Capítulo 25.

“VOCÊ PRECISA FAZER AQUILO QUE PENSA QUE NÃO É CAPAZ DE FAZER.’ – Eleanor Roosevelt

PDV Isabella Swan

Com muito esforço consegui fazer Edward me contar o que fizera dois dias atrás. Ele disse que foi à casa de Alice e a obrigou a dizer se foi ela quem deu as informações do nosso casamento ao jornal da cidade. Ela confirmou que fez isso. E ele me contou com lágrimas nos olhos toda a discussão que teve com Alice.

Tentei esconder isso dele, mas me senti pior ainda sobre isso tudo. E, sinceramente, fiquei chateada por Alice ter agido dessa forma. Será que ela não enxergava o quanto estava se destruindo com esse ódio? Será que não entendia que meu caso com o ex-noivo dela era coisa do passado? Que eu não tinha culpa se ele escolheu a mim? Ele poderia ter traído ela com qualquer outra prostituta, por que justamente eu causava essa reação em Alice?

Eram tantas questões. Todas exigiam resposta, porém eu não tinha nenhuma delas nesse momento.

Três dias se passaram desde que o jornal foi publicado. James ligou e desejou que tudo isso se resolvesse. James era um bom homem, merecia encontrar uma mulher que o fizesse vivenciar o amor. Eu torcia por ele.

Algumas pessoas conhecidas de Edward, e que também já me conheciam, ligaram para confirmar se tudo aquilo que estava no jornal era verdade. Não ficamos entrando em detalhes, nossa vida não deveria ser do interesse de ninguém. Edward e eu combinamos apenas confirmar que estávamos noivos e tínhamos uma filha, o resto seria fantasia e ideias na cabeça das pessoas.

De todas as ligações, uma me irritou mais que qualquer outra coisa.

- Olha se não é a prostituta vagabunda que atendeu ao telefone. – ela disse quando eu atendi.

- Quem fala?

- Tanya. – pausou – Tanya Denalli. Já ouviu meu nome, por acaso?

- Sim, eu sei quem você é. – mordi os lábios.

- Ótimo. Eu também sei quem você é, sua piranha idiota. Aliás, achei brilhante a matéria do jornal. Comparar você com a atriz Júlia Roberts foi um grande elogio, não acha? – riu debochando – Enfim, só quero avisar que todos sabem agora o tipo de mulher por quem Edward me trocou. Sinto muito por colocarem ele nessa situação. Ele merecia coisa melhor do que você... Quem deve estar muito chateada é a querida Esme. Oh, ela deve estar desolada. Uma nora decente e da sociedade era tudo o que ela queria para o filho. Ela me adorava, sabia disso? Bom, quem sabe um dia eu ainda faça parte da família Cullen. Talvez até publiquem uma matéria no jornal dizendo que o seu conto de fadas chegou ao fim e Edward preferiu a realidade da gloriosa mulher chamada Tanya ao invés da gata borralheira Isabella.

O riso dela foi mortal, maldoso e frio. Arrepiou minha espinha. E o telefone ficou mudo sem que eu pudesse dizer alguma coisa em minha defesa.

De tudo o que ela disse, o que mais martelou em minha cabeça foi falar de Esme. Esme já não gostava de mim, me odiava. Deveria estar desejando minha morte nesse momento. Eu precisava falar com ela, me desculpar pela confusão e exposição no jornal.

Eu tinha medo, talvez nem tivesse forças pra fazer isso, mas precisava tentar.

...

Deixando Nessie com Claire e mentindo que ia até a faculdade pegar as matérias atrasadas das aulas que faltei, fui à casa de Esme e Carlisle. Seria bom falar com os dois, mas eu não sabia se conseguiria forças para encará-los de uma vez só.

Toquei a campainha e demorou alguns segundos até a porta ser aberta. Fiquei surpresa por ver Esme e não uma empregada abrindo a porta. Quando ela viu que era eu, seu rosto se fechou e ela ameaçou fechar a porta de novo.

- Não! – pedi de modo humilde – Por favor, eu preciso falar com a senhora. Não vou demorar.

Ela hesitou um pouco, olhou na direção da rua procurando por testemunhas, suspirou e abriu espaço para que eu entrasse. Acho que era a primeira vez que eu entrava ali ou então não passava da visita número três. Tudo era bonito e muito bem organizado. Ficamos paradas no meio da imensa sala nos encarando constrangidas e surpresas.

- O que você veio fazer aqui? – por fim, ela quebrou o silêncio.

- Eu... eu... hã... é que...

Fiquei nervosa, queria sair correndo dali. Como eu iria encarar e falar com uma mulher como Esme que exalava sofisticação? Ela me observava fixamente, não perdendo nenhum detalhe do que eu fazia. Respirei fundo três vezes antes de conseguir falar.

- Vim conversar com a senhora. – falei baixinho.

- Não temos nada para conversar. – disse séria – Nunca tivemos nada para conversar. E depois do que saiu naquele jornal, creio que agora é que não temos assunto para conversar.

- Não. Eu não quero ocupar seu tempo, não quero atrapalhá-la. – remexi os dedos nervosa, nós ainda estávamos de pé no meio da sala.

- E minha neta? – ela mudou de assunto.

- Está em casa com a babá. – eu sorri.

- E essa babá é competente?

- Sim, ela é.

- Renesmee está bem? Já faz alguns dias que Edward não a traz aqui.

- Ela está ótima. – meu sorriso se ampliou e vi a surpresa nos olhos de Esme – Está enorme e começando a querer caminhar. Logo vai estar correr pelo apartamento. – ri levemente.

- Diga ao Edward para trazê-la aqui. Estou com saudade dela. – admitiu com dificuldade.

- Eu direi, sim. Nessie adora vir aqui.

Por um instante, tive a impressão de ver admiração nos olhos dela. Mas Esme mantinha uma postura firme que me deixou em dúvida. Percebi que Nessie poderia ser nosso ponto de equilíbrio caso a conversa se tornasse ofensiva.

- Deixando minha neta de lado, volto a perguntar o que te trouxe até minha casa? – indagou.

- Eu acredito que a senhora tenha visto a matéria que saiu no jornal. – comecei sondando.

- Sim, infelizmente eu vi.

- Sinto muito por isso. – franzi a testa – Não tive culpa disso e gostaria que a senhora soubesse. Tenho o maior respeito por Edward e minha filha e jamais iria atrás de um jornal para divulgar aquela matéria. Peço desculpas se aquilo acabou denegrindo a imagem da sua família. Só peço que aceite minhas desculpas e acredite que não tive nada a ver com a matéria.

- Sei que não foi você.

- Sabe? – fiquei confusa.

- Sei. Alice me contou que foi ela. Também me contou que Edward e ela brigaram por causa disso. – ela respirou fundo e balançou a cabeça – Meus filhos estão um contra o outro, jamais esperei que isso pudesse acontecer. Você pode não ter colocado a matéria no jornal, mas essa matéria só está lá por sua causa. Eles só estão brigando por sua causa.

- Eu sei. – implorei – Mas eu não queria isso. Eu evito causar mais problemas do que já causei. Eu nunca vim à sua casa porque sei que a senhora não me suporta e não a culpo por isso. Eu tenho vergonha de ser quem sou, de ter feito o que fiz no passado, mas eu sou mãe agora. Eu amo seu filho e a Nessie mais do que tudo nesse mundo. Me odeio todos os dias por ter me tornado uma prostituta, mas foi o que consegui para ganhar dinheiro na época. E no fundo sei que só me apaixonei por Edward e tenho uma filha maravilhosa por causa disso; talvez sem esse passado sujo eu jamais conhecesse Edward e jamais teria Nessie como filha. – chorei um pouco – E sobre a Alice, nunca disse nada a ela. Sei que ela me odeia por ter me encontrado com John, mas sinceramente acredito que aquilo serviu pra que ela se desligasse dele. Acredite em mim, John nunca mereceu uma mulher como Alice. Jasper sabe cuidar dela e amá-la como nenhum outro faria. Desculpe por manchar a família de vocês perante a sociedade. Mas eu nem sequer falo com Alice, acho que ela poderia ter pensado antes de fazer isso. E Tanya, ela...

- Tanya? Tanya Denalli? – me cortou e franziu a testa – O que Tanya tem a ver com isso?

- Ela me ligou hoje.

- Para quê?

- Pra falar sobre o jornal. Me disse coisas horríveis e isso me fez ver o quanto sua família saiu prejudicada com essa história do jornal. Por isso vim aqui humildemente pedir que a senhora me perdoe por todo o mal que isso causou a vocês. Acima de tudo, as pessoas que mais me preocupam são Edward e Nessie. Me dói ver isso afetá-los de algum modo. Só queria que a senhora soubesse que não tive culpa por terem publicado aquilo. Por mim, ninguém jamais saberia sobre meu passado.

- Por mim também não saberiam. Mas admito que aprecio sua humildade e coragem de vir até aqui se desculpar, isso foi bom.

- Obrigada. Eu vou voltar pra casa agora. – sorri minimamente enquanto enxugava uma lágrima teimosa – Vou falar para Edward trazer Nessie em breve para que você a veja.

- Certo, vou ficar esperando.

- Tchau, senhora Cullen.

Virei-me e saí da casa dela. Falar com ela não iria acabar com o problema, mas pelo menos a ajudaria a perceber que eu não fui a culpada pelas coisas que o jornal publicou. Senti-me mais leve depois de sair dali.

Eu achei que jamais teria coragem de falar com ela cara a cara e, no entanto, eu acabei de fazer isso. Era libertador saber que eu podia encará-la depois de tudo o que já passei!

Voltei para casa e Claire estava brincando com Nessie no chão da sala. Ambas me olharam quando entrei. Nessie gatinhou até meus pés e se pendurou em minhas pernas, ficando de pé e sorrindo pra mim.

- Oi, bebê da mãe. – falei e a peguei no colo, beijando seu rosto em seguida – O que estavam fazendo?

- Montando as peças desse quebra-cabeça que Edward comprou. – Claire disse.

- E deu certo?

- Mais ou menos. – ela riu – Nessie desmonta tudo quando estou quase acabando, mas está sendo divertido mesmo assim.

- Que bom. – eu disse – Você não tem aula hoje?

- Hoje não. Só amanhã.

- E Paul?

- Me ligou agora a pouco para irmos ao cinema e jantar fora mais tarde.

- Bom, então não quero te atrasar. Se quiser ir se arrumar, agora vou ficar em casa com Nessie.

- Tá, obrigada. – sorriu e começou a juntar as peças do quebra-cabeça para guardá-las.

Assim que ela saiu, Nessie e eu fomos tomar um banho. Depois, deitamos na cama para brincar e ela acabou dormindo um pouco. Cansada pelos acontecimentos recentes, acabei cochilando também.

PDV Edward Cullen

Cheguei em casa e tudo estava no maior silêncio. A bolsa de Bella estava em cima da mesinha perto da porta, o que indicava que ela estava em casa. O celular dela e as chaves da casa também estavam ali.

Na sala, o sapatinho de Nessie estava equilibrado em cima da televisão e no sofá havia um pratinho com o resto de uma fruta. Sorri ao ver a cena, era impressionante o modo como uma criança altera a vida da gente.

Larguei minhas coisas no sofá e fui para o quarto. Encontrei Bella e Nessie lá. Estavam dormindo tranquilamente. Fui para o banheiro e tomei um banho demorado; me vesti e deixei que elas dormissem mais um pouco. Me dirigi até a cozinha para preparar algo para jantarmos.

Quando tudo estava quase pronto, Bella apareceu na cozinha com Nessie no colo. As duas sorriram e eu sorri como um bobo ao vê-las.

- Oi. – eu disse.

- Oi, amor. – Bella disse e se aproximou para um beijo breve – Faz tempo que você chegou?

- Quase uma hora. Vocês estavam dormindo, então tomei banho e vim preparar o jantar.

- Que surpresa boa. Precisa de ajuda com alguma coisa?

- Não. Está tudo pronto já. Sente-se e espere.

Bella se acomodou na cadeira que eu indiquei e ficou com Nessie em seus braços. As gargalhadas da nossa garotinha encheram o ambiente e me peguei sorrindo feito bobo. Bella analisava meu rosto quando a olhei, corei um pouco por ter sido pego no flagra.

- Adoro te observar em casa, sabia?

Ela disse de modo sincero. Seu sorriso me derretendo por completo, como eu amava essa mulher!

- Por quê? – questionei.

- Porque você em casa é você mesmo. – deu de ombros – Você fica a vontade, sorri o tempo todo, baba quando Nessie ri, você a venera e isso é simplesmente adorável.

- Você esqueceu um detalhe muito importante.

- Qual?

Aproximei-me e coloquei o prato com a comida sobre a mesa. Depois beijei seus lábios rapidamente e me afastei um pouco para encará-la nos olhos.

- Não é só a Nessie que eu venero. – toquei seu rosto macio – Você também me deixa bobo, também te venero, tanto quanto Nessie. Te amo muito, Bella. Estar em casa com vocês é a melhor parte do meu dia.

Bella sorriu e seus olhos marejaram levemente. Ela aproximou-se de mim, tocou meu rosto roçando seus dedos suaves em minha pele, fechei os olhos para receber a carícia. Quando a encarei de novo, me beijou demoradamente numa espécie de selinho sem fim.

- Você, sem dúvida, é um sonho. – disse ela – O meu dia também só é melhor nos momentos em que estou com você e Nessie. Também te amo, Edward. Apesar de tudo, não importa o que digam e pensem, não me importa o que fui ou deixei de ser, eu te amo com loucura. Jamais duvide do meu amor por você.

- Eu não duvido, nunca duvidei. – sussurrei.

- Ótimo. – me beijou outra vez e sorriu – Vamos jantar antes que essa garotinha aqui resolva protestar e comece a berrar.

Sorrimos e eu terminei de arrumar tudo na mesa. Nessie se divertiu enquanto era alimentada sentadinha na sua cadeira. Bella e eu ainda iríamos enfrentar muitos problemas, mas eu estava preparado para superar cada um deles desde que, no final, eu tivesse o sorriso e as palavras dela para me consolar.