Passei por Thomas e ele me deu um esbarrão no qual eu nem dei muita importância. Continuei andando e pensando em como alguém poderia se achar tanto quanto Thomas, e uma voz soou quando eu atravessava o corredor: 

– Cuidado com quem você mexe, Bieber... – Eu olhei pro lado e vi Juliard encostada em uma pilastra no corredor, aquilo me chamou a atenção e então eu voltei pra falar com ela: 

– Porque? – Ela levantou seu olhar e eu engoli a seco, continuava intenso e de tirar o fôlego.

– Thomas não é um menino que você deva brincar... - Sua voz soava grave.

– Eu não brinco com ele, ele é que se acha demais.

– Hum – ela olhou pro lado – Você está se saindo um pouquinho demais para um principiante.

– Você não tem cara de gostar da popularidade, não é? – eu coloquei a mão nos bolsos da calça jeans – Porque se importa se eu estou sendo ou não popular?

– Isso pouco me importa, Bieber – ela me fitou de novo – Mas eu já disse que Thomas não brinca.

– Fica tranqüila – eu a olhei – Eu sei me cuidar. Obrigado pela preocupação.

Ela revirou o olhar e saiu, eu segurei no braço dela e senti seu corpo estremecer o que fez com que meu coração acelerasse um pouco diante dela: 

– Me chama de Justin? – Eu disse qualquer coisa que me veio na cabeça.

– Eu não vou precisar mais usar seu nome pra nada, não se preocupe – Ela se soltou de mim.

– Por que você tem medo de mim, Sophia? – perguntei – Eu não entendo, você não me conhece e... 

– Sophia?! – ela franziu as sobrancelhas – Acho que alguém está me confundindo aqui... – Sua voz soou baixa.

– Desculpa – eu pus a mão na testa – Juliard, eu posso conversar com você? 

– Eu... eu... – ela gaguejou nervosa.

– Calma – Eu pus as mãos na frente de mim pedindo calma a ela – Eu não vou machucar você, só quero conversar.

Juliard mesmo hesitante foi comigo até o jardim dos fundos do colégio, ela não usava casaco. Estava com a blusa do colégio, uma calça jeans e um all star preto de cano médio um pouco sujo.

Nos sentamos em uma mureta que dividia dentro do colégio para o lado de fora e ela olhou pra estrada deserta: 

– Porque você tem medo de mim? – Eu perguntei baixo olhando pro colar que ela usava, um pingente muito bonito.

– Quem disse que eu tenho medo de você? – Ela me olhou.

– Você foge de mim...

– Você acha que eu te conheço o suficiente pra te dizer dos meus medos?

– Ele está relacionado a mim, não é? Então eu preciso saber.

Ela deu um suspiro, umideceu os lábios e me encarou: 

– Me conte um segredo seu que seja verdade e eu te contarei porque tenho medo de você.

– Você... você se parece muito com a garota que eu mais amei e ainda amo – eu engoli a seco e senti meu coração apertar – Eu não sei porque, mas eu olho pra você e vejo ela...

– E onde ela está? – Ela perguntou como se demonstrasse curiosidade.

– Ela deveria estar estudando aqui... – eu virei o rosto pra estrada, senti meus olhos marejarem - Ela me prometeu que nas férias nos casaríamos.

– Vocês deveriam se amar mesmo pra quererem se casar tão novos assim. – seus olhos se transbordaram de piedade.

– Conte-me agora seu medo – eu disse tentando mudar de assunto e não pensar em Sophia por um tempo.

– Juliard, Justin! – chamou Rachel surgindo do final do corredor – A aula de desenho já vai começar.

Juliard se levantou e passou por Rachel de cabeça baixa, eu continuei sentado ali olhando pra onde segundos atrás Juliard estava sentada. Rachel ocupou o lugar dela, seu olhar não estava luminoso como sempre, estava meio entristecido: 

– O que está havendo entre você e ela?

– Eu não consigo entender... – eu abaixei o olhar – Eu olho pra ela e vejo a garota que eu amo, eu não sei o que é, eu sinto meu corpo tremer e tenho vontade de desvendar o mistério que ela carrega.

– Você está gostando dela, Justin? – Rachel fixou o olhar em mim.

– Claro que não – eu alterei o tom de voz – Eu só amei e continuo amando uma garota, e ela sempre vai ser a única. Eu conheci a Juliard ontem e... - Ela me interrompeu.

– E ela já te trás uma coisa muito boa.

– Ah Rachel – Eu engoli um palavrão e sai andando pra sala sem nem olhar pra trás.

Juliard já estava na sala, e pra minha surpresa me olhou quando eu entrei, mas não fiquei com meu olhar nela. Fui andando pro final da sala e me sentei na última cadeira sem nem se quer pegar meu caderno, fechei meus olhos e acabei dormindo.