A Tocadora de Almas escrita por dastysama


Capítulo 1
Capítulo 1 - O livro de bolso


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem dessa nova fic, eu tinha dito que ia fazer uma fic de comédia, mas essa é OUTRA fic. Mais para o drama, que é o meu forte xD



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Ele olhava pela janela cheia de névoa, sua respiração fez o vidro da janela ficar mais embaçado ainda, apesar do frio que fazia, ele não ia ficar em casa naquele horário sem fazer nada, ele precisava fazer algo. Sem pensa muito pegou seus cabelos compridos e conseguiu colocar em uma touca preta, pegou o casaco e depois um cachecol e envolveu seu pescoço.

- Aonde você vai nessa hora? – perguntou seu irmão, Tom, vendo que Bill ia sair naquele tempo.

- Vou passear, não tem muito que fazer – disse Bill já abrindo a porta.

- Mas está um tempo horrível lá fora, você está louco?

- Eu já volto, vai ser rápido.

Bill abriu a porta e saiu, estava nevando muito e a brisa fria daquela noite arranhou seu rosto delicado, o rosto que toda garota sonharia em ter, mas que fora presenteado à um garoto, com lindos olhos acastanhados, um nariz perfeito sem nenhuma falha durante o trajeto e no final uma leve empinada, a boca fina e delicada que apesar daquele frio não apresentava nenhuma rachadura.

Olhou para os lados e começou a caminhar pela neve densa, ele tinha que deixar a cabeça fria, ultimamente só se falava dele em revistas e na televisão, eram sonoros dizeres que o machucavam de certa forma, em todo lugar só se ouvia: “Bill Kaulitz está com anorexia? Ele está extremamente magro!”.

Como eles podiam falar aquilo dele? Não era culpa que estava estressado por causa de todos aqueles shows, entrevistas e fotos, ele também tinha uma vida, mas havia esquecido dela para fazer algo maior: cantar. Ele se sentia muito feliz cantando, mas ultimamente sua vida andava muito conturbada, era como se tudo que fazia não tivesse um motivo, como se viver era algo tão chato.

A neve começou a cair preta de repente, então olhou ao longe uma fábrica, ela estava poluindo a neve, como a vida estava poluindo sua alma. Ele estava magro, isso não poderia negar, mas não estava com anorexia, apesar de às vezes não sentir vontade de comer nada, não queria dizer que estava com alguma doença.

Passou por várias pessoas pro aquelas ruas que nem sonhavam que ao seu lado estava o vocalista de Tokio Hotel, totalmente escondido através de roupas frias e seu coração congelado. Mas de certa forma muitas estavam como ele, sem saber aonde ir e seguir.

De repente ele passou na frente de uma loja, era uma grande livraria daquelas que vendiam de tudo, CDs, Dvds, artigos de papelarias e é claro, livros. Ela era comum como as diversas que tinham pela cidade inteira, mas ouviu a sua música tocando na vitrine, então decidiu entrar e ver se tinha alguma novidade.

A loja estava quente, então ele olhou para os lados para ver se não era reconhecido, percebendo que não chamava muita atenção se dirigiu até as estantes onde ficavam os novos CDs que estavam bombando, logo avistou o seu. Era bom ver que sua música estava fazendo sucesso, mas mesmo assim sabia que isso iria aumentar sua fama e seu sucesso e com isso viriam mais shows e entrevistas.

Vasculhou por CDs legais entre as estantes, mas não achou muitos que lhe deram interesse, então pegou os que ia comprar e se dirigiu até o balcão, mas antes deu uma olhada em alguns livros, a maioria era de auto-ajuda.

- Nenhum livro vai me ajudar – disse ele olhando desdenhosamente para a pilha e se dirigindo até o balcão.

O vendedor embrulhou os CDs e colocou em uma sacola sem ao menos perceber quem era o garoto à sua frente, Bill pegou a sacola enquanto ouvia o vendedor dizendo: Tenha um bom Natal!

Não seria um bom Natal, pelo menos era o que pensava, estava com sua família e isso era o mais importante, mas até sua mãe estava preocupada com sua saúde e estava pensando em levá-lo ao médico, mas Bill recusara todas aquelas alternativas, alegando que estava ótimo.

Bill não queria voltar para casa ainda, então foi até uma praça antiga e caindo aos pedaços que tinha por ali e se sentou no banco, tirou um disk man que ganhara de Natal uma vez e colocou o CD que havia acabado de comprar, um do Placebo. Mas enquanto olhava na sacola os outros CDs, viu um livrinho que não tinha visto antes e nem comprado.

O livro era cinza claro, era pequeno, aqueles famosos livros de bolso que poderiam ser transportados facilmente dentro dos casacos, mas o que intrigava Bill era que ele não havia comprado aquele livro, talvez o homem havia deixado cair ou quem sabe era uma cortesia que estavam dando para quem comprasse na loja.

O garoto pensou em deixar o livro naquele lugar ou quem sabe guardar e nunca mais voltar a vê-lo, mas decidiu folheá-lo antes, era um livro de poesia e se chamava A Tocadora de Almas e a primeira poesia se chamava Antes de tudo.

 

“Antes de tudo, a vida era um suco doce e enjoativo;

Agora é como veneno que traga por dentro;

Antes de tudo, eu encontrava vários motivos;

Agora sou como uma folha vazia ao vento;

Não ter rumo, nem destino era como eu vivia;

Agora, é como se tudo estivesse escrito;

Não tem como mudar, eu estou perdida;

Se esvair, esvaído;

Morto, morrido”

 

O livro era composto por diversas poesias que sempre retratavam a vida e a morte como se fossem irmãs, como se as duas vivessem juntas o tempo todo. Bill percebeu que não se tratava de um livro comum daqueles que só se lêem quando não tem muito que fazer, ali havia algo puro e ao mesmo tempo negro que o fez querer ler mais e mais.

Aquele livro havia despertado nele a vontade de escrever letras de músicas, e algumas das poesias pareciam letras. Bill desligou o disk man e tentou cantar algumas das poesias criando ritmos para ela.

Gostou tanto que pensou em voltar e comprar mais livros daquele autor, mas então notou algo na capa: Escrito pelo pseudônimo de Talytta Kirkhoff. Pelo visto, a pessoa que escrevera aquilo não queria ser identificada, mas devia ter mais livros dela.

Ele se levantou, guardou os CDs e o livro na sacola e voltou até a livraria, logo ela ia fechar, então ele teria que ser rápido. Pegou o livrinho e foi até um dos atendentes.

- Por favor, você sabe se têm mais livros dessa autora?

- Qual é o nome da escritora? – perguntou a atendente olhando o livro.

- Está escrito que é um pseudônimo, se chama Talytta Kirkhoff.

- Bem, não é muito famosa se não eu me recordaria, mas vou dar uma olhada no computador.

A atendente foi até o balcão, e entrou no computador, escreveu o nome de escritora e começou a pesquisar. Não existia mais nenhum livro dela, parecia que era o primeiro, e Bill notou isso ao olhar a capa, estava escrito primeira edição.

- É, deve ser novo mesmo – disse ela – recebemos esse livro essa semana.

- Será que ela lançará mais?

- Não sei, depende, se vender bastante, talvez ela decida fazer mais.

- Como eu poderia saber quem é a autora real?

- Definitivamente não sei, mas atrás parece ter um endereço para você mandar cartas, quem sabe você consegue alguma informação lá.

- Ou quem sabe, ela more lá.

- Duvido muito, se pudesse achá-la tão facilmente, ela não colocaria um pseudônimo.

Isso era verdade, pensou Bill, como ele pode ter sido tão inocente? Mas agora Bill havia deixado de ser um famoso para virar fã de uma desconhecida, ele queria mais poesias, por isso ia tentar falar com ela e descobrir seu paradeiro.

- E aí? Por onde andou? – perguntou Tom, seu irmão, quando Bill havia chegado.

- Esfriando um pouco a cabeça, comprei algumas coisas.

- Com o frio que está lá fora com certeza você esfriou a cabeça – disse Tom rindo – Mas o que você comprou? Maquiagem?

- Não – disse Bill olhando bravo para o irmão – Eu comprei alguns CDs e olha o que apareceu dentro da minha sacola sem querer.

Tom olhou para o irmão, na mão dele havia um livrinho cinza, ele pegou e começou a folheá-lo.

- É só um livro idiota de poesia.

- Idiota? Ele é demais, nunca vi alguém escrever com tanto sentimento.

- É sua cara, depressivo demais – disse Tom devolvendo o livro – Mas o que eu tenho a ver com isso?

- Eu queria achar a escritora, falar com ela sobre as poesias, preciso de inspiração para escrever letras de música.

- Você é Bill Kaulitz, com certeza vai conseguir falar com essa velha.

- Ela não é velha, pelo menos acho, ou vai ver é sim já que escreve bem. Mas vai ser difícil achá-la, não está o nome dela no livro e sim um pseudônimo.

- Você pode anunciar em alguma entrevista sobre ela, talvez ela veja que um famoso gosta do que escreve e você a ache.

- Não sei, mas uma das minhas únicas chances é ir até esse lugar – disse Bill apontando para um endereço no final do livro.

- Se tem um endereço no maldito livro por que você não procura lá?

- Mas não é o endereço dela e sim um lugar para onde mandam cartas e eles despacham para a autora.

- E como você sabe que é mulher? Vai ver é um homem gordo e feio, encalhado, vivendo em uma casinha podre que quer ganhar a vida de alguma forma.

- Ou talvez seja uma pessoa independente do sexo que goste de escrever, mas prefere ficar no anonimato – sorriu Bill.

- Se for gata, você me apresenta? – perguntou Tom maliciosamente.

- Tom, você não muda nunca, não é? – disse Bill rindo.

Depois da conversa com o irmão, Bill foi até a cozinha, pegou uma caneca de chocolate quente que sua mãe havia deixado para ele, pelo visto, fazia pouco tempo, por que ainda estava quente. Tomou lentamente enquanto analisava o livro em busca de mais pistas sobre o paradeiro da autora desconhecida. Mas como sempre, não achou nada que pudesse indicar um caminho, além do endereço para mandar cartas.

Subiu as escadas, e antes de ir até o seu quarto, foi até o da mãe e no silêncio daquela noite, Bill deu um beijo na bochecha dela, que dormia tranquilamente. Depois foi para seu quarto, acendeu as luzes, trocou de roupas e depois deito na cama apenas com a luzinha do abajur ao lado ligada.

Colocou um CD no disk man e pegou o livrinho de mão e voltou a ler, cada palavra, cada verso, o tocavam de um jeito diferente, era como se cada poesia fosse, de certa forma, uma carta de suicídio. Como se a escritora anônima, queria antes de se matar, deixar algo para trás, será que era esse o mistério?

Se fosse isso, ele teria que encontrá-la rapidamente, como que uma pessoa que escrevia daquele jeito poderia se suicidar? Bill teria que fazer algo, para que a escritora não cometesse esse sacrilégio.

Aquela noite, o garoto de rosto de boneca não dormiu nada, ou talvez dormiu, só que sonhou diversas coisas, frases ao vento, com um vulto pulando de um grande prédio em que ele tentava insistentemente salvar, mas que no final não adiantava em nada. Mas aquilo era apenas um sonho, a realidade poderia ser outra.


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