Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 26
Capítulo 26 - Amigo é pra essas coisas


Notas iniciais do capítulo

Oláaa. No meu ponto de vista, eu voltei rápido o/
Então, pessoal... Primeiramente: FELIZ DIA DAS MÃAAES, pras mamães de vocês, pra quem já é mãe, pra quem será mãe. Enfim, vocês pegaram o espírito da coisa. KK
Então... Eu não ia postar o capítulo rápido... Porque meus reviews sumiram magicamente e eu queria ser má. Mas aí mudei de ideia e agora estou passando de teorias de viagens, todo mundo ocupado com a escola/trabalho/vida ou muita raiva de algum dos personagens (ou de mim) pra não comentarem, mas vou ficar torcendo e me esforçando nos capítulos pros sumidos voltarem. Porque é esquisito o número de leitores ir aumentando e reviews diminuindo. Não faz sentido, gente!!
Esse capítulo também em grande parte saiu mais rapido por causa da LINDA E MARAVILHOSA recomendação da maiiracosta. Que me deixou saltitante e empolgada. Obrigada do fundo do meu coração e agradeço muito por você ter dado atenção a esta fic. BRIGADÃAAO ♥
KKK Enfim... Esse capítulo é gigante! Bem, comparado aos meus outros capítulos ele é. Então espero mts reviews nele u.u Eu ia dividi-lo, mas ia perder completamente o sentido. Então... É isso aí.
Ahhh mais uma coisa.
Antes de lerem e etc... É uma conversa Malu e Edith. Pra não interpretarem errado, já adianto, não são acusações ou defesas sobre determinado personagens. São as opiniões da Edith, o que pode ou não ser a minha opinião. Mas juntando tudo, tentei ver a história pelos ponto de vista dessa louca aí e o capítulo se formou. E a partir dele muitas coisinhas vão se resolver, já aviso. KK Tenho que deixar claro porque tem gente que anda interpretando errado, aí eu fico meio confusa e chateada com a quase hostilidade, mas ok, né.
Enrolei bastante. Espero que gostem. ^^



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No fim do dia, voltei para casa exausta. Um cansaço emocional terrível, que me deixava totalmente exausta. Eu só queria um banho e dormir por uns 100 anos. Fui pra casa com a certeza que Igor tinha desistido de mim. E eu não conseguia lidar com isso. Com os sentimentos conflitantes. Com a terrível névoa que pairava em minha cabeça. Embaçando minha visão. Deixando-me cansada e pesada. Joguei minha bolsa no sofá junto com as chaves. Edith havia chegado mais cedo do que eu, que havia ficado presa com Gustavo ajeitando algumas burocracias.

– Oi...

– Oi.

– Onde está Victor?

– Na sua mãe. Ele ligou avisando que é capaz de dormir lá. Unha e carne, aqueles dois.

– É... – falei, cansada. Sentando no sofá e abraçando os joelhos. Edith tirou minha bolsa do caminho e seu tom suave me assustou:

– Malu?

– O que é?

– Sinto muito... – Seu tom de voz me fez olhá-la de canto, curiosa.

– Por...

– Eu ouvi a conversa toda. – mordi o lábio que ameaçou a tremer. – Pablo também...

– Ah... – respirei fundo, tentando deixar minha expressão desolada de lado.

– Ele está certo. – Ela sussurrou e eu dei de ombros.

– Não importa.

– Malu, você está péssima! Olha só você! Nunca foi assim... A depressiva sou eu. Você é a sonhadora. A capaz! – Ela me sacudiu levemente. – Olha, como sua melhor amiga... Eu peço para termos uma conversa de total e absoluta sinceridade. Você está precisando disso.

– Conversa de sinceridade?

– Exatamente. Você não vai mentir. Vai falar a verdade. Não importa o que aconteça. Vai ser sincera. E eu provavelmente vou te xingar demais, porque você está sendo uma chata e burra.

– Estou cansada demais pra isso. – Ameacei me levantar, mas Edith me segurou. Fazendo eu voltar a sentar no sofá.

– Não, não. Espera! Sou sua amiga. Vou ter essa conversa mesmo que tenha que te amarrar no sofá. Nem que seja só pra eu falar.

– Pra que? Esfregar na minha cara que to errada?

– Não é esfregar! É fazer você admitir. – ela explicou lentamente e eu senti meu rosto esquentar.

– Não tenho o que admitir!

– É exatamente isso. Você nega tudo. É tão difícil ser sincera? Admitir que é louca pelo Igor?

– Por favor... – choraminguei. Não queria ter essa conversa. Temia essa conversa. Eu já estava confusa, isso apenas serviria para me deixar ainda mais confusa.

– Um cego vê que vocês se gostam. É tão óbvio! Você o ama... E pelo que eu entendi da sua história. Dos dois lados da história... –olhei-a confusa. – Sim, eu realmente conversei com Igor sobre isto. Ou acha que eu e Igor passamos as noites no apartamento dele assistindo Glee enquanto você sai com Victor por aí? Enfim, nós conversamos... Ele é um cara bacana. Não perfeito, longe disso. Mas bem bacana. Quer saber minha opinião? De alguém que viu a conversa de longe e acompanhando essa história maluca de longe? Só agora?

– Diz, você não vai me deixar ir embora mesmo. – ela sorriu, dando de ombros.

– Ás vezes parece que você veio pra cá somente para atormentar Igor com sua nova vida feliz. Pronto, falei!

– Isso é um absurdo. – bufei, afastando meu braço do dela.

– E quebrou a cara, porque sua vida feliz não faz sentido quando está diante do que sente por ele. – Edith continuou me ignorando.

– Não sabe o que está dizendo.

– Não entendo porque você veio se não foi pra isso. Pra atormentá-lo, se vingar... E poder, não sei... Tentar novamente. É a única coisa que faz sentido, mona.

– Não importa o que ele fez comigo. Só quero deixar pra trás. – repeti automaticamente, só querendo não ter essa conversa.

– Algumas coisas simplesmente não podem ficar pra trás, Maluzita... Algumas coisas a gente não controla. Mais do que ninguém você sabe disso.

– Vai começar o discurso de que eu deveria perdoar e voltar com Igor? Me poupe.

– Sinceramente, vocês se merecem. Demais. Vocês são tão absurdamente parecidos e ao mesmo tempo tão diferentes. Mas agora não sei se vocês devem ficar juntos... Fico pensando na terceira pessoa mais envolvida nessa história.

– Quem? Victor?

– Não... É claro que não. Eduardo! – me surpreendi, arregalando os olhos. Edith se levantou do sofá, caminhando enquanto falava. A segui com os olhos. – Tudo aconteceu por causa da gravidez da Ceci não é? Por causa de um bebê. Por causa dele. Como se não fosse óbvio que você vê muito deles no menino e fica se martirizando lembrando do passado. Será que Edu merece uma madrasta tão rancorosa?

– Eu. Não. Sou. Rancorosa. – Praticamente gritei as palavras, mas Edith permaneceu impassível.

– É sim.

– Você quer que eu simplesmente esqueça o que Igor fez comigo? O que Ceci e ele fizeram comigo? Rancorosa? – Eu sentia minhas mãos tremerem. Tentando pensar nas suas palavras, encaixá-las no que eu sentia. Mas tudo que eu sentia era irritação, nervosismo e raiva. Queria gritar, tapar os ouvidos, bater os pés. Era tão injusto! – Pelo amor de Deus, eu não preciso ouvir isso. De novo e de novo! Batendo na mesma tecla o tempo inteiro! Sempre querendo que eu perdoe! Não é questão de perdoar, eu quero esquecer! Esquecer tudo que eu passei. Somente isso!

– Como isso me irrita em você, Maria de Lourdes. – Ela bateu o pé e eu a olhei indignada. – Irrita!

– Do que você está falando?

– Você pensa no que Igor fez com você. Como você foi magoada. Pensa bastante em você. É egoísta. Tem seus erros, as pessoas te perdoam por isso, justificam isso. E você continua pensando no quão foi magoada. Mas e se outra pessoa também sofreu com isso? Tipo... a prenha da história! A Ceci. Não querendo defender, mas vamos nos colocar no ponto de vista dela. Vamos pensar em apliques, tinta de cabelo e aquelas tiaras escrotas pra incorporar melhor a futilidade dela. Uuh, Pink! – ela fez um gestinho de patricinha cômico, mas fui incapaz de sorrir. Ela logo se ajeitou, suspirando e voltando a parecer séria, ao modo Edith, é claro. – Mas será que pessoas fúteis também tem sentimentos? Oh que surpresa! Tem sim! Pensa rapidinho no que Igor fez com ela... O que vocês dois fizeram com ela. Vocês omitiram o relacionamento de vocês quando ela começou a namorar com Igor. Ta bom que ela pirou quando descobriu a verdade, mas isso vem no pacote Ceci da vida. Descontrole, chiliques, essas coisas. E como será que ela ficou quando viu a irmãzinha dela indo embora? Por culpa dela! Putz, que barra. Ainda mais engordando que nem uma porca porque tava grávida. Gravidez faz amadurecer na marra, certo? Ou não... Porque a Ceci com certeza deixa o filho de lado certo?

– Ela cuida bem do Eduardo. – Ceci era cuidadosa, parecia que tinha memorizado todas as atitudes de mãe. Claro que Eduardo era extremamente apegado ao pai. Por todo o carinho que ele lhe dava. Ceci era mais fria. – Ela realmente cuida bem dele. Só não é...

– Carinhosa como Igor? Verdade. Isso é verdade. Mas pensa que lindo é perder o namorado gostoso pra irmã mais nova, supostamente sonsa. Porque acho que a Ceci amou mesmo Igor. Do jeito dela. Um mês de amor-delícia e depois... puff. Seremos melhores amigos. Tipo, você e o Alê. Você amou ele. Não negue! – Ela respirou fundo e eu a olhei embasbacada. – Fiquei pensando... Oh que felicidade é descobrir que vai ter um filho e sair da faculdade. Porque eu acho que não é fácil. Porra, é um filho! Bêbados crianças. Blérgh. Choram, fazem xixi toda hora e em todo lugar, dormem e acordando chorando do nada. Um bêbadozinho que vai nascer e mudar todos seus planos. Não um brinquedo. Por isso eu acho que a Ceci amadureceu tanto quando você. Na marra! Na raça! Essas Marias. Nada foi fácil pra vocês. Acho vocês incríveis por aguentarem isso, sem se matarem, enlouquecerem e se dedicarem ao celibato. Só que Ceci está um passo a frente de você. Surpreendente, não? Ela superou toda a raiva, rancor, mágoa... Ela perdoou. Será ela idiota por isso? Uma estúpida por ter perdoado? Que não tem amor próprio?

– É diferente... Ela não foi magoada como eu. – Nesse momento as lágrimas já escorriam do meu rosto. Ceci também fora cínica, fora malvada comigo. Mas ela não fora covarde igual a mim. Nunca fugiu de seus sentimentos. Mas parecia tão pior para mim. Porque realmente é. – Não passou por tudo que eu passei. Tantas e tantas vezes! Não é egoísmo, é amor próprio!

– É orgulho... Ego ferido.

– Você não sabe o que diz! Eu fui magoada tantas e tantas vezes! Que não quero mais que me magoem.

– Tem razão, mas Ceci foi magoada. Eu já me magoei. Igor também se magoou. E ambas sabemos que não se pode mudar isso. Mas... Quanto a perdão e orgulho, amor próprio, tanto faz! Ceci perdoou o Igor e ele a perdoou. Foi maturidade.

– Maturidade? – bufei. – Eles fizeram isso por necessidade.

– Necessidade? Rá. Você não assiste novela? Se ela quisesse nem olhava na cara do Igor e vivia sentindo raiva dele. Só precisava tratar com educação o pai do filho dela! E só ligar pra ele na hora da pensão! E Igor podia sei lá... Abandonar ela e só ligar pro Edu. Mas não é assim. Eles são amigos. De um jeito torto, é claro. Quer dizer... Porque você acha que ela joga Daniela pra cima de Igor? – revirei os olhos a menção do nome daquela assanhada. – Porque ela vê você com Victor, acha que superou... iludida... E acha que Igor também tem que superar. Ele ficou sozinho tanto tempo.

– Eles erraram! – me levantei, caminhando para a cozinha. Abrindo os armários de qualquer jeito e tirando uma garrafa de vindo aberta da geladeira. – Não tenta justificar esse erro fazendo eu me sentir pior. Erraram!

– Sei disso. Mas você também errou! Eu poderia falar como você sofreu, mas ambas sabemos disso. Não vou focar na suas lágrimas agora. Estamos falando de erros e porque diabos você está tão confusa atualmente. – estremeci, enchendo meu copo e tomando um grande gole. Meus dedos tremendo. Edith pegou um cozo se servindo também. Senti meus olhos marejarem subitamente. – Olha só! Nesse exato momento você está fazendo algo errado. Você ta fazendo com Victor exatamente o que Igor fez Ceci. Igor ficou com Cecília pra esquecer você, porque ela parecia com você. E você está com Victor porque ele parece com o Igor.

– Isso é um absurdo! São ambos tão... diferentes. – Meu peito subia e descia. Minhas mãos suavam. Era só uma conversa. Mas parecia que Edith estava abrindo algo dentro de mim. Algo que eu lutava para manter trancado. – Você está louca!

– Você não ama Victor pelo o que ele é. Eu tive tanto tempo pra ver isso. Convivendo com vocês. Sou muito observadora, sabe disso! E eu percebi que... Ele te irrita com o jeito calmo e meio frio, centrado demais. Enquanto você perde o rumo às vezes, Victor nunca perde a estrada. Você gosta porque ele te põe no lugar. Que você vai se limitando pra acompanhar Victor. E ele, ele não se limita, é o jeito dele. Você ama como, ele sendo tão diferente em questão de personalidade em relação a Igor, faz com que você perca aquele vínculo com Igor. Você ama como seu noivo te faz esquecê-lo. – olhei para o fundo do meu copo, o líquido vermelho meio borrado por causa de minhas lágrimas. – Mas você está com Victor além disso, está com Victor porque ele te ama de uma forma parecida com a de Igor. Totalmente entregue e sem se preocupar se isso vai machucar. Mas Victor é diferente, porque se você pedir agora pra ele ir embora e viver sua vida feliz porque você não o ama, ele vai esquecê-la porque é melhor pra ele, porque ele consegue! Victor é forte o suficiente pra isso. Ele é um bom homem. Eu implico com ele pra caramba, mas eu sei que ele é muito bacana, de verdade.

Continuei calada, engolindo em seco, só absorvendo suas palavras e ela não esperou nenhum comentário meu, voltando a falar entusiasmadamente, seus olhos cravados nos meus, liam talvez até mesmo o que eu não notava:

– E Igor pode ser mais fraco e idiota, o mais cafajeste e sem noção. O mais intrometido e esses adjetivos lindos e engrandecedores. E todos podem achar ele ridículo e terrível... Mas Igor iria embora, caso você pedisse do fundo do coração. Não esses pedidos sem graça que ninguém acredita quando você faz. Se você pedisse, de verdade mesmo, ele iria embora, porque ele te ama e que se ficar longe vai ser melhor pra você, ele faria mil vezes. Mesmo sendo infeliz pra sempre. E mesmo sendo fraco, ele é forte por te amar. Faz parte do que ele é. O quanto ele te ama e amou, faz o homem que ele é agora. Ele errou com você. Cresceu com seus erros. Errou novamente e foi crescendo. E vai errar muitas vezes ainda, quem sabe. E ele te ama. Não estou dizendo que ele é melhor do que Victor ou dizendo que ele não errou. Ele foi um filho da puta! Mas ele te ama. E sabe... Algumas coisas, não mudam.

Fiquei em silêncio absorvendo aquilo. Eu tremia dos pés a cabeça, porque não sabia como lidar com tudo aquilo. Seria verdade? Eu estou sendo egoísta dessa forma com Victor? E Igor ele... Ele sofria. É claro que sofria. E eu... Querendo ou não. Gostava que ele sofresse. Eu era má por isso. E Victor? Eu amava Victor pelo que ele era! Claro que ele me irritava, mas o amor tem um pouquinho de irritação no meio.

– Não... Não. – suspirei, a mão na cabeça me deixando escorregar para o chão da cozinha. – Você está errada. Eu amo Victor. Não o faria sofrer.

– Mas Igor você faria? Mesmo o amando mais?

– Eu amo Victor!

– Está dizendo que não ama Igor? – abri a boca para negar, mas as palavras entalaram na minha garganta. Edith abriu um sorriso sarcástico. – Sabe o que eu aprendi? Com todos esses meus relacionamentos. Com meu irmão? Com aquele idiota do meu ex? As pessoas que mais me fizeram sofrer foram as que eu mais amei. Amei mais do que qualquer outra pessoa.

– O que quer me dizer com isso?

– Que quem a gente mais ama, mais nos faz sofrer... Deixa de ser jumenta, Malu!

– Eu sei disso, sei disso há muito tempo... Desde meus 15 anos, pra ser mais exata, mas agora é diferente.

– Mas algumas coisas não mudam! Você fez Igor sofrer e ele continua te amando. Igor te fez sofrer e você continua o amando.

– As coisas foram muito mais... fáceis pra ele. Eu sinto isso. – Eu não conseguia lidar com isto.

– Você não entende... Igor sofreu quando você foi embora na primeira vez e sofreu com a sua dor. Igor sofreu ao ver que estava te magoando ao você nos ver juntos. Ele fez decisões erradas em relação a você muitas vezes. E ele sofreu por elas. Aposto como a felicidade dele foi genuína quando ele pensou que vocês ficariam juntos, definitivamente dessa vez. Que poderia consertar tudo... E deu tudo errado. De novo. Ele fez errado, a culpa dele ter sido... Tremenda. Adoro essa história. Aí me pego imaginando. Até perguntei pra sua irmã como foi. Conversei com ela. Exatamente por isso que tenho tanto material contra você.

– Uma conspiração.

– Encare como quiser, Maluzita. Mas eu preciso dividir isso com você! Acredita que ela se martiriza pela dor de Igor quando você foi embora? Eu fico triste como ela pela dor dele, agora. Ceci me disse que só julgava Igor. Afinal a culpa era toda e absolutamente dele. Ele a trocou pela irmã. A culpa era TODA dele. Sempre foi... Como não poderia ser? Até quando Alexandre foi embora quando descobriu que ela tava grávida... Igor continuou por aí. Mais um sinal que ou ele é muito bom ou muito idiota. Ele não a tratou mal. Já viu ele tratando mal Ceci? Acho que ouvindo a história entendi porque Igor é tão querido. Ele é bem gostoso, é óbvio. Mas... Um homem de verdade. Um homem quebrado, machucado e que não desistiu. Saído de livros! Ai que massa! Eu tenho um melhor amigo foda. Ai ai... Voltando ao assunto. Já viu como ele cuida de Edu? É fofo! E eu o conheço há alguns meses e já divido o puta orgulho que tenho dele com Ceci. E acho que com você... Você deve ter um orgulho do caramba ao ver que um cara desses é apaixonado por você. Que te ama tanto! E se não tem... Deveria ter. E agora... De alguma forma, mais do que como uma espectadora, mas sim como amiga, eu vejo a dor dele. Vejo a sua dor. E eu posso te conhecer a mais tempo, Malu... Eu te amo demais, muito mesmo. Exatamente por isso to sendo tão malvada dizendo essas coisas. Mas... Já reparou como todos enxergam a sua dor e fecham os olhos pra dele. Você não vê como isso é injusto?

– Eu sei que ele sofreu, mas...

– Ele superou, é claro. É isso que você deve pensar. Alguém que cometeu tantos erros não pode amar verdadeiramente, do jeito certo. É mentira. Olha pra Igor e Eduardo. Eduardo foi uma sequência dos erros daqueles babacas, mas é o amor mais puro que eles sentem. Mesmo que a Ceci não seja exatamente uma boa mãe, já que ainda é fútil... Ah mas ela sofreu. E você vê isso agora. E outra coisa que eu aprendi... Com tudo isso... Sendo expectadora atrasada: Quando você erra demais por achar que estava sempre certo e finalmente para pra ver seus erros... Não tem ninguém do seu lado. Porque todos te deixam. E sinceramente, Malu... Dói ver você machucando Igor. Um chute nas bolas contínuo.

– Você fala como se ele fosse um mártir.

– Não sei me explicar tão bem. Igor fez muita burrice e idiotice. Mas algumas coisas compensam. Olha... Não estou querendo dizer que Igor é o coitadinho da história. Talvez ele seja o vilão. Ele fez tudo errado desde o início. Mas... É tão fácil querer que perdoem nossos erros. Mas julgar os outros, é meio que... muito errado. E você... Só quer se vingar dele. Eu não sei explicar muito bem. Mas parece isso, Malu.

– Você não sabe dos meus motivos.

– Nem você sabe.

– Isso diz respeito a mim! É a minha vida.

– Tem razão... Mas, Malu... Porque você veio pra cá então? Reviver tudo de novo? Porque não recusou a proposta e me arrastou junto?

– Era uma ótima oportunidade de emprego. – falei baixinho, dando outro gole do meu copo. Edith já estava corada por causa do vinho, mas parecia tão segura!

– Achou que ele não estaria aqui, não é? Ou pior... Achou que ele estaria com outra pessoa e vê-lo com outra, seguindo em frente... Faria com que você também conseguisse não olhar mais para trás. Estou certa?

– Está errada.

– Certo, talvez eu esteja errada. Mas não entendo... Porque você não casa com Victor e segue em frente? Porque não deixa Igor seguir em frente...

– Eu quero que ele siga em frente. Eu quero seguir em frente.

– Realmente quer... Mas não consegue. São erros demais? Os seus?

– Para com isso! Essa conversa não está me levando a nada. – tapei meus ouvidos por alguns segundos, como se isso fosse abafar a voz na minha cabeça. Não adiantou nada. Havia algo na minha cabeça que insistia que dizer que Edith estava certa. Como se ela tivesse lido minha mente. – E quer saber? Não tem o direito de me dizer que estou errada quando eu nunca disse nada a você. Nada sobre seus erros. Eu somente estava lá. Assim como nunca julguei Ceci. Nunca disse nada a ela.

– Você não diz por que é covarde.

– Covarde? Porque não querer machucá-la?

– Você não discute com ela porque sabe que ela vai revidar e você não quer mais se machucar. Entendo... Está cansada disso.

– Estou cansada de muita coisa.

– Se está cansada dessa história... Vá embora. Ponha um ponto final.

– Ponto final? Eu já fiz isso... Mas parece que são... reticências. Como se eu tivesse fadada a estar sempre aqui. Presa nessa maldita cidade.

– Tem certeza que é a cidade? – limpei minhas lágrimas, a garganta seca.

– Estou cansada de perguntas. Quero respostas. Estou tão cansada... Eu quero fazer o certo, Edith. Eu juro pra você. Mas eu não aguento mais isso. É muita coisa! Você consegue se por no meu lugar?

– Eu...

– É muita coisa, muita, muita coisa. Eu vou explodir! Sinto como se fosse explodir! São tantos erros seguidos. Um atrás do outro. Acho que não sei lidar com os meus. – apoiei a cabeça nas mãos, tentando fazer minha cabeça parar de girar. – Não quero ter que terminar cada capítulo da minha vida com lágrimas, Edith. Eu não sei se aguento mais.

– Sua dificuldade em perdoar é terrível, Malu. Você nunca esquece as coisas e isso não é ruim. Claro que não. Te deixou mais forte. Nossa, você é foda. Mas, sei lá... você sempre dá um jeito de aumentar as tragédias, as ofensas. Não que o que Igor surfista gostosão da praia tenha feito é certo. Mas... Você é tão presa ao seu orgulho que não consegue desculpar. – Ela passava as mãos em meus cabelos enquanto falava, só que eu não conseguia relaxar. – Você não perdoa sua mãe, que faz a melhor lasanha do mundo, por ter te dito aquelas coisas quando ela se separou do seu pai, pegador. Por isso você sempre foge dela quando algo complica. Você não a deixa participar do seu sofrimento. E seu pai... Você não o perdoou pela madrasta megera. Pela traição. Você o amava muito, não é?

– Éramos uma família e de repente... tudo se foi. – Éramos felizes, com as brigas, é claro... Mas quando minha mãe descobriu sobre o caso de meu pai. Fora um inferno. E de certa forma, até hoje, isso ainda nos atormentava. – Ele estragou tudo.

– E mesmo na mesma casa, você foi se distanciando... E quando começaram a se aproximar novamente. Você não o perdoou pelo novo bacuri irmão. Uma nova história. Você mantém contato com seu irmão?

– Não sinto como se fosse... – Lembrei-me da época que passei na casa do meu pai. Eu não conseguia olhar para aquela criança. Não conseguia olhar para ninguém naquela casa. E quando eu viajei, mal me despedi do meu pai, ou de David, o bebê. Era como se fossem estranhos. – Eu não o conheço.

– E tem Igor... E Barbie-Ceci. E Eduardo. Você não consegue perdoar Igor. Pelas mentiras do início. Pelo envolvimento com Ceci. Pelo Eduardo. Pelas besteiras que ele já pediu desculpas trilhões de vezes? Nem seus pais. Pelo divórcio e tudo o mais. Nem sua irmã por ser piriguete. E não os perdoando, você não consegue se aproximar de Eduardo como seu ‘sobrinho’ e não como ‘o filho da minha irmã com o homem da minha vida’.

– Eu só...

– Você tem que se perdoar, Malu. A culpa das coisas não é sua. Não é culpa sua terem mentido pra você. Você não poderia fazer nada quanto ao divórcio de seus pais. Aquela criança lá na outra cidade, é sim seu irmão mesmo que a mãe dele seja uma vadia. Eduardo tinha que nascer e ganhar da gente no videogame toda sexta à noite. Victor tinha que aparecer na sua vida. Escolhas fizeram isso. Que envolveram todos que você ama. Aqui é onde você devia estar, mas você pode decidir para onde vai a partir de agora. Estar aqui, em dúvida. É só uma consequência. E isso que você está fazendo com você também. Só que... Não tem que ser assim. Se martirizar. Tornando sua vida apática e consequentemente deixando infelizes as pessoas que te amam. Acho que você tem que colocar as coisas em pratos limpos. Conversar de verdade. Não se fechar nessa sua concha. Não to falando pra você esquecer... Só pra você parar de se iludir. De odiar. Essas baboseiras que eu já disse demais. Ai, gastei muita saliva.

Ri baixo de sua carinha de desolação.

– Obrigada.

– Como?

– Acho que eu precisava que alguém me dissesse isso. Mas também preciso absorver tudo. Foi uma conversa bem longa.

– Muitos discursos sentimentais. Se eu estou cansada, imagine você.

– É... – Procurei limpar minhas lágrimas, Edith me puxou para o seu colo. Fazendo eu me deitar, solucei sem lágrimas em seu colo.

_Eu deveria seguir carreira de psicóloga... Porque eu fiz turismo mesmo? Ah, é. Eu amo meu trabalho. Amo contas. Amo aguentar a Dani pela minha melhor amiga... – Quase sorri ante seu tom de voz lamurioso. – Espera. Se eu contar dessa conversa pro Igor ele me daria um aumento? Porque eu o elogiei demais. Nossa, tietei ele legal. Você ficaria brava se eu contasse pra poder pedir um aumento?

– Vai se catar, Edith. – disse, rindo entre lágrimas. Ela riu também, acariciando meus cabelos... Havia uma parte de mim que precisava perguntar, que se questionava toda hora.

– E se eu não quiser perder os dois? – perguntei, mais como uma confissão que eu desconhecia.

– Então ficará sem nenhum. Falei sobre tudo isso porque estou preocupada em você quebrar a cara simplesmente por tentar consertar coisas que não dependem somente só você para serem consertadas. Uma história não é feita por uma só pessoa. Não é você que tem que decidir; então, seja rápida antes que decidam por você. A propósito, meu estoque de conselhos pelo resto do ano acabou.

Deixei me levar pelas suas carícias em meus cabelos, ainda no chão frio da cozinha e meio zonza pelo vindo. Seu toque era leve e lento, suave e tranquilizador. Talvez fosse o efeito das lágrimas que me deixara sonolenta. Mas talvez se devesse pelo cansaço e esforço emocional. Agradeci a Edith mentalmente pela sua tentativa de colocar juízo em minha cabeça, mas de alguma forma... Absorver suas palavras era absolutamente difícil. Como se alguma parte de mim recusasse aquilo. Então, deixei o sono me arrastar. O cansaço. Milhões de imagens, misturadas com lembranças, colorindo meus olhos e posteriormente meus sonhos. Um mundo em que todos ficassem felizes nessa história, inclusive eu, Victor e Igor seria algo utópico demais? A resposta era meio óbvia. No final das contas alguém sairia machucado, senão todos nós.



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Notas finais do capítulo

Ufa, cansaram? KK Avisei que era gigante. E aí, gostaram das observações da Edith? Tem muita coisa que vocês me disseram aí. Tomara que a conversa ajuda Malu a se decidir KK
Espero do fundo do coração que tenham gostado. Então, por favor, se vocês acham que eu mereço, ou que não.... Comentem. Discutam isso comigo. Só não me taquem pedrinhas, favorzin. Vocês vão me deixar super feliz.
Feliz dia das Mães e Feliz RPattz Day! (Sou louca pelo Robert, então. FELIZ ANIVERSÁRIO, ROB!)
Até breve ;*