The World escrita por lillyjelly


Capítulo 3
Las Vegas.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora pra postar, amores :x eu tive uma delícia de bloqueio criativo com esse capítulo. Provavelmente foi por causa da minha falta de afeição com a protagonista, q. Não me crucifiquem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/172622/chapter/3

            – Vodca com limão. Dose dupla, por favor.

            Enquanto bebericava o drinque, Liam olhou em volta do bar. Ainda atordoado pela fortuna ganha no jogo naquela noite, ele mal conseguia acreditar na própria sorte. Um completo amador no jogo, vindo da Califórnia com amigos conhecer a cidade dos cassinos, que, embriagado pela jogatina e pelo álcool, ganhara uma fortuna de quinhentos mil dólares em uma roda de jogadores experientes, que nada tinham a perder, enquanto ele praticamente arriscava a própria vida naquela mesa.

            Saboreando a vodca com limão e vitória, ele correu os olhos pelo bar. Mulheres em ousadas roupas de baixo saracoteavam de cima a baixo, seduzindo homens carecas e gordos que fumavam cachimbos e que limpavam o traseiro sujo com notas de cem dólares. Liam, já tendo sido abordado por algumas dúzias delas, dispensou a todas com olhares intimidadores. Estava aturdido demais para tudo, até para sexo.

            Esperava que os efeitos da vodca superassem isso, o que de fato aconteceu. Quando a nova remessa de mulheres seminuas começou a correr seus dedos por suas costas curvadas pelo bar, ele finalmente se sentiu excitado como um homem.

            Uma delas, que dançava no balcão à sua frente, em um bustiê preto de renda, suspensórios conectando o bustiê a um short micro de renda preta, meias até a coxa pretas e botas de cano curto de couro preto, agachou-se, tirou-lhe o copo da mão e derrubou-o no chão.

            – Olá, beberrão – sussurrou ela em seus ouvidos, beijando seu pescoço. Ele percorria o corpo da mulher com as mãos quando, bruscamente, ela foi afastada por uma segunda dançarina.

            – O deixe pra mim, Kris – pediu ela, com um ar autoritário. Tinha longos cabelos castanhos, batom vermelho sobre os lábios e usava um sutiã de couro preto incrustado com pedras brilhantes, short curto de couro preto e botas até a coxa de couro preto.

            – Você sempre fica com os melhores, Miles – choramingou Kris, a primeira dançarina.

            – E você fica com os mais ricos – replicou “Miles”. – Olha, aquele cara com um charuto é diretor de um banco na Suíça.

            Subitamente, Kris parecia encantada em suprimir as necessidades sexuais de um diretor de banco.

            – Ela não é muito esperta – comentou a segunda dançarina, antes de acomodar-se no colo de Liam e começar a dar-lhe mordidinhas no pescoço. – E então, o que vai ser?

            Liam afastou a dançarina por tempo suficiente para pedir ao barman duas garrafas de vodca e reuni-las, junto à dançarina, para junto de uma cabine mais reservada.

            – Nossa, decidido – disse “Miles”. – Ótimo. Não preciso perder tempo me humilhando em público.

            Decidido ou bêbado, Liam só estava a fim de comer alguém o mais rápido possível.

            – Seu nome é mesmo Miles? – perguntou ele, franzindo o cenho para o apelido.

            – Meu nome de stripper é Mean Miley (Miley Malvada, na tradução.) – ela deu de ombros. – É tudo o que você precisa saber.

            Dito isso, Miley (como Liam decidira chamá-la internamente, apesar de ter certeza absoluta de que esqueceria o nome no dia seguinte) avançou por cima da mesa e sentou Liam no sofá que a circundava. O lugar era apenas uma prévia: se o cliente realmente quisesse um quarto com a dançarina, o bar fornecia um lugar por mais um acréscimo grandioso na conta.

            Ela começou a abrir os botões da camisa de Liam, arranhando seu abdome com as unhas incrustadas de pedras. Desceu da mesa e pulou para seu colo, entrelaçando as pernas em seu quadril e beijando seu pescoço.

            Liam não estava nada confortável. Gostava de se sentir no controle da situação, e não era nada agradável aquela mulher estar tomando a autoridade naquela transa. Afastou-a por um instante e abriu uma garrafa de vodca.

            – Preciso muito ficar bêbado – murmurou ele, enquanto examinava uma estupefata Miley. – Vamos fazer do meu jeito agora – ele disse depois de tomar alguns goles. – Nós vamos ficar bêbados pra caralho, vamos subir para aquele quarto e eu vou tomar o controle dessa vez. Vou fazer o que quiser com você.

            Miley franziu o cenho, mas abriu a segunda garrafa de vodca e começou a tomar grandes golfadas com voracidade.

            Quando estavam todos embriagados o suficiente para não se lembrarem do próprio nome (Liam pediu mais garrafas à medida que aquelas foram acabando), Liam caiu inerte no sofá e Miley deitou por cima dele, beijando com inacreditável delicadeza seus lábios, enquanto abria os botões de sua calça, esquecendo-se por completo das normas da saleta de não mostrar mais do que uma prévia.

            Os movimentos de ambos foram gradualmente aumentando de intensidade, até o bustiê de Miley estivesse largado em um canto qualquer e o couro de seu short resistindo às mãos suadas de Liam com persistência. Os beijos eram vorazes e beiravam a selvageria. Alguns momentos mais tarde, a clientela do bar não estranhou as silhuetas que se moviam com bastante flexibilidade dentro de uma das saletas, nem os gemidos altos e as risadas maníacas, já que desconheciam as regras da saleta. Mas o dono do bar não achou nada normal.

            Adentrando com força as cortinas de veludo que cercavam a saleta circular e funcionavam como a única coisa que os separava do resto do mundo, o dono do bar deparou-se com uma cena que certamente mal era apropriada para os quartos reservados, quanto mais para a saleta, que tinha a obrigação de ser apenas uma prévia. Miley e Liam reuniram suas peças de roupas largadas pelo cômodo às risadas, enquanto o dono do bar os expulsava aos berros, vermelho como um sinal fechado.

            – Vem cá – Miley chamou o trêbado Liam, enquanto o conduzia até uma porta de ferro enferrujada, nos fundos do bar, que dava para uma escada de incêndio igualmente enferrujada. Carregando as últimas garrafas que conseguiu reunir, Liam a seguiu, e os dois acabaram por sair em uma rua movimentada. As luzes ofuscantes e as letras coloridas doeram na vista de ambos, que apertavam os olhos e atravessavam na frente de limusines, às gargalhadas.

            – Preciso sentar – ele disse, caindo em uma parede imunda de um beco ao lado de um bar parecido com o onde Miley trabalhava. Ela sentou-se ao seu lado, abrindo uma nova garrafa de vodca e dando grandes goles.

            Liam virou-se para ela. Admirou como seus cabelos embaraçados caíam sobre seus ombros, como metade de seu seio estava exposto com o bustiê torto, como suas pernas longas esticavam-se na calçada imunda, atrapalhando o trânsito de pedestres, cobertas pelo couro preto das botas.

            Ali mesmo, na frente de todo o povo, Liam começou a beijá-la, em uma calçada imunda, em um beco imundo, bêbado até o último pedaço de sua alma.

            – Aaahn – ela gemeu certa hora. – Vo-você mordeu minha língua.

            – Desculpe.

            Ela começou a rir.

            – Feio, muito feio – ela levantou um dedo trêmulo e tocou a ponta do nariz de Liam. – Somos muuuito maus. Quero mais... O que é isso? – ela disse, levantando a garrafa vazia, que escorregou por suas mãos suadas e estilhaçou-se na calçada. – Opa. – fez, tendo um novo acesso de risadas.

            Liam, ao contrário de Miley, era um bêbado quase doente. Com as luzes fortes cegando sua vista, ele cambaleou, tentando ficar de pé, apoiando-se na parede suja.

            Miley bateu em sua perna, tentando também levantar-se, ainda às gargalhadas. Liam não resistiu, acompanhou-a em um novo acesso de risos, enquanto entrelaçava seu braço por entre sua cintura e tentava evitar que ela caísse, mesmo que estivesse tão tonto quanto ela.

            Andaram um pouco, pois tiveram que parar quando Liam finalmente cedeu e os dois foram ao chão, rindo como loucos.

            – Ali é tão bonito... vamos entrar, vamos! – fez Miley, apontando para um espaço bem iluminado, com portas de correr de vidro, e letras curvadas em neon, que Liam não conseguiu ler. Lá dentro, bancos de madeira compridos estavam dispostos um em frente do outro, todos virados para um pequeno palco onde um homenzinho baixo e careca arrumava alguns livros.

            Liam não achou o lugar nem perto de “arrumadinho”, quanto mais bonito, mas não hesitou em carregar Miley até o lugar, do outro lado da rua.

            Foram recebidos pelo homenzinho careca, que começou a esfregar as mãos com força quando os viu.

            – Ah! Que lindo casal de pombinhos – ele disse, com um sorriso largo. – Vão se casam também, jovens?

            Liam olhou alarmado para Miley, que sorria debilmente.

            – Vamos... Ahn, você... Vamos? Ele é tão simpático, sabe, senhor? – dizia Miley escorregando pelos braços de Liam, esfregando as mãos suadas na roupa engomada do homenzinho. – Sabe, senhor, esse cara aqui – ela apontou para Liam – é o amor da minha vida. Eu nem sei o nome dele – ela deu de ombros – mas eu quero passar a minha vida inteira com esse cara. Vamos nos casar... Seja lá qual seja o seu nome! – um novo acesso de risadas.

            Liam sorriu, não menos debilmente que Miley.

            – Não tenho roupas... – ele fez um beicinho, olhando para o homenzinho.

            – Mas isso não é problema! – ele esfregava as mãos compulsivamente. Aquilo estava começando a irritar Liam. – Vocês podem alugar um de nossos maravilhosos trajes nupciais bem aqui.

            – Que coisa maravilhosa, meu amor! – gritou Miley, abraçando Liam com força. – Vamos, vamos, por favor!

            Liam arfou com o abraço repentino de Miley, afastando-a com um sorriso.

            – Quero o traje mais caro que você tiver aqui nessa joça – ele ordenou para o homenzinho. – Porque eu tenho dinheiro, muuuito dinheiro! Isso mesmo! – ele atirou um maço de notas graúdas para cima, encantando o homenzinho. – Vamos nos casar, bebê!

            – Yayy! – Miley pulou nos braços de Liam, beijando-o com voracidade e fazendo com que os dois caíssem no chão juntos.

            – Claro, claro – o homenzinho apanhou o maço de notas que Liam lhe estendia, encantado, contando as cédulas. – Vou providenciar já.

            Meia hora depois, lá estavam, Liam em seu smoking e Miley em um vestido que mal conseguia passar pela porta, tamanho era sua saia. Ela chorava, com o delineador escuro escorrendo pelas bochechas, horrorizando as maquiadoras. Ao vê-la, Liam sentiu o ímpeto de cair no choro também, mas se conteve, afinal, era homem, e homem não chora. Ou seria tanto bate até que fura? Tanto faz.

            A cerimônia foi uma coisa linda de se ver, mas meio cômica para os turistas que passavam pela rua. As maquiadoras jogavam pétalas de rosas no casal, e quando o homenzinho, segurando um livreto, anunciou que Liam podia beijar a noiva, Miley teve um acesso de lágrimas tão furioso que encharcou todo o terno de Liam, enterrando o rosto em seus braços.

            Cambaleando, os dois deixaram a capela nupcial às gargalhadas, acabando em um motel cinco estrelas que custou todo o resto da bolada ganha por Liam.

            (As atividades realizadas naquela cama king-size em lençóis egípcios de sete mil fios não precisam ser necessariamente descrita em detalhes, em proteção aos leitores mais sensíveis. E a autora, que também é sensível em relação a isso).

            O sol já estava a pino quando as pálpebras de Miley deram sinal de vida. A luz banhava todo o suntuoso quarto de hotel, queimando na vista dela. Quando tentou se sentar, descobriu que era impossível, porque sua cabeça pesada puxava-a de volta para o travesseiro macio, e de repente mexer-se parecia uma espécie tenebrosa de tortura. O grande pedaço branco que pairava em sua lembrança de noite passada, somada à tontura e a dor de cabeça fortíssimas, lhe informavam que, obviamente, passara da conta noite passada. Não era nada incomum. Mas seria realmente muito oportuno descobrir em qual cama se encontrava daquela vez.

            Liam apareceu no exato momento, carregando uma sacola de supermercado.

            – Desculpe, todo o resto do dinheiro foi pra pagar a diária. Só consegui comprar algumas barrinhas de cereal e uma caixa de suco.

            Junto com a entrada dele, a maior parte das lembranças de Miley reavivaram-se. O cara no bar. Rir na calçada. As garrafas de vodca. E aquele vestido balão de noiva atirado em um canto do quarto...

            – Puta merda! – ela exclamou, ao constatar que em seu anular jazia uma aliança de ouro.

            – É, eu sei, também foi minha reação. Mas a gente arranja isso em uns três dias, no máximo. Os casamentos entre bebuns em Las Vegas raramente são levados a sério... – ele sorriu. Miley não pôde deixar de notar que ele tinha um sorriso arrebatador.

            – Bom, se me casei, pelo menos fico feliz que seja com um cara bonito – ela disse indiferente, apanhando uma barrinha de cereal das mãos de Liam e abrindo ruidosamente, para o terror de seus ouvidos. – Você não está de ressaca?

            – Tanto quanto você. Quer uma aspirina? – ele pergunta, atirando-lhe uma tira de comprimidos. – Também tem café de graça no lobby, se quiser. E vou deixá-la sozinha caso queira, hum, se trocar.

            Miley balança a cabeça negativamente.

            – Ora, não há nada que você ainda não tenha visto, certo? – disse ela, sentando-se devagar e permitindo que o lençol escorregasse livre por seus ombros. Os olhos de Liam ficaram do tamanho de pratos, e Miley soltou uma risadinha, enquanto mordiscava sua barrinha de cereal entre goles d’água. Até a missão de mastigar parecia impossível.

            – Então, eu acho que vou procurar o cartório mais próximo para, hum, cuidar da papelada, certo?

            Miley o mirou com curiosidade.

            – Papelada?

            – Sim, a papelada do divórcio – Liam piscou, como se aquilo fosse óbvio.

            – Ah – suspirou Miley, pousando sua barrinha no criado-mudo e espreguiçando-se, fazendo seus seios pularem como dois melões. – Pra quê? Ainda nem curtimos a lua-de-mel.

            Liam piscou novamente. Mas desta vez sua expressão era de confusão.

            – Miley, nós nos casamos bêbados em uma capela nupcial em Las Vegas. Isso não foi real.

            – Por que não? – Miley apanhou sua barrinha de cereais novamente e brincou com ela entre os dedos. – Nunca fui casada antes. Pode ser divertido.

            – Mas... Eu não tenho dinheiro algum.

            – Quem liga? Isso é Las Vegas, sua sorte sempre pode mudar. Ou podemos nos mudar para um subúrbio em Nova Jersey, você arrumar um emprego de contador e eu virar uma dona-de-casa fofoqueira e obcecada por jardinagem, que tal?

            Liam não se expressou. Apenas sorriu.

            – É isso que você ganha por acordar em Vegas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nem todos são fãs do casal Liam/Miley nem da interpretação dela como uma stripper, mas eu acho que gostei desse conto. Podem acabar comigo nos reviews, é. Mas levem em consideração a história, também. Beijinhos, nhac =3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The World" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.