Depois da briga tudo estava a mil maravilhas, isto claro tirando a terapia de casais (é o Axl não desistiu desta idéia insana). As coisas estavam tão boas que eu ate estava acompanhado as gravações do novo disco. Era fabuloso ouvir a formação atual do Guns. Eles tinham a química, a sonoridade, eles eram perfeitos.

Eu estava acompanhando Axl em tudo. Ate nas aparições publicas o que realmente era um inferno. Paparazzi’s, flashes, perguntas indiscretas, piadinhas maldosas. Eu entendia perfeitamente porque Axl nunca se curava desta loucura alucinante.

Eu era a esposa princesinha do rock, era incrível como a mídia me rotulava. Chegaram a chamar o Axl indiretamente de pedófilo, mas ninguém lembra que Steven Tyler do Aerosmith se casou com uma garota de quatorze anos (na época ele tinha vinte e sete, quase tiveram um bebê, mas ele achou melhor abortar porque ela era muito nova). Ninguém lembrava que eu já tinha dezesseis, quase adulta.

Nós posávamos de casalzinho apaixonado para lá e para cá. Fofoca de TV para cá e para lá, desde quando eu ligava para fofoca de gente recalcada. Nem me dava o trabalho de saber sobre o que a mídia dizia sobre nosso casamento.

Eu estava me sentindo por cima da carne seca.

- Oi adolescente mais sexy segundo uma revista conceituada. – Axl estava debochando da minha cara. Alias desde que os fofoqueiros de plantão notaram minha presença isto passou a ser motivo de chacota pela parte dele.

- Oi coroa que gosta de jovens adolescentes. – Fui surpreendida por cosquinhas da parte de Axl. – Não vale. – Mostrei minha língua.

- Tem uma loira lá embaixo no hall querendo falar com vocês dois e disse que não sai daqui sem falar. – Bertha interrompeu minha revanche com Axl.

Desci as escadas da casa um tempo depois do Axl. Eu estava descabelada e de pijamas então tive que me arrumar. Não podia acreditar na vadia que eu via na minha frente. Era a Priscila e ela segurava um bebê (muito ruivo) e o Axl estava sentado no sofá com as mãos no rosto. Opa! Que merda estava acontecendo aqui.

- Dá um oizinho para seu enteado. – Eu estava parada na escada e ouvi o deboche de Priscila.

- Axl desde quando você sabia? – Eu ignorei a bitch.

- Desde agora. Eu juro que não sei como isso foi acontecer, quer dizer eu me protegi... – Se eu estava chocada, Axl estava pior.

- Não queremos falar com você saia da nossa casa. – Eu precisava urgentemente chorar, mas não ia dar este gostinho a ela.

- Eu vim falar do Sunshine. – Nisso ela levantou um pouco o bebê. Que tipo de mãe dava o nome do filho de ‘luz do sol’. Ela era hippie ou o que?

- O nosso advogado este é o telefone dele. Vamos tratar este assunto lá. – Eu garranchei os numero em papel e fui para meu quarto.

Eu corri o final da escada acima e me tranquei na suíte principal. Axl tentou falar comigo, mas eu estava ocupada chorando. Fiquei uns três dias trancada no quarto.

Era arrasador e cruel demais comigo. Por que quando as coisas iam bem algo estragava? Finalmente a terapia de casal ia servir para alguma coisa. Ri maldosa comigo mesma.

Eu não estava falando com Axl, nem dormindo com ele, nem saindo com ele, nem comendo com ele. Eu tinha ligado para o advogado e ele tinha me posto a par do caso.

Os cálculos batiam, provavelmente o Axl era pai do bebê. Eles iam fazer um DNA. Segundo a bitch ele tinha sido seu único parceiro na época. Era por isso que ela não tinha voltado para casa, estava criando o filho com os avos dela. Mas a família se revoltou por ela não querer dar o golpe da barriga e mandou ela procurar o pai.

O pior que isso estava me afastando de Axl. Ele sonhava com paternidade desde que Erin tinha perdido o bebê e bom eu tinha dezesseis (isso não impede muita gente) queria faculdade, viajar o mundo, ser independente e muitas outras coisas antes de filhos.

Eu estava tão passada que nem rumo eu queria tomar. Como assim ela ia estragar minha vida?

Fui para o banheiro e peguei uma gilete coloquei na pia.

 - How long, how long will I slide

(Por quanto tempo vou deslizar?)

Separate my side, I don't

(Separar meu lado eu não,)

I don't believe it's bad

(Eu não acredito que seja ruim)

Slittin' my throat

(Cortar minha garganta)

It's all I ever

(É tudo o que eu sempre)

 – Cantarolei baixinho e abri a torneira. As circunstâncias estavam me levando a morte.