- Justin

Shed a tear 'cause I'm missing you
I'm still alright to smile
Girl, I think about you every day now
Was a time when I wasn't sure
But you set my mind at ease
There is no doubt you're in my heart now 

    - Ei, JB? – Ryan me chamou, mas ignorei e continuei andando. – Justin! – Arrancou os fones de ouvido de mim.

    - O que foi?!

    - Relaxa, cara! – Pediu, levantando as mãos. – Vamos entrar nessa loja. Gostei de um tênis aqui.

     - Mais um? – Perguntei, abaixando o som do iPod.

     - Falou o cara que só tem um par, né? – Provocou.

     - Compra logo essa droga e vamos almoçar. – Falei, entrando na loja.

     - Dá uma olhada por aí... Vai que você gosta de alguma coisa. – Sugeriu.

     - Uhum. – Murmurei e saí andando pela loja. Kenny na minha cola.

     Olhei alguns pares, mas não gostei de nenhum, não faziam meu estilo – eram comuns demais. Voltei para perto de Ryan e sentei numa daquelas cadeiras para quem ia provar o calçado. Kenny fez o mesmo e começou a mexer no celular.

     - Ah, pequena... – Comentou, baixinho, enquanto olhava algo lá.

     - O que foi?

     - Ela está na Europa... – Respondeu, meio entretido.

     - Quem? – A curiosidade bateu. Estiquei o pescoço para ver o celular.

     Ele me percebeu ali e guardou o celular rapidamente, meio que como para que eu não visse. Consegui ver um pouco da foto, uma garota. Era meio familiar para mim, apesar de não ter visto seu rosto.

     - Quem era?

     - Ninguém. – Pigarreou. Estava mentindo. Certo, não era para eu ver mesmo. Encarei-o. – O que foi?

     - Nada, é só que você chamava a Miranda de pequena. Queria saber se estava falando dela. – Falei.

     - Você falou tão firme... Já superou?

     - Claro.

     - Fico feliz por você, Biebs. Demorou, mas você conseguiu, né? Já faz o que? Seis meses?

     - Sete. – Corrigi, olhando Ryan indo ao caixa.

     Kenny me observava atentamente.

     - Até pouco tempo você ficava de mal humor quando a gente falava nela...

     - Eu sei. Mas agora eu já superei. A gente acha que nunca vai sair dessa, mas passa. Never say never. – Sorri.

     Kenny sorriu também e bagunçou meu cabelo. Recebi uma mensagem: “Quando você vai chegar? Já estou dentro do avião, a gente se encontra lá? Beijinhos, S”.

     - Viu? A gente supera. – Mostrei a mensagem a ele e respondi que seria no final da tarde.

     - Vamos? – Ryan chegou, com uma sacola em mãos.

     - Pronto, moça? Não quer uma blusa para combinar com o tênis não? – Provoquei e ele me bateu com a sacola. – Viado. Vamos almoçar. – Fui à frente.

     - Miranda está na Europa. – Ouvi Kenny comentar com Ryan, baixinho. Fingi não escutar.

     - Jura? E como ela está? – Ryan se animou.

     - Ela? Ah, ela está ótima... Mas... – Ele hesitou, tenho certeza de que olhou para mim para se certificar de que eu não estava ouvindo. – Havia um rapaz com ela.

     Tropecei em meus próprios pés. “Vamos lá, JB: direita, esquerda, direita...”, pensei, me sentindo o maior idiota.

     - Sabe andar não? – Ryan deu um tapa na minha nuca. Ignorei. Ele voltou a cochichar. – Ele sabe?

     - Não. E pretendo que nem saiba. – Kenny falou e aquilo meio que encerrou o assunto. – Ei, Jus, vamos comer aqui. – Entrou num restaurante chinês.

     - JB, pega leve no rolinho primavera. – Kenny pediu quando eu peguei o sexto. Fingi que não ouvi e peguei mais uns três.

     - Que fome. – Ryan observou. Ok, eu tenho aquele tipo de problema em que eu como demais quando fico ansioso.

     Terminamos de comer e voltamos para o hotel. Logo mais tarde já estávamos no avião, prontos para voltar para Atlanta.

     - Isso é algo sério? – Ela perguntou, enquanto olhava para suas mãos, sem graça. Ela era tão fofa quando estava sem graça.

     - Bom... A gente pode tentar, certo? – Sorri.

     - E o que vamos dizer a eles? – Ela apontou para os fotógrafos que esperavam nossa saída da festa.

     - Acho... Vamos dar a eles o que querem. – Abri um sorriso travesso. Ela logo me acompanhou.

     Ela estava linda em seu vestido vermelho, que marcava sua cintura e acentuava suas curvas, apesar de não serem muitas, devo admitir. Mas ela ainda assim estava linda.

     Ela estava ali, no salão de desembarque, me esperando. Aquilo ia contra as normas do aeroporto, mas era impossível deixá-la lá fora, entregue às minhas leoas furiosas. A gritaria assustava alguns passageiros de outros voos, mas fazer o quê.

     - Jus! – Ela me abraçou. Larguei o carrinho e envolvi meus braços em sua cintura. – Senti saudades.

     - Eu também. – Confessei.

     - Seleninha! – Kenny abraçou-a também. Ryan ficou um pouco de fora, ele não se dava muito bem com ela. Nem ele, nem Chaz e muito menos o Christian. Vida difícil. Selena era alguém tão fácil de gostar!

     - Vamos ver as minhas gatinhas. – Sorri e saímos do salão. Nossa recepção foi mais fervorosa do que eu podia imaginar.

     Parei um pouco para autografar o que quer que elas me pedissem, desde caderninhos até braços, blusas e coisas do tipo.

     - Ok, ok. Vamos lá. Quero um minuto de silêncio para a garota mais linda do mundo. Selena! – Nem sei por que eu fiz aquilo, mas queria que ela tivesse um recepção melhor do que algumas vaias que ela recebia. Surpreendentemente, todas elas fizeram silêncio.

     Mas alguém, longe, gritou. Virei a cabeça por puro reflexo, achando a voz tremendamente familiar. Rouca e... Doce. Feminina, eu reconhecia de algum lugar. Algo dentro de mim rejeitou a ideia de tentar reconhecer a voz. Voltei a atenção para as meninas, que voltaram a gritar.

     - Ei, Justin. Vamos indo para a casa do Usher. Ainda temos muito que fazer. – Kenny me puxou, fazendo borrar o autógrafo que eu estava dando.

     Mandei beijos e acenos, fazendo as garotas gritarem insanamente. Eu amava elas. Eu amava isso. Cada garota linda matando e morrendo para estar perto de mim. O que mais um cara de 17 anos pode querer?

     Meu bolso vibrou. Era uma mensagem do Chris.

     “Já está na cidade? Posso ouvir a gritaria daqui. O de sempre, lá em casa? O Ryan tá contigo, né?”

     Respondi, rindo da piadinha dele. “Engraçadinho. Te vejo lá na tua casa então. Tá comigo sim, ele vai também.”

     - O que é tão engraçado? – Selena quis saber.

     - Temos compromisso com os “amigos do Bieber”, já. – Fiz aspas com o dedo e sorri. Ela abriu um meio sorriso. Ok, o sentimento de desconforto entre eles era mútuo. Ela não gostava deles e eles não gostavam dela. – Vai ser divertido. – Garanti.

     - Ok, eu vou. Mas depois... Nós vamos ter um tempo só para nós. – Ela sussurrou em meu ouvido. Abri um sorrisinho.

     - Vamos sim. – Prometi, mordendo o lábio inferior.

     Entramos na van preta e fomos para a casa do Usher.

     - JB! – Usher gritou quando nos viu na sala de estar. – Meu garoto! Como está?

     - Melhor impossível. – Sorri, abraçando-o de volta.

     - Que bom! – Ele riu. – Cadê aquela garota linda?

     Selena deu um passo à frente, sorrindo. O rosto de Usher se transformou em uma careta de dúvida.

     - Não era ela... – Observou ele. – O nome dela era... Mariana? Não. Amanda? Também não... Miranda! Isso!

     O sorriso de Selena murchou. Adiantei-me em desfazer aquele erro.

     - Eu terminei com a Miranda. – Falei. Ele fez um muxoxo de desgosto.

     - Mas vocês se gostavam tanto!

     - Mas acabou, Ush. Acabou.

     - Certo. Então, bem-vinda à família, Selena! – Ele sorriu, mas não a abraçou, como teria feito se fosse com Miranda, tenho certeza.

     De repente me perguntei como ela estaria naquele momento. Queria saber se ela estava pensando em mim... O tal rapaz com ela, quem seria? Afastei aquelas perguntas de minha mente e foquei no momento.

     - Onde está o Scooter? – Perguntei, esticando o pescoço para ver pelos corredores.

     - Ele já está chegando. – Kenny tirou o celular da orelha e se juntou a nós.

     - Ryan! Está tão quieto que nem te percebi aí! – Usher puxou ele para um abraço.

     - Cadê os mini-Ushers? – Perguntei, estranhando a quietude do lugar.

     - Estão viajando com a mãe... Disney, sabe como é.

     - Ah... Meu companheiro de bagunça não está.

     - Qual dos dois é seu companheiro de bagunça? – Selena perguntou, sorrindo.

     - O Usher Cinco-ponto-zero. – Brinquei, arrancando uma risada estrondosa do Usher.

     - Cadê o meu garoto?! – Scooter entrou na casa, sorrindo.

     Era bom estar em casa de novo.