Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 40
Capítulo 40 - Nosso tempo


Notas iniciais do capítulo

Iaew. Espero que curtam o capítulo ;))))



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/167741/chapter/40

Fiquei parado, me amaldiçoando por ser tão babaca. A chave de Malu pesando toneladas entre meus dedos. Sentia como se tivesse chumbo em meus pés ao me lembrar de suas palavras.

– Igor? – Me virei mecanicamente para Edith, que caminhou segurando sua barriga. Os olhos me analisando. – O que houve?

– Fui um idiota. – disse, baixinho.

– Ah meu Deus, de novo? – Ela disse, irônica. – Você não cansa?

– É sem querer. – resmunguei. Não fazia por mal. Nunca fiz. Simplesmente era um babaca na maioria das vezes, principalmente com quem eu mais amava, no caso, Malu.

– Culpa da Daniela, certo? – Edith disse, a expressão ficando levemente carrancuda.

– Minha, na verdade. – Afinal de contas, eu a deixara tomar confiança, logo agora, que ia tudo tão bem entre mim e Malu, logo agora que tudo estava bem...

– Não chutou ela com eficiência assim como Malu chutou Carlos, certo? – Fiquei confuso com sua frase.

– O que?

– É, cara... Ela deu um belo chute nele. E foi por você, obviamente. Não queria deixar que ele atrapalhasse vocês. – Me xinguei mentalmente por isso, ainda mais. Eu havia duvidado disso. – Parecia realmente convencida que só queria você agora.

– Não está me ajudando muito com isso.

– Você não está se ajudando. O que está fazendo batendo papo aqui comigo? – A encarei, confuso. Ela apontou o carro. – Vai lá atrás da Malu enquanto eu arrebento a Daniela por amizade e também para Carlos realmente ter motivo para consolá-la além de ela ser uma vagaba e talz.

– Você está grávida! Não pode fazer isso. – reclamei, a fazendo revirar os olhos.

– Como se isso fosse me impedir... – A encarei, sabendo que ela estava certa. Ninguém conseguiria deter uma Edith realmente determinada. Ouvimos um barulho de grito dentro da casa. Edith impedida de correr, foi a passos rápidos para o quintal. Demos de cara com uma Ceci sendo segurada por Alexandre enquanto gritava e Daniela com a mão no rosto, abismada.

– Esperamos seis anos! SEIS! Pra tudo ficar bem. E agora com seu fogo no rabo você quer acabar com o que eles tem? Sério mesmo? Vou acabar com você por prejudicar minha irmã, sua piranha! Só eu posso fazer isso, caramba!

– Que cena familiar linda bem no meio do meu chá de bebê. – Edith revirou os olhos, então respirou fundo. – Solta ela, Alexandre. Deixa ela bater mais um pouquinho, por favor.

Pablo gargalhou, surgindo não sei de onde, a abraçando ternamente.

– É por isso que eu te amo. – Pela cara de Edith vi que era a primeira vez que ele dizia isso, já que seus olhos se encheram de lágrimas e ela o beijou por alguns segundos, ambos se olhando nos olhos. Senti meu peito doer ao ver a cena e saber que Malu não estava ao meu lado. Então Edith voltou a prestar atenção em mim, confusa:

– O que ainda está fazendo aqui, cacete? – Então acordei, voltei a correr para fora, entrando no meu carro e rezando para que tudo aquilo não acabasse, que eu pudesse ainda dizer que a amava e ela acreditar comigo. Cheguei ao prédio na metade do tempo normal, a agitação e o medo me deixando quase a beira do desespero. E se ela não me ouvisse? E se isto fosse a última gota pra ela? Afinal de contas, eu já havia pisado muito na bola. Como suportaria viver sem ela? Viver sabendo que podia ter a tido para sempre e a perdido? Expulsei essas perguntas de minha mente, estava me precipitando e me martirizando. A única coisa que sabia é que nunca poderia desistir dela e não a perderia. Subi a escada correndo e batendo desesperadamente na porta de Malu, tentando recuperar o fôlego.

– Vai embora! Quero ficar sozinha! – ela gritou, a voz chorosa. Senti meu coração comprimir de dor. Eu era um babaca.

– Olha, você já devia ter aprendido que aquela mulher é doida. E que eu sou um idiota, doido, ciumento e irracional. Mas é tudo porque eu te amo, droga! Eu não consigo não ter ciúmes, mas eu vou deixar de ser tão irracional. Sei que o que eu digo machuca e... Me desculpa. – encostei a cabeça na cabeça. – Juro que da próxima vez que ela se jogar pra cima de mim eu jogo ela na frente de um ônibus, da ponte, qualquer coisa. Só abre a porta pra gente conversar, Malu.

Ela negou baixinho, bati a cabeça mais uma vez contra a porta, olhando para a porta do meu apartamento, impregnado de lembranças com Malu. Tive uma ideia súbita, era um risco, mas que diferença faria?

Pov. Malu

– Não é uma boa hora pra conversa. – sussurrei para minha porta, ainda em pé. Sentindo meu coração doer.

Olhei para a porta, agora em silêncio. Ele havia desistido, parecia meio óbvio. Me senti arrependida de ter dito que devíamos terminar, por uma briga, mas por outro lado me sentia extremamente magoada. Mas a falta da sua voz me castigava. Então ouvi um barulho estranho na minha varandinha, algo sendo derrubado, corri para lá. Igor estava semi em pé, semi agachado, a mão no tornozelo. O pequeno banquinho e a mesa ali fora derrubado. Olhei a distância entre nossas duas varandinhas, que era até pequena se fosse pra parar pra pensar, mas mesmo assim era considerável. Arregalei os olhos.

– Você pulou a varanda minha casa, Igor? – perguntei, abismada.

– Minhas costas doem... – Ele gemeu. Procurei segurar o riso, era um absurdo. Como alguém podia ser tão... inconsequente?

– Você é doido! Podia ter morrido. – ralhei, ele levantou 1 dedo, claramente me pedindo um minuto. Então, suspirou:

– Não ia conseguir dormir com você brava comigo, de qualquer forma... ai.

– Você é doido. – repeti, enquanto ele se reerguia. Ri baixo de sua careta enquanto ele se alongava. – Absolutamente doido.

Ele sorriu levemente de mim, os olhos voltando a me analisar. Seu rosto adquirindo um quê de arrependimento. Voltei para a sala, sabendo que ele me seguiria.

– Me desculpa. Não soube lidar com a situação, vi você conversando com Carlos e disse coisas horríveis. Tudo saiu do controle. – Ele fez uma pausa. – Me desculpa.

– Acho que fui meio drástica e dramática. – Não fazia sentido desistir de tudo por um desentendimento, por mais irritante que fosse, afinal. Não gostava de me sentir assim, perdida sem ele. – Estava meio que no limite.

– Me desculpa, ok? Eu te amo, tanto... Que só faço merda. Desculpa. – O deixei me abraçar cautelosamente, aspirando seu cheiro. – Não quero que acabe. Não posso pensar em isso acabar.

– Nem eu. – confessei em sua camisa.

– Sinto muito por não ter sido mais veemente na minha rejeição com Daniela. – estremeci de irritação ao me lembrar dela. Respirei fundo, fazendo círculos imaginários em seu braço com meu dedo.

– Tudo bem. Só... – Me afastei levemente. – Tem certeza que quer a rejeitar?

– Ei, não pense nisso. – Ele segurou meu rosto, coloquei minha mão em seu pulso. – Só quero você.

– Eu sei como dói quando duvidam que você ama alguém.

– Eu sou um idiota. – Ele fechou os olhos, mordendo o lábio. – Um completo idiota.

– Só quero que tenha certeza. – O esperei olhar dentro de meus olhos, um meio sorriso brincando em seus lábios.

– É uma insegurança meio boba. Só quero você, que se dane Daniela.

– Que se dane, Carlos. – sorri junto com ele.

– Finalmente só nós dois?

– Sim, espero. – fiz uma careta. – Embora ache que ainda terei que espantar muitas galinhas do seu cerco.

– E eu muitos marmanjos. Mas não vou me deixar dominar pelo ciúmes, afinal, você me ama.

– Está aprendendo rápido a lição. – ri levemente.

– Obrigado. – Ele disse, presunçoso.

– Idiota. – O beijei delicadamente, a calmaria e paz me deixando tranquila e aliviada. Aqui estava ele entre meus braços novamente, poderia ter isto para sempre e nunca me cansar.

– Tenho que te pedir uma coisa, promete não pirar? – Igor sussurrou, beijando minha bochecha levemente. Suspirei.

– Tentarei. – Ele se afastou, segurando minhas mãos entre as suas firmemente, seus lhos nos meus, a voz sussurrada.

– Vem morar comigo. – pisquei, confusa. Tentando analisar a frase e seu sentido, era quase absurdo.

– Está louco? – arregalei os olhos, tentando me afastar, suas mãos me mantiveram perto de si.

– É, tentativa de não pirar: fail. – Ele riu, continuei o olhando confusa. Afinal de contas, era um passo gigantesco em nossa relação.

– É que... que.... – gaguejei, ele acariciou minhas mãos.

– Qual o problema?

– Nós nunca convivemos juntos por meses e meses! E se formos diferentes e se não der certo? É só você olhar Pablo e Edith. Parece que eles vão se matar.

– Hormônios de grávida. – Ele deu de ombros, fiz uma careta.

– Eu to falando sério, Igor. – Mesmo felizes Edith e Pablo sempre estavam brigando e fazendo as pazes, era estranho e me parecia sempre estressante. Mas tudo ficava bem porque Pablo e Edith... eram assim. Mas e se Igor e eu não conseguíssemos? Parecia muito cedo para pensar num ato tão sério quanto se mudar.

– Ta, ok. Bem... Não posso te dar nenhuma garantia quanto a isso, Malu. – Ele acariciou meu rosto, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. – Mas posso afirmar que eu te amo o suficiente pra tentar. E tentar sempre e sempre. Até conseguirmos. Até ficar bom pra você. Eu vou me esforçar.

– Isso é injusto. – gemi. Me soltei, caminhando pela sala. – Me fazer um pedido desses depois de uma briga? O quanto quer que eu diga não?

– É porque eu quero que você aceite! – voltei a olhar para ele. – É que a menção de não te ter e não poder te ver quando eu quiser, me apavorou mesmo que só por meia hora. Não pode me culpar por não querer passar uma hora sem ter certeza que te tenho. Não pode me culpar por querer ver seu rosto todo dia quando acordar, pode?

– É que... Não é assim que as coisas deveriam ser, ta tudo tão rápido de novo... Eu devia pensar e... O que as pessoas vão pensar? Eles dizem tantas coisas e... – Me amaldiçoei pela insegurança me dominar novamente.

– Esquece o que aquele filho de uma quenga do Carlos provavelmente disse. Melhor... Esquece os outros. – Igor disse, mais uma vez lendo minha mente. – Para de idealizar as coisas, Malu. Como deveria ser, como o mundo enxerga, no que isso afeta o mundo. É a nossa vida agora!

– Mas é o certo pensar nisso... – disse, quase inaudivelmente.

– Certo é como as coisas são! Idealizar só trás decepção! E eu rimei porque sou poeta! – Foi impossível não rir e Igor me abraçou, sussurrando no meu ouvido. – Olha as únicas pessoas que eu verdadeiramente me importo com a opinião é Eduardo, a sua mãe que me adotou e Pablo, que é como um irmão pra mim. Sua mãe só nos quer felizes, Pablo vai arranjar outro casal pra fazer piada e o Eduardo também só me quer feliz. Ele vai ter sorte de ter alguém como você na vida dele. Você não vai ser uma madrasta. Você vai ser a tia Malu, a que dá os presentes mais legais, que é a mais legal e a mais bonita... E que ainda é a namorada do pai dele! Cara... Só eu consigo ver isso como algo certo?

Fechei os olhos levemente, sorrindo, me lembrando de minhas próprias palavras, de minhas conclusões: De que me adiantaria me preocupar com os outros se isso me faria infeliz? Não me adiantaria de nada. Olhei para cima, dando de cara com sua expressão de expectativa. O beijei de leve.

– Sim... Você tem razão. – Era isso que eu havia pensado antes. Só estava nervosa.

– Tenho? – Ele disse, confuso. – Está concordando comigo??

– Sim. – ri. – Se existir o certo... Bem, acho que é isso.

– Quer dizer que definitivamente escolheu o que fazer da sua vida, Malu? – Ele sorriu malicioso.

– Eu escolhi o que eu quero. E eu quero você. – Ele sorriu, este sorriso tomando toda de todo o seu rosto e me contagiando.

– Hoje?

– Está mais pra... sempre, sabe? – sorri. – Consegue lidar com isso?

– Definitivamente. – Ele sorriu ainda mais, me puxando pra perto dele, sussurrando no meu ouvido. – Vem morar comigo?

– Vou considerar esse seu convite um pedido de namoro. Então, sim. – Ele paralisou por alguns segundos e senti vontade de rir de sua expressão.

– Então mesmo depois de todos esses meses de puro amor você não acreditava que estamos namorando?

– Você não pediu. – dei de ombros.

– É que sempre foi muito difícil pedir você em namoro. – ri baixinho. – Achei que estava subtendido. Mas quer saber de uma coisa?

– O que?

– Eu sou muito bem precavido. Toma... – Ele me entregou uma caixinha, com duas alianças de namoro. Enruguei as sobrancelhas confusa, não acreditando que ele tinha aquilo. – Eu deixo você me pedir em namoro.

– Idiota. – Feliz e plena, joguei os braços em seu pescoço e ele me beijou novamente, me afastei e ele tirou a caixinha da minha mão, colocando o seu próprio anel e o meu no meu dedo, ela se encaixando perfeitamente. Aquela aliança era diferente do que eu já tivera, meu coração parecia agora adornado também, só que de felicidade. A tirei, vendo a data gravada dentro: 19 de novembro. O dia do meu aniversário, o dia que afinal de contas Igor me entregara seu coração. Sorri, recolocando-a em meu dedo, eu nunca tivera uma aliança de namoro. Só de noivado. E ela era tão simples, tão linda... Tão Igor. O olhei nos olhos. – Eu te amo.

– Porque te dei um anel? – Ele brincou. Bufei.

– Não. Porque eu te amo. – expliquei. Não havia explicação melhor, ele sorriu, me puxando para si. Eu nunca me cansaria do contato físico com Igor, de todas as sensações que ele me proporcionava com um simples toque. De toda a felicidade borbulhante que me aquecia. Provavelmente nunca deixaria de ficar tremula com seu sorriso, ou plenamente feliz com um toque despreocupado dele. Sentia bem, certa, segura. Era nossa vez de sermos felizes. Finalmente estávamos tendo o nosso tempo. Nosso momento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo inspirado em Tempo Perdido do Legião Urbana ♥
Entãao, que amor esse capítulo, hã? Eu gostei pelo menos. Deu tudo certo.
Igor e Malu perceberam que tomar decisão de cabeça quente nunca dá certo. Aí eles conversaram e tudo ficou bem. YAY. FINALMENTE, um pedido de namoro com final feliz entre eles, haha. Então, sentindo arzinho de final, né? Confusões acabaram-se! Kk ai ai
Perceberam que fiz Ceci dar uns tabefes na Daniela? Pois é, achei que a Ceci tinha que tentar se retratar pela temporada passada kkk
Espero que tenham gostado, meninas. O próximo já é o penúltimo capítulo! ~chorando~ KKK
Obrigada por lerem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vento no Litoral" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.