Limpei as lágrimas com a manga da blusa. Não queria chorar, ele não merecia, mas não conseguia impedir as lágrimas de caírem. A dor era tão forte e olhei para os pulsos. Eu tinha de fazê-lo, eu não aguentava. Era como um necessidade, era como respirar, tinha de fazer aquilo ou morria. Levantei-me e fui até ao armário e tirei de lá de dentro uma lâmina, aproximei-a da minha pele e chorei ao relembrar mais momentos.

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- 20 voltas ao campo, quero ver todos a correr, já! – o professor ordenou.

Não havia muito que pudesse fazer né? Comecei a correr mas estava com a cabeça noutro lugar, só queria que a aula acabasse logo para ir para casa descansar.

O chão estava molhado porque tinha chovido e sem querer, desequilibrei-me e cai no chão, mesmo em cima do meu pé.

- AIII! PORRA! Sou mesmo desastrada! – levei as mãos ao pé, doía muito e não sei que conseguia me levantar – MERDA! FODA-SE! – continuei a berrar palavrões.

- Menina Stewart, está bem?

Não, eu estou ótima. O meu hobbie favorito até é atirar-me para o chão e gritar todos os palavrões que conheço. Pensei irónica, comigo mesma.

- Rosalie, caíste? – uma colega minha perguntou, preocupada.

- Não, Sophie, estou só a abraçar o chão – ironizei, só sabem fazer perguntas idiotas – Acho que não me consigo levantar…

- É melhor ires á enfermaria e se for muito grave, vais ao hospital.

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Finalmente lembraram-se que tem aqui uma adolescente irritada com o pé partido que precisa de um médico, depois de 1 hora à espera.

O médico que me atendeu até foi simpático, e realmente parti o pé.

Estava lá deitada numa maca, entediada, quando alguém bate à porta.

- Posso? – OMG é o Josh, que querido veio ver-me.

- Já estás dentro – ri.

Ele entrou e aproximou-se da minha maca.

- Fiquei preocupado contigo quando a Natacha me contou que estavas no hospital – ele disse um pouco vermelho e olhou para o meu pé – Já estás melhor?

- Bem, sim, já não dói tanto, mas vou ter de ficar com o gesso algum tempo.

- Posso autografar? – ele perguntou sorrindo para o gesso.

- Claro, o meu melhor amigo tem de ser o primeiro a escrever no gesso.

“Fica logo boa, pequena, quero poder irritar-te, divertir-me contigo, irmos ao cinema, passear e todas essas coisas, és a melhor amiga do mundo ass: Josh, o teu bff hot”

- Convencido – eu ri.

- Realista – ele aproximou-se de mim com um aquele sorriso que eu amo no rosto.

- O que é que estás a fazer? – fiquei um pouco nervosa.

- Rosie, há muito tempo que te quero dizer algo, eu …

-ROSIEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! – olhei para a porta e vi a Mafalda berrar e correr até à minha maca – Estás bem? Partiste o pé? Como aconteceu? Magoa muito? Quando é o funeral? – ela perguntou tudo seguido, histérica e sem se calar.

- Nossa Mafy, queres-me ver mesmo morta – fingi de ofendida e espantada.

- Não quero nada, desculpa, estava muito preocupada – ela falou de novo muito rápido.

- Eu sei linda, mas eu estou bem, tirando que tenho gesso no pé.

- Posso autografar? – ela fez aquela carinha de dó e não resisti.

- Sim, podes – olhei para o local onde o Josh estava para continuarmos a conversa, mas ele tinha desaparecido, como que se evaporado, a histeria da Mafalda deve tê-lo assustado.

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- Desculpa, hoje não posso, vou sair com as meninas.

- Mas tu tinhas prometido, que ias-me ajudar hoje com a Matemática, sabes que não percebo nada daquilo… - ele disse triste.

- Desculpa, eu esqueci-me.

- É sempre as tuas amigas e depois esqueces-te de mim, está bem, vai com elas – e desligou o telemóvel, pela sua voz percebi que estava irritado.

Não sabia porque, mas comecei a chorar, nunca tinha brigado com ele, era a nossa primeira discussão, sei que os amigos discutem, mas eu não gostei nada daquilo.

Fiquei uns minutos a chorar, depois liguei-lhe de novo.

- Saio noutro dia com as garotas, tu precisas de mim e eu vou ajudar-te, as 20:00 na tua casa?

- Ok, até lá.

- Até lá – sorri e desliguei.