Uma Nova Chance escrita por May Black


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oláá *--*
Como eu já tinha anunciado em uma das minhas fics eu tive uma nova ideia e estava escrevendo... E aqui está ;)
Será uma Short Fic (com bem poucos capítulos), em Universo Alternativo, e como sempre Jake e Bella ;)
Tive a ideia e não consegui resistir, precisei escrevê-la...
Ahh e será narrada pela Bella, ok?! Talvez tenha um POV do Jake ;)
Espero de coração que gostem *-*



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Era tarde, mas eu não conseguia dormir, não entendia o porquê, mas estava inquieta, uma angustia estranha apertava meu peito, algo não estava certo, mas eu não sabia o que!

Desistindo de dormir me levantei e caminhei até a janela do meu quarto olhando para o céu estrelado de New Haven, eu e minha mãe Renée estamos aqui há um ano e é o máximo de tempo que já paramos em uma cidade, ela disse que é porque eu precisava me concentrar no último ano do ensino médio e me preparar para entrar na faculdade de Yale, que fica aqui, e sempre foi meu sonho... Eu consegui. Há um mês me formei e consegui uma vaga com uma bolsa gratuita em Yale para cursar medicina, nada tinha me deixado mais feliz do que isso e foi bom ver minha mãe tão orgulhosa. Agora eu estou aproveitando as férias antes das aulas começarem e sei que terei anos árduos pela frente, mas me sinto preparada.

Mas nem pensar em tudo isso estava tirando aquela angustia de mim e mesmo sem perceber me vi em frente a minha escrivaninha com uma foto em minhas mãos... Suspirei e me sentei na cama olhando para a foto, a única que me restou... Eu tinha cinco anos, estava em Forks, com meus pais e minha irmã gêmea, a Isadora! Revirei os olhos e ri baixinho, odiava nossos pais terem escolhido nomes tão parecidos para nós duas, mas isso não fazia diferença já que há anos não a vejo, aquela foto foi tirada dias antes de sermos separadas e então nunca mais sequer nos falamos ao telefone, às vezes, e ultimamente com muita freqüência, eu tenho a louca curiosidade de saber como ela está, nós somos gêmeas idênticas e é doloroso não termos contato, também sinto falta do meu pai, mal me lembro deles e da nossa vida juntos, mas a mágoa acabou sendo maior do que a saudade e a curiosidade... Apertei a foto contra meu peito e me lembrei, mais uma vez, da história que Renée sempre me contou quando perguntei o que tinha acontecido para nossa família se separar assim... Ela sempre diz que quando minha irmã e eu fizemos três anos as brigas entre ela e Charlie começaram a ficar cada vez mais constantes e violentas, eu não lembro muito, Renée nunca gostou de morar em Forks, diz que a cidade era pequena e pacata demais, mas meu pai é o chefe de polícia de lá e não se via vivendo em outro lugar, Renée diz que as brigas só pioraram com o tempo, e então quando eu e a Isadora estávamos com cinco anos eles tiveram a briga mais violenta de todas e ele a agrediu, é difícil para eu imaginar isso porque pelo pouco que me lembro Charlie sempre foi incrivelmente amoroso, mas não tinha porque duvidar da minha mãe... Depois de ele ter batido nela, Renée disse que arrumou suas coisas e avisou que ia embora com as filhas, mas Charlie não deixou e exigiu que ao menos uma filha ficasse com ele, nesse momento da história ela sempre chora dizendo o quanto foi horrível, mas acabou aceitando até porque não teria como sustentar nós três, e então, a parte que mais me magoa, Charlie decidiu que Isadora ficaria com ele e Renée poderia me levar, segundo ela, a Isadora sempre foi a preferida dele. E desde então nunca mais vi meu pai e minha irmã, Renée e eu sempre nos mudávamos de cidade e eu sempre odiei isso, mas ela dizia ter medo de Charlie nos achar e querer me tirar dela e ela ficaria sem nenhuma das filhas, cresci ouvindo essa história e vendo seu medo então nunca questionei, se Charlie deixou ela me levar sem nem resistir não seria eu quem iria procurá-lo, e em todos esses anos nunca soube dele ter vindo atrás de mim. Sei que a Isadora não tem culpa, assim como eu, mas ela também nunca me procurou e eu tinha mágoas demais para dar o primeiro passo.

Minha vida não foi fácil com Renée, ela trabalhou demais para nos sustentar e quase nunca ficávamos juntas, estávamos sempre nos mudando e era tudo muito difícil, mas ela me quis, aceitou me pegar e recomeçar sua vida comigo, Charlie não hesitou em me abandonar.

Olhei para a foto mais uma vez e a guardei novamente, eu tinha que parar com isso e me focar no meu futuro, talvez um dia consiga ter contato com minha irmã novamente.

Nem entendia esse medo da minha mãe do Charlie querer me tirar dela quando eu era criança, afinal foi ele mesmo que não me quis, de qualquer forma agora não corríamos mais esse risco já que sou maior de idade.

Em todo esse tempo Renée não se casou novamente, teve só alguns namorados, éramos sempre só nós duas... Mas fiquei feliz de estarmos aqui, já tinha feito bons amigos e estava pronta para Yale.

Voltei a me deitar, mas a angustia só aumentou e depois de algum tempo desisti de vez e fui até a cozinha para beber um pouco de água, depois iria ver algo na tv.

Mas ao passar pela sala vi a luz de um abajur acesa e Renée sentada na poltrona... Ela estava em prantos.

-Mãe... – corri até ela e a abracei. -O que aconteceu?

-Bella... – sua voz mal saía devido ao choro e ela esticou um papel em minha direção.

-Você está me assustando, o que é isso? – peguei o papel e vi que era uma carta, meu coração disparou, Renée sempre recebe cartas de uma amiga que mora em Forks com notícias da minha irmã, às vezes eu as leio também.

Passei os olhos pela carta tentando encontrar o motivo de todo aquele desespero da minha mãe, e quando finalmente encontrei deixei meu corpo cair e me sentei no chão me encostando ao sofá e sentindo as lágrimas já caírem com violência pelo meu rosto.

Renée soluçou mais alto e sem conseguir acreditar naquilo voltei a reler a parte que tinha feito meu coração apertar como se estivesse sendo esmagado... O trecho estava no final da carta e enquanto lia as palavras pareciam cada vez mais confusas e distantes...

“Não sei como lhe dizer isso, querida, e fazer isso através de uma carta me parece cruel demais, mas é o único jeito já que não temos outro meio de contato... Há duas semanas houve um acidente, pegou toda a cidade de surpresa e deixou todos em choque... Sinto muito ser eu a lhe informar isso, mas foi sua filha... Isadora foi atropelada e não resistiu... Tentei por muitas vezes te escrever desde que aconteceu, mas não consegui, infelizmente não podia adiar mais... Me dói muito te contar isso, mas Isadora faleceu...”

Não consegui mais ler... Meu choro se tornou tão desesperado quanto o de Renée.

Eu adiei tanto o dia em que procuraria minha irmã e agora nunca mais poderia fazer isso, as únicas e raras lembranças que tenho dela são de quando ainda éramos pequenas demais, mas sei que sempre fomos muito grudadas... Doeu muito saber que nunca poderia conhecer a mulher em que ela se transformou, saber de seus gostos, ver no que somos parecidas além da aparência e ver no que somos diferentes.

-Nós precisamos ir para Forks. – me levantei do chão ainda chorando.

Renée me olhou assustada e negou com veemência.

-Não adianta, não podemos fazer mais nada... Sua irmã já está morta. – ela sussurrou entre lágrimas.

-Mesmo assim... Eu quero ir, eu preciso ir. – já estava decidido, eu iria, deixaria as mágoas do passado de lado e voltaria para lá.

-Você tem a faculdade...

-Tenho algumas semanas até as aulas começarem e estamos falando da minha irmã...

-Que está morta. – ela berrou e voltou a chorar.

-Mãe... – sussurrei. -Está doendo em mim também, mas devemos ir lá.

-Não. – ela suspirou.

-Eu vou, com ou sem você. – murmurei.

-Você não pode ir Bella... – ela se levantou e agarrou em meu braço.

-Porque não? – nós duas chorávamos e estávamos destruídas por dentro, mas a reação dela estava estranha demais.

-Deus... Eu não queria que fosse assim, desde o início eu nunca quis que fosse assim... – ela voltou a se sentar chorando ainda mais.

-Do que você está falando? – minha voz foi só um sussurro, mas ela ouviu e me olhou.

-Me perdoa, Bella...

-Te perdoar pelo que? – um pavor começou a me dominar pelo que ouviria a seguir.

-Eu menti... – ela se encolheu no sofá. -Menti... A história que sempre te contei não foi o que aconteceu.

-Que? – cambaleei e me apoiei na parede para não cair.

-O seu pai nunca me bateu, não foi por isso que eu saí de casa, e ele também nunca escolheu sua irmã para ficar com ele...

Enquanto ela ia falando meio embolado pelo choro eu sentia todo meu mundo desmoronar.

-Continua. – exigi.

-Eu amava muito seu pai... Mas odiava morar naquela cidade tão sem graça, quando você e sua irmã nasceram eu fiquei feliz e por alguns anos aceitei ficar lá, mas quanto mais tempo passava mais eu me sentia sufocada naquela cidade, agüentei o máximo que pude por amor ao seu pai e a vocês duas, mas quando vocês estavam com cinco anos eu e Charlie brigávamos o tempo todo porque ele não queria se mudar...

Ela chorou mais intensamente e eu só continuei parada a olhando sem conseguir acreditar no que estava ouvindo.

-Ele nunca me bateu... Mas realmente tivemos uma briga feia, ele disse que se eu queria tanto ir embora podia ir, que agora ele que não me queria, mas deixou claro que você e sua irmã ficariam com ele... Bella, eu me desesperei, e naquela madrugada enquanto ele dormia eu fugi, não podia levar vocês duas, então na escolha mais difícil da minha vida eu peguei você e parti... – seu choro ficou violento, mas eu não conseguia sentir pena dela agora.  -Prometi a mim mesma que assim que conseguisse me estabelecer eu voltaria para buscar sua irmã, mas nunca consegui me estabelecer o suficiente para isso, e através dessa minha amiga que sempre me manda as cartas eu soube que Charlie estava louco atrás de você e queria te tirar de mim então eu percebi que nunca poderia ter sua irmã novamente comigo, mas podia ter ao menos você...

-Por isso a gente vivia se mudando. – sussurrei e ela assentiu.

-Eu sei que fiz besteira, mas agi no impulso, não pensei nas conseqüências, e quando vi já era tarde demais para voltar atrás... Me perdoa.

-Você me fez acreditar, em toda minha vida, que meu pai simplesmente não se importava comigo e não me quis mais... Me privou de estar com ele e com minha irmã... Mentiu para mim... – sussurrei sentindo raiva. -Não posso acreditar nisso.

Me virei indo para meu quarto e ela me seguiu.

-Bella, me escuta filha, eu não fiz por mal, juro, mas não podia te perder.

-Eu acabei de saber que minha irmã está morta e não pude conviver com ela por sua causa... Você nem me deu opções, sua atitude foi muito egoísta... - suspirei tentando, em vão, me controlar.  -Eu vou para Forks.

Fui até meu guarda roupa e comecei a fazer uma mala.

-Não faz isso, tem sua faculdade que sempre foi seu sonho.

-Eu vou voltar a tempo para as aulas, mas nesse momento meu pai precisa de mim e eu preciso dele. – a olhei com frieza, por mais que soubesse que Renée estava sofrendo eu não conseguia ser solidária a ela agora... Por toda minha vida achei que Charlie tivesse preferido minha irmã á mim e por isso sempre guardei um pouco de mágoa deles e nunca os procurei achando que os dois não queriam saber de mim, e agora descubro que era tudo mentira.

A dor dessa descoberta e de saber que nunca poderia recuperar o tempo perdido com minha irmã estava me dilacerando por dentro, mas eu estava decidida a ir o mais rápido possível para Forks.

-Bella, não vai.

-Eu vou. – sussurrei. -Vou voltar e aí nós conversamos, mas agora não consigo.

Arrumei minha mala sob o olhar atento e choroso de Renée, peguei aquela única foto que tinha como lembrança do meu pai e da Isadora e a guardei no bolso da minha jaqueta. Peguei dinheiro, eu sempre trabalhei no que aparecia e tinha um bom dinheiro guardado.

Eu precisava saber da minha irmã, era tarde demais para tê-la ao meu lado agora, mas eu queria saber dela, de cada detalhe de sua vida e sentia uma necessidade louca de estar com meu pai também, imaginei o sofrimento dele e minhas lágrimas caíram com mais força por meu rosto.

Eu me sentia arrasada por dentro, mas jurei a mim mesma que teria forças para chegar até Forks e procurar meu pai, não me lembrava de nosso endereço lá, mas a cidade é pequena e não seria nada difícil achá-lo.

-Promete que volta. – Renée sussurrou, parando um pouco de chorar, quando eu estava saindo.

-Eu vou voltar quando minhas aulas começarem. – respondi sem olhá-la e quando ela me abraçou eu não consegui corresponder, ela tinha mentido para mim a vida toda e me feito acreditar que meu pai não se importava comigo, ela me afastou deles sem me dar opção.

-Pede perdão ao seu pai por mim... e... – ela sussurrou. -Leve flores bem bonitas no túmulo da sua irmã.

-Você mesma devia fazer isso, mãe. – sussurrei e me soltei dela saindo rapidamente.

Ainda pude escutar seu choro o que fez minha dor ficar ainda maior e insuportável.  

     *~*~*~*~*~*~*~*

A viagem até Forks pareceu uma eternidade, consegui uma passagem para aquela madrugada mesma e não perdi tempo, chorei o tempo todo e ainda estava um pouco em estado de choque, agindo no automático, mas precisava fazer aquilo, meu coração me pedia isso.

Chegar à pequena cidade foi tão estranho e surreal, eu me sentia em um sonho, nada parecia real, em algumas horas minha vida tinha virado de pernas para o ar... Mas segui em frente.

Como suspeitava, meu pai ainda era o chefe de polícia dali, e na primeira lanchonete que entrei para pedir informação vi olhos se arregalarem de surpresa, logo entendi o porquê... Eu sou idêntica a minha irmã e não sei se todos aqui sabiam da minha existência.  

Mas ali mesmo eu consegui o endereço do meu pai, o jovem garoto que estava no caixa me disse, depois de eu garantir que ele não estava louco e eu era mesmo idêntica a Isadora porque éramos gêmeas, parece que realmente nem todos sabiam da minha existência, mas todos conheciam, ao menos de vista, meu pai e minha irmã.

Com o endereço em mãos peguei um táxi e fui para lá, o tempo todo meu coração batia acelerado, meus olhos já estavam marejados de novo, não sei de onde saíam tantas lágrimas.

Meu celular estava desligado, imaginei que Renée tentaria me ligar e apesar de uma parte minha estar com pena dela agora, eu ainda não conseguia perdoá-la por todas as mentiras e por ter me privado de tanta coisa.

Eu não tinha muitas lembranças dali, era tão pequena quando fui embora, mas me sentia bem por estar de volta. Doía demais saber que não encontraria Isadora nunca mais... Mas me confortava saber que estaria com meu pai, poderia saber dele exatamente o que aconteceu, e de certa forma eu estaria perto da minha irmã também.

Não foi muito longo o caminho até a casa do meu pai e assim que desci do táxi com minha mala algumas lembranças me invadiram ao ver a casa, que continuava igual.

Alguns vizinhos que estavam por ali, me olhavam surpresos, mas esses pareciam saber exatamente quem eu era.

Entre eles vi Dona Joana, que sempre escrevia dando notícias para Renée, sempre que nos mudávamos minha mãe lhe mandava nosso novo endereço para elas continuarem se correspondendo, ela sorriu emocionada para mim, mas desviei o olhar rapidamente, com certeza ela sabia da história verdadeira, sempre soube onde eu estava e mesmo assim nunca disse ao meu pai, mesmo sabendo que ele me procurava.

Tentei ignorá-los e caminhei até a porta da casa batendo uma vez... Meu coração estava quase saindo pela boca.

Demorou um tempo, bati de novo, e então a porta foi aberta.

Charlie ainda era como eu me lembrava, só que mais envelhecido... Ele me encarou, primeiro assustado, depois surpreso e então vi a emoção em seu rosto... Ele parecia tão cansado, tão destroçado emocionalmente, e meu peito se apertou em compaixão por ele.

-Bella. – sua voz soou incrédula.

Voltei a deixar as lágrimas rolarem por meu rosto e assenti.

-Oi pai. – ofeguei, por causa do choro, e ele me puxou para seus braços... Nos abraçamos e choramos... Eu vivi uma vida inteira de mentiras, e foi preciso algo tão doído como a morte da minha irmã acontecer para fazer com que eu descobrisse tudo, mas enquanto meu pai me abraçava com força eu tive uma pequena fagulha de esperança de que talvez nem tudo estivesse perdido!


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Notas finais do capítulo

E aí? To ansiosa para saber o que vocês acharam, espero os reviews *--*
Bjokas