O quanto aquela situação poderia ficar mais estranha? Para Leah ou para Sean, não havia diferença, aquilo já estava ruim o bastante.

Leah estava sentada, com os braços cruzados ao lado de Sean em seu carro. Ele a havia convencido a ir até o prédio de seu pai, o chefe da organização queria conhecer sua nova aquisição. Era apenas um procedimento normal.

Só que se era algo tão comum, porque Megan não podia levá-la? Por que justo Sean tinha que ficar tão desconfortável em seu próprio terreno com uma garota que ele mal conhecia?

Sean tinha que admitir a si mesmo que havia algo no ar entre eles. Algum tipo de magnetismo, algum tipo de tensão e desequilíbrio emocional, que nenhum dos dois era capaz de entender. Algo que os deixava totalmente sem graça, em posição de defesa, prontos para atacar um ao outro ao menor sinal de perigo.

O que seria aquilo? Pensava Leah, desolada. Ela não devia ter saído de sua cama naquela manhã. Não devia ter atendido a porta, muito pelo contrario, devia ter fingido que já tinha saído para ir à escola. Mas ela tinha que ter ouvido sua estúpida consciência.

O garoto parou o carro na entrada de um prédio alto e majestoso. Aquela construção exalava poder e superioridade, fazendo com que qualquer outro edifício próximo a ele não passasse de um monte de sucata.

Sean saiu do carro e o manobrista abriu a porta para que Leah também saísse. A loira seguiu o garoto, entrando pela fachada do prédio e adentrando o hall. Sean cumprimentou os seguranças em uma mesa no centro do hall e seguiu direto para o elevador.

Leah tremeu, por um instante. Imaginando fracamente como seria ficar em um cubículo como aquele com Sean. Sua mente fervilhava entre milhares de possíveis acontecimentos, só que ao contrario do que Leah queria, a atitude dos dois reprimia o que sua mente produzia.

O elevador subiu os andares lentamente, até parar na cobertura, abrindo as portas em uma sala chique de espera, com duas mulheres de seus 20 e poucos anos ostentando beleza e juventude como secretarias. Leah se sentiu intimidada por elas, quando Sean pediu que ela esperasse nos sofás enquanto falava com as mulheres.

As duas distribuíram sorrisos e gestos a Sean, as quais deram uma pontinha idiota de ciúmes em Leah, e só deixaram Sean ainda mais enojado. Ele odiava aquelas duas, desde que descobrira que elas eram o motivo por seu pai não ter feito nada em relação a sua mãe no passado.

Mesmo que as mulheres não soubessem de sua culpa, e tratassem Sean como sempre o fizeram o garoto agora já crescido, não caia mais em tentações fracas como aquelas. Tudo o que era fácil demais e óbvio demais, se tornava apenas um tédio ao garoto. Ele preferia as coisas difíceis, enigmáticas e um tanto quanto desafiadoras, fazia com que tudo ficasse mais excitante e não apenas um pote cheio de luxuria sendo servida em uma bandeja de prata quando ele estalasse os dedos. Era assim que Sean via aquelas duas mulheres, apenas como fáceis demais.

Sean pediu apenas que elas avisassem a seu pai que ele havia chego e pedissem a ele que não se demorasse tanto, depois foi se sentar ao lado de Leah que pestanejou surpresa ao ver a indiferença com que ele tratara as mulheres. Se ela soubesse...

A loira parou de pensar por um momento no garoto ao seu lado e começou a apertar as próprias mãos em um claro movimento de ansiedade e nervosismo. Ela se perguntava o que um grande e poderoso homem de negócios mundialmente famoso iria querer com uma garota simples e recém chegada como ela.

- Quer parar com isso. – Sean mandou, sendo rude e frio. Leah parou por um momento, o encarando.

- Não posso evitar, não sei o que vocês querem comigo. – ela rebateu, usando o mesmo tom dele.

- Não haja como se fossemos matá-la, se quisemos você embaixo da terra eu já teria cuidado para que isso acontecesse. Lucius só quer conversar com você, então controle-se. – ele disse sento tão arrogante como antes.

Leah apenas revirou os olhos e tentou parar com sua irritante mania. Ela começava a nutrir uma raiva por aquele garoto. O jeito controlador e totalmente superior com que ele falava, estava se tornando demais para ela.

Ela tratou de superar, não era agora que ela deixaria com que alguém a rebaixasse, mesmo que essa pessoa fosse Sean Black. A verdade era que Leah não era tão boba e fraca como parecia ser. Por fora ela era apenas frágil, mas por dentro de seu peito batia um coração tão forte como o de Megan. Ela já havia passado por poucas e boas, não seria agora em frente a um homem de negócios que ela fraquejaria.

A estratégia de vida da garota era simples, fingir-se de fraca e se rebelar mais tarde. Enquanto seu momento não chegasse, ela agüentaria aquela nova cidade e aquelas pessoas o máximo que pudesse. Apenas para deixá-los surpresos mais tarde e mostrar a todos de quem ela era filha e quão forte ela havia se tornado sem a ajuda deles.

As portas do escritório finalmente se abriram, e de lá saiu um senhor de cabelos grisalhos e paletó cinza. Ele passou pelas secretarias com um olhar firme e sério, fazendo apenas um simples aceno de cabeça para Sean antes de entrar no elevador e sumir.

Leah cogitou a hipótese de perguntar a Sean quem aquele homem era, mas se conteve diante do fato de que o garoto não mostrava sinal algum de ser ao menos educado com ela.

- Sean, seu pai pediu que vocês dois entrassem. – uma das secretarias disse.