Evil In Love escrita por LittleSet


Capítulo 10
Capítulo 10




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Seus cabelos voavam junto do vento, se embaraçando conforme ela corria. As lágrimas formavam linhas limpas em seu rosto cheio de fuligem. Em certo momento a menina parou de correr, ela sabia do que fugia, mas não sabia para onde ir.

Não havia ninguém em sua casa. Apesar de aquela ser a primeira vez que ela desejava com todas as suas forças que tivesse alguém lá, esperando por ela. Que ela torcia, para que tudo o que se passava em sua cabeça fossem apenas partes de um pesadelo incompleto.

Ela queria correr para os braços de sua mãe e ouvir os conselhos de seu pai. Queria sentir o perfume e chorar no colo dos dois, como quando tinha 7 anos de idade. Ela queria dizer a eles o quanto sentia muito, só que já era tarde demais.

A menina, agora era uma mulher. Ou apenas um projeto de uma. Tudo por causa daquela malfadada noite, tudo por causa de uma simples festa.

Ela se lembrava das luzes, piscando por todos os cantos daquela sala escura, lembrava de como se sentira desnorteada, perdida. Lembrava-se do cheiro do álcool e do suor das pessoas. Dos corpos perto demais do seu, enquanto ela se movia ainda mais para perto daqueles que ela nunca vira antes.

A bebida descera por sua garganta, cortante, queimante. Deixando-a revigorada, tomando o lugar de uma amnésia temporária, fazendo-a esquecer a briga que tinha acabado de travar. Não era de seu feitio fugir de casa, mesmo assim aquela noite ela quebrara suas próprias regras. Ultrapassara seus próprios limites e pela primeira vez ela não se importou.

Ela quis fazer aquilo, ela quis dar motivos a eles para odiá-la. Talvez assim fosse mais fácil para ela, esquecê-los. Seu coração estava cheio de rancor, de dor.

Tudo se apagara depois daquela ultima música, ela recordava ter pensado ser sua preferida. Naqueles tempos, trariam sorrisos de boas lembranças. Nos dias de hoje, traziam lágrimas de arrependimento.

Depois mais nada. Apenas o nada, apenas o vazio e uma sensação de algo grudento em baixo de si. Molhando seu pescoço, colando sua blusa ao seu peito. A garota abrira os olhos, vendo uma cor vermelha espessa perto de si.

Levantando-se assustada ela se encontrara com seu maior pesadelo. Aqueles que ela mais amava, estavam mortos diante de si. E o pior... Ela tinha sangue nas mãos.

Não! Ela pensara agoniada. Não! Ela gritara desesperada. Ela nunca faria nada daquilo com eles. Ela já tinha caído tantas vezes, não podia continuar se não os tivesse ao seu lado.

A garota gritou e chorou, jogado sobre os dois corpos sem vida. Ela não se aproximou do telefone pra chamar a policia, mas suspeitou que algum vizinho tinha feito algo ao ouvir seus gritos.

Sem pensar duas vezes, ela se dirigiu a cozinha, e ainda com a ressaca da noite anterior girou todos os botões do gás, deixando o cheiro inebriante tomar conta do cômodo. Ela pegou um fósforo na cozinha e se dirigiu decidida de volta a sala.

Abrindo a janela de serviço, ela colocou um pé para fora, na escada de emergência. A garota olhou para trás uma ultima vez. Sinto muito, ela sussurrou ao vento. Acendendo o fósforo e jogando-o perto dos corpos, a menina postou-se a correr, degrau por degrau.

As chamas explodiram as janelas sobre si, e as labaredas tomaram o céu. A garota observou todo o seu passado sendo destruído aos poucos. O corpo de bombeiros foi acionado e a menina correu para longe do prédio.

Leah acordou assustada, suando frio e respirando descompassadamente. Seu peito subia com uma força incrível, a procura de ar. Suas mãos tremiam incessantemente. As lágrimas de seu pesadelo escorriam copiosamente por seu rosto.

Ela havia se lembrado. Lembrava-se agora de como algum tempo depois de sua fuga, a policia a achara no parque. Como eles ofereceram-na ajuda, como ela tinha pego a garrafa de vodca que comprara e acertara a cabeça de um dos policiais. De como eles a tinham deixado presa na delegacia por três dias e mais tarde, alegando falta de sanidade mental, a tinham levado a um reformatório.

Ela se lembrava de como era apenas uma órfã naquela época. Esperando contatarem sua avó, que morava do outro lado do país. Iria demorar se dependesse de Clarisse. A mulher, apesar de ser sua parente mais próxima agora, não a queria por perto. Clarisse estava no auge de sua carreira, vivendo seus 40 e poucos anos com a vaidade de quem tinha 20. Leah sabia que antes de sua chegada Clarisse ia todas as noites aos bares da cidade.

Na verdade, a garota suspeitava que nos dias em que sua avó chegava mais tarde (quase na alvorada), e a encontrava na cama, pensando que ela já estava adormecida, ela estava apenas chegando de um happy hour. Como se fosse à coisa mais normal do mundo, sua avó chegar de madrugada quase todas as noites, bêbada e algumas raras vezes com um convidado soberbo e furtivo atrás de si.

Leah era apenas uma hospede ali, já que pelas conversas de Clarisse de manhã no telefone, a garota suspeitava de que sua avó queria mandar-lhe para um colégio interno. Só que Leah não planejava ir a um colégio interno.

Aquele sonho lembrara-lhe de toda dor que sentira enquanto estava no reformatório. Que ironicamente foram as duas melhores semanas que ela havia tido. Ninguém havia gritado com ela, e os outros adolescentes ali dentro não mexeram com ela. Não depois que a Leah enfiara uma faca na mão de uma das garotas.

Sim, ela fizera isso. Até hoje a garota não sabia explicar o porquê. Talvez fosse porque a adversária estava ameaçando-a, ou porque os insultos que saíram de seus lábios a deixaram ainda pior do que já estava.

Leah também não sabia explicar o valor que seu ato teve dentro daquele perigoso lugar. A garota se enturmou fácil com as outras condenadas ali dentro. E mesmo dizendo que logo sairia do lugar, ganhou um treinamento para quando precisasse se defender.

Leah entrou na penitenciaria como uma garota fraca, mas saiu com um conhecimento básico em defesa pessoal e uma tatuagem no começo da coluna, a qual só a garota sabia da existência.

A garota se levantou, caminhando até a cozinha. Procurando tempestuosamente, o resto de suco que vira em uma das garrafas mais cedo. Ela se dirigiu a sacada do apartamento e abriu a porta de vidro que a separava do ar gelado da madrugada.

A sacada, apesar de pequena, tinha uma decoração muito agradável. Com plantas verdes alvas e jovens, flores sempre desabrochando e um perfume leve e delicado que há acalmava nos dias mais difíceis. Um perfume que lembrava o cheiro de lavanda que sua mãe sempre carregava.

Leah sentou-se em uma das cadeiras que estavam ali. Olhando a vista dos prédios vizinhos e do céu, a garota pensava no que faria a seguir. Megan havia feito uma proposta a ela naquela tarde. A morena disse a ela que poderia treiná-la para ir atrás de quem matara seus pais. Disse que podia dar a Leah o gosto da vingança, limpar seu nome, sua consciência.

A loira nunca havia pensado desse jeito, nunca havia pensado por esse lado. Vingar-se de quem havia destruído sua vida e colocado-a naquela miserável fonte de lamuria, lágrimas e dor. Aquilo nunca tinha lhe passado pela cabeça. Na verdade no momento que Megan terminou sua visita, Leah tinha todos os motivos do mundo para levar a morena a um psiquiatra e saber qual era o problema da nova amiga.

O que eles faziam lá era doentio. O tipo de treinamento deles era inexplicável. A garota tinha todos os motivos do mundo e mais alguns para dizer não. Só que naquele momento ela reconsiderou, ela pensou em aceitar.

Ao pensar no que tinha feito no reformatório. No jeito compulsivo e psicótico que tinha agido lá dentro, Leah imaginou se não teria as qualidades que precisava para entrar e gostar da Black Blood. 


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Notas finais do capítulo

bom, como esse capitulo ja estava mais ou menos pronto, eu resolvi postar hoje... espero que gostem...



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