Kingdom of Dragons:Dawn of the Protected escrita por Tsuki Lieurance Eriun


Capítulo 6
V - Libertação


Notas iniciais do capítulo

E chegamos no cap que eu queria *-* Como devem saber, cap 5 é sempre especial. E é nesse que a história começa de verdade
Enfim
Gentem, sei que os caps têm sido curtos, mas esse compensa *-* Preparem-se para ler, pois tem é coisa acontecendo nesse aqui o/
Para acompanhá-lo, lhes dou alternativa 8DD Podem optar por Stand My Ground, de Within Temptation(http://www.youtube.com/watch?v=4sCkAvh50Vs), ou então End of the Dream, de Evanescence (http://www.youtube.com/watch?v=dZd-CWeB7GQ)
Então, é isso. Apreciem a leitura ^^



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Estou caindo

Para dentro das minhas sombras

Com a respiração presa ¹


Os demais fragmentos de vidro desmaterializaram-se quando a garota pegou o que se transmutou em uma espada. Por um momento, achou que eles fossem permanecer ali, para refletir a única luminosidade existente, que era provida pelo vitral. Afinal, não havia estrelas, ou qualquer ponto de luz naquele céu. Só havia negro.

E, mesmo assim, nada era tão opaco quanto os olhos de sua réplica.

–Quanto tempo vai ficar até decidir me atacar, Juno? – começou ela, interrompendo seus pensamentos – Ou será que não consegue sequer fazer isso?

Dito isso, a outra avançou, desferindo um perigoso golpe, que a ruiva desviou por muito pouco. As palavras dela a atingiam de maneira tão forte que ainda não tinha conseguido pensar direito. E nem teve tempo, pois a outra prosseguiu com as investidas.

Ainda não tive tempo para pensar. Percebo que está se prendendo a essa desculpa. – a expressão de Juno não conteve a surpresa ao ouvi-la ecoando seus pensamentos – Mas essa não é a verdade, é?

Com um rápido movimento, a réplica bateu com o punho de sua espada de cristal na mão da ruiva, desarmando-a, em seguida elevando a lâmina à altura do ombro da garota.

–A verdade é que você não consegue planejar. – acusou a outra, olhando-a diretamente – Você não é uma boa guerreira. Sabe disso. Tanto que começou a treinar a mínima prenuncia de uma nova batalha.

Mal terminou de falar, a garota desceu a espada, fazendo um corte profundo no ombro de Juno e o sangue dela macular a cristalina lâmina. Iria causar outro corte, desta vez um no peito, mas a ruiva milagrosamente conseguiu desviar, no segundo seguinte fazendo a Oathkeeper voltar para sua mão e investindo contra sua réplica. Por bem pouco, o corte no rosto dela não foi um ferimento grave. Ambas se afastaram, Juno rapidamente usando uma magia de cura enquanto dava seus passos para trás.

–Sorte. – murmurou a outra, passando a mão pelo corte recente, limpando o sangue que tinha escorrido – Foi com isso que conseguiu sobreviver à última aventura. E, claro, seus amigos lhe dando suporte. Se estivesse sozinha, duvido que teria saído viva da primeira missão.

–Cale a boca! – gritou Juno, pela primeira vez naquele estranho sonho conseguindo desfazer o nó que estava em sua garganta – Você não sabe nada sobre mim!

Para sua completa surpresa, a réplica riu. Uma risada de deboche, que ecoou pela atmosfera do local, e ficou reverberando em sua mente.

–Será que é assim tão idiota? E pensar que você é considerada uma das melhores alunas da sua sala... – desdenhou ela – Eu sei muito sobre você, Juno. Eu sou você. Ou, pelo menos, uma parte de você. Sabe aquela parte da sua mente onde você se perde quase toda noite, se perguntando como a keyblade pode ter escolhido alguém tão fraca, ou então como vai conseguir encarar mais uma batalha, que sabe que será mais forte, sendo tão despreparada? – a ruiva abriu os braços, como se quisesse se mostrar mais – Então. Aqui está a personificação dessa parte!

Houve uma breve pausa, enquanto ela se colocava em guarda. Juno, entendendo que logo ela recomeçaria a atacar, refletiu o gesto, embora ainda estivesse abalada demais para conseguir pensar em como lutaria.

–E, acredite... Sei absolutamente tudo sobre você. Inclusive sobre como te vencer.



–O que é você, afinal? – perguntou o garoto ao fim de alguns segundos que permanecera encarando-o

–É mesmo tão cego? – ironizou o outro – Sou você. Só que em uma versão melhorada.

Uma risada insana cortou o ar no fim da fala. No instante seguinte, o garoto de cabelos negros avançou, ainda rindo. Nick até conseguiu se defender, mas foi por um triz. Logo percebeu, com a sequência de ataques dele, que suas defesas não seriam o bastante. Outra risada ecoou na infinidade negra quando o atacante cessou a sequência, só uma bastando para deixar o keyblader arfando.

–Eu ainda custo a acreditar que você é tão fraco assim. – provocou o primeiro – Ah, sim, lembrei. É por causa disso que estou aqui, não é mesmo? Você sabe desse detalhe. Sabe que é fraco demais, sabe que a keyblade cometeu um enorme erro ao te escolher como seu portador...

–Cale a boca! – gritou Nick, sentindo o quanto aquelas palavras o atingiam

–Ah, quanta malcriação. Não sabe que é errado tentar impedir os demais a dizerem a verdade? – zombou o outro

–Isso não é verdade! – exclamou ele, atacando-o em seguida

O sorriso do moreno se ampliou enquanto desviava e se defendia facilmente. Nick percebia isso, e cada vez mais sua irritação aumentava, o que o deixava ainda mais propenso a erros. Um desses o levando a tomar uma rasteira e ser derrubado, caindo de cara no chão. Virou-se antes de tentar se levantar, encontrando a lâmina negra a centímetros de seu pescoço.

–Pra que tanta irritação, Nick? – o tom zombeteiro dele parecia dar-lhe ainda mais raiva – Será que já se esqueceu do conselho da sua amiga? ‘Raiva é uma boa brecha para a escuridão’. Ah, mas você não está preocupado com isso, está? Na verdade, você quer isso. Quer sentir a escuridão dentro de você, quer sentir todo aquele poder fluindo por suas mãos! Essa sensação te agrada imensamente, não é?

–Não... – balbuciou ele – Não, eu não quero isso! Eu não quero colocar aqueles que amo em risco!

Sentindo que tinha ganhado mais força ao falar isso, Nick conseguiu se desvencilhar da espada e se erguer novamente, iniciando uma nova série de ataques. Mesmo assim, ainda não era o mais forte da luta. Em uma das investidas, acabaram por ficarem frente a frente, as armas emparelhadas uma a outra.

–Tão teimosamente cego... – disse o moreno – Você se enche de raiva para poder usá-la como venda, não é mesmo? Você sabe que o que eu disse é verdade, cada palavra! Mas você persiste em negar, dizendo que não é tão ambicioso quanto sabe que é, refutando a verdade de que você ama o poder que a escuridão lhe proporciona...

–Eu já disse para ficar calado! – ordenou Nick

–Você ainda nem sequer percebeu, não é mesmo? – riu o outro – Quanto mais raiva você sentir, mais força eu tenho!

Dito isso, ele empurrou Nick com um forte chute no tórax, o que o fez quase cair do vitral, só se mantendo nele por ter fincado a Way to the Dawn quando se aproximou da beirada.

–Eu ainda me pergunto como posso ser você. – comentou o outro, agora há alguma distância – O poder realmente modifica as pessoas, não?

Outra risada ecoou. Pelo visto, essa batalha não teria um final tão cedo, tampouco um bom desfecho...



Mais uma vez, fora derrubada. Embora agora fosse de maneira mais forte, afinal saiu deslizando pelo vitral. Não tinha mais muitas forças sobrando. Sua energia para magias já tinha praticamente lhe abandonado depois do corte que levou na altura das últimas costelas e do machucado na sua perna. Havia alguns cortes menores também, mas esses não se dava ao trabalho de curar, tentando economizar energia para ferimentos mais graves.

Apoiando-se em sua keyblade, com um belo esforço, conseguiu se colocar de joelhos. Logo a sua réplica caminhou até ela, a olhando com desprezo enquanto arfava tentando se colocar de pé. De maneira brusca e forte, a garota de pé bateu com o punho de sua espada cristalina na nuca de Juno, fazendo-a cair de novo. Sua visão chegou a falhar por um momento e, quando voltou, permaneceu borrada.

–Você tem muita sorte de esse não ser o mundo real. – a voz da outra lhe pareceu distante, e teve de se esforçar para mover o olhar e conseguir focalizar o rosto dela – Se fosse, você já estaria morta há muito tempo. Mas você não pode morrer em seu próprio sonho... – ela parou por um momento, e um sorriso macabro surgiu em seu rosto enquanto passava a lâmina na bochecha de Juno, fazendo mais um corte – Ou será que pode?

Não conseguia encontrar forças para responder, nem mesmo que fosse para reagir amedrontadamente. Seus pensamentos já corriam sem rumo, chegavam até a estar mais lentos. O exato oposto do seu coração, que conseguia sentir loucamente acelerado dentro de seu peito. Ele parecia não querer desistir da vida, mesmo que ela estivesse se esvaindo do corpo. Mesmo assim, seu coração ainda queria lutar. Mas ela não. Depois de tudo que ouvira sua réplica dizer, e que concordava silenciosamente, não queria mais. Talvez isso só provasse como ela era mesmo uma fracassada...

–Hora de descobrir. – o sorriso da garota de pé se estendeu, e ela ergueu a espada segurando seu cabo com ambas as mãos, mirando a afiada lâmina na direção do peito da ruiva – Se de fato for possível, tenho certeza de que o mundo agradecerá por se livrar de mais uma perdedora.

Então, seria assim que tudo acabaria? Em um sonho, derrotada por si mesma? Estranho meio de morrer, se pegou pensando. Só lamentava não poder se despedir de ninguém...

Quando se lembrou de sua família e de seus amigos, algo dentro de si destravou. Uma força que existia presa no fundo de si mesma, que lhe dava energias quando mais precisava.

Decididamente, não se entregaria tão fácil.

Em um rápido giro, escapou de ser atravessada pela lâmina cristalina. Surpresa era exatamente o que a expressão de sua réplica demonstrava. A garota já tinha se colocado de pé quando os olhares de ambas voltaram a se encontrar. O azul dos olhos de Juno faiscava, sem qualquer sinal de medo, insegura ou abalo. Ela tinha finalmente se encontrado, e driblado a parte de sua mente que insistia em lhe dizer que era uma fracassada.

Com um grito de raiva, a réplica atacou. Mas agora a ruiva já estava preparada. Defendeu e desviou-se de todas as investidas com maestria, apenas esperando o momento certo para atacar. Foi recuando, chegando cada vez mais próxima da beirada do vitral. Quando estava a um passo de cair na infinidade negra, percebeu a brecha perfeita. A outra garota usou de um ataque mais forte, em uma tentativa de empurrá-la, ao que Juno graciosamente desviou, indo para o lado de sua réplica. Esta, presa por ter fincado sua espada no vitral, mal percebeu o movimento. Só percebeu quando recebeu um forte soco na altura de seu diafragma, o que a fez perder o ar e, consequentemente, cair no chão. Juno não perdeu um segundo da chance. Ajoelhou-se e, sem hesitar, cravou sua keyblade na réplica.

Um curto e distorcido grito ecoou, e uma densa fumaça começou a surgir, consequente do iniciado desaparecimento da que fora derrotada. A keyblader não desviou do olhar dela nem por um instante, e poderia jurar que viu um leve brilho de raiva em toda aquela opacidade.

–Guarde minhas palavras, Juno. – falou ela, quase cuspindo as palavras – Você pode ter me vencido, mas isso não muda quem você é. Você vai cair, tenho certeza!

–Eu também. – afirmou a garota, fazendo a outra se calar – Mas isso não importa. Ser forte não é não cair. A verdadeira força é se reerguer. E sei que sempre conseguirei fazer isso.


Nick se levantava com dificuldade depois de mais uma série de investidas. Nem sabia como ainda conseguia se erguer. Sentia que o ar que entrava em seus pulmões não era suficiente, e já estava ferido, com alguns cortes pingando sangue. Tentava pensar no que fazer para ganhá-lo, ou pelo menos para sair dali. Se tivesse mais poder, só mais um pouco...

–Ah, não, você realmente não está desejando poder agora?! – a risada dessa vez foi em tom zombeteiro – O seu pedido será atendido. Só que, claro, o poder virá para mim.

Como se quisesse comprovar o que acabara de falar, ele avançou novamente. Para infelicidade de Nick, os ataques realmente estavam mais fortes que antes.

–Vê o que eu disse? – riu o outro, em meio à sequência de investidas – Sua raiva e sua ambição me abastecem. Antes, elas até podiam te ajudar, afinal eu era obrigado a ficar perdido na sua mente e você se aproveitava disso. Mas não agora. Sou eu quem detém esse poder!

Como último ataque, o garoto de cabelos negros fincou sua katana em Nick, na altura de seu diafragma. Em seguida, de maneira lenta e dolorosa, retirou a lâmina do corpo dele, fazendo-o cair de joelhos. Nick não tinha muita energia mais. Levou a mão ao ferimento instintivamente, sentindo o sangue que cascateava dele. Suas roupas se manchavam de vermelho enquanto o outro apontava a arma na direção de seu coração.

–Acho que já chega de brincar, não concorda? – falou, com o insano sorriso se estendendo ao máximo

Ele nem tinha forças para responder. Abaixou a cabeça, derrotado. Sabia que tinha perdido. Bem no fundo, começava a admitir que fosse verdade cada palavra que ouvira. Era fraco. E desejava imensamente poder. Se tivesse mais, com certeza não estaria daquele jeito...

De repente, algo lhe veio à mente. Ele tinha mais poder. Já conseguira usar a escuridão a seu favor, então por que não agora? Por mais que esse poder estivesse retido naquele corpo a sua frente, ainda era seu. Ergueu o rosto, encarando os olhos amarelos.

–Tem razão. – disse, pausadamente – Chega de brincar.

Pode perceber que o sorriso de seu outro eu congelou. Ao seu redor, uma forte e intensa aura negra surgira, como se tivesse se libertado, e seu olho esquerdo tinha trocado de cor, o verde esmeraldino substituído pelo amarelo. Seus machucados, fossem internos ou externos, começaram a se curar, a energia nova que corria por ele agindo como uma magia de cura. O moreno recuou um passo, e, em seu movimento hesitante, Nick encontrou a brecha perfeita. Levantando-se em um impulso, cravou sua keyblade nele, pego completamente de surpresa.

–Droga... Parece que eu perdi de novo... – reclamou o moreno, começando a desaparecer em meio a uma fumaça negra – Mas esteja avisado, Nick. O primeiro deslize seu e eu retomo o controle.

–Não haverá deslizes. – afirmou o garoto – Eu te asseguro isso.



O céu estava nublado naquela manhã em Radiant Garden. O garoto olhava para ele, mas sem realmente vê-lo. Seus pensamentos estavam perdidos, fixados em uma data ocorrida já há algum tempo, e que duvidava que conseguiria esquecer algum dia.

–Bom dia, Will. – a voz doce automaticamente o despertou

Ele olhou para o lado enquanto Evey se sentava. Como só ouvir a voz dela já o enchia de alegria, e fazia seu coração disparar daquela maneira?

–Bom dia, Evey. – cumprimentou-a, pouco depois voltando a olhar para o céu

–Aconteceu alguma coisa? – a loira indagou – Você me parece meio triste.

O moreno deixou um suspiro triste escapar antes de contar

–Hoje é o ‘aniversário’ de quando eu e Tabitah perdemos nossos pais.

A garota fez uma expressão surpresa, e depois baixou o olhar.

–Desculpe por ter te perguntado... – pediu ela – Não pensei que fosse algo assim...

–Tudo bem. – disse o garoto – Eu tenho de superar isso algum dia de qualquer maneira.

–E como está Tabitah? – indagou Evey

–Ainda estava dormindo quando acordei, por isso sai um pouco para espairecer. – disse, se levantando – Mas é melhor eu voltar para casa. Não quero que ela passe esse dia sozinha.

–Ela ainda sente muita falta dos pais? – perguntou a garota, levantando-se também

–Essa não é exatamente a questão. – murmurou o primeiro

–Então, qual é? – indagou ela, curiosa e preocupada ao mesmo tempo

Will hesitou em responder. A irmã o fizera prometer que esse detalhe sobre ela nunca sairia de sua boca. Não gostava que sentissem pena dela, detestava isso. Porém, Evey era alguém extremamente próxima dele, e em quem confiava de olhos fechados. Respirou fundo antes de contar

–Não conte a ninguém, mas... Tabitah viu nossos pais morrerem.

A expressão da loira foi tomada pelo assombro, enquanto Will continuava

–A maioria das pessoas pensa que os mundos só correm perigo quando há uma guerra. Porém, essa não é a verdade. A escuridão sempre está nos corações das pessoas, esperando a mínima chance para despertar. Um dia, em Traverse Town, houve um ataque repentino de heartless. Eu não estava em casa, tinha passado mal, então estava no hospital. Mas Tabitah estava, assim como nossos pais. – houve uma pausa, o olhar do garoto denunciando quão doloroso era para ele falar sobre aquele dia – Poucos foram os que conseguiram ficar alertas o suficiente para destruir e despistar os heartless. Meus pais não tiveram essa sorte. E Tabitah só tinha doze anos, ainda estava iniciando no aprendizado de magia. Ela também quase foi levada para a escuridão, salva por bem pouco. Tanto que, quando trocamos de mundo, ela ainda ficou alguns meses praticamente em estado de coma.

Evey estava chocada com o que ouvia. Sempre via Tabitah tão animada e forte, nunca poderia imaginar que tinha passado por algo assim, ainda mais na infância. Aproximou-se de Will, colocando a mão em seu ombro, tentando confortá-lo.

–Realmente me desculpe por ter te perguntado. – disse ela – Eu não deveria ter tocado em um assunto tão delicado...

–Já disse, está tudo bem. – ele colocou a mão sobre a dela, não sem ficar levemente corado – Se você perguntou, é porque se importa. Obrigado.

O moreno sorriu ao terminar de falar, e Evey repetiu o gesto.

–Agora vá pra casa. – a última falou – Não quero te tirar de sua irmã.

Will abriu um pouco mais o sorriso, e se despediu dela, em seguida começando a caminhar. Bendita hora que aquela garota cruzara seu caminho.



Quando voltou a abrir os olhos, para seu alívio, não estava mais em um vitral. Porém, contrariando sua suposição, também não estava em casa. Estava em um salão redondo, com a vista do espaço possibilitada por janelas que iam do chão ao teto. Uma fraca luminosidade azul cercava o lugar, emitida por uma enorme ampulheta central. Conhecia aquele lugar, já tinha estado nele. Embora, da primeira vez, não tivesse a companhia de Nick.

–Eu nunca senti tanta falta de noites sem sonhos. – resmungou ele antes que seu olhar recaísse sobre a garota – Juno? O que aconteceu? – demorou meio segundo para que o garoto a observasse melhor e visse o sangue ainda presente em suas roupas – Não me diga que você também enfrentou uma duplicata sua?

–Duplicata não, jovem. – interviu uma conhecida voz para ambos, embora fizesse um bom tempo desde que a ouviram – Personificação de suas barreiras seria um termo mais adequado.

Os dois automaticamente se voltaram na direção do som, encontrando-se com o dragão azul-claro de expressão bondosa e sábia.

–Ignitus! – exclamaram, em uníssono, de modo instintivo

–Como assim, personificação de nossas barreiras? – questionou Juno

–Como você já vem deduzindo há algum tempo, uma nova era se ergueu. – começou ele, calmamente – Novas histórias para serem contadas pelo Chronicler tiveram seu início, mais exatamente em uma fatídica noite onde dois mundos se uniram, e dois diferentes seres se ligaram.

Enquanto Ignitus falava, livros de aparência antiga vieram flutuando e rodearam a sala. Um em especial se abriu ao lado da ruiva, que, não sem certo espanto, constatou que a imagem mostrada na página era ela encontrando Kitsuni, quase um reflexo da imagem da página seguinte, que mostrava Nick e Hyreon.

–Lembra-se da primeira estrofe da profecia que guarda em seu diário? – indagou o Chronicler, olhando para a garota

Demorou alguns segundos para que Juno conseguisse entender a pergunta.

União entre dois mundos Ligação entre dois seres A Profetisa e o Coração Negro Uma nova Era inaugurarão. – recitou, prontamente, sabendo a profecia inteira de cor por tanto lê-la

Ela falou na esperança de que Ignitus prosseguisse com a explicação, porém o dragão permaneceu calado, movendo o olhar entre os dois humanos, como se algo estivesse escrito na frente deles e eles ainda não tivessem conseguido ler, ou sequer ver. Foi Nick quem primeiro se tocou do que ele tentava lhes mostrar.

–É claro! Como não percebemos isso antes?! – ao que sua namorada o mirou interrogativamente, o garoto explicou – Você sempre teve uma intuição muito forte, Juno. Sem falar nos seus sonhos, ou na profecia que você viu em um deles.

–Você quer dizer que... – a garota hesitou por um momento, mas então viu Ignitus assentindo de leve – Eu sou a Profetisa?...

–E eu... – Nick suspirou irritado antes de completar – Por que não me surpreende que meu título seja Coração Negro?

–Acho um título muito bonito, se me permite opinar. – comentou Ignitus – Poucos são os que transformam a escuridão em luz. E mais raros aqueles que fazem a escuridão ser como a luz.

O garoto emudeceu, parecendo refletir sobre o que tinha sido dito, enquanto Juno voltava a mirar o Chronicler com uma expressão de dúvida.

–Mas eu ainda não entendo... – começou – Por que tivemos de enfrentar nossas réplicas?

O dragão voltou sua atenção a ela, mantendo sua expressão serena e a voz de tom sábio.

–Vocês foram os escolhidos para erguer uma nova Era, jovem. – explicou ele – Mas, para fazer isso, vocês deveriam provar que são capazes de enfrentar qualquer inimigo... Até mesmo os que se encontram dentro de vocês. Os mais perigosos, eu arriscaria dizer.

–Então, o que enfrentamos foi... – como Nick hesitou em achar uma palavra, Ignitus completou por ele

–A personificação daquilo que te impedia de acreditar em si mesmo, da sua barreira. – o dragão moveu o olhar de Juno para Nick enquanto falava a frase seguinte – Fosse insegurança, ou medo de se perder para a escuridão. Com isso, vocês se provaram dignos da ligação especial que receberam. E, se me permitem arriscar um palpite, ganharam mais um bônus também.

Instintivamente e em um gesto simétrico, sem que soubessem por que faziam isso, ambos ergueram a mão esquerda, o que fez aparecer um keychain nela. O de Juno parecia o oposto do pingente de seu cordão, pois era uma flor azul-clara com o que parecia ser o desenho de uma estrela por cima; já o de Nick era o símbolo dos heartless, embora o vermelho tivesse sido substituído pelo azul. Um movimento e as novas keyblades tinham aparecido. A keyblade da garota parecia ser feita de cristal, que tomava um tom azulado ao redor das mãos dela, parecendo ondas do mar. Sob certa incidência de luz, era possível ver o desenho prateado de um dragão enroscado no cabo. A de Nick tinha um tom bem escuro de roxo, que seguia escurecendo pelo cabo até se tornar negro.

–Destiny Guide. Darkness Holder. – falou o Chronicler, enquanto eles ainda estavam com a atenção presa nas keyblades – Usem-nas com a sabedoria que sei que vocês têm.

Aos poucos, a visão de ambos foi escurecendo. Antes que sequer pudessem dizer mais alguma coisa, o manto da inconsciência voltou a cobri-los.



Não demorou muito para que o moreno chegasse a casa. Logo seu olhar encontrou Tabitah, sentada no sofá da sala. E, pela sua expressão, ela não estava muito contente.

–Bom dia, Tabitah. – falou, educadamente, ao que a garota nem respondeu – Está tudo bem?

–Ótimo, Will. – a garota de cabelos azuis colocou uma ironia na voz que ele julgava desnecessária, enquanto se levantava e andava para o quarto – Nunca estive melhor.

–Você está mesmo bem?... – indagou o garoto, hesitante

–E desde quando você se importa? – ela replicou, em tom mais alto – A única com quem se importa é aquela sua namoradinha, não é mesmo?

–Não fale assim, Tabitah! – redarguiu ele, surpreso por tanta agressividade – Será que se esqueceu que sou seu irmão? É claro que me preocupo com você!

–Isso é da boca pra fora. – rebateu a feiticeira – É algo imposto pelo nosso sangue. E, além do mais, eu sou a pobre coitada que viu seus pais sendo arrastados para a escuridão sem poder fazer nada, e que quase teve o mesmo destino. É só por isso que você ainda finge se preocupar comigo, Will. Mas a verdade é que você só liga para você e Evey.

–Você enlouqueceu? – questionou Will, confuso com a reação dela – Eu nunca ficaria perto de alguém só por uma ligação de sangue, tampouco por pena. Será que não me conhece mais, Tabitah?

–Te conheço. E muito bem. – ela mal respirou antes de continuar – E é por isso que eu preferiria ter morrido naquele dia junto com meus pais a ter de ficar cuidando de um irmãozinho patético como você!

Aquelas palavras atingiram imensamente Will. O garoto sentiu que seu coração estilhaçou, e sua irmã nem se importou com o estado dele, mesmo vendo uma lágrima escorrendo por seu rosto. Ela simplesmente virou-se e foi na direção de seu quarto, deixando o moreno sem saber como reagir.

Tabitah... pensou, enquanto uma memória tomava conta de sua mente O que houve com você?...

–Thunder! – exclamou o pequeno garoto, tentando invocar a magia

Parecia que realmente essa não era sua vocação. Já tinha anoitecido, e ele ainda estava treinando, sem sucesso nenhum. Recusava-se a desistir. Queria ser como a irmã, uma exímia feiticeira do elemento gelo. Tentara primeiro a magia desse elemento, porém não obteve sucesso. Depois disso, fora falando uma a uma, até esgotar quase todas as alternativas, e praticamente toda sua boa vontade. Com uma raiva crescente, gritou a última que lembrava.

–Fire!

Quando disse isso, conseguiu conjurar uma bola de fogo, que foi direto para o alvo. Ainda se passaram alguns segundos para que percebesse que tinha conseguido, e então começou a pular de alegria, radiante. Porém, parou automaticamente ao perceber que alguém estava atrás de si, batendo palmas. Envergonhado e sentindo o rosto corando completamente, Will se virou na direção do som. Ficou surpreso ao ver sua irmã.

–D-desde quando está aqui? – gaguejou ele

–Acho que desde que você estava tentando as magias de trovão. – falou ela, se aproximando – Por que não me pediu para treiná-lo? Poderia ter sido mais rápido.

–Eu... Não queria ser um peso para você... – o garoto baixou o olhar, e deu uma breve pausa – Sabe, depois do que aconteceu com nossos pais, você já é obrigada a cuidar de mim, então...

A mais velha interrompeu-o, colocando o dedo indicador sobre sua boca.

–Eu não sou obrigada a cuidar de você. – começou Tabitah – Faço isso de bom grado. E não trocaria o meu irmãozinho por nada nesse mundo.

O caçula abriu um extenso sorriso, e se jogou nela, abraçando-a fortemente. Só ele sabia o quanto era grato por ter ao menos a irmã ao seu lado.

Ele ainda estava perdido em sua confusão, quando ouviu. Parecia com uma ave batendo as asas, mas era mais forte. Automaticamente direcionou-se para o quarto da irmã. Ao chegar lá, um forte vento fez as cortinas da janela aberta esvoaçarem. Quando se aproximou delas, pode ver a irmã encima de um imenso dragão roxo, que sorria malignamente. Ao chamá-la, ela voltou o olhar em sua direção, e Will percebeu que o olho direito dela estava amarelo. Ainda se recuperando desse choque, o garoto viu Tabitah invocar sua arma, e em seguida apontá-la em sua direção.

–Agora, irmãozinho, vamos ver se ainda continuarão a me desprezar. – dito isso, ela disparou uma estaca de gelo mirando nele, que por bem pouco não foi acertado

O moreno praticamente se jogou contra a parede para desviar do ataque. E permaneceu encostado a ela, incrédulo, observando a lâmina que poderia estar cravada em seu coração naquele momento. Pode ouvir o rugido daquele dragão, e depois o bater de asas. Alguns momentos se passaram antes do som desaparecer. O garoto foi deslizando até estar sentado no chão, ainda completamente tomado pelo choque e pela confusão.

Não demorou muito para que ouvisse som de passadas na casa. Provavelmente alguém que tinha visto a saída nada discreta de sua irmã, mas sua mente estava tão desligada que nem conseguiu cogitar quem era. Mal conseguiu prestar atenção ao barulho.

Evey parou na porta ao ver a estaca de gelo, agora começando a derreter, cravada no chão. E, para aumentar sua preocupação, logo seu olhar voltou-se para Will, que parecia completamente alheio e chocado. Ajoelhou-se na frente dele, que mesmo assim não reagiu.

–Will, o que aconteceu? – perguntou, ao que ele não respondeu – Will, me responde. O que aconteceu?

–Eu sou um péssimo irmão... – o moreno murmurou, com uma solitária lágrima escorrendo por seu rosto – Droga, por que deixei Tabitah tão sozinha?... Como eu não pude perceber que ela estava sofrendo?...

A garota o mirou confusa, ainda sem entender. E também preocupada. Não gostava de ver Will com uma expressão tão triste, lhe dava um aperto no coração ver isso.

–Você ainda não respondeu a minha pergunta. – insistiu, querendo ajudar

Sem conseguir dizer mais nenhuma palavra, o garoto abraçou-a. Um abraço apertado, e ressentido. Com a cabeça encostada no ombro dela, começou a chorar, silenciosamente. Evey, mesmo confusa e com o coração disparado pelo contato, correspondeu ao abraço dele, afagando de leve seu cabelo, sua mão de pele tão clara contrastando com os fios negros. Não havia espaço para palavras naquele momento. Will só conseguia sentir a culpa tentando sufocá-lo, impedida pelo toque carinhoso da garota.



Praticamente pulou ao acordar novamente. Os raios de sol vindos da janela foram a primeira coisa que percebeu. Logo se pegou pensando Finalmente em casa. Mas, antes que sequer seu coração pudesse se acalmar, Juno ouviu um forte e bem alto rugido. Kitsuni. Como sabia quem era, como sabia que algo tinha acontecido com ele, e algo bom, não fazia a mínima ideia. Simplesmente sabia. E algo lhe dizia que era por causa da ligação que tinham. Ignorou isso tudo e simplesmente saiu de casa.

Chegou bem rápido ao local onde o dragão geralmente ficava. Chamou pelo nome dele, e, em resposta, sentiu uma fraca rajada de ar em sua nuca, como se alguém tivesse expirado perto de sua pele. Não conteve a surpresa quando se virou. Kitsuni não era mais um pequeno dragão. Ele agora ultrapassava sua altura, chegando facilmente a dois metros.

–Kitsuni! – exclamou, ainda surpresa – Mas, como?...

–Nem eu saberia te explicar. – sorriu ele – Mas acho que, quando você se libertou de sua barreira, eu fui libertado da minha forma de criança.

–E cadê o... – Juno começou a perguntar, mas um rugido vindo de algum lugar acima de si a interrompeu

Como se o pensamento nele o materializasse, Hyreon pousou de maneira nada sutil. E, montado nele, estava um Nick com a mente bem zonza.

–Como mesmo você me convenceu que voar seria legal? – questionou o garoto, com a voz meio fraca

–Ah, não reclama. – rebateu o dragão, com um sorriso, e então seu olhar faiscou ao mirar o irmão – Você ainda nem curtiu uma corrida.

Antes mesmo do próximo movimento, Nick percebeu o que ele tinha em mente, fosse por agora ter uma conexão direta aos pensamentos dele, fosse por conhecê-lo bem demais para saber como adorava ser competitivo com o irmão. Mesmo assim, não conseguiria impedi-lo. Antes que pudesse sequer pular fora, literalmente, Hyreon já tinha voltado para o ar.

Kitsuni rapidamente moveu o olhar para Juno. A garota podia sentir que ele queria entrar nessa corrida. Então, não sem certo receio, montou nele, ao que o dragão roxo rugiu novamente e decolou.

A sensação de decolar era um tanto incômoda, principalmente, supunha a ruiva, para viajantes de primeira. Sentiu que tinha deixado boa parte de seus órgãos internos em terra, inclusive seu cérebro, pois sentiu uma boa tonteira. Mas, passado isso, percebeu que voar não era uma sensação assim tão ruim.

Na verdade, era até uma sensação muito boa. Sentir o vento lhe acariciando, sentir a velocidade aumentando além dos limites humanos. Poderia ser uma boa definição para sensação de liberdade.

Hyreon, mesmo com a dianteira, não estava a tantos metros longe. Porém, Kitsuni não conseguia reduzir a distância.

Só pra saber, qual é a linha de chegada? – indagou Juno mentalmente, mais para conferir se ainda conseguia se lembrar de como fazer isso

A ilha mais próxima. – respondeu o dragão – Nós às vezes apostávamos essa corrida quando não tínhamos nada para fazer.

A garota deixou uma risada escapar antes de continuar.

Acha que consegue vencer?

Hyreon sempre foi o mais rápido. Mas também sempre foi o mais convencido. – foi notório o tom de confiança – Sempre o adverti sobre isso, mas até agora, felizmente, ele não me ouviu.

Com um sorriso, o dragão roxo voou mais alto, na altura das nuvens. Passando por dentro delas, Juno instintivamente se abraçou, sentindo o frio causado pela umidade que invadiu suas roupas. Mas não reclamou, pois logo percebeu a estratégia. Ocultado pelas nuvens, impossibilitaria o irmão de vê-lo, e o faria diminuir a velocidade.

Hyreon, por mero hábito de conferir a que distância o irmão estaria, olhou para trás. Rindo, diminuiu sua velocidade, percebendo que provavelmente Kitsuni nem sequer tinha saído de terra. Isso para não contar o quão próximo a ilha estava. Há! Iria ganhar fácil.

Nick estava agradecendo demais pela ação de Hyreon. Porém, um lado seu, aquele que estava conectado à mente do dragão, achava que ele estava sendo muito descuidado. Duvidava muito que o outro dragão ainda estivesse na ilha. Na verdade, sem que soubesse porque, parecia conseguir sentir que tanto ele quanto Juno estavam bem próximos...

–Hyreon... – começou a falar, já que com o voo estabilizado começara a se sentir menos zonzo – Acho que você não deveria subestimar o seu irmão...

Antes que o dragão azul pudesse responder, uma parede de gelo se materializou alguns metros à frente, distância quase insuficiente para Hyreon frear bruscamente sem colidir com a mesma. Um rugido foi ouvido, e ambos puderam ver Kitsuni tomar a dianteira, um curto rosnado escapando do dragão.

–Você consegue se unir às sombras para ultrapassar um sólido, não? – perguntou o último

–Consigo. – e obrigado por perguntar antes de fazer, Nick adicionou mentalmente

Sem dizer ou sequer pensar mais nada, Hyreon passou pela parede de gelo facilmente com o auxílio de sombras. Mesmo assim, o irmão já estava pousado na areia da outra ilha, o que o declarava vitorioso.

O garoto desceu muito rapidamente do dragão quando ele finalmente pousou.

–É sério, Hyreon, eu nunca mais confio em você. – resmungou – Não sei se aguento outro voo desses...

–Então vai voltar para sua ilha a nado. – replicou o dragão, rindo, não tendo perdido nada de seu bom-humor apesar da derrota

Nick ainda iria dar-lhe outra resposta atravessada, mas então se refreou. Uma pontada em sua cabeça o fez cair de joelhos na areia fofa. Juno rapidamente se colocou ao seu lado, com uma expressão preocupada. Porém, tão rápido quanto surgiu, a dor passou, e lhe deixou com uma terrível sensação.

–Meus céus... – deixou escapar

–O que houve? – indagou a ruiva

–Não sei como, mas... – ele respirou fundo antes de prosseguir – Eu... Eu consigo sentir... A escuridão de repente ficou mais forte. E está ameaçando os mundos novamente.



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Notas finais do capítulo

¹ - Trecho (traduzido) de Papermoon, da banda Tommy Heavenly6
Enfim
GENTEM, ESTOU EM CRISE DE FELICIDADE. ESSE CAP TÁ GINORME, E TEM TUDO! Sério, tem luta, conflito interno, cenas kawaiis, Wevey, Ignitus, Hyreon trollando(-qq)... Sério, estou muito feliz com ele *-*
E já adianto algo do próximo cap. Uma certa cidade muito querida por mim aparecerá ^^
~hoje eu vou dormir muito bem *-*~~
Bjss e até o// -e espero que não tenham desanimado com o tamanho desse cap xDD-



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