Mello No País Do Espelho escrita por Kalhens


Capítulo 5
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Notas iniciais do capítulo

Duas pobres almas estão prestes a entranharem-se no caótico tabuleiro de xadrez ao qual o mundo se resume, tornando-se meras peças usadas de um jogo de cartas marcadas.
Poético e dramático demais, mas essa que é a verdade, pois estamos de volta ao fantabulástico mundo de Mello (e Near) através do espelho!



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A Rainha estava ali, no topo da colina que tanto haviam almejado. Altiva, os cabelos presos num rigoroso e elegante coque, algumas madeixas belas, macias e perfumadas rodeando a face de olhos azulados sedutores.

Só ignorar o corpo arfante caído no chão e o cavanhaque da Rainha que a cena ficaria realmente digna.

- Near: Mello, você está bem?

– Mello: S...E...U....

– França: É melhor deixá-lo respirar um pouco. Ainda mais o ar puro e maravilhosamente refrescante dessa minha adorável colina.

Mello não tinha muito que questionar, quase tendo um ataque enquanto engolia enormes e descompassadas golfadas de ar.

– França: Mas então, meus caros, o que fazem em minhas terras? Aliás, seria muito agradável se você parasse de enrolar os cabelos, ajeitasse a postura e o outro cavalheiro parasse de se esfregar na grama enquanto falo.

– Near: Nós viemos da Inglaterra, Oxford, através do espelho e...

– França: Ah! Isso explica tudo! Façam uma mesura enquanto falam também, assim ganham tempo e podem admirar toda a minha majestade.

Near curvou-se um pouco. Nunca discuta com malucos.

Ainda mais um que usa vestido e carrega um cetro com cara de pesado.


– Mello: Ex...plica tudo o-o que?

– França: Ah, afinal conseguiu ficar de pé, meu jovem. A descompostura de vocês, o desleixo de suas roupas e os cabelos sem trato, fora os modos desagradáveis ao falar... Aposto que estavam aos cuidados do Arthur.

– Mello: Você o conhece?

– França: Hoho, mas é claro. Ele foi minha colônia um dia. Antes de se transformar nesse Punk desajustado sem classe, obviamente.

– Mello: Então, sabe como podemos voltar? É que a gente veio parar aqui pelo espelho que tinha na casa dele e...

Um indicador apontava perigosamente próximo de seu nariz.

– França: Primeiramente, TUDO aqui deste lado pertence a mim! Então, não fiquem falando das coisas cafonas ‘’dele’’. A propósito, que fazem mesmo no topo de minha adorável colina?

– Near: Pensamos que se subíssemos aqui poderíamos ver melhor onde estávamos. Era o lugar mais alto à vista.

– França: Oh, por favor! Vocês julgam este como um lugar alto? Pois saibam vocês que eu já vislumbrei montanhas tais com a qual esta aqui seria apenas um irrisório e profundo buraco cavado por monsieur Lewis Carrol.

– Mello: Mas uma colina não pode ser um buraco! Isso é impossível!

– França: Para você ver o quão pequenino é este amontoado de terra diante do que minha gloriosa visão já alcançou. E não cerre os punhos desse modo, pare de fazer caretas, junte mais os pés e... Por que está andando por aí de meias brancas?

Mello apenas lançou um olhar cheio de palavras silênciosas, que decerto seria mais ameaçador se feito com seu próprio rosto, para Near.

– França: Bem, não admito coisas feias, sujas e sem classe vagueando pelos meus domínios. Sei que não têm culpa, vindo da casa daquele britânico metido, mas não se preocupem porque a Majestade aqui irá ajudá-los.

Com algumas palmas, vários peões vermelhos se aproximaram e logo Near e Mello estavam afogados num mar de fitas, rendas, aventais, sapatinhos, meias, colares, brincos, rosas, vinho e o que mais a Rainha julgasse importante.

– Mello: De novo não!

– Near: Por que vestidos?

Ambas as peças era idênticas, sendo uma branca com detalhes azulados e outra vermelha com traços de preto. Um era uma peça ‘’vermelha’’ e a outra ‘’branca’’. Mas o excesso de rendas, bordados, fitas, drapejados e tudo o mais se mantinha um mistério para os dois jovens.

Wammy’s nunca deu muito valor à moda francesa.

– França: Porque fica mais bonito e charmoso assim, oras. E combina mais com os lugares para onde os mandarei. Aproximem-se, minhas adoráveis damas.

– Near: Isso é estranho...

– Mello: Você se acostuma.

– Near: Você falando isso é mais estranho ainda.

Ao lado da Rainha, puderam finalmente ver como era aquele estranho mundo que Inglaterra guardava em seu sótão.

Grandes áreas verdes de diversos tons eram cruzadas por longos riachos quase que perfeitamente retilíneos, formando um adorável e familiar desenho aos olhos.

Pequeninas formas caminhavam pelos quadrados e por vezes saltavam as águas numa alternância e coordenação suspeita.

– Near: Parece um tabuleiro de xadrez. Um jogo de xadrez, na verdade.

– Mello: Parece mesmo. Olha, tem algumas peças se mexendo ali...

–França: Tribiani. Entendo que queiram chegar a algum lugar, mas, para tal, terão que entrar no jogo. Obviamente, ocuparão os lugares dos peões. A Lily, Senhorita Liechstein, da família branca é jovem demais para jogar e o Suíça, um de meus peões, foi lhe instruir sobre como agir. Desse modo, vocês podem ocupar-lhe os postos e caminhar pelo tabuleiro. Ao chegar na oitava casa, poderão tornar-se rainhas e ir para onde bem entenderem. Esse é o momento em que vocês curvam essas cabecinhas de cabelos opacos e agradecem à minha gentileza.

Não puderam evitar entreolharem-se. Mesmo Near chegou a virar um pouquinho os olhos na direção do Mello, arrependendo-se por baixar a guarda ao ser sufocado por um fofo pompom.

– Mello: O que você fez com ele!?

Imobilizado, o rosto de Near era repetidamente acertado, uma nuvem branca cercando-lhe a cabeça.

– França: Pó de arroz. Essa cicatriz horrenda não combinava com meu luxuoso vestido.- Near tossia enquanto a Rainha segurava com firmeza inesperada seu queixo impedindo-o de se mexer enquanto dava retoques nas sobrancelhas agora alvas-.Ao contrário de você, claro. Essa sua pele branquinha e seus olhos tão negros com o vermelho que escolhi... Penso como ficaria seu corpo nú em meus lençóis carmesim, cercado de macias rosas...

Não pensem pela cara que transbordava choque que ele não tinha uma resposta.Tinha várias. A maioria delas, não precisava de palavras, apenas de seu soco acertando a cara daquela Rainha de cavanhaque tarada.

Mas os fatos eram que, no corpo de Near, não teve sequer forças para repelir a mão atrevida que alojou-se em sua cintura e ameaçava descer sem muitos pudores enquanto dedos passaram por seu rosto acompanhados de um olhar cheio de charme, sedução e paixão.

– França: Agora, se puderem dar as mãos... Temos que ir imediatamente.

Não tiveram sequer tempo para entender o que estava acontecendo.

A Rainha virou-se e Mello sentiu seu pulso ser firmemente agarrado. Antes que começasse, teve apenas tempo de se agarrar ao braço de Near.

E então, estavam correndo.

Quando pararam para pensar naquela estranha experiência um bom tempo depois, tomando um chá de camomila especial na sala de estar do Arthur, não souberam descrever ao certo o que havia acontecido.

Só ouviam a voz da Rainha repetindo a cada instante ‘’mais rápido! Não percam tempo falando, mais rápido! Passadas mais suaves! Queixo erguido!’’ quando já nem sentiam seus pés tocando o chão, tal era a velocidade em que se moviam.

– Mello: F...Falta muito pra chegarmos lá?

– França: Já passamos de lá há muito tempo! Mais rápido!

Ocupado demais em conseguir correr, segurar Near, que ÓBVIAMENTE não sabia usar sapatos, ainda mais de salto, e não morrer por parada respiratória, Mello sequer reparou que, a despeito da incrível velocidade, o cenário ao redor não mudava.

Mas isso não faria diferença pois, sem aviso, tudo parou.

Newton fez sua parte com a inércia e, enquanto a Rainha ajeitava seus sedosos cabelos, levemente eriçados depois de todo aquele exercício, na frente de um espelhinho de bolso, Mello e Near se viram arremessados no chão, embolando-se pela grama antes que uma árvore fizesse a gentileza de os parar.

– França: Suponho que decerto precisem descansar, mas façam isso com mais elegância e decoro, sim?

– Near: Mas... Nós parecemos estar exatamente onde estávamos quando começamos a correr.

– França: Haha, mas é claro que estamos. O que você esperava?

– Mello: Normalmente a gente chega há algum lugar depois de quase morrer de tanto correr!

– França: Só se for nos domínios daquele estapafúrdio do Arthur. Aqui, se quiser chegar a algum lugar, teria que correr com pelo menos o triplo da velocidade da qual corremos. E isso estraga meu penteado. Oh, parecem realmente exaustas!

A Rainha apenas recebeu um dueto de olhares atônitos e indignados.

– França: Posso fazer algo por vocês? Talvez um beijo úmido e quente ajude-os a se recomporem...

Para sorte do cavanhaque da Rainha, Mello estava ocupado demais afogando-se em ar para reagir.

E também não tinha uma pinça à mão.

– Near: Água está bom.

– França: Ah, sedentos, então. Aqui está, podem pegar.

De dentro de um delicado potinho, várias e secas torradas foram oferecidas.

Geléia? Manteiga? Azeite?

Pra que?

As gargantas já ressequidas pareceram arranhar com aquela visão.

Mas Mello ignorou completamente a expressão duvidosa de Near e enfiou tantas torradinhas quanto conseguiu de uma só vez na boca.

Depois de pedras virando doces, uma torrada que matasse a sede seria o mínimo a se esperar.

E tinha toda a questão de estarem atrávez do espelho, coisas invertidas e o resto do discurso.

Mas nada mudaria o fato de que era Mello ali.

Entre um surto de tosse e outro, com tapinhas nas costas, sem jeito e inúteis, dados por Near, Mello conseguiu negar uma segunda torrada oferecida pela Rainha.

O desespero de se engolir migalhas quando não tem um copo de qualquer coisa que seja ao lado. Quem sabe como é, sabe como é.

– França: Bastante refrescante, não? Deguste mais dessa iguaria feita nas minhas renomadas cozinhas, enquanto lhes explico o que fazer, sim?

Com um gesto grandioso, a Rainha Vermelha começou a vasculhar seus até então inexistentes bolsos, tirando uma fita métrica, vários pinos dourados, e um tabuleiro de War.

– França: Pois bem. Vamos começar a distribuir as missões de vocês...

– Near: Nós vamos ter que nos separar?

– Mello: Por que um tabuleiro de War?


A Rainha virou-se, uma mão no quadril, outra segurando várias varetas que ia espalhando de acordo com marcas na tal da fita.

– França: Mas é claro, tolinho. Nunca jogou xadrez? Duas peças não podem andar pela mesma casa ao mesmo tempo. E, ainda mais de cores diferentes, apenas se forem se comer. Compreende?

– Near: Mas nós somos peões e estamos aqui com você, Rainha. Duas peças vermelhas e uma branca no mesmo espaço.

– França: Eu sou uma majestosa Rainha, e vocês são só peões desbotados. É claro que eu posso fazer muito mais do que você, oras. Mas enfim, façamos assim, vocês jogarão de maneira alternada, de acordo? E, bem, aqui estão suas cartas e peças. Agora, vamos às regras e ao objetivo.

Cada um tinha agora uma carta em mãos, com nomes e indicações diferentes.

Mas ambos tinham a mesma nota final.

‘’Tornarem-se Rainhas e andar casas á sua escolha’’

– França: Como espero que saibam, um peão pode andar duas casas no primeiro movimento. Em cada casa, encontrarão uma peça, certo? As brancas começam, de modo que a donzela de branco fará o primeiro movimento, e então será a vez da vermelha. - A Rainha avançava pelos pinos conforme discorriam as explicações- Nenhuma pergunta?

– Near: Ah, sim...

– França: Decepcionante.- avançou desgostosa para o próximo- Vocês realmente deveriam fazer uma pergunta...

– Mello: Mas ele ia fazer uma pergunta!

– França: E por terem me interrompido dessa maneira descortês, não poderão mais perguntar coisa alguma! E agora, devo advertir-lhes: falem em Francês quando não se lembrarem de como se fala inglês. Na verdade, falem francês quando quiserem, é uma língua maravilhosa. Alemão e italiano podem ser igualmente úteis, se encontrarem as peças certas. Russo pode vir a ser necessário, também. E... Tinha mais alguma coisa, mas não deveria ser importante.

Ao chegar à última marca, a Rainha virou nos tornozelos com um rodopio gracioso e acenou um ‘’au revoir’’ antes de desaparecer.

Agora, era hora do peão se mover.

– Near: Certo, então tenho que ir para a terceira casa. Me pergunto apenas onde o Mello foi parar...






NOTAS FINAIS COM O TITIO LAVI

Sentiram minha falta? Então, antes de começarmos com nossa convidada do dia, gostaria de lhes contar que qualquer dúvida sobre o País do espelho, podem perguntar que eu respondo.

Mas só as do País do Espelho, se tiver algo a ver com quem o Mello deveria ficar, Matt ou Near, não é da minha conta.

E, aproveitando a Rainha Vermelha, vamos justamente explicar um dos erros mais recorrentes, chamando aqui para uma participação especial a Rainha de Copas.

– Tamaki: Boa tarde, jovens e adoráveis damas. Como podem ver pela minha bela silhueta, eu sou uma carta de baralho.

Enquanto que a Rainha Vermelha é uma peça de xadrez.

A culpa da confusão, acho, é, só pra variar, da Disney.

Na animação, ela misturou o temperamento da Rainha de Copas com frases feitas da Rainha Vermelha, como o ‘’acerte a postura, abra bem a boca ao falar e faça uma reverência’’.

E, quando o Burton fez o filme depois, trabalhando pra Disney, colocou a Rainha de Copas como irmã mais nova da Rainha Branca. Mas, se vocês prestarem atenção, verão que o exercito de uma é feito de cartas e o da outra de peças brancas de xadrez.

Minha teoria é que, como no filme a Alice já está beeeem mais velha, ele misturou os dois mundos, ambos de sua infância, ambos de Lewis Carrol e ponto final.

– Tamaki: Espera! Eu não vou aparecer mais!?

Até a próxima.


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Notas finais do capítulo

Olá razões do meu viver ~
Na verdade, eu pensei em colocar o Rússia como Rainha Vermelha (admitam, faria todo o sentido!) mas isso não vem ao caso ~
E vou voltar a colocar imagens. Não sei se dará certo, mas enfim. Coloquei no capítulo das flores também o/
Mas não tenho imagens sobre O País do Espelho em si. Quem tiveeeer *olhar insinuante*.
Aliais! Estou colocando só uma imagem por capítulo *pisca*.
As regras não dizem quantas figuras a uma imagem pode conter, certo?
Agradecimentos especiais a todas as minhas queridas leitoras e boas-vindas àquelas que eu finalmente avisei que Mello No País das Maravilhas tinha tido continuação.
Obrigado bem grande para Mel, minha beta de plantão.
E uma dedicatória pra Hyuuga Konan que, querendo ou não, acaba de ser contrata como Beta de emergência. Ela me ajudou com esse capítulo e com o anterior~
Entre outras cositas mais.
Ficam o avisos de sempre!
Kalhens~



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