Um problema chamado Robin escrita por Yuushirou


Capítulo 3
"Cold"


Notas iniciais do capítulo

Okay, demorou (bem) mais do que o planejado, mas saiu. Não tenho palavras para me desculpar pela demora, mas espero que apreciem!



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Focada. Esta era a melhor palavra para definir Robin, sem sombra de dúvidas. Porque ela era focada em tudo: em suas leituras, suas interpretações, e em suas produções textuais também. Não era a toa que havia escolhido ser arqueóloga logo cedo. Na verdade, de início, a única razão para tornar-se uma estudiosa da história era conquistar sua própria liberdade e enfim poder estar ao lado de sua mãe. Jamais conseguiria uma vida digna se continuasse a servir como empregada doméstica na casa de sua tia. Nunca tivera direito a uma escola, mesmo uma pública, então procurou por si mesma aqueles famosos estudiosos da grande Biblioteca Central da ilha de Ohara. Tinha neles sua grande e verdadeira família. Aprendera a ler com eles, e aprendera, também, a gostar de desvendar os mistérios que circundavam o passado do mundo. Por anos, desde que aprendera a ler, Robin se manteve focada em seus estudos. Aos oito anos de idade, não possuía amigos, portanto não tinha nem como desfrutar de momentos de distração e prazer, restando, portanto, apenas tempo para o trabalho doméstico imposto por sua tia, e o que sobrasse de horas deveria ser para seus esforços para se tornar uma arqueóloga. Todos os arqueólogos em Ohara realizavam um exame para serem admitidos como tais, e obviamente Robin pretendia passar neste exame.

Estava lendo mais um livro que alocara da Biblioteca Central quando um tomate a acertou no rosto. Não precisou virar o rosto, pois as vozes zombeteiras de crianças já entregavam os seus agressores. Era triste, mas verdade: as crianças normais a odiavam, porque ela não era como elas, era considerada um monstrengo, algum filhote de aberração, pois a maioria das pessoas em Ohara nunca havia ouvido falar ou pouco sabia a respeito das Akuma no Mi. Robin tivera o azar (ou, quem sabe, a sorte) de comer, acreditando ser apenas uma fruta exótica, a Hana Hana no Mi, a Fruta da Flor, e imediatamente ganhou a habilidade de desdobrar qualquer parte de seu corpo em várias iguais, como pétalas. Desde que seus olhos azuis pudessem visualizar, ela podia, também, fazer seus membros multiplicados aparecerem em qualquer superfície. Isso a confortava às vezes, porque ela se via semelhante àquelas deusas antigas, de civilizações ainda mais longínquas, que eram retratadas possuindo de seis a oito braços, e que algumas vezes podiam ser representadas ao lado de animais exóticos. Robin não se lembrava de onde havia lido sobre tais divindades, mas sabia que pertenciam à mitologia de algm povo de pele escura. Certamente lera em algum dos inúmeros livros da Biblioteca.

Como era naturalmente esperado de um ser vivo capaz de reagir a ações ou estímulos, Robin revidou o tomate que recebera no rosto fazendo seus braços se desdobrarem e multiplicarem até alcançar as cabeças dos garotos que a incomodavam, dando-lhe cascudos. As crianças imediatamente correram, xingando-a de monstro, como sempre fizeram, e antes que ela pudesse terminar a leitura de seu capítulo, a mãe de duas daquelas crianças apareceu para repreendê-la. Correu, não querendo mais ouvir aquela mulher acusando-a de atacar as outras crianças sem motivos ou chamando-a de monstro também. E na tarde daquele mesmo dia viu uma menininha que deveria ter a sua mesma idade andando de mãos dadas com os pais, alegando querer arroz caseiro no jantar, animada, enquanto os dois adultos riam. Ver aquele tipo de cena fazia o peito de Robin doer, pois ela sabia que não era órfã, mas mesmo assim não podia viver com sua mãe, visto que a mesma era uma arqueóloga e por isso viajava muito a trabalho, nunca tendo tempo de retornar à Ohara para ver a filha. Apesar de não lembrar nem do rosto de Nico Olvia, Robin sentia falta da mãe e sonhava com o dia em que ela retornaria do trabalho e a levaria consigo em suas expedições. E sempre que chegava em “casa”, essa falta a sufocava mais ainda. Naquele dia a tia Roji havia saído e deixado um bilhete para a sobrinha:

 

“Para Robin.

Hoje é o aniversário de nossa filha, então nós três saímos para comer fora. Tem pão que sobrou do jantar para você, então coma bem. Tenha cuidado para não usar muita geleia. Quando você acabar de comer, antes de nós chegarmos, lave os pratos, limpe a casa, traga as roupas para dentro, e não se esqueça de ir para cima antes que fique muito tarde.”

A garota chorou enquanto limpava o chão da cozinha e da sala de estar. Não era considerada um membro da família, disso já sabia, mas não achava necessário que tia Roji fizesse tanta questão de salientar isso. Ao terminar seus afazeres, foi à Biblioteca devolver o livro que pegara para estudar, e foi recebida com festa pelos arqueólogos de Ohara. Havia passado no exame para graduar-se como arqueóloga, com destaque para o fato de ter acertado todas as questões do teste. Nunca alguém lhe fazia festas, a não ser os estudiosos da Biblioteca, porque a consideravam como uma irmãzinha. Sorrira diante de tantos elogios e saudações à nova arqueóloga de Ohara, mas bastou que mencionasse ao professor Clover que seu sonho era desvendar o mistério do Século Perdido e toda a equipe a censurou. Não que Clover não a achasse capaz ou quisesse privá-la de um sonho, mas ele temia que a garota fosse descoberta pelo Governo Mundial. A própria Nico Olvia, a quem Robin claramente puxara e estava seguindo os passos, estava sendo arduamente perseguida pelo Governo e pela Marinha. Todos os estudiosos que tentaram desvendar o Século Perdido haviam sido decapitados, mas Olvia tivera um pouco mais de sorte. Entristecida com a repreensão do professor, Robin tornou a se sentir excluída, desta vez, até mesmo por sua família da Biblioteca.



No dia seguinte, enquanto caminhava solitariamente pela praia de Ohara, Robin se deparou com um homem anormalmente grande caído sobre a areia, a aparência desgastada e ferida. Certamente era um gigante, ela já havia lido a respeito deles nos livros da Biblioteca. Socorreu o gigante desconhecido mostrando-lhe onde havia água, e assim fez sua primeira amizade com um não membro da Biblioteca. Ao contrário das crianças e dos pais de Ohara, o gigante, que se apresentou como Jaguar D. Saulo, não parecia incomodado com o fato de Robin possuir um poder oriundo de uma Fruta do Diabo. Pelo contrário, ele ficara radiante, e contou à garota que já havia estado na Grand Line e que já conhecera muitas pessoas com poderes de frutas incríveis. Por outro lado, ele também lhe pedira que não mencionasse a ninguém que ele estava escondido no litoral de Ohara. Estava sendo perseguido. Mesmo não entendendo a gravidade da situação, Robin jurara não contar a ninguém, o que cumpriu fielmente, e no fim das contas aprendeu a sorrir com Saulo. Aquele gigante tinha um dom incrível de passar-lhe segurança, e sugeriu que a garota conhecesse o mar, o explorasse em busca de seus verdadeiros amigos, que certamente estariam por aí em algum lugar do mundo, apenas esperando para conhecê-la. Para Saulo, ninguém nascia para viver só.

Foi quando aquele dia, o dia em que Ohara fora reduzida a cinzas, chegou, trazendo consigo todos os pesadelos e fantasmas do passado de Nico Robin. Nico Olvia havia retornado à ilha após ter sido a única sobrevivente da expedição de trinta arqueólogos de Ohara em busca dos segredos do Século Perdido, mas decidira cortar todos os laços que ainda tinha com os arqueólogos de sua terra natal e também com sua própria filha, a fim de proteger a todos o máximo que conseguisse. Ela não permitiria que Robin fosse filha de uma criminosa. Robin não deveria saber de nada, nem tão pouco ser uma arqueóloga. É claro, Olvia não imaginava que a garota àquela altura já havia se graduado como uma, um verdadeiro gênio de Ohara. A CP9 também aportou em Ohara, decidida a prender todos os estudiosos da Biblioteca Central e mandar decapitá-los como punição por desobedecer ao Governo. Foi através de profundas investigações que a divisão de assassinos a serviço do Governo Mundial descobrira que todos os arqueólogos que já foram detidos por cometer o crime de investigar o Século Perdido eram de Ohara, e, portanto, a ilha deveria servir de exemplo a qualquer estudioso que estivesse se escondendo em qualquer um dos quatro cantos do mundo.

Aquele dia fora tempestuoso para Robin. Correra para avisar aos arqueólogos sobre o que Saulo lhe dissera: diversos navios da Marinha estavam a caminho de Ohara, o que significava que logo haveria um ataque em massa. A CP9 já havia se encarregado de mentir para as pessoas da ilha, alegando que estavam ali para protegê-las dos criminosos de Ohara, pois estes estariam estudando o Século Perdido com o objetivo de construir armas de destruição em massa, e ordenando a todos que corressem imediatamente para o navio de fuga disponibilizado na costa oeste da ilha. Obviamente, a garota não chegara a tempo de ajudá-los a fugir, e logo todos os arqueólogos foram detidos e levados algemados para o centro da cidade, enquanto a grandiosa Biblioteca Central era, aos poucos, pulverizada. Para Robin, mais chocante do que ver uma mulher ferida (sua mãe, que fora rapidamente nocauteada pelos comparsas de Spandine) sendo jogada ao chão como se fosse um saco de lixo, foi ver o professor Clover ser silenciado, diante de todos, com um tiro no peito. A menina não acreditava no nível de crueldade que testemunhava, mas mesmo assim conseguiu gravar bem as palavras ditas pelo velho arqueólogo, palavras estas que eram perigosas demais para serem lançadas diante de oficiais do Governo. Talvez, se Clover tivesse ficado calado, poderia ter tido uma chance de sobreviver, pensava Robin.

— Você é... a minha mãe?! – Robin exclamou para a mulher capturada pelos homens de Spandine.

Havia reconhecido algo naquela mulher, e a garota sentia que só poderia ser sua mãe. Sabia que era idiotice se entregar daquele jeito, mas a emoção falava mais alto, era mais forte do que Robin podia reprimir. Enquanto a via se afastar de si, tinha ainda mais certeza de que era a arqueóloga Olvia sendo praticamente arrastada pelos comparsas do líder da CP9, que pretendiam interroga-la.

— Eu sou a Robin! Eu cresci muito! Não me reconhece?! – gritou mais vezes para a mãe.

Não fossem os canhões dos navios de guerra da Marinha, que começaram a disparar contra a ilha atrapalhando totalmente o trabalho de Spandine e seus homens, mãe e filha certamente teriam sido exterminadas ali mesmo, juntas. Haviam acabado de se reencontrar, e Robin logo precisou ser retirada dos braços de Olvia mais uma vez. A arqueóloga implorara a Saulo que salvasse sua filha, e designou à pequena a importantíssima missão de sobreviver e ensinar às próximas gerações os segredos do Século Perdido e a arte de ler os lendários Poneiglyphs*. Robin tinha que viver, ou tudo o que os estudiosos de Ohara se empenharam tanto para descobrir e aprender seria jogado no lixo.

“VIVA, ROBIN!”, a frase ecoou em sua mente forte o suficiente para acordá-la no meio da noite. Estava sonhando com sua infância, mas as lembranças ainda ferviam tão recentes em sua cabeça. Ainda podia ouvir os sons de explosões ecoando de todos os lados por onde Saulo corria com ela aninhada entre as duas grandes mãos de gigante. Ainda podia ver Saulo diante de si atacando seus próprios subordinados a fim de proteger a pequena arqueóloga, usando suas mãos poderosas para agarrar e erguer um navio inteiro da Marinha e em seguida atirá-lo em outro navio. Sim, Saulo era um Vice-Almirante, mas estava foragido, pois ajudara Nico Olvia a escapar da prisão. E, finalmente, Robin ainda se lembrava de ter visto, pela primeira vez em sua vida, ele, Aokiji, na época um Vice-Almirante como Saulo. O marinheiro havia visto o gigante atacando os homens que um dia comandara, e logo o rendeu com suas partisans de gelo.

— Kuzan – disse Saulo, a expressão temerosa.

— Ora, se o Buster Call fosse obstruído por um ex-membro da Marinha, não seria uma coisa ridícula? – ironizou Aokiji, apesar de sua expressão estar séria.

— Kuzan, você se orgulha de participar deste genocídio? Acorde! – implorou o gigante – Isso é muito suspeito! Não é possível que você também não tenha notado que isso tudo não passa de um exemplo!

— Se isto é para um bem maior, não temos escolhas – rebateu Aokiji, inabalável – Estes pesquisadores estão infringindo a lei. O que chamamos de “justiça” muda de conceito dependendo de qual lado você está. Por isso não posso julgar o seu entendimento de justiça. Porém, se você se opõe a nós, a ponto de nos ferir, eu não deixarei passar.

Naquele momento uma nova explosão chamou a atenção dos três: o navio de fuga disponibilizado pela Marinha fora bombardeado... Por outro navio da Marinha! Robin se esforçou para lembrar se naquele dia prestara atenção nas atitudes e posturas do Faisão Azul, e logo a expressão de incredulidade que ele estampara no rosto lhe veio à mente.

— O navio de evacuação foi bombardeado! – algum marinheiro gritou, aterrorizado com a cena.

— Veio do navio do Vice-Almirante Sakazuki! – outro concluiu.

— É assim que a justiça sobrepõe as injustiças?! Você ainda pode sentir orgulho depois disso?! – Saulo chamou a atenção de Aokiji ao tentar esmaga-lo com sua mão gigante, estava furioso e chocado com a cena do navio repleto de inocentes totalmente destruído.

— Jamais consentiria com isto! – Kuzan exclamou em resposta, referindo-se a Sakazuki, aquele que seria o Almirante Akainu anos mais tarde.

Saulo tão logo já estava correndo para o outro lado com Robin novamente em suas mãos, aproveitando-se do breve momento de distração do colega, e este rapidamente contornou a situação atingindo o gigante com uma rajada de gelo, levando-o ao chão.

“Robin, fuja!” , a frase dita por Saulo ecoou na mente de Robin enquanto tentava se recordar de cada mínimo detalhe daquela cena. Enquanto o seu grande amigo a encorajava a fugir na jangada que ele havia preparado para si mesmo objetivando deixar Ohara o quanto antes possível, a garota via a figura de Aokiji se aproximando perigosamente. Ela tremia, mas não queria simplesmente deixar Saulo para trás, e acabou por presenciar o momento em que o ex-Vice-Almirante era rápida e gradualmente congelado pelo colega. Ela correu, o mais longe e depressa possível, na direção contrária à de Aokiji, mas acabou por reencontrá-lo, mais à frente, sentado quase tranquilamente ao lado de um pequeno barco.

— Justiça absoluta – dizia Kuzan – É sabido que as vezes pode levar as pessoas à loucura. Eu decidi que deixarei você escapar desta ilha. Uma semente que foi protegida por Saulo, e que eu imagino no que irá se tornar. Você é livre para odiar a quem quiser, mas acho que deveria se considerar sortuda de ainda ter sua vida. Tente viver ao máximo. Deixei um caminho de gelo no mar. Viaje em linha reta neste pequeno bote, e logo chegará a uma ilha. E não se esqueça: eu não sou seu amigo. Se você cometer algum deslize, serei o primeiro inimigo a captura-la.

— Minha mãe ainda está na ilha! – gritou a menininha.

— Ela não sobreviverá – respondeu Aokiji, frio como a Hie Hie no Mi – Mas se é tão doloroso para a ponto de você preferir morrer, está livre para fazê-lo.

Logo, não restou mais nada à pobre pequena arqueóloga a não ser forçar a risada “dereshi” que aprendera com Saulo, risada esta que ele dizia que deveria ser usada nos momentos difíceis a fim de acalentar a si mesmo. Robin não sabia, mas foi vista escapando de Ohara naquele pequeno bote, e somente não foi perseguida pela CP9 porque Aokiji congelou a água ao redor do navio de Spandine e seus homens, impedindo-os de sair do lugar.

Levantou-se na cama, ficando sentada, já sem sono. Arrumando a franja com uma das mãos, Robin se lembrou de como aos poucos foi descobrindo o quanto a Marinha podia ser baixa mesmo com uma criança: a cada cidade ou vila em que a garota chegava, mais e mais pessoas comentavam espantadas sobre a capacidade demoníaca de Nico Robin de ter afundado seis navios de guerra da Marinha tendo apenas oito anos de idade e de ter conseguido, ainda, enganar o Vice-Almirante Kuzan, fugindo deste. Eram especulações que não faziam o menor sentido, mas que a Marinha permitia que se espalhassem e fossem alimentadas. O que importava, afinal, era somente a captura da criminosa Nico Robin, última terrorista da ilha de Ohara, que pretendia desvendar os Poneiglyphs* a fim de ter em mãos as maiores armas de destruição em massa que o mundo já viu.

Trabalhou em diversas casas oferecendo serviços domésticos às pessoas, em troca de comida e teto, mas todas sempre a traíam. Era como se não houvesse mais ninguém bom no mundo, como se todas as pessoas somente se importassem com o dinheiro. Desta forma, Robin procurou então juntar-se a tripulações piratas em busca de proteção. Não precisava de pessoas bondosas, não mais, pois se todas aquelas para as quais ela trabalhou eram consideradas “boas”, melhor que vivesse entre as pessoas consideradas “más”.

— Eu já ouvi falar de você, Nico Robin! – era a tradicional reação dos capitães piratas – Também somos procurados. Te daremos comida se nos fizer alguns servicinhos.

Mas sempre todos eram atacados e capturados pelas tropas do Quartel General da Marinha enquanto Robin, como sempre, fugia pela porta dos fundos. Tornara-se um agouro. Por onde passasse, fosse entre pessoas comuns fosse entre piratas, coisas ruins aconteciam àqueles que lhe dessem comida e teto. Ela trazia desgraça aonde chegava. Ela era um problema.

— Nico Robin, gostaria que me emprestasse o seu poder. Parece que você pode ler os Poneiglyphs, correto? – a voz grave de Crocodile foi a última a admiti-la em uma tripulação pirata, antes dos Chapéus de Palha – Além do que, já tem ciência do quanto pode ser prestativa?

Aquele homem a olhava como um lobo ao encurralar um cordeiro: devorava-a por inteira com os olhos. Os doze anos em que estivera na Baroque Works. Doze anos de prisão em uma organização criminosa, apesar de aquela ter sido a sua única alternativa para manter-se viva e nutrida.

— Não sei do que está falando – respondeu a jovem, não entendendo de fato onde aquele pirata queria chegar – Sei fazer muitas coisas. Posso cozinhar, lavar, passar, tudo o que você precisar para ter uma vida confortável.

— Não, não, não – ele zombou, sacudindo as mãos em movimentos negativos – Não preciso de uma empregada doméstica. Se fosse isto, mandaria meus homens pegarem alguma mulher qualquer por aí para fazer tudo isso para mim.

Ela o olhou confusa, piscando algumas vezes os orbes azuis.

— Não, definitivamente você não nasceu para ser uma mera empregada doméstica, Nico Robin – quando ele se levantou, ela teve instintivamente o impulso de dar alguns passos para trás, temerosa – Você nasceu para algo mais. Só precisa fazer por merecer.

Crocodile fez uma pausa apenas para observar as feições nervosas daquele rosto bonito, e prosseguiu:

— Diga-me, quantos anos você tem?

— Dezesseis – respondeu sem rodeios.

— Entendo – levou a mão do gancho ao queixo de Robin, fazendo-a erguer o rosto para ele – Considerando a vida fugitiva que leva, posso afirmar, sem medo, que nunca teve um namorado.

Robin corou e engoliu seco, estava a um triz de reagir mal àquelas investidas estranhas do pirata.

— A partir de hoje você se chamará Miss All Sundays. Será a companheira de Mister Zero, que sou eu – declarou enquanto analisava os olhos azuis arregalados da garota – Seremos um par, e comandaremos todos os outros pares da Baroque Works, compreendeu?

— Sim, senhor – ela assentiu e virou o rosto, não gostando de ser tocada pela curvatura fria do gancho dele – Mister Zero.

Apesar de Crocodile sempre a olhar como se estivesse prestes a ataca-la a qualquer momento, ele nunca chegou a de fato agarrá-la nos dois primeiros anos de Robin na Baroque Works. À medida que a garota amadurecia enquanto mulher e também como criminosa profissional, ela entendia mais o que o Shichibukai queria dizer com “seremos um par”, e buscava formas de escapar de suas mãos sempre que ficavam a sós. Não queria um homem, porque não precisava de um. Só precisava de um lugar para chamar de “lar” e de condições para dar continuidade aos seus estudos. Parecia-lhe asqueroso entregar-se a alguém que não conhecia em troca de dinheiro, pensou quando um dia cogitou tornar-se cortesã. As anfitriãs das casas costumavam afirmar que aquela era a forma mais fácil de uma mulher ganhar a vida e garantiam que o lucro era bom, mas Robin nunca conseguiu digerir tal ideia. Crocodile não lhe era um estranho, não após dois anos de convivência com ele, mas ainda assim a arqueóloga sentia calafrios quando antecipava o que ele pretendia fazer com ela. Aquele homem não desejava ser como um cliente para ela, tanto que sempre puniu ou matou a todos que ousaram olhá-la de maneira estranha e até então nunca a havia tomado à força quando ela se recusou ser beijada, mas também nunca demonstrou sentir algo de especial pela garota. E como Robin sempre imaginou, aquela era apenas uma questão de tempo. Logo chegou o dia em que Crocodile perdeu a paciência, mesmo nunca tendo feito um mínimo de esforço para conquista-la ou seduzi-la.

— Dezoito anos – ele disse a ela – Dois anos de amadurecimento. Já aprendeu muita coisa de lá para cá, não é, Nico Robin?

Ela se voltou para ele, a taça com vinho em uma das mãos. Estava a olhar para a cidade lá fora através das grandes janelas da sala de Crocodile.

— Sim – respondeu sem emoção.

— Já deixei o seu dinheiro em seu quarto – ele comentou se aproximando dela, sua mão normal a segurar uma taça com vinho também - Poderá gastá-lo no que quiser.

— Eu vi. Agradeço por lembrar-se de meu aniversário, Crocodile – respondeu Robin, observando-o se aproximar com uma expressão de indiferença.

Ele parou de frente para ela e ergueu a taça.

— Um brinde a mais uma etapa cumprida, e ao seu aniversário – disse o chefe da Baroque Works.

Robin ergueu a dela também, forjando um sorriso, e quando os dois tocaram as taças, uma na outra, Crocodile deu mais alguns passos à frente e se curvou parar poder alcançar o rosto dela, virando a cabeça de lado, beijando-a repentinamente. Robin não correspondeu, ficando apenas imóvel, fechando os olhos somente por reflexo, meio apreciando o forte gosto de tabaco e vinho tinto que ele carregava na boca. Era a primeira vez que era beijada. Quando ele afastou os lábios finos dos dela, a arqueóloga reabriu os olhos, encarando-o num misto de estranheza e indiferença.

— Sabe... – ele levou o gancho à cintura da mulher – Creio que já não seja mais tão nova para certas coisas.

— Sabia que estava somente esperando até que eu parecesse preparada – concluiu Robin, indo deixar sua taça na mesa do escritório, mas não conseguindo se livrar do gancho que quase se encaixava perfeitamente em sua cintura – Sabe, a maioridade é aos vinte anos**. Ainda me faltam dois anos.

Ele deu o último gole em sua taça e a deixou vazia sobre a mesa também, mantendo o gancho a segurar a jovem mulher pela cintura, e deu uma última tragada em seu charuto.

— Você sempre foi mais madura que a sua idade – enfiou o charuto no cinzeiro da mesa – Considere isto um elogio. Está sempre um passo à frente de todas as mulheres de sua idade, e até mesmo de alguns homens.

Agora com a mão normal livre, ele a pegou pelo queixo, fazendo-a erguer o rosto, como fez na primeira vez em que conversaram a sós. Robin suspirou, sentindo seu coração bater acelerado: estava mais do que claro que havia chegado a hora. No fundo, ela realmente achou que Crocodile esperaria até que atingisse ao menos a maioridade. É claro que estava novamente errada sobre ele.

— Mas nunca estará à frente de mim – ele acrescentou, sombrio – Porque eu sou o comandante desta organização.

E tornou a beijá-la assim que notou uma sombra de temor passar por aquele rosto delicado: havia amedrontado-a, e se divertia com o resultado, tão claro na expressão facial daquela linda mulher. Ela era simplesmente linda, e nem mesmo o infame Crocodile era imune a tamanho poder de sedução. Ela não precisava falar-lhe com doçura, andar de maneira insinuadora ou trajar algo menos composto; somente a sua presença já era o suficiente para arrematar corações masculinos. Ele não a amava, mas a queria somente para si. Um tesouro valioso demais para ser deixado à disposição de terceiros, e para sua sorte, ele tinha o poder de monopolizá-lo.

Robin não tinha para onde fugir: se reagisse mal poderia ser punida, se tentasse fugir, obviamente seria pega. A a única alternativa era a de levar as mãos ao peito daquele homem enquanto o permitia beijá-la. Tinha que deixa-lo fazer o que quisesse com ela, pois já o conhecia a tempo suficiente para saber que Crocodile não era o tipo de homem que aceitava um “não” como resposta, e que não hesitava em matar quando achava que era a solução mais viável. Rapidamente aprendeu a corresponder a um beijo, imitando os movimentos da língua dele no interior da boca, mas suas mãos permaneciam estáticas, tímidas, sobre o peito masculino, sem saber por onde começar ou para onde ir. Não era de todo desagradável sentir-se ser apertada contra o corpo grande e relativamente forte dele, mas o fato de estarem se beijando a fazia sentir-se mal. Robin sabia, mesmo não tendo experiência alguma com questões amorosas e sexuais, que o beijo significava algo mais entre aqueles que o praticavam. Não estava certo beijar aquele homem se não o desejava como amante, mas se aquela era a ordem de Mister Zero, teria que acatar. Mantendo-a perto de si com o gancho em sua fina cintura, Crocodile levou a mão normal ao rosto, depois pescoço, e por fim, o busto da garota, que corou e não pôde deixar de gemer, constrangida. Havia virado o rosto para o lado, interrompendo o beijo, mas o Shichibukai não pareceu se importar com isso, e logo levava os lábios ao pescoço de Robin, beijando-a e sugando-a ali enquanto sua mão explorava-lhe o busto coberto pelo vestido de festa que usava. Em poucos instantes aquela mão estava apertando-a no ventre, e depois mais abaixo, empurrando parte do tecido para o meio de suas pernas, arrancando-lhe um segundo gemido, porém, desta vez fazendo-a se afastar.

É claro que Robin não tinha o direito de querer ou não continuar com aquilo, pois era uma ordem. Logo ele a trazia de volta para perto de si e tornava a tocá-la de maneira sexual enquanto a olhava com um misto de repreensão e sadismo. Ela se sentia agredida, mas sabia que teria que se acostumar, pois imaginava que dali pra frente eles provavelmente iriam repetir essa mesma cena mais vezes, o que consumaria a sua condição de companheira dele. Foi levada a deitar-se, ele lhe separando as pernas com autoridade.

As outras vezes depois daquela foram menos desconfortáveis: ele pareceu ter entendido o quanto Robin reprovou ter tido relações sobre a mesa, porque passou a leva-la para a cama dele sempre que tinha vontade. Às vezes, a própria Nico Robin não entendia porque não era ao menos um pouco feliz ou realizada. Tinha tudo o que uma mulher podia querer: Crocodile a cobria com as melhores marcas de roupas e perfumes, dava-lhe o que houvesse de melhor para comer e sexo não faltava, tudo desde que Robin se mantivesse fiel a ele e à Baroque Works, o que de fato ela foi, por doze anos inteiros. Aprendeu a sorrir sem estar se sentindo verdadeiramente feliz, a roubar, fraudar, participar de alguns assassinatos, tudo sem sentir o peso dos remorsos. Robin não era mais uma boa garota, nem havia condições de continuar a sê-la. Se as pessoas a odiavam, ela simplesmente as odiaria de volta...

Estava debruçada sobre o parapeito do navio Revolucionário, pensando, refletindo, e seus pensamentos foram cortados pela voz de um dos integrantes do Exército Revolucionário, que a haviam resgatado de sua condição escravista em Tequila Wolf.

— Desculpe? – disse ao homem, balançando a cabeça para ordenar melhor seus pensamentos.

— O que a fez mudar de ideia? – ele indagou – Agora você concorda em ir conosco a Baltigo. De qualquer forma, estamos todos felizes com a sua decisão. Dragon-san sempre quis conhece-la.

— Oh, sim – ela sorriu, mas permaneceu de costas para os revolucionários, observando o mar além da grande Ponte em East Blue – Se eu soubesse que havia pessoas como vocês, desejaria muito que tivessem vindo atrás de mim antes.

— N-Nossas desculpas! – o líder daquele grupo ergueu as mãos em rendição – Não tínhamos ideia de que você trabalhava para o Crocodile.

Ela virou o rosto de lado e falou-lhe amigavelmente:

— Era só uma piada. Só estava brincando. Sem ofensas, mas estou feliz como as coisas tomaram o seu rumo.

Antes que eles pudessem reagir ao comentário, alguém do outro lado do navio do Exército gritou:

— Zarpar! Vamos direto a Baltigo!

Robin suspirou e apreciou o movimento suave do navio a zarpar, satisfeita que finalmente estava se afastando daquele país horrendo. Soran, a garota que a encontrara desmaiada dentro de uma cratera na neve, havia lhe dito que Tequila Wolf na verdade era uma colônia repleta de pessoas consideradas criminosas ou traidoras pelo Governo Mundial, e lá todas tinham que trabalhar todos os dias na construção da Ponte Gigante, que tinha como objetivo unificar as ilhas no East Blue, mas que já estava sendo construída fazia setecentos anos. Robin foi parar lá assim que foi tocada pela pata de urso do Shichibukai, Bartholomew Kuma, em Sabaody. Não sabia por que foi enviada ali e nem o que havia acontecido com Luffy e todos os outros Chapéus de Palha, mas agora podia respirar tranquila porque o Exército Revolucionário rendera todos os guardas de Tequila e libertara todos os escravos. Assim que notaram que se tratava da famosa Nico Robin, os soldados resolveram leva-la a seu líder, Monkey D. Dragon, pai de Luffy. A princípio Robin não quis conhecê-lo, desejando apenas retornar a Sabaody e reencontrar seus amigos, mas acabou desistindo assim que vira a manchete mais recente dos jornais mundiais:

 

“O Chapéu de Palha está vivo! E tocou 16 badaladas no Sino de Ox por uma Nova Era em Marineford.”


A arqueóloga sorriu assim que seus orbes azuis pousaram na foto de Luffy, que assumia uma postura de luto diante dos fotógrafos em Marineford. Notou a tatuagem que ele fez no braço, e imediatamente entendeu o recado do Capitão Chapéu de Palha: o bando deveria reunir-se em Sabaody, dali a dois anos, no bar Estorção da ex-pirata Shakky.

— Robin-san, venha para dentro – sugeriu-lhe o líder do grupo de revolucionários do navio – Está frio aqui fora.

E de fato, dava para se ver as respirações de todos a provocarem pequenas nuvens brancas próximas a seus rostos.

— Eu estou bem aqui – respondeu Robin – Eu sou uma pirata e vocês são revolucionários. Não posso confiar em vocês assim tão fácil. Não posso ir para uma cabine onde não existam saídas.

— Como? Não possuímos nenhuma má intenção com você! – implorou o revolucionário.

— Deixe-me ficar aqui. Quando eu estava sozinha, vivia assim o tempo todo.

— Certo. Lamento pela insistência – ele se desculpou, e logo em seguida ordenou a seus companheiros que trouxessem cobertores e comida e bebida quentes para Robin.

“Luffy, você realmente acredita que posso ficar mais forte sendo conduzida pelos mares com seu pai? Nunca pensei que ficaria mais forte por alguém antes...”, ela pensou consigo mesma, sorrindo ao lembrar-se do garoto Monkey. Acreditava nele e o seguiria até o Inferno se fosse necessário. Devia muito ao jovem pirata, e por ele daria sua vida. Aliás, daria sua vida por qualquer um de seus companheiros Chapéus de Palha. Eram sua família, os companheiros longínquos dos quais o gigante Saulo falou-lhe há vinte anos, que estariam esperando-a em algum lugar pelo mundo.

Quando a noite caiu naquele navio Revolucionário, Robin somente adentrou a cabine dos homens para procurar açúcar. Iria preparar um chá para si mesma, para ver se conseguia dormir. Sentia-se inquieta demais, e não era por causa do frio lá fora, que já havia amenizado. Ao abrir a geladeira, a pequena corrente de ar frio que se chocou com suavidade contra o seu corpo agasalhado a fez lembrar-se dele. Fechou os olhos, entregando-se à agradável sensação de sentir-se acariciada pelo ar gelado. Onde Aokiji estaria naquele momento? Ele teria se ferido durante a Guerra dos Melhores? O quanto poderia ter se machucado durante o conflito? Estaria o Almirante do Gelo pensando nela naquele momento? Eram todas questões que ela levantara nos poucos segundos em que ficou estática de olhos fechados diante da geladeira, até flagrar-se fazendo algo idiota e por fim fechar o eletrodoméstico, indo para fora da cabine novamente, com o açucareiro em mãos para fazer seu chá. Sentou-se no sofá que os soldados revolucionários a deram para dormir mais confortavelmente do lado de fora, e começou a preparar o remédio caseiro para dormir.

Aokiji tem sido um de seus pensamentos mais insistentes dos últimos dias. Desde aquele dia, quando os Chapéus de Palha se reuniram para comemorar o retorno de Robin à tripulação, que findou na primeira noite da arqueóloga com o Almirante, Robin não conseguia parar de especular a respeito dos pensamentos, ideias e atitudes de Kuzan. Na pior das hipóteses, ela imaginava que talvez o Faisão Azul da Marinha tivesse cometido um pequeno (ou grande) deslize ao sentir-se tentado a beijá-la. Homens eram fracos. Facilmente podiam ser dominados pelo poder de sedução feminino, sabia. Diversas vezes utilizou de seus encantos para enganar marmanjos que podiam atrapalhar os planos de Crocodile. A julgar pela cantada barata que Aokiji lançara à Nami na ilha de Long Ring Long, certamente ele também era vulnerável a mulheres bonitas. Girava a pequena colher no centro da xícara com chá enquanto tornava a pensar nele. Nunca havia tido relações de maneira consentida. Estava acostumada com beijos rápidos e pouco significativos, formas de toca-la autoritárias, e quase nenhuma troca de olhares durante o sexo. Crocodile não era sentimental e nem precisava o ser, isso ele demonstrava na forma como submetia Robin a suas vontades. O beijo que ela recebera de Aokiji fora tão verdadeiro que nem sequer parecia real.

Não sabia se o queria por perto agora para que pudessem repetir o feito daquela noite ou se preferia que suas diferenças os mantivessem separados. Ainda tinha aquele momento em sua cabeça, tão marcante, mas tinha plena consciência do quão inapropriado era um marinheiro ter alguma relação amorosa com uma pirata, e vice-versa. Se os colegas de profissão de Aokiji sequer sonhassem com esta ideia, ele estaria liquidado. Fechou os olhos ao bebericar o chá que ela mesma preparou, e logo a lembrança lhe veio à mente:

Fora beijada com gentileza por lábios macios. Suas mãos foram tocar os cachos dos cabelos masculinos. Ela sentia as duas mãos a explorar as curvas de seu corpo. Deixou-se ser deitada. Ele se posicionou sobre o corpo curvilíneo de Robin, e por ela foi aceito.

Abriu os olhos e notou-se mais calma e sonolenta. Afinal o chá começou a fazer efeito. Pôs a xícara vazia no chão, ao lado do sofá, e se encolheu enfiando-se nas cobertas. Descobrira recentemente que adorava o frio. Fazia-a lembrar-se de Aokiji Kuzan.


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Notas finais do capítulo

Hmm... Não sei se já notaram, mas eu sempre descrevo (fisicamente) o Aokiji baseando-me nos traços do Yusaku Matsuda, ator japonês (já falecido) de filmes e seriados de ação, que serviu de modelo inspirador para a criação do personagem de Oda.

*Acreditam que eu já encontrei 4 grafias diferentes para os poneiglyphs? "Poneiglyph", "Poneygliphs", "Poniglyphs" e "Poneglyphs".

**A maioria dos fãs de cultura oriental já deve saber: a maioridade no Japão é somente aos 20 anos.



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