Just Smile. escrita por everbelieber
_ Terminamos, lembra que tem um trabalho de biologia pra amanhã – ele falou e arrumou os materiais.
_ Espera, ainda faltam cinco minutos – sorri sem graça e ele me encarou – tenho umas perguntas
_ Diga
_ Porque você está triste? – perguntei já preparada para a patada
_ Nada, estou ótimo – ele falou
_ Não precisa esconder nada de mim Justin – falei mais amigável o possível
_ Eu vou te falar pra que? Você não vai resolver nada, e o mínimo que vai fazer é jogar isso tudo na minha cara amanhã na frente de seus amigos. – ele falou bravo
_ Fica aí – falei quando ele ameaçou levantar – Eu não faço aquelas coisas por mal, na verdade eu nem sei por que eu faço aquilo, é só uma forma de descontar meus problemas, e o alvo acaba sendo você e tal – falei gesticulando
_ Então você desconta em mim seus problemas? Que problemas? O de ter tudo o que quer? – ele falou me encarando
_ Na verdade eu não sei explicar – falei – mas me conta sobre sua vida – me encostei na cadeira
_ Não tem o que falar, ela é muito sem graça
_ Tem sim, ou então sei lá desabafa, eu sou boa em ouvir – sorri
_ Não preciso de uma psicóloga – ele falou – já passou as uma hora – ele levantou-se
_ Justin, então me diz, o problema é comigo ou em casa?
_ Você quer mesmo saber? Bom, seu café da manhã é minha refeição da semana completa, minha mãe ganha uma miséria limpando banheiros, e eu chego na escola sou infernizado pelo seu grupo, ou gangue, sei lá! – ele falou alterado – tchau – saiu batendo a porta, senti meu rosto molhando, eu estava chorando, droga.
Corri para meu quarto, tomei banho e vesti uma roupa que segundo a minha mãe é “simples”.
Roupa: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=39511835&.locale=pt-br
Prendi o cabelo em um rabo de cavalo e fiz minha maquiagem de sempre, lápis de olho e delineador preto.
Desci para aguardar a janta, passei a noite toda pensando no que tinha ouvido mais cedo, aquilo martelava em minha mente, e novamente eu estava trancada no banheiro de meu quarto, com lágrimas nos olhos e uma lâmina afiada em meus pulsos.
A cada milímetro cortado era como se um peso saísse se minhas costas, mas aquilo não estava sendo o bastante, eu sou uma fraca mesmo, sempre fui. Os cortes já passavam de apenas no pulso, aquilo pra mim não doía, não mais, o sangue escorria por minhas mãos, e as lágrimas por meu rosto, soltei a lâmina ensanguentada em cima da pia completamente branca que agora estava vermelha, tomei banho vendo as ultimas gotas de sangue escorrendo e dormi.
...
Mais um dia na escola, é, novamente descontando no Justin, eu não queria aquilo, mas por um lado eu era obrigada a isso. Voltei para casa de táxi, e mais um dia de aulas “particulares”, aliás, mais uma hora.
_ Quero estudar Geografia – falei sentando-me na cadeira, ele apenas abriu o caderno na matéria, sua letra estava diferente das outras, estava mais forte.
Ele falou sobre umas coisas de indústrias, aliás, revisou o que o professor tinha falado hoje na escola e explicou o exercício, eu o fiz completo, confesso que estou feliz comigo mesma, estou ao menos me esforçando, coisa rara de acontecer.
_ Terminei – o entreguei o papel, ele leu tudo e deu um leve sorriso
_ Está tudo correto – falou devolvendo a folha – você está melhorando – falou dobrando um papel que não era da atividade – eu já vou – ele levantou-se.
_ Tchau – sorri ele me fitou com uma expressão séria e saiu
Fui para meu quarto e tomei um banho rápido.
_ Ká – o Kauã bateu a minha porta
_ Oi – falei deitada na cama
_ Vamos no shopping comigo? Hoje é a pré-venda de alguns livros – ele falou
_ Ah, que legal – fingi empolgação – vamos – falei saindo do quarto.
_ O Justin disse que ia parar de dar aula particular a você – o Kauã falou
_ Por quê?
_ Ele disse que não aguenta essas suas duas caras, você na escola é uma pessoa totalmente diferente que quando está em casa – falou
_ Não, ah meu Deus – passei a mão no rosto – vamos fazer compras?
_ Tá falando sério? – ele perguntou assustado
_ É, mas antes quero comprar alguns livros – falei e ele parou o carro assustado
_ Desce do carro – ele falou sério eu o olhei confusa – você não é minha irmã, sai!
_ Muito engraçado – falei ele começou a rir
_ Você tá usando drogas? Porque só assim você quer comprar livros e fazer compras.
_ Muito engraçado, vamos logo – falei e ele acelerou o carro
...
_ Gastei trezentos dólares comprando alimentos, será que isso dá pra uma semana? – perguntei
_ Óbvio né – ele revirou os olhos – e eu estou quase roubando esse livro de você, cara, não tinha mais nenhum dele, você roubou?
_ Não né, eu paguei duzentos dólares a um menino lá – falei – e lá se foi minha mesada – ele começou a rir
_ Mas foi por uma boa coisa ao menos – ele parou em frente a casa do Justin, já estava de noite
_ Se ele não aceitar... argh não quero nem pensar – falei descendo do carro com as sacolas
Toc toc – bati na porta duas vezes
_ Min... – ele ia falar algo e quando me viu mudou a expressão do rosto
_ Oi, posso entrar? – perguntei
_ Na verdade pode, mas eu não vou deixar
_ Então ok, eu vim pedir desculpas e deixar algumas coisas aqui – falei apontando para as sacolas ao meu lado
_ Obrigado, mas não vou aceitar – ele fechou a porta na minha cara
_ Justin – bati na porta e ele não atendeu – aceita Justin, por favor, eu vim até aqui e gastei minha mesada toda nisso e nessa porcaria de livro – falei quase gritando
_ Você fez isso por que quis – ele falou abrindo a porta – e esquece as aulas
_ Justin, mas você precisa ao menos das aulas – falei cruzando os braços
_ Eu sei que preciso, mas você é falsa, se passa por amiga e depois está lá fazendo a mesma coisa – ele falou num tom baixo e fechou a porta novamente
_ Tudo bem, vou ficar aqui esperando – sentei-me em um dos batentes a frente da porta.
_ Kaya – o Kauã se aproximou – vamos pra casa – ele segurou em minhas mãos
_ Não, vou esperar aqui – falei
_ Vamos Ká, depois você vem – ele me puxou pelos pulsos
_ Ai – falei puxando meu braço pra perto de mim, o corte havia se aberto um pouco e começou a sangrar, tinha sido em cima de uma veia, pequena, mas ainda sim era uma veia.
_ Você se cortou de novo? – ele me olhou preocupado
_ É, mas não é nada – falei escondendo meu braço
_ Deixa eu ver – ele falou autoritário e eu o amostrei, ele tirou minhas pulseiras e fitou meu pulso e balançou a cabeça negativamente – eu não aguento ver isso todos os dias Kaya.
_ Não era nem pra você saber – falei fitando o chão
_ Vem, vamos embora – ele me levantou
_ Não – falei já começando a chorar – Minha vida é uma porcaria – falei o abraçando – Até parar com as aulas ele vai.
_ Não se preocupa, pega essas bolsas aí.
_ Boa noite, quem são vocês? – uma mulher muito bonita perguntou
_ Sou o Kauã, lembra? Essa é minha irmã Kaya – ele sorriu e ela o abraçou
_ Vocês querem falar com quem?
_ Já falamos, não se preocupa Pattie – o Kauã me interrompeu
_ Não, eu quero falar com o Justin, chama ele por favor?
_ Claro, ele já vem – ela sorriu e entrou em casa
...
_ Já disse e não vou repetir mais, eu não quero, muito obrigado! – ele parecia bravo
_ Ok, então... pela sua mãe – falei
_ Cara, não faz isso – ele passou as mãos no rosto – tudo bem, vou aceitar, mas por minha mãe, e eu não ligo se amanhã você falar para a escola toda – ele falou e eu sorri
...
_ Boa noite – falei animada e subi para meu quarto, logo dormi.
Tomei banho, vesti uma saia jeans azul + blusa azul escuro + sapatilha + jaqueta cinza. Tomei café e fui para a escola, o Kauã já tinha ido há uns minutos atrás.
Cheguei apenas acenei para a galera e fui em direção a biblioteca.
_ Olá – sorri sentando-me de frente ao Justin ele e fitou e mexeu no bolso da calça, tirou cinco dólares e pôs em cima da mesa.
_ Só tenho isso – falou voltando a ler o livro
_ Não quero seu dinheiro – revirei os olhos – na verdade eu queria te perguntar uma coisa.
_ Pergunte – ele falou sem tirar os olhos do livro
_ Você vai continuar me dando aulas?
_ Não
_ Por quê?
_ Vou sair da escola.
_ Tá falando sério? – perguntei assustada
_ Olha minha cara de quem tá brincando – ok mais uma patada
_ Você não pode Justin, essa escola é ótima, é bom para você estudar – falei e ele riu irônico
_ Vou perder a bolsa, não tenho escolha
_ Mas você gostaria de continuar aqui?
_ Óbvio – revirou os olhos
_ Então... ér... eu trouxe esse livro pra você, comprei ele da pré estréia, ele só chega as bancas oficialmente próximo mês – levantei-me – depois nos vemos.
Eu estou começando a ver esse Justin como um amigo, ele é uma boa pessoa, seria um ótimo amigo de verdade, acho que o conhecer “melhor” fez com que meu coração amolecesse, corri até a diretoria, é eu iria fazer mais uma loucura, não de amor, mas de amizade.
_ Com licença, diretora preciso falar com a senhora, urgente – falei e ela me olhou com deboche
_ Vai mudar as notas de novo? – ela cruzou o braço
_ Ques notas? Ah, aquilo não fui eu, mas em fim, é sério – falei e ela me olhou séria – ok falo aqui mesmo
_ Então diga
_ Sabe o Justin? Aquele menino bem simples daqui da escola?
_ Sei, o bolsista
_ Porque ele vai perder a bolsa? – perguntei
_ Nossa escola não está aguentando ele como bolsista.
_ O menino não faz nada aqui, só estuda e se mata de estudar... vocês são muito amarrados, isso é horrível da sua parte – falei e ela me puxou para sua sala
_ E o que você quer que eu faça?
_ Sei lá, deixe ele aqui
_ Impossível
_ Isso tudo pela porcaria da imagem que a escola transmite... eu pago o colégio dele – falei
_ Você não pode fazer isso
_ Posso e vou fazer, o chame e diga que você renovou a bolsa dele – falei e ouvi o toque – tchau, até mais – falei e fui em direção a sala
Fui para a sala, no terceiro tempo a professora foi chamar o Justin, ele não voltou mais logo o intervalo tocou, comprei apenas um suco e sentei-me em uma mesa qualquer, eu estava sem humor para ficar com o grupo de sempre. Eu os vi rindo vindo do corredor que dava para a biblioteca, ok, essa não, eu conhecia o tanto que aqueles meninos eram vingativos, droga.
Corri até a biblioteca enquanto mandava um sms para o Kauã.
“Kauã, na biblioteca, rápido!”
Mais uma vez a tiazinha não estava lá.
_ Justin? – perguntei olhando os corredores- JUSTIN? – gritei, ninguém ficava naquilo então não tinha regras, não tinha regras que eu seguia, no caso.
Apenas ouvi o barulho de choro, eu não aguento ver ninguém chorando, droga mais mil vezes, corri até onde o som indicava.
_ Justin, o que eles fizeram com você? – me agachei ao seu lado, ele estava com a cabeça escondida entre os joelhos
_ Sai daqui, não te interessa – ele falou sem se mover
_ Vai, me diz, foi o Renan ou o Lucca que fez isso? – perguntei
_ Não interessa – ele levantou-se rápido
_ Justin! Vem aqui, só quero conversar. – falei segurando em seu braço
_ Conversar o que? Bom, eu sou um mole, pobre e sei lá mais que coisa ruim de encaixa a minha vida – ele me olhou
_ Bom, se sua vida é repleta de coisas ruins eu faço parte dela? – perguntei tentando descontrair e o fazer me olhar
_ Infelizmente sim – ele abaixou a cabeça e após me olhou
_ Ai Justin, isso deve está doendo muito – falei olhando seu rosto, estava com um corte na boca e um perto do olho
_ Não... imagina! – ele revirou os olhos
_ Vamos conversar direito Justin, sei lá eu queria ser sua amiga – falei e ele riu irônico
_ Impossível, nossas vidas são totalmente opostas, nossos pensamentos são opostos, não temos nada que possamos confiar um ao outro, eu sou cheio de problemas e bom, é impossível! – ele se virou
_ Temos várias coisas em comum – sorri tentando animar o clima
_ Como, por exemplo...
_ Somos lindos – dei de ombros – você é lindo, eu nem tanto, mas ainda sou – falei olhando pra baixo – sou né? – perguntei o olhando
_ É, mas só isso? – ele falou um pouco envergonhado
_ Não, bom, nós temos problemas, nem fala que eu tenho tudo o que quero e tal porque eu não tenho, mas em fim, vou te amostrar uma coisa – tirei a jaqueta que eu estava – só não conta pra mais ninguém ok? – ele assentiu – acho que não existe problema maior que isso – estendi meu braço esquerdo para ele e ele olhou assustado.
_ O que você gostaria de ter que ainda não tem? – ele perguntou tentando não falar de meus cortes, abaixei minha cabeça sentindo lágrimas chegarem.
_ Eu não tenho amigos, esse é o problema – ajeitei minha bolsa no ombro e me virei sentindo algumas lágrimas deslizarem sobre meu rosto.
_ Espera – ele ficou a minha frente – quer um abraço? – ele perguntou e eu ri sem graça, ele apenas me abraçou e afagou meus cabelos – se quiser você tem um amigo.
_ Eu nem consigo acreditar que depois de tudo o que eu te fiz você ainda se oferece pra ser meu amigo...
_ Shii – ele me apertou no abraço, preciso confessar que seu abraço era o melhor, apesar de eu quase nunca receber um abraço, o dele reconfortava.
_ Obrigado Justin – me afastei dele sorrindo de lado – será que não vai tocar? – perguntei vendo a hora
_ Já tocou né, faz uns 10 minutos – ele falou sem graça
_ Nossa! Mas então, vai continuar me dando aulas?
_ Não sei
_ Por favor, Justin
_ Não sei Kaya, vou ver ainda
_ Você me chamou pelo nome – sorri
_ Qual o problema Kaya Angelina? – ele cruzou os braços
_ Kaya já está ótimo – falei – você quer ir embora? Vou falar com a diretora
_ É, pode ser – ele sorriu abertamente e em seguida fez uma careta
Peguei um lenço úmido na minha bolsa
_ Deixa só eu passar isso pra limpar o sangue – me aproximei dele, ele ficou me olhando enquanto eu passava o lenço nos machucados dele. – pode parar de olhar pra mim, isso me deixa sem graça – falei pondo o lenço no lixeiro ele riu de lado e virou o rosto.
_ Ok, vou tentar – ele sorriu me deixando sem graça
_ Acho que se eu tivesse te matando você morreria, chamei no Kauã a dez anos e ele ainda não veio. – revirei os olhos
_ Na verdade eu só estava assistindo vocês conversando – ele apareceu perto da seção de livros de história.
_ Hm, então, vou na empresa do papai, alguém quer ir? – perguntei os olhando
_ Não obrigado – o Justin sorriu
_ Eu também vou – o Kauã falou – o Justin vai também.
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Olá, está aí mais um capítulo :)
querem me mandar SMS? não? okay, mas quem quiser perde rum pouquinho de tmepo é : (83)86087201 :)
Beijinhos, atá o próximo capítulo.