Chances Ao Meu Novo Mundo escrita por Hawtrey


Capítulo 10
Delírios parte I


Notas iniciais do capítulo

Oie! Mil perdões pela super demora, vou tentar compensar!



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— Eu não poderia ter acordado pior... — respondeu Layse quando Ana a perguntou como estava.

O tempo parecia estar seguindo seu humor, ela nem sabia mais se estavam no verão ou no inverno, as nuvens de hoje estavam carregadas e elétricas, trazendo um vento mais frio para Hogwarts.

— Precisa ir conversar com ele e-

— Conversar? Conversar o que? Eu tentei e ele quase me estuporou — Layse cortou, impaciente.

Snape não queria conversar, ele apenas se culpa por tudo.

— Como se a culpa fosse dele! — resmungou em voz alta.

— Do que está falando? — questionou Ana parando de fitar as nuvens que estranhava.

Layse respirou fundo tentando manter o controle sob seus pensamentos. Mas cada vez que fechava os olhos cenas daquela noite a invadiam, via o sangue, o ódio nos olhos dele, o descontrole... E então Voldemort.

Quando percebeu já estava lançando um de seus quadros na parede, assustando Ana com o barulho. Por sua vez, Layse apenas tampou o rosto com as mãos e se jogou na cama, cansada de pensar, cansada de tentar encontrar saídas para problemas que explodem repentinamente. Ainda lembrava do que Belatriz disse a Snape alguns dias atrás: Afastar Layse só vai magoa-la ainda mais. Nem ela e nem você quer isso... e mesmo que você quisesse muito, não conseguiria. Layse não acredita no seu ódio. Ela não desistirá de você.

E ela não desistiria, nem dele, nem de ninguém. Até porque Snape não era seu único foco ali, mas precisava da ajuda dele.

O que faria?

Levantou-se repentinamente, estava cansada de tudo acontecer ao seu redor e com ela própria e não poder fazer nada. Tinha que fazer algo que fosse definitivo.

— Onde vai? — questionou Ana que apenas a fitava até o momento.

— Criar um fim para essa historia — respondeu Layse já abrindo a porta — Não mande a cavalaria atrás de mim.

***

Snape não conseguia se concentrar nos pergaminhos a sua frente. Já perdera as contas de quantas vezes levantara daquela mesa e voltara a sentar. Não entendia sua inquietação. Já estava tudo resolvido, tinha encontrado suas soluções nesta madrugada que passara acordado. Então qual era o motivo?

Ele bufou pelo o que parecia ser a décima vez naquele dia. Era mentira, pois certamente sabia sim o motivo de sua inquietação, era um único pensamento que repassava em sua mente, uma única pessoa que fazia dele um livro aberto.

Sua filha, Layse.

Sim, sua filha, pois ele já estava cansado de momentos como a noite passada, onde perdia horas negando a si mesmo a realidade para logo depois jogar tudo para o ar e reassumir seu lugar de pai. Era o cumulo do ridículo. Todos os seus pensamentos, os motivos que dava a si mesmo para se afastar de Layse se tornavam inúteis quando ela aparecia.

O copo, onde antes bebericava seu whisky de fogo, fora lançado contra a parede, os estilhaços sendo ignorados logo em seguida.

— Por que essa garota tinha que puxar tanto a mim? — resmungou esmurrando a mesa, cansado — Garota complicada...

Tudo o que Snape queria é que essa guerra chegasse logo ao fm. Que Voldemort fosse logo morto. Que o deixasse em paz! Pela primeira vez depois de muitos anos, Severo Snape queria apenas viver. Viver da melhor forma possível. Mas só podia ser feliz com sua filha, sua paz. E sem Layse sua família continuava incompleta.

Riu desdenhoso, lá estava ele falando em família e felicidade consigo mesmo, como se essa realidade estivesse a apenas metros de distancia, quando na verdade nunca esteve tão longe. Estava fazendo tudo para manter um disfarce, estava desistindo de sua vida para proteger outras, especialmente uma. Harry Potter. Maldito Potter!

Mas o que poderia fazer para mudar sua vida? Ou melhor: queria mesmo mudar?

***

Ela estava cansada. Muito cansada. Cada parte do seu corpo implorava por alguma energia, sua cabeça doía, seus olhos ardiam e suas mãos começavam a tremer. Há quase duas semanas Layse pedira autorização do diretor para ficar um tempo isenta de atenção e de aulas, e desde então estava presa na Sala Precisa organizando tudo o que devia fazer para mudar essa história de uma vez por todas.

— Quanto menos morte, melhor — ela anunciou enquanto circulava o nome de Tonks.

Duas semanas. Quase duas semanas sem comer ou dormir direito e nada estava oficialmente resolvido, havia sempre um problema, um evento fora do lugar, uma consequência inesperada. Ela não queria nada perfeito, sabia que não poderia salvar todos, mas não estava tendo sucesso em absolutamente nada! Como era possível tudo dar errado?

Sentiu sua visão ficar turva mais uma vez, então tudo foi escurecendo aos poucos, balançou a cabeça rapidamente, não podia se dar ao luxo de desmaiar logo agora, então buscou um biscoito na outra mesa e tratou de engolir. Mas de qualquer forma teria que sair daquela sala, precisava conversar com Dumbledore, pedir alguns conselhos.

Olhou-se no espelho próximo e revirou os olhos. Estava péssima: pálida, cabelos bagunçados e olheiras bem visíveis. Poderia mostrar cansaço e raiva ao mesmo tempo. Deu um jeito nos cabelos e colocou um sobretudo branco. Um ultimo suspiro e saiu. O corredor estava vazio, mas sabia que um andar abaixo todos estavam caminhando livremente.

Todos a olhavam e cochichavam, e ela só queria mandar todo mundo para o inferno. Não podiam ao menos ser mais discretos? Mas o que importava ali era Dumbledore. Dumbledore. Onde estava Dumbledore?

— Professor Dumbledore?

Abriu a porta da sala dos professores inesperadamente, chamando atenção. E ele estava ali. Por que ele sempre estava em lugares com muita gente? O que custa ficar no escritório quando ela precisava dele?

— Algo problema srta. Snape? Parece doente...

Ela o fuzilou.

— Estou ótima, mas preciso da sua ajuda na minha pesquisa — respondeu tentando ignorar o olhar desconfiado de Snape.

Ele a fitou por um momento, ponderando o que deveria fazer.

— Eu vou — o professor respondeu — Mas somente se a professora Minerva e o professor Snape me acompanharem.

Layse quase não acreditou.

— Está falando sério?

— Claro, por que não?

A garota revirou os olhos e bufou irritada com a situação que Dumbledore estava prestes a criar.

— Tá, que seja, mas vamos logo.

O caminho não poderia ser mais incomodo. Por vezes Layse tropeçava nos próprios pés e Snape a segurava antes que caísse no chão, ela murmurava um tímido “valeu” e voltava a andar o mais rápido possível. A pior parte foi quando abriu as portas da Sala Precisa. Layse podia sentir os olhares pasmos irem dela para sala e vice-versa. A Sala estava uma bagunça, livros espalhados pelo chão, papeis sobre a mesa, rabiscados e amassados e havia quadros negros espalhados por todo o ambiente, cada um apresentando um esquema diferente.

― O que está acontecendo com você? ― questionou Snape parecendo assustado.

Layse o ignorou e foi direto ao ponto, queria ficar sozinha.

― O problema é que eu não estou conseguindo ir a lugar nenhum ― ela indicou um dos quadros ― Estou aqui há duas semanas e ainda não consegui dar um jeito nessa história. A cada esquema que faço um numero maior de pessoas morrem.

― Então escolha aquele com o menor número de pessoas... ― comentou Minerva ainda fitando cada bagunça do lugar.

― Só que essa minoria inclui quase toda a Ordem da Fênix, em outras palavras, nossa derrota.

Os três a fitaram paralisados. Ela continuou:

― Listei nomes, fatos, feitiços, situações e mortes. Nada adiantou ― ela lançou o livro longe expressando sua raiva ― Não sei o que fazer! Fiz tudo o que podia e nada mudou nessa merda!

Os professores se assustaram com a ação repentina da garota, mas Dumbledore apenas ganhou um olhar preocupado.

― Acho que não conseguir nada se não descansar senhorita.

— Eu não vou descansar enquanto não encontrar um plano pelo menos plausível no meio dessa bagunça — retorquiu ela sem se preocupar se estava ou não sendo grossa.

Dumbledore a fitou por um tempo em silêncio. Ali estava uma garota que tinha toda uma vida pela frente, jovem, esperta... e que estava definhando por causa de uma missão praticamente jogada encima dela. Ele tinha que fazer algo.

― Você está livre das aulas por mais duas semanas ― anunciou deixando um sorriso de lado aparecer ― Professor Snape, leve Layse até sua sala e explique as novas mudanças no horário e no cotidiano dela. Minerva me ajude a arrumar essa bagunça...

***

Layse não teve tempo de sair do transe e reclamar, Snape a agarrou pelo braço a guiou para fora da sala.

― Espero que não esteja tão fraca quanto parece estar ― ele disse sem fitá-la.

― Que diferença faz? ― ela respondeu secamente, saindo do transe.

― Muito mais do que imagina ― Snape respondeu sem se importar com o tom usado por ela.

― Está me machucando, me solte, tenho que voltar lá e bater em Dumbledore ― ela puxou o braço, mas Snape foi mais rápido e apertou ainda mais, fazendo-a reclamar.

― Ainda sente dor, isso é bom ― respondeu indiferente ― Mas acho que está insana.

― Insana?

― Sim, achando que vai voltar àquela Sala tão cedo e não vai se preocupar com sua missão ridícula ― ele abriu a porta de sua sala e a empurrou para dentro sem cerimônia, trancando-os em seguida.

― Estou completamente sã ― insistiu Layse voltando-se para ele ― Agora abra a porta e me deixar terminar meu trabalho.

― Que parte do “não vai se preocupar com essa missão ridícula” a sua cabeça-oca não entendeu? ― questionou Snape enquanto se sentava.

― Ridícula? Você acha que eu sou idiota em perder tempo em algo ridículo? ― Layse se exaltou com a pouca gratidão dele.

― Ridícula sim. Perdeu duas semanas nessa porcaria e esqueceu de si mesma ― disse Snape veementemente, tentando não perder a paciência.

― Estou muito bem, obrigada ― respondeu Layse entredentes ― Agora abra a porta.

― Preciso lembrar que provavelmente você não come ou dorme direito a dias e que você está ganhando do Lord das Trevas no quesito “Palidez”?

Layse riu sem humor.

― Desculpe, virou piadista agora? Porque está se saindo muito bem nisso.

― Não me faça perder a paciência com você Layse...

― Então me deixe sair e nunca mais ficaremos sozinhos na mesma sala ― Layse garantiu fixando seu olhar nele.

― Prometa que vai ficar quieta, perto de comida, longe de encrenca e de qualquer coisa relacionado ao futuro ― retorquiu ele se levantando e ficando cara a cara com ela.

Layse arqueou a sobrancelha e bufou:

― Nem pensar! Muitas vidas dependem disso e-

― Sua vida também depende disso! ― Snape explodiu agarrando seu pulso e prendendo-a contra a parede, rapidamente percebendo que seu corpo estava mais quente que o normal ― Não sei porque raios você pensa que não me importo com você ou com seu trabalho. Eu me importo sim Layse! Quando vai perceber que não sou um homem de palavras e sim de atos, não vou mudar.

― Então por que quer tanto que eu mude meus atos? Eu sou assim porque as situações atuais me forçam a agir dessa maneira!

― E é exatamente com isso que estou preocupado, a cada dia vejo você definhando mais e mais, onde quer para com isso? ― os olhos inquietos de Snape se tornaram preocupados.

― Quero dar um fim nessa historia toda ― explodiu Layse deixando as lagrimas caírem ― Chega de mortes, chega de desvios na historia, chega de problemas. Eu não aguento mais isso!

― Layse.

― Não... não aguento mais... ― ela repetiu quase debilmente ― Por favor... faça essa dor parar...

― Do que está falando?

― Essa...história de ser forte, não está dando certo ― ela disse tentando manter seus olhos abertos, mas agora até suas pernas fraquejavam.

Snape a segurou pelos ombros quando percebeu que ela estava prestes a cair, tocou em seu rosto e percebeu o quanto ela estava com febre.

― Você está ardendo em febre, deve estar delirando.

― Delirando? Acho sim, estou chorando na sua frente... ― Layse riu sem humor enquanto ainda permitia a queda de suas malditas lagrimas ― Para com isso Layse ― disse a si mesma em voz alta ― Preciso sair daqui.

Ela deu um passo em falso e Snape a segurou novamente, dizendo:

― Você não está bem mesmo, deixe-me ajudar...

― Ajudar? Como? ― a garota questionou tentando, em vão, soltar-se dele ― Me criticando? Reclamando? Desculpa, mas já está ficando profissional nisso. Eu amo você pai, mas é esta se tornando um idiota preconceituoso, mandão e descontrolado... atos ridículos para um homem tão bom...

― Basta ― disse Snape fazendo-a parar ― Venha comigo, não precisa dizer mais nada.

***

― Como ela está? ― questionou Belatriz.

― Ainda delirando ― respondeu Snape sem sair do lado de Layse. A garota se remexia de minutos em minutos, murmurando coisas inaudíveis e desconexas, desde a ultima noite ela ocupava a cama de Snape que tentava cuidar dela de todas as maneiras ― Nenhuma das poções que dei teve efeito ainda.

Belatriz fitou a filha mais uma vez, esta parecia estar no meio de um pesadelo, mais um deles. Ela não se importava mais com o motivo dessa febre, só queria que Layse acordasse logo. Aproximou-se de Snape e tocou seu ombro carinhosamente.

― Fique calmo Severo... ela é uma Snape, vai ficar bem.

Snape fechou os olhos e suspirou, não queria ouvir aquelas palavras e não queria sentir o toque daquela mulher. Levantou-se e a fitou:

― Ser uma Snape não basta para ela, na verdade acho que só piora a situação. Ela só precisa de descanso e da minha total atenção.

― Posso acompanhar você? ― questionou Belatriz se aproximando.

― Não posso impedir você, é sua filha também...

― Mas são os seus aposentos.

O silêncio voltou a reinar, a tensão entre os dois podia ser facilmente notada.

― Vocês formam um lindo casal... ― sussurrou Layse sorrindo.

Snape a fitou no mesmo instante e voltou a se aproximar.

― Ela está delirando novamente ― confirmou ao tocar no rosto e os pulsos dela.

― Cala a boca ― respondeu Layse engolindo com dificuldade ― Eu só disse a verdade.

Belatriz riu e se afastou.

― Como se sente?

― Estou rezando para vocês ficarem juntos, sabia? Mas estou logo avisando que não quero outro irmão... ― Layse riu novamente e fechou os olhos.

― Você está certo, ela está delirando ― concordou Belatriz rapidamente ― Vou buscar água fria.

Snape observou a bruxa se apressar em sair do quarto e virou-se para uma Layse risonha.

― Pare com isso, está conseguindo piorar a situação.

― Piorar? Você que não tem coragem de ser sincero com ela e eu que estou piorando a situação?

― E o que eu deveria dizer a ela? ― questionou Snape sem dar muita atenção.

― Que a ama.

Snape paralisou.

― Está ficando louca? De onde tirou essa ideia maluca de que eu a amo?

― Para de fingir...que merda. Está mais do que na hora de você assumir um amor e ser feliz ― começou Layse rindo para o vazio ― E sinceramente, você precisa de sexo e curtição ― Snape arqueou uma sobrancelha ― Por favor, saia daqui e vai lá com ela, pare de dizer que estou doente. Tira essa roupa ridícula e mostre esse corpo “seduzente” para a mulher da sua vida.

― Seduzente?

― Foda-se a gramatica, pai.

O homem riu e buscou outra poção, sono sem sonhos, ela precisava.

― Você precisa dormir.

― Não ― negou Layse tentando soar firme, quando mais parecia uma bêbada ― Estou cansada de dormir. Quero você agir, chame aquela mulher aqui, agora.

― Layse, durma.

― Então chame o Malfoy.

― Malfoy?

Snape fitou, desconfiado, a filha. Nunca tinha parado para pensar, mas até que ponto ela tinha se “divertido”?

― Sim, ele é bonito... você não quer se divertir, mas eu sim.

Snape bufou e forçou o liquido contra a garganta de Layse, teria que ter uma conversa séria com Ana e também com Malfoy, só por garantia.


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Notas finais do capítulo

Oi gente, bom vou me explicar. Nada vai compensar minha demora, eu sei, mas tenho motivos. Meu pen drive estava desaparecido e meu computador quase faleceu, fiquei sem tempo e eu não conseguia abrir nenhum dos meus arquivos. Resultado: várias fanfics incompletas e absurdamente atrasadas e um caderno cheio de rascunhos sem nexo.

Mas... problema resolvido! Consegui tudo de volta (quase tudo), bom, menos o tempo que ainda me falta. No entanto, farei de tudo para postar pelo menos um por mês ou mais que isso. Nessa aqui tentarei postar o quarto ainda esse mês. E responderei todos os reviews!

Espero que me perdoem e continuem tendo paciência. Bjs.

KPrince



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