Uma Chance para Jacob Black escrita por DarkLuar


Capítulo 1
O amor tem esperança


Notas iniciais do capítulo

"De preferência ler o Livro Lua Nova antes para entender a história"
Página 297... Daí que os fatos correm.



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     Fiquei apática no sofá enquanto esperava por ele. Billy estava silencioso no outro cômodo. Eu me sentia uma enxerida, olhando pelas frestas para uma tristeza que não era minha.
     Jake não demorou muito. O ronco do motor da picape interrompeu o silêncio antes do que eu esperava. Sem dizer nada, ele me ajudou a sair do sofá, mantendo o braço em meu ombro quando o ar frio do lado de fora me fez tremer. Assumiu o banco do motorista sem pedir e me puxou para junto de si, para manter o braço firme à minha volta. Encostei a cabeça em seu peito.
     - Como você vai para casa? – perguntei.
     - Não vou. Ainda não pegamos a sanguessuga, lembra?
     Meu tremor seguinte nada tinha a ver com o frio.
     Depois disso, a viagem foi silenciosa. O ar gelado me despertou. Minha mente estava alerta, funcionando muito bem e muito rápido.
     E se acontecesse? Qual era a atitude certa a tomar?
     Agora eu não conseguia imaginar minha vida sem Jacob – eu me encolhia de medo só de tentar pensar nisso. De certo modo, ele se tornara essencial para minha sobrevivência. Mas deixar a situação como estava... era crueldade, como Mike dissera?
     Lembrei-me de ter desejado que Jacob fosse meu irmão. Agora percebia que o que eu de fato queria era reivindicá-lo para mim. Não parecia nada fraternal quando ele me segurava daquele jeito. Era apenas gostoso – quente, reconfortante e familiar. Seguro. Jacob era meu porto seguro.
     Eu podia reivindicar meus direitos. Tinha poder para isso.
     Tinha de dizer tudo a ele, sabia disso. Era a única maneira de ser justa. Precisava explicar direito, para que ele soubesse que eu não estava me recompondo, que ele era bom demais para mim. Ele já sabia que eu estava arrasada, essa parte não o surpreenderia, mas ele precisava saber a extensão disso. Tinha de admitir até mesmo que estava louca – explicar sobre as vozes que ouvia. Ele precisava saber de tudo antes de tomar uma decisão.
     Mas, mesmo quando reconheci essa necessidade, sabia que ele me aceitaria, apesar de tudo. Ele sequer pensaria duas vezes.
     Teria de me comprometer com isso – comprometer o máximo de mim que ainda restava, cada um de meus fragmentos. Era a única maneira de ser justa com Jacob. Será que eu faria? Conseguiria?
     Seria tão errado tentar fazer Jacob feliz? Mesmo que o amor que eu sentia por ele não passasse de um eco fraco do que eu era capaz de amar, mesmo que meu coração estivesse muito longe, vagando e lamentando por meu Romeu volúvel, seria assim tão errado?
     Jacob parou o carro em frente à casa escura e desligou o motor, então, de repente, fez-se silêncio. Como tantas outras vezes, ele agora parecia estar sintonizado nos meus pensamentos.
     Ele passou o outro braço em mim, apertando-me contra seu peito, prendendo-me a ele. Mais uma vez, era gostoso. Quase como ser uma pessoa inteira de novo.
     Achei que Jake estivesse pensando em Harry, mas ele falou e sua voz tinha um tom de desculpas.
     - Me perdoe. Sei que você não sente o mesmo que eu sinto, Bells. Juro que não ligo. Só estou tão feliz por você estar bem que poderia até cantar... E isso é uma coisa que ninguém quer ouvir. – Ele soltou seu riso rouco em minha orelha.
     Minha respiração se acelerou um pouco, arranhando as paredes da garganta como areia.
     Edward, embora indiferente, não gostaria que, dadas as circunstâncias, eu fosse o mais feliz possível? Não restaria amizade suficiente para ele querer o melhor para mim? Achei que sim. Ele não me negaria isso: dar ao meu amigo Jacob só um bocadinho do amor que ele não queria. Afinal, não era o mesmo amor.
     Jake apertou o rosto quente contra a minha cabeça.
     Se eu virasse o rosto de lado – se colocasse meus lábios em seu ombro nu... Eu sabia exatamente, sem dúvida alguma, o que viria a seguir. Seria muito fácil. Não haveria necessidade de explicações naquela noite.
    Mas eu conseguiria fazer isso? Conseguiria trair meu coração ausente para salvar minha vida patética?
     Borboletas assaltaram meu estômago quando pensei em virar a cabeça.
     E depois, tão clara como se eu corresse um perigo imediato, a voz aveludada de Edward sussurrou em meu ouvido.
     “Seja Feliz”, disse-me.
     Fiquei paralisada.
     Jacob sentiu-me enrijecer e me soltou automaticamente, estendendo a mão para a porta.
     Espere, eu queria dizer. Só um minuto. Mas eu ainda estava paralisada, ouvindo o eco da voz de Edward em minha cabeça.
     O ar frio da tempestade soprou pela cabine da picape...

***
E aqui começa a mudança dos fatos...

***
     Segurei o braço dele com força, puxando-o de volta.
     - Jake espere! –  me surpreendi quando ouvi minha própria voz, parecia uma suplica.
     Jacob voltou a olhar para mim, os olhos negros nos meus. Estremeci. Não apenas de frio, mas com o que eu estava para fazer.
     - Bella, você esta se sentindo bem? – a voz dele foi quase um sussurro de preocupação.
     Ele reparou que eu tremia, fechou a porta da picape e ligou o aquecedor. Jacob logo passou novamente os braços a minha volta me esquentando, não tirava os olhos dos meus, eu começava a me sentir mal por tudo aquilo e sentia ainda como se fosse uma traidora.
     Ele afagou meus cabelos, fechei os olhos sentindo aquela caricia. Era tão bom.
     - Bells, querida... você esta se sentindo mal? – os traços de raiva estavam totalmente tomados pela preocupação e angustia.
     - Sim... estou bem, Jacob... é que, eu não queria... – senti as palavras entaladas na garganta, parecia que meu coração ia parar – eu não queria que você fosse...
     Jake me olhou surpreso por um momento, um longo momento para mim. Um largo sorriso apareceu em seu rosto, eu quase pude ver o antigo Jacob, o meu Jacob que achei ter perdido, depois que ele se tornara o que era.
     Hesitante, coloquei minha mão fria em sua face quente, sempre tão gostoso tocá-lo.
     Ele apertou o abraço me puxando mais para si. O calor dele era sempre tão bom. Sem pensar retirei minha mão de seu rosto, passei meus braços em volta de seu pescoço, retribuindo o abraço.
     As borboletas ficaram mais agitadas.
     - Bella... – a voz rouca dele quebrou o silêncio da cabine, não tirava os olhos dos meus e parecia tenso – eu sei que você sabe... mas, eu tenho que dizer... mesmo que você ainda ame “ele”... – incrivelmente a menção a Edward não doeu em mim – eu tenho que tentar... Bella... eu... eu te amo...
     Silêncio.
     As borboletas em meu estomago estavam ficando loucas, saber é uma coisa.  Ouvir, totalmente diferente. Não consegui encará-lo, virei meu rosto.
     Com delicadeza Jacob segurou meu queixo, me obrigando a olhá-lo nos olhos de novo. O braço que me envolvia apertou o abraço, como se temesse que eu fugisse. Ele estava sendo sincero, podia ver naqueles olhos negros, mas esse amor revelado fez o buraco arder, cutucou a ferida deixada por Edward.
     Acho que ele percebeu isso, como ele sempre prestava tanta atenção em mim. Afrouxou o abraço e passou a mão em meu rosto. Eu não reagia.
     - Eu sei Bells, você nunca vai me amar como amou ele... mas eu não me importo... nada importa, se você estiver comigo... eu quero tentar, tentar fazer você ser feliz...
     Só pude sorrir, como se acendesse uma vela de esperança. A voz aveludada de Edward mesma tinha dito, para eu ser feliz, ou pelo menos tentar. Por isso não rejeitei, quando Jacob passou a mão por trás da minha cabeça e me puxou mais para frete, fechei os olhos ao sentir aqueles lábios quentes contra os meus, cheios de timidez e incerteza. Mas eram tão diferentes dos “dele”, o calor daqueles lábios contrastando com minha lembrança, com a frieza dos lábios do vampiro.
     Meu coração bateu mais forte, perdeu um pouco do controle. Sem pensar retribui o beijo de Jacob com mais intensidade do que pretendia. Daí eu me lembrei, que ele estava sem camisa e eu praticamente deitada em cima dele. Empurrei ele parando o beijo, meu rosto pegando fogo.
     Mas ele me segurou.
     - Não Bells... não fuja benzinho. – novamente ele afagou meus cabelos, encostou os lábios quentes no meu rosto por um longo momento. – Eu não vou deixar Bella, que essa esperança se apague... eu quero você.
     - Eu vou te decepcionar...
     - Eu assumo todo o risco. Não vai se ver livre de mim tão facilmente.
     - Mas Jacob... eu...
     - Shhhh... – ele colocou o indicador sobre meu lábio, por algum motivo isso fez meu coração acelerar. – Eu já escolhi Bella, eu te amo e não vou desistir... não vou desistir de você.
     Mais uma vez Jacob me prendeu em seu abraço quente. Não sei se deveria, mas não ofereci resistência. E mais uma vez senti aqueles lábios quentes nos meus, agora sem timidez e me puxando para um beijo de tirar o fôlego. Senti uma pontada de dor, como se estivesse traindo Edward. Mas fora ele que me deixara. Entreguei-me novamente ao beijo, como se ele tirasse de mim toda a dor que eu sentia no peito e pudesse me dar uma esperança de voltar a viver. Não era o meu Romeu, mas quem sabe Julieta pudesse ser feliz com Páris.
     Jake continuava a me apertar contra ele, enquanto me beijava com um certo desespero. Parecia que todos os meses que ele passara a gostar de mim estavam naquele beijo. O abraço dele já estava me deixando sem ar.
     - Jake... calma... es.. estou sem ar... – empurrei ele com o máximo de força que tinha.
     Ele parou o beijo e me soltou, me observava meio ofegante também com o beijo.
     - Perdoe-me Bella... acho que fui um pouco longe de mais...
     - Sim... você foi. – minha voz saiu ressentida e ofegante ainda. – E não deveria...
     - Charlie logo vai voltar... – Jacob não fez questão de disfarçar o desapontamento – Melhor o  Chefe Swan não nos ver assim, não hoje.
     - Não vou te prometer nada Jake, nem uma próxima vez.
     - Eu sei. Mas sou paciente e quem sabe o que o futuro reserva.

     Não discuti. Novamente Jacob abriu a porta da picape e o vento gélido invadiu a cabine. Rapidamente saiu e fechou a porta, com agilidade abriu a porta do passageiro e me ajudou a sair, o ar frio entrou cortante nos meus pulmões ainda doloridos do quase afogamento. Ele me ajudou a ir até a porta da casa e abriu ela para mim, não entrou e ficou do lado de fora com um sorriso tímido, mas carregado de felicidade.
     Parei para observá-lo. Sua expressão ficou séria.
     - Não se meta em confusões Bells, enquanto eu estiver fora.
     - Vocês vão atrás dela?
     - Eu já disse que sim...
     Só em pensar novamente em Victoria, em que ela poderia matar Jacob. Meu sangue gelou.
     - Não vá Jake... por favor...
     - Não posso fazer isso benzinho. – ele acariciou minha face triste – não posso deixar aquela sanguessuga machucar você. E eu prometo que volto, não vou te deixar tão fácil ou já se esqueceu? Não vou esquecer de hoje, nunca...
     - Não alimente tantas esperanças Jacob.
     - Acho eu já é tarde para pedir isso Bella.
     Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa ele se foi. Tão rápido que mal pude ver, meu coração doeu de preocupação. Quem sabe o que o futuro poderia me reservar com Jacob Black? Nem eu podia saber, era fato que eu não conseguiria viver sem ele, não do jeito como estava. Agora, só me restava esperar.


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Notas finais do capítulo

~o~
Todos os créditos a Stephenie Meyer e seus maravilhosos personagens o/