o amedrontando ainda mais. Ele se levantou, quase choroso, pensando em ligar para Hyukjae ou Leeteuk novamente, mas parou em frente a porta do líder do grupo pelo qual respondia no momento, Super Junior M.

Ele teve medo de ser rejeitado, ou apenas assustar Hangeng, mas, ficando grato por isso, viu o chinês o fitando com olhos sonolentos, mas preocupados, e o abrigando em sua cama com calma, enxugando algumas lágrimas que quase caíram de seus olhos, mas o mais velho havia as parado antes disso ocorrer.

Então ele se aninhou calmamente, sentindo-se tão protegido – ou até mais – quanto Jungsoo era quem o tomava nos braços, para dormirem.

Hangeng era mais quente, e mais forte. Tinha um aroma gostoso o rondando, e também, era alguém que transmitia calma. Donghae sentiu os soluços tímidos parando aos poucos, e mesmo que o chinês estivesse extremamente sonolento, o mais novo sentiu seus cabelos sendo acariciados calmamente até que ele pegasse no sono.

A primeira noite em que Donghae tinha usado Hangeng como refúgio, havia sido exatamente daquela forma. Ele sorriu – seus dedos agora brincavam com a janela embaçada pela chuva e pelo frio, formando imagens irreconhecíveis.

Então ele recolheu o braço novamente, os colocando debaixo da coberta que circundava seu corpo sobre o sofá, apoiando o queixo nos joelhos.

Ele se lembrava, também, que dormir com Hangeng havia ficado mais fácil com o tempo. O próprio chinês oferecia sua cama para evitar que Donghae sempre precisasse pedir – e então eles conversariam ou o mais novo receberia carinhos silenciosos por parte do outro, até pegarem no sono.

Quando eles voltavam para a Coréia, parecia estranho dormir com outras pessoas, conforme o tempo passava. Quando ele dormiu com Eunhyuk, ambos acordavam como se tivesse brigado a noite inteira; uma perna jogada para um lado, a outra sobre uma parte do corpo alheio, as cobertas caídas no chão.

Com Hangeng, era estável. Se dormiam abraçados, acordavam no máximo, alguns centímetros mais afastados – ou mais próximos. E não parecia nada ruim sentir a respiração de Hangeng batendo contra a sua pela manhã, ou a voz calma lhe desejando bom dia de forma brincalhona.

Tentando dividir a cama com Heechul novamente, ele se sentiu um intruso. Mesmo que soubesse o carinho do mais velho por si, mas sempre havia aquelas palavras ácidas, os suspiros impacientes e a rejeição mimada, afinal, aquela cama era dele, e de mais ninguém.

Com Hangeng, havia um sorriso compreensivo e até mesmo um espacinho pronto para ele – o chinês havia acostumado-se a dormir mais para a direita, pois Donghae gostava de ocupar o lado esquerdo, então, caso ele resolvesse o procurar de madrugada por sentir medo ou solidão – ou qual motivo fosse -, lá estaria seu espaço.

Quando optou pelo líder, Donghae teve de se acostumar novamente com o abuso de toques. Leeteuk o abraçava demais, tão protetor quanto uma verdadeira mãe, e ele o acordaria com alguns tapinhas na bunda, ou uma mordida brincalhona em qualquer pedaço do corpo de Donghae que ele visse pela frente – mas geralmente, o mais novo acabava com uma marca de dentes nas mãos, porque Leeteuk gostava de segurá-las enquanto dormia.

Com Hangeng, não havia contato em excesso. Abraços eram raros, mas não era tão difícil encontrar Donghae usando um dos braços ou o peito do chinês como travesseiro. Donghae também gostava de segurar a camiseta de Hangeng entre os dedos pela noite – assim, sentia que tinha alguém ali por ele, alguém que ele poderia se apoiar e afogar sua fobia ridícula de ser abandonado, ou de estar sozinho.

Talvez ele não notasse na época, não tivesse percebido essa ligeira mudança de pensamentos, mas agora, era tudo tão claro. Agora, que não o tinha, queria tudo aquilo mais do que tudo.

Porque no início, era algo como “preciso de alguém comigo”, e depois, era quase um “bem, se ele permite, por que não?”. Mas no fim... No fim era nada mais, nada menos do que um simples e convicto “Eu quero estar com ele mais vezes”.

Talvez os membros do grupo tenham percebido, e Donghae viu Eunhyuk ficar enciumado como nunca na vida, quando viu seu melhor amigo preferindo dividir o acento do avião com Hangeng do que com ele. Mas era uma coisa que talvez ninguém entendesse, que dormir naqueles braços, sentindo aquele cheiro, parecia tão confortável e calmante – e Donghae queria dizer para todos “vocês deveriam tentar um dia!” ao mesmo tempo que não gostaria de dividir aquela descoberta de conforto encontrada em Hangeng.

Donghae virou a cabeça ao ouvir passos, e então Sungmin surgiu na sala, os olhos apertados e sonolentos. Seus braços cruzavam seu peito, como se tentasse se esquentar de alguma forma. “Donghae-ssi? Está tudo bem?” ele perguntou, cauteloso.

“Sim.” Donghae sorriu, gentil. “Só estou sem sono, hyung.”

“Tem certeza? Quer alguma coisa?” Sungmin se aproximou calmamente, sentando-se ao lado do mais novo.

Hangeng estava longe, e infelizmente, estava longe há um bom tempo. Donghae se perguntava se aquelas noites em que ele precisou do chinês, também estavam na lembrança do outro. E se perguntou, também, se Hangeng tinha percebido quando aquilo tudo havia deixado de ser um conforto para se tornar quase uma rotina, porque era bom, porque... Queriam, apenas.

Por fim, Donghae sorriu. “Eu vou dormir na minha cama hoje, hyung. Pode ir dormir, eu já vou. Não se preocupe.” Sungmin assentiu, dando um último olhar preocupado para Donghae, e seguindo para seu quarto.

Donghae suspirou, não sabendo exatamente o porquê, e levantou-se do sofá, carregando a manta que o esquentava, até finalmente jogar-se na cama, ouvindo o barulho da chuva lá fora. Não parecia tão assustador quanto a primeira vez que presenciou uma tempestade na China... Ou talvez fosse porque as memória de Hangeng estivessem tão vivas em seus pensamentos, que ele quase podia sentir que as cobertas eram o corpo do mais velho, o abraçando; e quem sabe ele poderia até mesmo sentir seu perfume, se ficasse concentrado o bastante no passado – algumas pessoas não podiam ser substituídas, mas alguns simples atos podiam ajudar a deixar as coisas mais fáceis.

Porque mesmo que aquilo poderia ser triste para outras pessoas, para Donghae, era uma coisa boa. Pensar que alguém tinha lhe feito tão bem, a ponto de poder ficar tão vivo em sua memória depois de tanto tempo. Porque era sempre Hangeng que invadia sua mente em noites chuvosas.


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Notas finais do capítulo

Não foi betado, então, se encontrarem qualquer erro, me avisem que eu arrumo, oka?
Pra quem chegou até aqui, eu adoraria saber a opinião de vocês. Então... Reviews?~