Fortune Cookies escrita por PSaiko


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês!
Bom, em resumo Arata está muito estressadinho e Shibuya vai aparecer numa cena bem... digamos, delicada >)
E alguém que estava sumido finalmente resolveu dar as caras... não que ele vá explicar muita coisa u.ú
Aff... essa gente misteriosa...
Espero que gostem!



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_ QUE PORRA É ESSA?!

No fundo, Hayato sabia que havia algo de muito errado no silêncio dos garotos. Assim que o primo saiu de perto, o incomodo que já vinha sentindo desde que voltou ao apartamento só havia aumentado. E o modo como Ikeuchi agiu... ele sabia quando o mais velho estava escondendo alguma coisa, mas achou melhor não comentar nada. Queria tirar a prova com os próprios olhos. E agora estava cara-a-cara com uma versão, no mínimo bizarra de Asamura, com uma camiseta de jogador de futebol americano, cabelos muito mal tingidos de loiro, jogando videogame com a peste ruiva do seu futuro namorado.

_ Como? Como vocês conseguiram fazer uma merda dessas?! Mas que...

Arata ia xingar mais, quando foi interrompido pela entrada espalhafatosa de Shibuya, que ao ouvir o grito, saiu correndo do banho para ver o que acontecia.

_ Primo, eu posso explicar tudo!

No ímpeto de chamar a atenção do primo, Ikeuchi balançou as mãos à frente do corpo, esquecendo-se completamente que estava segurando a toalha em torno de seu corpo.

A primeira reação de Izumi foi tapar os olhos de Ryuutarou. Sabia o quanto ele era tímido, e com certeza, naquela idade, ver um homem nu não era algo que acontecia com muita frequência. Na verdade, nunca devia ter acontecido! Por outro lado, nem se preocupou se Shiroyama estaria olhando já que, ao contrário do outro pequeno, aquele ali tinha um traço de malícia impregnado em si.

_ Jin, o que pensa que está fazendo? – ralhou com o primo, encarando o outro lado do quarto.

_ É que eu... eu... os garotos... – não sabia como explicar o que aconteceu ali, afinal ele mesmo não sabia bem como eles conseguiram fazer aquele estrago.

_ Nossa... Ryuu, você precisa ver isso! – Takeo tinha os olhos arregalados e um sorriso maroto nos lábios. Assustou-se com a entrada e os berros de Izumi, mas agora estava se divertindo com Ikeuchi.

_ O que tá acontecendo? – Ryuu tentou soltar-se das mãos do staff, mas ele não dava brechas para o menor espiar – Hei, Izumi-san, eu quero ver também!

_ Nem pensar! – Hayato estava horrorizado – Shiroyama feche os olhos, agora! Jin, vá se vestir!

_ Pelo tamanho dele, eu achei que fosse ser maior! – comentou o ruivo com desdém, rindo alto enquanto Ikeuchi corava e pegava de volta a toalha, correndo para o banheiro.

_ Shiroyama Takeo! – o olhar que Arata lançou para o ruivo mostrava que ele estava possesso – Quero vocês dois na sala, agora!

* * *

Pela segunda vez naquele dia os cabelos de Asamura estavam sendo tingidos, dessa vez num tom de castanho, graças à insistência do pequeno, que não queria os cabelos tão escuros. Seu olhar estava perdido numa das paredes da cozinha enquanto Ikeuchi tentava não tingir outras partes de sua cabeça, em vão, é claro.

_ Será que o Shiro vai ficar bem? – questionou em tom baixo, mais para si do que para o adulto ao seu lado.

_ Claro que vai. O primo vai cuidar dele. – Ikeuchi respondeu animado, mas também tinha ficado com um pouco de medo de Arata.

_ Mas Izumi-san brigou tanto com ele... – mexeu na barra da blusa, lembrando-se da discussão de pouco tempo atrás – Eu também tive culpa, eu que mostrei o CD pro Shiro e perguntei se ia ficar bem com o cabelo daquela cor. Mas ele levou a culpa sozinho...

_ O primo ficou um pouco nervoso, mas não acho que ele falou tudo aquilo a sério. Ele gosta do Tachii e quando a raiva passar, eles vão se entender.

Eles sempre se entendiam, era o que Ikeuchi pensava. Não importava o quanto o ruivo aprontasse e o primo perdesse a calma, no final das contas, eles iam se acertar. Era o que realmente esperava que acontecesse, já que desde que os dois ficaram daquele jeito, o primo vinha perdendo a calma com muito mais frequência.

* * *

Desceu do metrô ainda arrastando o ruivo pelo pulso, evitando encará-lo ao máximo, com medo de perder a calma novamente. O namorado sempre fora infantil com a maioria dos atos, mas naqueles últimos dias, desde que voltara a ser criança, ele estava mais irresponsável que o normal.

Não teve intenção de falar tudo o que falou no apartamento do primo, mas depois que começou, as palavras não pararam de sair. Ele estava com aquele sentimento estranho preso na garganta e precisava colocar pra fora! Sabia que tinha magoado o ruivo, tinha exagerado sim, e muito, mas ele não sabia mais o que fazer. Não tinha culpa se junto com a transformação não viera um manual de instruções!

Mas, pensando bem, o começo do namoro deles também foi assim, meio conturbado. Nunca sabia quando o ruivo falava a sério e quando devia levar na brincadeira, e não foram poucas as vezes que discutiram até começar a entender como ele agia e entrarem em sincronia.

A questão é que agora estava tudo diferente. Ele sabia que precisava encontrar uma brecha para se comunicar com aquele adolescente rebelde, mas parecia não existir nenhuma! Quanto mais tentava se aproximar, mais parecia que um abismo surgia entre os dois.

* * *

_ Pronto, agora ficou melhor. – Jin havia terminado de lavar os cabelos de Ryuutarou, entregando uma toalha e um pente para que ele terminasse de se arrumar.

_ Estava tão ruim assim? – o menor sorriu um pouco, olhando-se no espelho.

_ Bom... ficou meio... estranho. Acho que a cor não combinava muito. – deu de ombros, sorrindo minimamente.

Não importava o que Ryuutarou fizesse, não ia conseguir ficar chateado com o pequeno. Não que sua opinião também fosse contar muito, já que Jack tinha uma personalidade forte. Eram poucas as pessoas que conseguiam faze-lo mudar de ideia com alguma coisa.

_ Eu vou tentar terminar o jantar pra gente... o primo deve ter largado por lá... – Shibuya encaminhou-se para a cozinha, sendo seguindo pelo moreninho que desembaraçava os cabelos.

_ Queria saber se o Shiro está bem... – murmurou olhando para o vazio.

_ Assim que der tempo deles chegarem ao apartamento, você pode ligar pro Tachii. – sugeriu o mais velho, remexendo as panelas.

_ Hmm verdade... – Ryuu fixou o olhar nas costas do mais velho, um pensamento tomando conta de sua mente – Ikeuchi-san, eu quero ver se está tudo bem, posso?

_ Claro. Você vai ver que eles se acertaram no caminho! – mas o que Ikeuchi não notou é que Ryuutarou disse que queria ver se o amigo estava bem, mas não só com notícias por telefone. Ele queria ver com os próprios olhos.

E assim saiu silenciosamente do apartamento, indo procurar pelo ruivo.

* * *

_ Vai pro quarto. Está de castigo. – Hayato soltou o braço do garoto assim que entraram no apartamento, ainda mantendo o olhar longe dele.

Já estava mais tranquilo, mas não parava de pensar, tentando procurar onde errara com Takeo. Se o conhecia bem, e tinha certeza que o conhecia, o problema estava presente desde o começo. O ruivo era arisco, mas gostava de saber que tinha pelo menos um voto de confiança, não importando a gravidade dos seus atos, e a falta deste é que o deixava revoltado.

Soltou um suspiro frustrado, terminando de retirar os sapatos e deixando-os de lado, pronto para ir até seu quarto, se arrumar para tomar um banho, mas deu de cara com o ruivo, que o encarava de modo curioso.

_ Takeo... eu não quero discutir de novo. – esfregou as têmporas com força, finalmente encarando o ruivo – Vai pro quarto. Agora.

Pareceu-lhe que o ruivo ia dizer algo, mas ele acabou apenas mordendo o lábio inferior, como se engolisse as palavras, acenando em concordância e dirigindo-se ao quarto apontado.

Precisava conversar com aquele garoto. Ele sabia disso e, pelo visto, Takeo também queria falar alguma coisa. Chegar a um acordo, ver onde estava o erro naquilo tudo e procurarem uma solução. Sabia que o namorado não havia aprontado por maldade, e sim por fazer parte de sua natureza. Ele gostava de se divertir e aprontar com os amigos, mas precisava de limites, de alguém que impusesse regras, mas de forma indireta e que não parecesse uma proibição.

* * *

As ruas estavam escuras, mas não completamente vazias àquela hora. Algumas poucas lojas ainda ficavam abertas até mais tarde, assim como restaurantes e cafeterias. E só após vagar um pouco é que Ryuutarou havia notado que não sabia onde Izumi morava. Nunca havia ido até o apartamento dele e também não sabia o número do seu telefone.

Não estava realmente perdido, estava? Já fora o suficiente se perder uma vez com o amigo por ruas mais movimentadas e cheias de gente. Ali estava bem mais tranquilo. Só precisava fazer o caminho inverso e chegaria ao apartamento de Ikeuchi...

_ São todas muito parecidas... – parou na esquina de um restaurante, olhando para as ruas ao redor. Pensando bem, ele não sabia direito nem de onde viera.

Talvez fosse melhor procurar algum lugar conhecido, assim poderia acertar o rumo e tomar o caminho de volta para o apartamento. Deu alguns passos a frente, chegando à metade de uma das ruas, olhando desconfiado ao redor.

Nada parecia familiar.

Virou para o outro lado, seguindo adiante por outra rua, olhando as vitrines e pessoas que passavam por si. Tinha certeza que logo veria algo familiar! Não precisava sair pedindo informações, não estava perdido. Só um pouco desorientado.

Maldita falta de senso de direção!

Decidiu tomar outro caminho, andando com passos curtos e rápidos, sempre olhando ao redor, tentando não entrar em pânico ao notar que nada lhe passava uma boa sensação. Precisava voltar pra casa. Desistira de encontrar o amigo. Agora ele é quem precisava ser encontrado!

Sentiu a cabeça girar de modo doloroso e estava a ponto de perder o controle quando mãos pousaram em seus ombros, trazendo-o de volta à realidade.

_ Perdido, chibi?

Ryuu afastou um passo, tendo que olhar para cima para conseguir encarar o rapaz a sua frente, que lhe sorria de modo enigmático.

* * *

_ Shiro? – o staff bateu de leve na porta do quarto, abrindo um pequeno vão e olhando pra dentro do cômodo – Eu fiz algo pra gente comer.

Depois que conseguiu se acalmar, Izumi lembrou que haviam saído às pressas da casa do primo, largando o jantar por fazer e nem se importando se o menor havia comido algo após o almoço. Também estava com a consciência pesada por terem brigado, mas agora estava disposto a fazer as pazes de uma vez por todas.

Só esperava que o ruivo não estivesse chateado demais para perdoá-lo.

_ Está dormindo? – questionou apenas por não gostar do silêncio que se instalou. Ele devia estar mesmo acordado, porque imaginou que seria ruim dormir na posição que o garoto se encontrava, com os pés acima da cabeceira da cama, paralelos à parede – Eu posso trazer pra você, se quiser.

Recebeu apenas um resmungo como resposta e a seguir o menor virou o rosto para o outro lado. Ele estava de castigo, não estava? Como o mais velho pensava em conseguir seu respeito se voltava nas decisões tão rápido? Não que ele gostasse de brigar, mas era complicado entender alguém tão inseguro.

_ Shiro... nós precisamos conversar... – Hayato adentrou o quarto, aproximando-se da cama de modo que pudesse encarar o outro rapaz – Eu sei que começamos errado, mas eu quero concertar.

_ E sabe como fazer isso? – a pergunta foi lançada em tom de desafio, junto com um olhar acusador. Ele também estava cansado de tudo aquilo.

_ Pensei em... começar de novo... – sugeriu em tom baixo, aproximando mais um pouco do garoto – Você pode falar um pouco de você, o que gosta ou não de fazer, o que costuma pensar... acho que assim não fica difícil te entender.

_ Você acha que esse é o problema? Não me conhecer o suficiente e agora querer saber todos os meus gostos? – revirou os olhos, continuando num tom indignado – Sem falar que não é tão simples esquecer tudo que você me falou e começar de novo!

_ Eu sei disso, mas não sei o que fazer. Queria sua ajuda. – sentou na ponta da cama, ficando de costas para o menor. Ele estava com raiva, e talvez com razão, mas pelo menos estavam se falando.

_ E por que eu iria ajudá-lo? – Takeo ficou horrorizado com a ideia – Pra te dar mais motivos pra me recriminar? Você critica tudo que eu faço, reclama de qualquer coisa que eu esteja envolvido, nada te agrada, nunca está bom, sempre tenta me chantagear pra fazer o que você quer... Você age como um velho ranzinza!

_ Por isso quero sua ajuda. – confessou num tom quase pedinte – Sabe... eu não sou muito bom em lidar com crianças e nem cuidar dos outros... Quero dizer, eu tento, mas não significa que consigo. E, ultimamente, eu andava recebendo mais cuidados do que dispensando isso a outra pessoa. Então você apareceu e virou minha vida do avesso...

_ Era só me mandar de volta.

_ O que?

_ Se não me queria aqui, era só me mandar embora. – deu de ombros, virando-lhe as costas – Afinal de contas, é obrigação dos meus pais cuidarem de mim, não sua.

_ Mas você não quer ser um peso pra eles, não é? – disso Izumi tinha certeza, mesmo sendo poucas as vezes que o ruivo comentava sobre a família – Entre ficar com eles ou ficar aqui, você prefere continuar encarando nossas diferenças. Não é?

Não houve resposta.

Hayato sabia um pouco da infância do namorado e das inúmeras brigas que tivera com o pai nessa época, jogando em sua cara que não queria uma família grande e, justamente por ser o mais novo, ele era o empecilho. Não que esse fosse o verdadeiro motivo das brigas, mas o patriarca sabia que isso machucava o garoto.

_ Você pode continuar morando aqui, Shiro. – afagou seus cabelos, levantando-se da cama e rumando de volta para a saída – Mesmo que eu seja um velho ranzinza, eu gosto da sua companhia.

_ Izumi-san... – chamou baixinho, antes que ele fechasse a porta completamente, virando-se para encará-lo – Você disse que não sabe lidar com crianças, mas... já tentou parar de me tratar como uma?

Hayato ficou um instante em silêncio, tentando processar aquelas palavras. Era simples demais para acreditar que era verdade.

_ Só... isso? – encarou-o fixamente, recebendo um aceno e um pequeno sorriso como confirmação.

Somente um voto de confiança...

* * *

Após encontrar o garoto perdido pela cidade, enfrentar sua desconfiança, mostrar que não era uma má pessoa e lhe pagar um sorvete, Yuura finalmente tivera a atenção de Ryuu para si.

Seguiram juntos, em silêncio, até o banco de uma praça, o pequeno terminando seu doce gelado enquanto o mais velho terminava um cigarro.

_ Então... está gostando de ser criança? – Teruo questionou após alguns minutos.

_ Ahm... acho que sim. – encarou-o curioso – Não era pra gostar?

_ Pelo contrário, é pra aproveitar muito. – sorriu de canto, olhando-o de soslaio.

_ Você fala como se fosse ruim ser adulto...

_ Não é que seja ruim, mas o modo como cada um encara essa fase pode fazer com que as coisas sejam boas ou não.

_ Aonde você quer chegar?

_ Nenhum lugar específico. – deu de ombros, tragando o cigarro com calma antes de continuar a conversa – Você e um amigo seu me seguiram outro dia...

_ Então era você?! – Ryuu virou-se para ficar de frente para o mais velho, encarando-o fixamente – Era você que aqueles dois nos mandaram pegar! Eles queriam te perguntar alguma coisa!

_ E você sabe o que era?

_ Não... mas eles vivem falando de coisas estranhas. Sobre voltar ao normal...

_ Você não está agindo no seu normal?

_ Estou.

_ Então não devia ser isso... – o mais velho suspirou fundo, assoprando a fumaça para o alto, jogando o resto do cigarro fora e erguendo-se em seguida – Vamos, está ficando tarde e você precisa voltar pra casa. Alguém pode ficar preocupado.

_ Eu não sei como voltar pra casa. – confessou meio sem graça, limpando a boca na manga da camisa.

_ Nesse caso... isso deve ajudar. – Teruo levou a mão em direção ao pescoço do menor, roçando seus dedos de leve e deixando-o corado, puxando uma etiqueta da parte de trás de sua roupa – Nome, endereço e telefone de emergência. Não fica longe daqui.

_ Como... como isso foi parar aí? – Ryuu não se lembrava de ver aquela etiqueta quando se vestira mais cedo.

_ Vai ver já estava aí. – o maior deu de ombros, acenando para que o menor o seguisse, mas apenas recebeu um olhar estranho de volta – Algum problema?

_ Você está escondendo algo. – declarou em tom de acusação, não desviando o olhar do maior.

_ Por que acha isso? – Teruo sorriu de canto, caminhando alguns passos para longe do garoto.

_ Não sei... só sinto algo... diferente vindo de você...


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Notas finais do capítulo

Continua...
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