-Justin

Entrei no quarto de novo depois de um longo dia e uma longa conversa com Scooter. Ele disse que veria como resolver, lamentou muito pelo que houve e que realmente não esperava algo assim. Claro que não, ninguém esperava.

     - Tudo bem? – Perguntei ao passar pela cama e ver a garota com a cabeça enfiada no travesseiro. Ela se movimentou, acho que estava assentindo.

      Estranho. Sentei na mesa e liguei meu notebook. Estávamos lá, em todos os sites de fofoca, blogs, Twitter, Facebook etc. O novo – ou nem tão novo assim – namoro de Justin.

     - O que está fazendo? – Miranda estava atrás de mim, olhando a tela.

     - Nada demais. – Dei de ombros, pegando meu celular que estava vibrando no meu bolso. Miranda continuou lendo as manchetes enquanto eu lia a mensagem do Chris Brown no celular. – Amor?

     - Que foi? – Perguntou, sem tirar os olhos do notebook.

     - Quer ir à uma festa?

     Ela sorriu fraco. Acho que uma festa seria uma boa, depois daquele dia longo e frustrante.

     - Uau. – Falei, quando ela saiu do banheiro, pronta para irmos à festa.

     - Gostou? – Perguntou, sorrindo fraco.

     - Não ouviu o meu “uau”? – Brinquei. – Você está linda!

     Aquele vestido branco se moldava perfeitamente em seu corpo. Desde aquele dia na piscina, tenho reparado muito no corpo dela, no seu jeito sexy. O jeito que ela andava, não era como o das outras garotas, era diferente. Ela andava na minha batida; Jus-tin, Jus-tin.

     - Você já está pronto? – Perguntou, terminando de calçar o salto.

     - Claro. – Levantei da cama e saímos do quarto.

     A casa do Chris estava lotada. Do tipo: dura de gente. A música estava alta demais e a pista de dança estava bem movimentada. Chris parecia não estar em lugar nenhum.

     - Vamos beber alguma coisa. – Sugeri a Miranda, que assentiu e segurou meu braço com mais força.

     O bar estava lotado, para variar. Muitas pessoas estavam bêbadas já e pareciam nem se importar, pois entornavam mais e mais copos de bebida.

     Miranda pediu, quando conseguiu se enfiar no meio daquilo. Fiquei olhando a movimentação, esperando achar de algum jeito meu amigo. Peguei um dos copos da mão de Miranda. Era Martini de maçã verde, não tinha muito álcool.

     - JB! – Uma voz gritou meu nome. Virei-me e dei de cara com Chris, sorrindo muito. – Achei que não vinha!

     - Nós resolvemos vir. – Falei, fazendo um toque com ele.

     - Nós? – Ele olhou para os lados, procurando minha companhia. Olhei para trás, procurando Miranda e a vi saindo do bar, com outra bebida em mãos.

     - Isso é bom. – Ela sorriu. – Ahn... Oi, Chris Brown.

     - Só Chris. – Pediu e a abraçou. Piscou para mim enquanto a abraçava, desenhando um “uau” mudo com a boca. Sorri, presunçoso. Miranda virou o Martini. – Vai com calma.

     - Estou bem. – Ela sorriu mais. Chris assentiu, olhando-a de cima a baixo. Não gostei daquilo.

     Falei mais um pouco com Chris e ele teve que ir cumprimentar outras pessoas. Miranda já tinha virado o terceiro. Olhei para ela, meio espantado, mas ela só sorriu.

     - Vamos dançar. – Pegou minha mão e me puxou para a pista de dança. Confesso que não sou muito de dançar nesse tipo de festa, é comprometedor. Mas o que eu não faço por essa garota?

     Miranda começou a rebolar, de acordo com a batida. Acho que ela estava um pouco fora de si, não sei bem. Alguns caras, amigos de Chris, olhavam muito, quase a comendo com os olhos. Coloquei as mãos em sua cintura, mostrando que ela tinha dono. Miranda continuava dançando, agora colada em meu corpo. Ela estava me provocando, só pode. Eu parecia um idiota desengonçado dançando com ela.

     - Vou pegar outra bebida. – Ela gritou e foi para o bar. Fui atrás dela, não ia ficar sozinho ali, parado. Miranda virou no mesmo instante que recebeu, pedindo outra.

     - Meu amor, acho que já está bom. – Falei, tirando o Martini de suas mãos.

     - Justin! – Ela reclamou. – Já disse, estou bem. – Pegou a taça de volta.

     E foi com esse “estou bem” que eu acabei tendo de tirá-la dali, à força, porque ela estava bêbada.

     - Onde está me levando? – Perguntou, rindo logo em seguida.

     - De volta para o hotel. – Respondi, afivelando o cinto em volta de sua cintura.

     Ouvi-a reclamar, mas ignorei. Não ia deixa-la naquele estado. Acho que nem me despedi de Chris.

     - O que vamos fazer agora? – Perguntou ela, sorrindo maliciosa enquanto esperávamos o elevador do hotel. Sorri, malicioso também.

     Opa, foco, JB. Não faça nada que ela vá se arrepender depois!

     A porta do elevador abriu e entramos sem pressa. Miranda mal conseguia andar. Nunca achei que estaria vivo para presenciar o dia que ela tomaria um porre.

     - Devemos fazer silêncio? – Perguntou, quando saímos no nosso andar.

     - Sim, devemos. – Falei baixinho.

     Ela assentiu e deu um passo, esbarrando num vaso. Bufei e a peguei no colo, indo para o quarto. Se Scooter nos visse ali, nos mataria. Ou me mataria, não sei. Entrei no quarto e a coloquei no chão. Ela ia gritar em comemoração, por isso calei sua boca com um beijo.

     Miranda tirou o salto e os jogou num canto qualquer. Fechei a porta com uma mão, enquanto a outra mantinha seu corpo junto ao meu. Ela começou a andar, nos conduzindo para a cama. Colocou a mão no meu peito e me empurrou de modo selvagem, eu caí deitado. Logo ela estava em cima de mim, selando nossos lábios.

     - Meu amor. – Tentei dizer algo, mas ela não ouviu. O gosto de álcool era sensível, mas não estragava seu beijo. E eu achando que tinha pouco álcool. Suas mãos exploravam meu tórax sem libido e era excitante. – Miranda...

     - Qual é, Justin. – Ouvi sua voz baixinha, um tanto sexy, no meu ouvido. Ela pegou minhas mãos e as colocou em suas pernas, enquanto mordia meu lábio inferior. Apertei-as por instinto, ouvindo um gemido baixinho dela. Suas mãos desceram até o cinto da minha calça.

     - Miranda, não. Você está bêbada. – Falei, segurando suas mãos. Ela reclamou. Levantei, pegando-a no colo. Como bom namorado, não posso me aproveitar dela nesse estado. Não mesmo. Além do mais, ela me mataria se soubesse que eu fiz alguma coisa com ela. – É para o seu bem.

     Liguei o chuveiro, a água estava gelada. Ela se debateu nos meus braços, mas fui mais forte. Ficamos lá por uns dez minutos, até que ela foi uma boa garota e parou de reclamar. Eu estava encharcado e ela também.

     - Vou me trocar, consegue se trocar sozinha? – Perguntei, meio preocupado. Ela assentiu, parecia um cachorrinho acuado, toda molhada.

     Fui para o banheiro, sequei a água que caiu fora do box e me troquei. Fiz minha higiene e sai do quarto. O que era se trocar para uma Miranda bêbada: tirar o vestido e cair dura na cama, só de lingerie. Era fofo e sensual ao mesmo tempo, mas não me demorei em seu corpo. Cobri-a, recolhi seu vestido do chão e deitei ao seu lado, por cima do cobertor. Estava morrendo de calor.

 - Miranda

     A claridade fazia minha cabeça latejar, mesmo eu não estando totalmente desperta. Abri os olhos devagarinho, tentando me acostumar com a luz. Olhei as horas no relógio no criado-mudo e vi um copo d’água com um comprimido de Tylenol ao lado. Sorri e tomei. Eram onze horas da manhã.

     Sentei na cama, sentindo a preguiça me invadir. Olhei para baixo e me vi apenas de sutiã. Aí o Justin entrou no quarto, comendo alguma coisa e com um sorriso no rosto. Aí minha cabeça latejou mais forte, por causa da tentativa de vasculhar a noite anterior à procura de algo que explicasse isso.

     - Bom dia, Bela Adormecida. – Sorriu para mim.

     - O que houve? – Perguntei, me cobrindo de novo com o cobertor.

     - Eu imaginei que você não se lembraria. – Sorriu, malicioso. – Por isso gravei e coloquei no YouTube, para quando você quiser ver...

     - Justin! – Meus olhos saltaram.

     - É brincadeira, shawty. – Ele riu fraco. – Não rolou nada.

     - Ah... Então, por quê...

     - Hm, você ficou doidona ontem. Você tentou me estuprar, eu coloquei você embaixo do chuveiro e fui me trocar. Quando eu voltei, você estava só de lingerie, dormindo feito pedra na cama. – Respondeu, dando de ombros.

     - Não acredito. – Escondi o rosto nas mãos.

     - Relaxa, todo mundo fica bêbado ao menos uma vez na vida. – Sentou ao meu lado.

     Assenti. Meu Deus, quero saber muito o que eu tentei fazer com ele ontem. Sei lá, eu deixei ele ir até que ponto? Quis perguntar, mas fiquei com vergonha.

     - Não fomos muito longe. – Falou, como se lesse minha mente. Assenti, ainda muito sem graça. – Suas coxas são perfeitas. – Sorriu. Taquei o travesseiro nele. - Desculpe, eu precisei dizer. Anda, se arrume, temos um longo dia.

     - Ok. – Falei e esperei.

     - O que foi? – Perguntou.

     - Estou esperando você sair daqui. Não vou levantar desse jeito! – Falei, como se fosse óbvio.

     - Qual é, Miranda, eu já te vi assim. – Bufou.

     - É, mas estava escuro. E também já viu demais!

     Ele bufou de novo e saiu do quarto. Levantei correndo e tranquei a porta.

     - Meu Deus! Que vergonha! – Fui para o banheiro, arrastando comigo toda a minha vergonha junto. Tomei um banho longo, fiz minha higiene e me vesti.

     Desci para o saguão e comprei uma barra de cereal, já que havia perdido o café. Minha cabeça ainda latejava e os óculos de sol não ajudavam muito.

     Justin e o resto da equipe estavam perto da porta, conversando. Acho que eles estavam me esperando, ai droga. A vergonha só parecia aumentar cada vez mais.