Ecos do Passado escrita por Isabelle


Capítulo 6
Ecos do Passado


Notas iniciais do capítulo

A fantasma ataca novamente!
Espero que gostem !
Boa Leitura!!!



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Capitulo  V

                 Ecos do passado

 

 

No dia seguinte a febre não voltou, mas John ainda se sentia fraco. Mesmo assim levantou-se e tomou café com Angel, a contragosto - se não comesse, a garota surtaria. Foram ao hospital logo pela manhã, e voltaram com um exame negativo para qualquer doença. Para completar a frustração, John e Angel não conseguiram se adiantar muito no diário.

 

Por volta de três horas da tarde as criadas pediram permissão para sair, pois precisavam ir ao continente para tratar de assuntos particulares. Angel as dispensou sem problemas. Mas, minutos depois, ela e John estavam na sala quando a dama fantasma apareceu.

 

- John, olhe... – Angel apontou para o pé da escada, e John acompanhou seu gesto. Lizie estava avançando em direção aos dois.

 

Angel buscou as mãos de John e apertou-as entre as suas. A respiração dele estava descompassada; agora ele acreditava no que via.

 

John levou as mãos à cabeça, sentindo-se incomodado com a proximidade do espectro. Mas ela se aproximou mais e tocou a cabeça de John, fazendo-o gritar. Uma dor forte o percorreu e uma explosão de lembranças assaltou sua mente. Trincou os dentes. Angel, impotente, gritou para Lizie, sem entender o que estava acontecendo:

 

- PARE! ESTÁ MACHUCANDO ELE!

 

- É a única chance que nós temos... – Era a primeira vez que Angel ouvia a sua voz; era etérea, cristalina, e dava uma sensação de calma. – Somos almas gêmeas! Eu esperei por ele todos esses anos, e agora ele está aqui! Ele precisa se lembrar!... – então, ela soltou John e deixou-o cair, desmaiado, no chão, e sorriu para Angel – Agora só depende de você. Por favor, me liberte...

 

Os olhos de Angel se arregalaram, cheios de lágrimas

 

- EU NÃO SEI COMO!

 

- Sim, você sabe. – Lizie voltou a se afastar, sorrindo ternamente - Procure dentro do seu coração.

 

Lizie desapareceu tão repentinamente quanto aparecera, desvanecendo no ar.

 

- John! – Angel saltou para o chão, onde John estava desmaiado. - Meu amor, olha pra mim! John! JOHN!

 

Angel pela primeira vez não sabia o que fazer. Ali, longe de tudo que a deixava segura, tentou tirar John do chão, mas o garoto era pesado, ou era ela quem estava muito fraca. Assim, Angel desistiu de carregá-lo e correu para a biblioteca, pegou sua valise e voltou rápido para a sala. Examinou John rápido e com cuidado; o coração estava fraco, seu pulso muito baixo, e sabia Deus mais o quê.  Pegou o celular sobre a mesinha e ligou para Ginny, o único nome que lembrou.

 

- Acalme-se Angel! – disse a ruiva, assim que Angel lhe contou a história, aos gritos. – Eu vou ligar para uma pessoa conhecida minha aí do hospital, ela vai te ajudar. Acalme-se, eu estou indo!

 

Cinco minutos depois, Ginny e Harry aparataram nos fundos do solar. Antes de entrar fizeram um feitiço de glamour, para se passarem pelos “amigos médicos de Ginny”.

 

Disfarçados, Ginny e Harry ajudaram Angel no que foi possível. Colocaram o rapaz na cama e, sem que Angel percebesse, Harry fez uma varredura em Draco. O garoto estava mal; nessas circunstâncias, não era conveniente tirá-lo do local nem por meio de magia.

 

- Por favor, me ajudem a colocá-lo no carro. Vou para Londres agora.

 

Harry e Ginny se entreolharam.

 

- Acho que não vai conseguir. – começou Harry, inventando desculpas. - O porto está fechado por mau tempo. Terá que tratá-lo aqui mesmo.

 

- Mas acalme-se! Ele precisa de você! – Ginny completou. - Por que não faz uma lista do que precisa? Nós conseguimos no hospital!

 

Angel respirou fundo e olhou para John. Então pegou lápis e papel e escreveu o que precisava – menos, é claro, uma UTI, que era na verdade o que ela mais queria no momento – e entregou a lista para os dois supostos médicos.

 

Com a lista em mãos, Harry saiu e aparatou no Saint Mungus, procurando Hermione, que no momento era a única que poderia salvar Draco. A morena ficou surpresa com a descoberta de Draco Malfoy vivo, lúcido e falando, mas se prontificou a ajudar; ela pegou algumas poções (que transfigurou em medicamentos trouxas) e, como conhecia bem a medicina trouxa, conseguiu juntar tudo o que estava na lista de Angel. Com tudo pronto, ela e Harry aparataram novamente no Solar Reed.

 

Quase três horas mais tarde, com John já estável, os dois ajudantes de Angel saíram. Era hora de Harry e Ginny chegarem.

 

- Quando você disse que viria, eu não acreditei! – As palavras de Angel mal eram ouvidas por entre o forte abraço que ela deu em Ginny enquanto falava. -Que bom que está aqui! Agradeço tanto!

 

- Olha, Angel... – Ginny se soltou do abraço e olhou firme para a médica. – Nós temos que conversar. Venha.

 

- Não posso deixar John...

 

- Hermione fica com ele um pouquinho.

 

Hermione afirmou várias vezes com a cabeça, se preparando para começar os procedimentos bruxos assim que Angel não estivesse mais por perto. Ela ainda não tinha entendido bem a história que Harry contou.

 

- Qualquer coisa eu te chamo, doutora Reed!

 

Assim, Ginny e Harry conseguiram puxar Angel para a sala, onde se sentaram. A médica ainda estava abalada, e Ginny soube que eles deviam ir com calma com aquela conversa.

 

- Você encontrou Lizie.

 

Não era uma pergunta, mas Angel respondeu-a assim mesmo:

 

- Sim. Três vezes.

 

- O que ela disse a você?

 

- Na primeira vez, ela me mostrou um álbum com desenhos dela e de John, quero dizer, de um homem que se parecia com ele. Acho que era seu amante, caso contrário, esse álbum não estaria escondido. – Angel não olhava para os bruxos, pelo contrário: parecia concentrada em olhar para onde fosse, menos para eles. - Na segunda vez, me mostrou uma sala com um alçapão em forma de círculo no meio. E, na última, ela tocou John e disse que esta era a única chance dele e que tudo dependia de mim. Ela disse que eu deveria libertá-la.

 

Para a surpresa de Angel, Ginny e Harry pareciam acreditar em toda aquela insanidade que ela despejava sem a menor cerimônia.

 

- Olha, Angel... O que vamos contar agora pra você pode parecer estranho, mas é a pura verdade. – Harry fez uma pausa e olhou para Ginny, que o incentivou com um aceno de cabeça. – Nós somos bruxos. Existe, sim, um mundo dos bruxos. Não somos lenda ou fantasia de vocês. Nós somos reais.

 

- Olha, Harry, de todas as coisas estranhas que me aconteceram nos últimos dois meses, essa ganhou o primeiro lugar. Fala sério! Isso é um complô pra me enlouquecer?

 

Harry sacou a varinha e fez alguns feitiços simples. Angel não tirou os olhos da varinha.

 

- Você já viu uma dessas. – afirmou o bruxo, vendo que o olhar de surpresa de Angel não era igual ao dos outros trouxas a quem a magia era apresentada. -Não viu?

 

- Na verdade, sim. Tenho uma, estava dentro da caixa. Ai meu Mer... – antes de terminar a palavra “Merlin”, Angel arregalou os olhos, repentinamente surpresa. - John também é um?

 

- Sim. O nome dele é Draco Malfoy.

 

- Malfoy? Malfoy é o nome do amante de Lizie! Ela pensa que John é seu amante! – Angel balançou a cabeça e se levantou. – Isso é um pesadelo e eu quero acordar!

 

- Infelizmente, não é um pesadelo. Até gostaríamos que fosse! – Disse Harry, ainda digerindo a novidade. Um Malfoy na história da casa!

 

Angel voltou para a biblioteca correndo, e pegou Hermione ainda com a varinha em punho.

 

- Afaste-se dele!

 

- Calma, Angel! – Ginny se colocou imediatamente entre Hermione e Angel, temendo algum possível desastre - Ela é uma medibruxa, uma médica, como você. Ela está ajudando Malfoy!

 

- Eu já terminei. – Disse Hermione, guardando a varinha.

 

Angel respirou fundo e ajoelhou-se ao lado de Draco (um nome bem estranho, pensava a garota). Com certeza ele havia lembrado, se não tudo, muito da sua vida, e provavelmente iria voltar ao seu mundo e a deixaria amargando uma solidão dolorosa. Ela segurou as mãos do rapaz com carinho. Eram frias, brancas e finas. Definitivamente ele não era um indigente; era Draco Malfoy, um bruxo. E, depois daqueles dois dias na ilha, Angel acreditava em tudo.

 

Angel não queria saber de mais nada, apenas ver mais uma vez aquelas íris que a enfeitiçavam. Ginny não conseguiu tirá-la de lá, e Hermione não conseguiu acordar Malfoy para acabar logo com aquilo. Os bruxos ali sentiam que a garota trouxa sofria e que amava Malfoy – um péssimo gosto, na opinião de Harry, mas, afinal, gosto não se discute, lamenta-se.

 

Já era madrugada quando Ginny chegou perto da cama, tocando de leve o ombro de Angel.

 

- Por que não descansa um pouco, Angel? Você está precisando. Eu chamo se Draco acordar.

 

- Por favor, Ginny, me deixe. – Angel tinha os olhos molhados.

 

- É melhor obedecer a ruiva mandona, ou ela te azara... – A voz de Draco era quase um sussurro e ele ainda mantinha os olhos fechados. Não precisava abri-los para saber que era Angel quem segurava a sua mão.

 

- John!

 

- Malfoy!

 

As duas garotas falaram ao mesmo tempo.

 

- Ou então vem para esse lado da cama...  – continuou o loiro, seus lábios se torcendo em um sorriso leve - Eu vou apreciar mais...

 

Angel deu a volta na cama e Malfoy a acolheu. Ginny e Hermione se perceberam sobrando e saíram do quarto. O silêncio reinou por um tempo na biblioteca, até Draco respirar fundo e dizer, num sussurro muito baixo:

 

- Se a sabe-tudo e a ruiva estão aqui, então você já sabe que não pertenço ao seu mundo...

 

- Sei apenas que não estou confusa. Eu amo você, John, ou Draco Malfoy, bruxo ou humano, não importa! – Angel se ergueu na cama para encarar o rosto de Draco - Resta saber o que o senhor bruxo pensa a respeito de toda essa situação.

 

- Não pense que vai se ver livre de mim, doutora Reed. – Draco ainda tinha o tom leve e brincalhão na voz - Eu apenas recuperei minha memória antiga, não perdi a nova. E nem meu... Nem meu amor por você, anjo.

 

Angel tinha lágrimas que traçavam seu rosto. Malfoy capturou seus lábios num beijo doce, e depois a estreitou em seus braços.

 

- Agora, eu quero que você durma e não chore mais. Não quero ver mais lágrimas em seus olhos.  E amanhã pela manhã vamos nos resolver com esse fantasma. Ninguém vai te expulsar da sua casa!

 

Angel sorriu, se aconchegando nos braços de John... Ou melhor, de Draco.

 

- Você me enfeitiçou, Draco Malfoy...

 

O dia começou cedo no solar. Ginny dispensou as criadas e serviu o café da manhã para todos na biblioteca. Angel virou os olhos quando viu toda aquela magia fluir bem diante de seus olhos; ainda não sabia bem se iria se acostumar com aquilo.

 

- Bem que você poderia ter dado um jeito na minha perna, sabe-tudo!

 

- Draco Malfoy está de volta a todo vapor, e vai tirar o atraso de seis anos! Preparem seus ouvidos para as pérolas! – resmungou Hermione, se aproximando com sua varinha. – Você sabe muito bem que precisa ir para o Saint Mungus para isso, Malfoy.

 

- Se vocês dois, irritantes, me derem licença, temos negócios mágicos a tratar! – Disse Ginny, interrompendo a “conversa animada” de Draco e Hermione.

 

- Você tem razão, Ginny. E a única maneira é terminar a leitura do diário da Lizie. Ele deve dizer o que aconteceu aqui.

 

Angel pegou a caixa com o diário e a abriu, deixando à mostra a varinha. Ela olhou novamente para a varinha; por fim, pegou-a e a entregou a Malfoy.

 

– Ela é sua agora, Draco.

 

Draco a segurou, inseguro. Não sabia se seria capaz de fazer magia novamente.

 

- Accio rosa vermelha!

 

Uma rosa vermelha que estava na sala de visitas adentrou o quarto e parou em suas mãos. Draco sorriu e entregou a flor para Angel.

 

- Estamos perdidos! O trasgo faz magias, tem uma varinha, e está amando! – Hermione brincou, virando os olhos e se sentando em uma poltrona com falso ar de contrariada, arrancando risadas de todo o grupo e pensando que a sua fala se completaria com “amando uma trouxa”. Merlin tinha mesmo senso de humor, afinal.

 

- Exibido! – Angel sentou-se na cama ao lado de Draco, cruzando as pernas, e começou a ler de onde havia parado. 

 

Isle of Wight – Setembro de 1814

 

Eu estava de pé olhando para o poente.

 

Era um campo de trigo

 

Aos meus pés o homem que mais me amou na vida.

 

No poente o único homem que amei na vida.

 

Quando me dei conta estava de joelhos e derrubava lágrimas amargas sobre o peito daquele que mais me amou na vida. Ele jazia sem vida sob meu corpo.

 

Eu não chorava pelo homem morto.

 

Eu não chorava pelo homem que fugia em direção ao poente.

 

Eu chorava por mim...

 

O sangue se misturou ao dourado do trigo. Minhas lágrimas secaram. Eu caminhei pelo campo dourado na direção do poente, que àquela hora mais parecia um quadro acidentado em que o pintor houvesse derramado várias tintas. O céu foi perdendo a luz aos poucos e eu vi a lua cheia surgindo no horizonte. Atrás de mim, o que poderia ter sido e não foi. À minha frente, meu pecado.

 

Agora estava só... Completamente só. Arrastaria os dias da minha existência purgando meu único pecado: amar. Entrei na casa vazia e percebi que não poderia viver ali com a lembrança dos dias que passamos juntos, meu pecado, meu único pecado. Enquanto o meu Senhor defendia nossa liberdade, eu me entregava ao amor...

 

A luz que iluminava meu portão foi apagada naquele dia. A cada passo que eu dava na casa, via seu rosto, seu sorriso, sentia seu cheiro.  Mas, via também o olhar de decepção e desalento do Senhor daquela casa, meu marido.

 

Não sei quanto tempo se passou, ou como eu sobrevivi até o dia em que minha criada chegou com a notícia. O meu único pecado havia sido enforcado. Com ele encontraram meu pingente. Ele morreu apertando-o em suas mãos. A criada o havia resgatado junto ao coveiro, que vendeu a jóia a ela por qualquer coisa. O pingente, uma borboleta com esmeraldas e jade nas asas, estava comigo desde que nasci.

 

Agora não há mais barco que me leve daqui. Tudo acabou. Minhas escolhas me trouxeram até este ponto. Não há perdão para mim. Não quero viver. Não mais. Ainda hoje vou pedir a minha criada que prepare tudo. Vou voar para longe da gaiola, finalmente...

 

Isle of Wight – Março de 1815

 

Não pude voar. Adele me salvou daquela insanidade. Minha criada me deu a chance de deixar o fruto do nosso amor nascer. Naquela noite eu me jogaria do alto do farol, voaria finalmente; mas ela não permitiu. Dias depois descobri que você, minha criança, crescia dentro de mim. Então não pude mais voar.

 

Por você eu sobrevivi a um castigo pior do que a morte; mas eu o amo ainda mais, mais do que amei seu pai. Mais do que amo a mim mesma. Olho para minha barriga e sinto você chutar. Tento adivinhar seu rostinho, suas mãozinhas, seu corpinho.

 

Adele cuida de tudo. Eu apenas encaro o poente.

 

Isle of Wight - Abril de 1815

 

Eu sou Adele Weasley. Este é o diário de minha patroa, a quem servi com lealdade. Ontem, dia 13 de abril, ela deu a luz a um garoto. Ele é muito pequeno e não tem muita chance de sobreviver. Minha senhora morreu minutos depois do parto; só teve tempo o bastante para dar um nome ao menino que viu por tão pouco tempo: Jonathan.

 

O Padre da igreja local esteve aqui, e não quis encomendar a alma da minha senhora. Ele disse que ela era uma pecadora. Mas batizou o bebê ainda assim, pois as crianças não têm culpa pelos erros de seus pais. Jonathan levou o sobrenome da família Reed. O Padre disse que escreveu aos pais de minha senhora e do senhor Reed, pois é seu dever de cristão acolher essa alma inocente.

 

Eu fui testemunha do amor de Lady Reed e do senhor Malfoy. Sou bruxa e acabei de fazer o feitiço do amor eterno, invocando a alma do enforcado. A única que poderia fazer essa invocação seria Lady Reed, mas ela está morta. Enterramos seu corpo no jardim de rosas, que era seu lugar favorito.

 

Este foi o último feitiço que fiz na vida. Vou me dedicar a cuidar desse bebê.  Ele vai sobreviver, sim, e levará a linhagem da sua mãe adiante. E um dia nascerá uma Reed que poderá terminar o que comecei, e dar descanso a minha senhora.

 

Com minha varinha e o pingente da minha senhora, meu livro de feitiços poderá ser encontrado. Estou colocando ambos nesta caixa, juntamente com este diário que está em suas mãos, herdeira Reed. Rezo para que o feitiço que coloquei nesta caixa tenha gerado o efeito desejado, e que você, jovem Reed, possa dar o merecido descanso a nossas almas.

 

Que o amor dos dois possa viver em paz na eternidade.  

 

Adele Weasley

 

Ao final da leitura, todos se entreolharam.

 

- Minha magia aceitou a varinha de uma Weasley!  - Draco parecia em choque. - Um Avada seria mais misericordioso!

 

- Cala a boca, Malfoy! – Todos exclamaram, em uníssono. O garoto arrogante e preconceituoso estava de volta, com certeza.

 

- Que feitiço é esse? – Perguntou Angel, olhando para os bruxos na biblioteca.

 

- Era usado para que as almas enforcadas encontrassem a luz e a alma de quem o invocou.  – explicou Hermione, solícita. - Adele achou que conseguiria mesmo com Lizie morta, mas não conseguiu. Agora, Lizie e Malfoy estão presos a esse mundo.

 

- Hey! Esperem um pouco!  - Draco interrompeu as explicações com um ar intrigado e levemente ofendido. - Esse Jonathan não pode ser um Malfoy, minha família é puro-sangue!

 

- Não entendi. – Disse Angel, olhando para Draco. Harry virou os olhos.

 

– Esse Jonathan, pelo visto, não é bruxo. E se os Malfoys são puro-sangue, eu também não entendi.

 

- O amante de Lizie era um Malfoy, sim, mas o pai de Jonathan era um aborto que foi mandado com uma babá para a Londres trouxa, bem longe dos olhares da sociedade bruxa da época. – explicou Ginny, o que surpreendeu a todos, especialmente Harry. - A família tinha um pouco de humanidade e não matou esse aborto, como seria a tradição. Como sempre foram ricos, os Malfoys bruxos providenciaram para que o aborto tivesse uma vida de posses também. – ao ver todos os olhares intrigados dos expectadores, Ginny deu um sorrisinho amarelo e corou. – Eu pesquisei a família Malfoy depois que minha mãe me passou as chaves do solar e me contou a história do triângulo amoroso...

 

Angel não entendeu muito da explicação de Ginny, mas sabia que Draco estava arrasado com a descoberta. Ele tinha uma expressão dolorida na face.

 

- E eu que sempre me orgulhei de ser um puro-sangue... Um antepassado aborto! Um aborto, uma varinha Weasley e uma... – Draco conseguiu segurar a língua a tempo; estava prestes a chamar Angel de trouxa ou coisa pior. Os outros bruxos perceberam, e contiveram o riso. Draco, no entanto, continuou irritadiço e indignado. – Se Lucius estivesse vivo, eu o mataria, com certeza! Ele me fez passar por todo aquele treinamento, usar a marca, servir o Lorde, tudo em nome da honra da família, em nome do sangue! Que honra? Que sangue?

 

- Percebe agora o lado certo daquela guerra insana, Malfoy? – Perguntou Harry, lançando um olhar compreensivo para o loiro. Draco, é claro, não respondeu.

 

 Angel tocou a mão de Draco e a apertou, dando-lhe apoio.

 

– Eu não mereço você... – Draco a encarou com tristeza.

 

- Bem, – Harry disse, cortando o clima meloso entre os dois. – nós precisamos do livro de feitiços de Adele. Vamos procurar, a casa é grande!

 

Hermione se levantou em um salto.

 

- Estamos em uma biblioteca, não há lugar melhor pra se começar!

 

A busca começou. Toda a vasta biblioteca foi revirada, livro por livro, e nada foi encontrado. Definitivamente, o livro de Adele não estava ali. Um pouco frustrados eles pararam por um instante e se olharam.

 

- Deve ter um esconderijo, algum lugar especial... – Harry foi bruscamente cortado por Angel:

 

- O quarto onde eu estive na penúltima aparição da Lizie! Só pode estar lá!

 

Angel levantou-se, apressada, sem esperar por ninguém. Quando os outros bruxos se puseram a segui-la, Draco rosnou, contrariado em ser deixado para trás:

 

- Nem pensem em me deixar aqui!

 

Harry fez um feitiço para diminuir o peso de Malfoy e o ajudou a sair da cama, tentando acompanhar o ritmo das três garotas, que já haviam desaparecido escada acima.

 

- Mais rápido, testa-rachada, ou só vamos chegar lá no próximo século! – Cuspiu Draco, ansioso.

 

- Cala a boca, Malfoy, ou eu te deixo no meio da escada! – Harry retrucou, lançando um olhar de poucos amigos para o loiro impaciente, que revirou os olhos.

 

Por fim chegaram ao quarto. No centro do aposento, um enorme lacre de bronze, adornado por desenhos que pareciam contar uma história, selava alguma coisa muito importante. Todos estavam encarando, maravilhados, o círculo de metal, quando Lizie se materializou no aposento e apontou para o pingente no pescoço de Angel.

 

A aparição fantasmagórica tomou a mente de Angel e projetou-lhe uma cena do passado. Angel viu perfeitamente Adele guardando seu livro de feitiços, e assim a médica soube exatamente o que devia fazer. Angel pegou o pingente de borboleta que pertencera a Lizie e o colocou no centro do círculo de cobre. O círculo se abriu automaticamente, e de seu interior subiu um pedestal também de cobre, que sustentava um velho livro aberto. Todos se aproximaram.

 

O livro estava aberto na página que continha o feitiço feito por Adele. Hermione leu o feitiço e o ritual em voz alta; não era muito complexo, mas só Angel poderia ler a invocação do enforcado, e só Malfoy poderia criar o círculo protetor do ritual. Descobriram também que este feitiço só poderia ser feito quando o planeta Vênus estivesse favorável, o que aconteceria em poucas horas.

 

- Pessoal, temos pouco tempo para preparar o ritual. – inquiriu Hermione, muito séria. – Malfoy, você pode conjurar os círculos de proteção? Sabe o quanto isso é importante.

 

- Sim, eu sei! Não vou falhar! – respondeu Draco, impaciente; por dentro, ele sabia que Hermione tinha razão. Se falhasse, a alma de Angel poderia se perder naquele feitiço.

 

- Vamos levar o livro para baixo e preparar tudo. – Hermione falou, se encaminhando para o livro novamente, mas uma barreira protetora que não estava ali antes a impediu de se aproximar. A morena olhou incrédula, mas compreendendo tudo. - Tudo isso faz parte do ritual! Não podemos mais mexer aqui, o ritual já começou! Vamos, não podemos nos atrasar!

 

Angel ajudou Harry a levar Draco, e juntos desceram para o andar térreo. Então, Harry, Ginny e Hermione aparataram para providenciar o que precisariam para o ritual, deixando Angel e Draco a sós novamente.

 

Angel sentia cada vez mais a necessidade de ficar perto do loiro. Não podia explicar esse sentimento, mas também não queria pensar nisto, não naquele momento. Draco ainda estava muito pálido. Angel se aninhou no peito dele, sentindo o coração de Draco sob si por um tempo que não contou. A pulsação já estava muito melhor, quase normal. E pensar que quase o havia perdido! O último Malfoy, o único que poderia fazer aquele feitiço. O único que seria dono do seu coração. E agora Angel teria que lutar com um fantasma para não perder seu amor.

 

- Mil galeões pelos seus pensamentos! – Disse Draco, querendo quebrar aquele silêncio.

 

- O que farei com uma frota de barcos velhos, senhor? – Angel perguntou, sem entender bem o vocabulário dos bruxos. Draco riu até lágrimas escaparem de seus olhos grises.

 

- Galeão é o nome de uma de nossas moedas! – Ele explicou, por fim. Angel até tentou se irritar com a crise de risos de Draco, mas não pôde agüentar muito tempo sua irritação.

 

- Pode guardar seus galeões. – a médica respondeu, se aconchegando mais no abraço de Draco. - Só estava pensando em você. Em como quase perdi o último Malfoy.

 

- Nossa! O mundo sofreria uma perda irreparável! – A brincadeira de Draco parou quando Angel o socou de leve. – Bem, espero não ser o último agora que encontrei o anjo da minha vida.

 

- O que exatamente quer dizer com isso? – Angel o olhou, intrigada. Draco sorriu antes de responder:

 

- Depois que acertarmos as contas com o nosso passado, prometo que conversamos.

 

E Draco terminou o assunto com um beijo arrebatador na morena que estava em seus braços.

 

Por duas horas que pareceram intermináveis, Angel e Draco esperavam pelos bruxos, que com certeza estavam com dificuldades para encontrar os ingredientes do ritual. Quando eles, enfim, chegaram, Hermione começou a explicar a Draco os detalhes do círculo de proteção, enquanto Ginny contava a Angel qual seria o seu papel no ritual. Não havia muito tempo. Toda atenção e cuidado eram poucos.

 

 


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