De Volta A Terra Das Sombras escrita por Mediators Demigods


Capítulo 35
Depois do deslocamento, vem sempre a dor de cabeça


Notas iniciais do capítulo

Ooooooi! Chegou o tão esperado capítulo narrado por Paul Slater! Espero que aproveitem!



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Ψ Paul Slater – Depois do deslocamento, vem sempre a dor de cabeça.

Ai, minha cabeça! Aaaai! Era só o que eu pensava depois de acordar.

Todo o meu corpo parecia ter sido espremido em um rolo compressor e depois jogado em um beco qualquer de uma rua qualquer de uma cidade qualquer como uma caixa de trapos.

Eu não conseguia me mover, por causa das pontadas em minha cabeça. Eu só sabia que não estava no meu quarto do hotel, Thalia não dormia como um anjo ao meu lado e havia névoa. Muita névoa.

Eu me lembrava de sonhar. O que era uma droga, porque, desde muito pequeno – talvez uns 3 anos, quando eu já praticava muito bem a arte de andar – eu sou sonâmbulo. Pois é, me processem. Eu andava pelo meu quarto, e minha babá [uma mulher muito estranha, apesar de não lembrar-me dela] me colocava pra dormir de novo e de novo cantando uma musica, até eu pegar no sono.

Quando isso começou a ficar pior, por volta de meus 6 ou 7 anos, minha mãe começou a ficar preocupada e colocou uma babá eletrônica em meu quarto sem ninguém saber. E então ela ouviu a babá gritando desesperada que eu havia sumido enquanto ela tentava correr trás de mim. Simplesmente assim. Sumi, por motivo nenhum e em meio ao nada. Minha mãe acordou meu pai e correu para o meu quarto onde a moça gaguejava sem parar uma sucessão de palavras sem sentido:

“– Senhora Slater, eu juro que ele havia desaparecido. Não aconteceu nada com ele! Mas como... Isso é impossível!

– Eu não quero saber! Vá embora de minha casa! Meu marido acertará as contas de seu salário!”

E ela me pegou no colo. Quando mamãe e papai entraram no meu quarto aquele dia, eu estava caído ao lado de minha cama, com as mãos na cabeça e chorando.

Acontece que não foi um simples pesadelo que me apavorou.

Não foi o sonambulismo.

Na verdade, aquela tinha sido a primeira vez que eu havia me deslocado.

Me deslocado para a terra das sombras.

Deslocamento.

E desde aquele dia descobri que não era um garoto normal. Era diferente. Podia ver e falar com fantasmas. Ver, falar, tocar, sentir os fantasmas e deslocar-me no tempo e espaço. Ir para o mundo dos mortos. E decidi guardar esse segredo para mim. E para mais ninguém. Nunca mais tive crises de sonambulismo. Quer dizer, algumas vezes quando estava agitado e nervoso isso acontecia. E eu sempre ia parar naquele corredor sombrio. Quando eu mencionava que via pessoas invisíveis, todos achavam que eu estava falando de amigos imaginários, não espectros que andavam por ai, como nós.

Então, vivia a vida como se fosse o garoto perfeito.

Até descobrir que o mundo dos deuses gregos existia e que eu estava em uma missão para salvar o mundo.

Até acordar e ver que Thalia não estava ao meu lado.

Eu estava sozinho nessa, e não seria a primeira vez.

– É isso ai Paul! Agora é com você! – eu murmurei baixinho me levantando devagar para não desmaiar de dores de cabeça.

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Não, eu não me esqueci de contar o sonho. Ele foi terrível, vou logo contando, se você quiser continuar a ler, vai em frente.

Mas não diga que não avisei.

“– Thalia, onde nós estamos indo?” – eu perguntava, pois todos nós estávamos andando em meio a uma floresta seguindo um ponto brilhante mais a frente. Era madrugada e o vento frio batia em meu rosto, me deixando arrepiado. Eu conseguia ouvir o barulho dos animais fazendo seus sons irritantes: corujas, grilos, sapos, até mesmo um lobo, uivando ao longe, e o barulho dos galhos, folhas e terra se desfazendo aos nossos passos.

“– Pra um lugar melhor, Paul. Pra um lugar melhor.” – ela sorriu e segurou a minha mão. “– É só seguir a luz, ela nos mostrará a saída.”

Eu continuei seguindo em frente e, a cada passo, eu me sentia mais e mais desconfortável, enquanto eu deveria estar feliz, como meus amigos aparentavam estar. Minhas pernas ficavam pesadas e cada passo que eu dava, me esvaia uma grande quantidade de energia.

O tempo parecia andar cada vez mais devagar: os pássaros não estavam cantando, faziam apenas um barulho irritante e persistente, o vento parecia ter sido soprado para longe e as folhas embaixo de meus pés pareciam vazias, como se toda a vida que pouco lhe restava tivesse sido sugada de lá.

Eu me distanciei de meus amigos, soltando a mão de Thalia.

Uma voz sussurrou em minha cabeça: “Volte a andar e venha até mim...”

Eu olhei fixamente para a luz e consegui avistar uma figura sinistra de capuz. E então percebi que meus amigos não estavam em busca de um lugar melhor: eles estavam sendo forçados a entregar suas energias, abrindo uma das portas da morte.

“– Venha até mim e me entregue sua vida e energia!”

“– NUNCA!” – eu gritei, correndo para o outro lado da floresta, em vão, pois a porta se abriu, emanando uma luz tão intensa que sugou meus amigos para o outro lado.

Não só os meus amigos. Como a mim também.

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– Ah pobre Slater... Ou eu deveria chamá-lo de Slaski? Fiquei sabendo por ai que seu pai foi tão canalha quanto você e mudou o nome do próprio pai com vergonha de ser taxado de louco paranóico. Seu vovô deve ter taaaaanto orgulho de você, não é mesmo? Seu neto depravado! Ou ele está doente e velho demais para poder te dizer um oi?

A pessoa de capuz disse, enquanto eu tentava ficar de pé. Eu apoiei meu lado esquerdo do corpo sobre minha perna e dei um grito de dor. Estava quebrada.

– MEU VÔ NÃO É UM LOUCO DOENTE! VOCÊ É QUE É! MOSTRE SUA CARA, SEU IDIOTA! TEM TANTO MEDO DE NÓS PARA NÃO SE MOSTRAR?! VENHA E ME ENCARE CARA A CARA!

Eu gritei. Mesmo sem forças eu ainda iria lutar.

Tinha que lutar.

Eu faria minha vida ter valido a pena se eu não sobrevivesse.

– Há há há há. Sua coragem me encanta, pequeno herói. Mas você acha que todo seu esforço terá valido a pena quando você descobrir que todos os seus amigos estão mortos? Você viu, não viu? Eles seguiram em frente e passaram a porta. Faça o mesmo e viva com sua amada de olhos azuis.

– Eles... n-na-não... Não estão mortos! – eu disse incerto da verdade, pois o sonho havia me deixado confuso.

– Me dê sua energia e irá pra um lugar bom depois da vida.

– VENHA PEGAR, SEU MONSTRO!

O tempo desacelerou. Eu fiquei tonto e a coisa se aproximava cada vez mais rápido. Senti duas mãos fortes agarrando meu pescoço. Eu me sentia como se meu corpo estivesse perdendo todas as vitaminas e nutrientes, meu sangue ficando branco, passando pelo transparente e por fim desaparecendo de minhas veias, meu coração parando de bater...

Eu engasguei. Meus pulmões já não agüentavam todo o trabalho de transportar oxigênio por minhas veias.

– Ah! Eu não queria ter de fazer isso com uma carinha tão bonita como a sua! Mas você me obrigou a isso. O que você quer dizer aos seus amigos quando eles descobrirem que você morreu pelas mãos de...

Eu interrompi.

Não deixaria isso acabar tão fácil.

Afinal, eu sou Paul Slater. P-A-U-L S-L-A-T-E-R!

– Você não vai dizer nada, por que eu não vou morrer. Eu mesmo virei até você e chutarei a sua bunda até o fundo do Tártaro!

Então, eu usei toda a minha força de vontade para me deslocar de volta. Com uma perna quebrada, o corpo quase sem vida e meu coração falhando de nervoso, eu gritei. E isso, ironicamente, me deu forças para voltar. Eu desejei estar perto de Thalia.

Quando abri os olhos novamente, todos estavam me encarando e a luz quase me cegava. Thalia segurava a minha mão. Fiquei feliz em estar vivo. Claro. Porque assim eu poderia sempre ver a garota dos olhos azuis elétricos.

– Ah, deuses! Paul! O que aconteceu com você? Será que você vai ficar bem?

– Isso depende. – eu respondi. – Você vai ficar ao meu lado?

– Claro, claro que sim.

– Então eu vou ficar bem. – disse eu, desmaiando. Pois é, depois do deslocamento, vem sempre a dor de cabeça.

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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Mereço reviews e recomendações?
Quero dizer que eu adorei escrever esse capitulo porque não se sabe muito bem da infancia de Paul, mas acho que essa narração foi bem estilo dele.
Até o próximo capitulo!



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