A Tocadora de Almas escrita por dastysama


Capítulo 13
Capítulo 13 - Um Milagre


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta e de férias, pronta para terminar essa fanfic, então vamos lá :D



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E eu controlei minha respiração enquanto disse pra mim mesmo

Que já tinha suportado demais por hoje

Enquanto os batimentos enfraqueciam no monitor

Te levavam um pouco mais longe de mim

Longe de mim

(...)

Porque não existe conforto numa sala de espera

Apenas passos nervosos esperando por más notícias

E então a enfermeira aparece e todos erguem a cabeça

Mas eu estou pensando sobre o que Sarah disse

Que amor é assistir alguém morrer

Então quem vai te assistir morrer?

(Death Cab for Cutie – What Sarah Said)

Os corredores estavam uma confusão, médicos correndo para todos os lados, levando uma maca onde uma garota estava no fim da vida. Era como se um fantasma barulhento passasse pelo hospital, arrastando todos para um mesmo caminho. Havia choros de uma mãe desesperada e um certo rapaz, apoiado na parede, tentando se manter em pé. E não era culpa de sua magreza. A culpa chamava arrependimento.

– Eu não devia tê-la levado ao parque – ele falou mais para si mesmo ou talvez apenas não conseguisse falar alto o suficiente para que alguém ouvisse – Ela estava muito fraca.

Ele deixou-se cair no chão, tentando suportar os últimos acontecimentos. Hellena havia dito que o amava, não, ela havia dito que talvez estivesse se apaixonando por ele. Quantas vezes ele ouvira isso? Que alguém havia se apaixonado por Bill Kaulitz? E porque agora ele parecia se importar tanto com a veracidade daquelas palavras?

Seu rosto se levantou para ver Talytta, a mãe de Hellena, chorando desesperadamente em uma das cadeiras. Suas mãos tremiam tanto e seu rosto se contorcia em enorme tristeza. Bill queria desesperadamente falar algo para ela, queria ter a certeza de que Hellena melhoraria, mas nem sabia do que poderia acontecer.

– Bill? – disse uma voz conhecida atrás dele, quando se virou, deparou-se com Sarah, seus olhos verdes sempre alegres pareciam inchados de tanto chorar – Hellena não vai conseguir voltar.

– Não diga isso, Sarah – Bill exclamou, tentando se levantar – Ela vai melhorar, só é uma recaída, é só...

– Ela não vai conseguir voltar sozinha – Sarah o cortou, começando a chorar de novo – Hellena precisa de uma medula, Bill! Sem ela, nunca vai poder sarar.

Bill não sabia o que fazer. Ele tinha todo o dinheiro do mundo, mas nem com isso conseguiria achar alguma alternativa a tempo. Apenas ficou de joelhos e abraçou Sarah, chorando feito uma criança da mesma forma que ela.

– Bill – Sarah disse, com a voz sufocada por estar completamente encostada em sua camiseta – Você é o único que não tentou salvar Hellena. Ficar chorando não adiantará nada.

– O que? – Bill exclamou, se afastando dela.

– Ela precisa de uma medula, Bill. Você tem uma – Sarah disse firmemente, secando as lágrimas – Você precisa tentar também.

Ele nunca havia pensando nisso. O tempo todo Hellena havia precisado de uma medula compatível e ele nunca sequer pensou em tentar. Claro que a possibilidade de ele ter uma medula compatível com a dela poderia ser mínima, mas e se não fosse? Bill olhou para o final do corredor, a sala onde estava Hellena quem sabe já sem vida e ele correu o mais rápido que podia, até encontrar alguém.

Dinna estava no balcão daquele andar, cabisbaixa e conversando com outra enfermeira.

– Eu quero doar minha medula! – Bill exclamou quando chegou até o balcão – Quero saber se minha medula é compatível com a da Hellena.

– Bill... – Dinna disse, tentando acalmá-lo – O processo é longo, não é algo simples, e Hellena está entrando em estado terminal...

– Então não perca tempo, precisamos disso agora!

As duas enfermeiras olharam entre si, então um brilho diferente faiscou nos olhos de Dinna. Ela acenou para Bill e fez sinal para que ele a seguisse para o Hemocentro do hospital. Dinna conseguiu ajeitar toda a situação para que Bill realizasse o cadastro de doação e doasse o mais rápido possível.

Pelo incrível que pareça, ele não estava com medo. Ele sabia que precisava fazer aquilo o mais rápido possível, era como se o tempo escapasse rapidamente de suas mãos. Como Bill estava no hospital faz um tempo, ele já tinha todos os exames necessários para mostrar que sua saúde estava ótima.

Dinna tirou sangue de Bill para descobrir se era compatível, mas nesse meio tempo, ele insistiu que queria realmente doar a medula mesmo sem descobrir se era compatível. Quanto mais rápido tudo fosse, mais rápido poderia salvar Hellena.

Quando ele finalmente conseguiu entrar na sala para doação de medula, finalmente sentiu medo. Não medo de retirar a medula, mas de descobrir que tudo foi em vão, que não tinha a mínima chance de salvá-la. Mesmo assim, não hesitou, não seria digno parar agora e no fundo ele acreditava que podia salvá-la.

Bill foi deitado em uma cama de hospital, e os médicos responsáveis injetaram anestesia. Uma injeção perfurou suas costas, indo de encontro a tão esperada medula, seria necessário uma quantidade equivalente a uma bolsa de sangue. Em nenhum momento sentiu dor, apenas sentia seu coração martelar desesperadamente como o ponteiro de um relógio.

Em uma sala, há alguns andares longe do Hemocentro, uma garota esquelética respirava com ajuda de aparelhos. Ela havia entrado em coma e todos os médicos naquela sala acreditavam que nunca mais acordaria. A Hellena alegre nas fotografias que sua mãe carregava, estava morrendo sem que ninguém pudesse fazer algo contra.

Mas ela não havia morrido ainda, o seu coração ainda batia, esperando a última pessoa que realmente gostaria de ver naquele dia. Dentro daquela casca sem vida, ela jurava a si mesma para esperar, ela não podia partir sem vê-lo pela última vez.

– Hellena – Talytta disse, segurando a mãozinha dela entre as suas – Seja forte, por favor, não me deixe sem você. Sei que isso não depende mais de você, mas... não me faça chorar pelo resto da minha vida.

A porta da sala abriu e Margret entrou, finalmente havia conseguido que o médico-chefe deixasse Sarah ver sua amiga, mesmo que fosse pela última vez. A garotinha olhou tristemente para Talytta e se encaminhou até a cama, onde sentou-se no seu colo até finalmente conseguir ver Hellena. Sarah também colocou sua mão na dela, sentindo o quão fria estava.

– A ajuda está vindo Hellena – ela disse simplesmente – Espere, por favor, não vá sem antes ter certeza de que precisa ir.

– Do que está falando, Sarah? – Talytta perguntou.

– Um anjo está trazendo a medula de Hellena, ela vai conseguir.

– Sarah, mesmo com a medula, nada confirmará se ela se salvará – Talytta recomeçou a chorar ao ouvir a pequena dizer aquilo – Ela está quase em estado terminal.

– Talytta, você acredita em milagres?

Havia se passado uma hora, Bill já havia doado medula o suficiente para salvar um paciente compatível. Ele se sentia desconfortável, mas isso tudo sumia por causa do seu estado quase catatônico, seus olhos viam as cenas que passavam diante de seus olhos, mas ele não conseguia definir o que realmente eram.

Ele ouviu passos no corredor, um vulto passou diante dos seus olhos, com as mãos tremendos e os olhos cheios de lágrimas. Era Dinna, ele já esperava o pior e pelo rosto dela, pelo visto nada adiantara. O exame de sangue devia ter saído e mostrara que ele não era compatível com Hellena, tudo fora em vão e ela iria morrer sem que ele pudesse fazer nada contra isso.

O tempo todo ele teve o mundo em suas mãos, e agora, o que mais precisava, estava muito longe do seu mundo. Pela primeira vez, Bill se sentia totalmente incapacitado, falho. Sempre lutara tanto pelo sucesso de sua banda e nem conseguiu lutar pela sobrevivência de uma garota que conhecera.

– Senhor Kaulitz – Dinna disse com a voz embargada – Meu Deus! Isso é um milagre, só pode! Você tem a medula compatível com a de Hellena. Nós podemos fazer o transplante, nós podemos!

O estado catatônico sumiu e Bill pulou da cadeira, sentindo parte do seu corpo ainda um pouco anestesiado e um pouco dolorido. Ele não podia acreditar! Havia conseguido, havia uma chance de salvar Hellena! O tempo todo a cura estava ao lado dela, ou a curando pelo coração ou agora, curando seu corpo.


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