MANUELA

Os Pégasos estavam me matando, a verdade é que eu sempre amei andar a cavalo, mas aquilo foi ótimo na primeira vez, ainda muito legal na segunda, na terceira vez ainda era divertido, na quarta já começou a irritar, agora era só chato. >.< Assim que descemos estava rezando por um banho quente, mas uma multidão nos agarrou puxando para cima, dei risada com a reação dos campistas e pisquei para Murilo que parecia muito feliz. Todos estavam lá, meus amigos do chalé de Apolo e Hermes, algumas garotas de Afrodite riam atrás, todos comemorando e brincando. Eu não vi Annabeth por lá... Bom, eu também não ficaria animada em ver meu ex namorado e sua atual voltando de uma missão, mas devo admitir, o momento em que entramos no chalé foi o melhor da minha vida. Meu corpo pode experimentar uma cama macia e o pessoal lá fora havia me deixado em paz com piadinhas sobre mim e Percy. Eu estava pela primeira vez na semana me sentindo relaxada e confortável, eu me sentia instalada. Fechei os olhos por um momento me lembrando de tudo o que me esperava no Brasil, meus amigos, meus pais, minha irmã mais velha, estava tudo lá só esperando por mim e eu sentia a falta de tudo aquilo, eu sentia meu coração apertado de saudades, mas pensar neles era bom, eu não me sentia mal. Meu coração acelerou vinte vezes mais quando senti os lábios do garoto de cabelos negros tocarem os meus, logo abri os olhos sorridente.

—Não acredito que tudo acabou.

Falei passando o dedo em sua bochecha, ele abriu um sorrisinho e balançou a cabeça.

—Você acha que acabou? Ainda vão ter muitos monstros por aí tentando de pegar.

Ele falou, abri um sorriso lhe dando um beijinho.

—Eu juro que eu ia dizer algo como “só se você estiver lá para me salvar”, mas isso seria muito Hollywoodiano.

Ele deu uma leve risada e assentiu.

—Sabe que é verdade?

Dei risada enquanto sentava na beliche ficando mais ou menos na altura do seu rosto, logo afastei uma mecha do meu cabelo e suspirei.

—O que foi aquilo no Olimpo?

Ele deu de ombros.

—Sabe, eu sei o que você está passando... Mas Poseidon faz o que pode...

—Não... –Falei abanando o ar tentando espantar o assunto. –Eu estou dizendo, aquele negócio todo sobre Afrodite.

Ele deu de ombros.

—Isso a gente vai ter que esperar para ver.

Olhei pela janela pensativa. A verdade é que aquela conferência toda no Olimpo havia me feito pensar bastante. Eu não me via com Percy como marido ou tendo filhos, eu só não via essa vida para mim. Sempre me imaginei bem sucedida no trabalho, conquistando meus sonhos... Só eu... Mas olhando agora, tudo aquilo fazia eu me sentir um tanto solitária... Eu acho que não sabia muito bem o que era viver... Ou... Os lábios de Percy tocaram mais uma vez os meus espantando todos os pensamentos.

—Só esquece isso, ok? Fique tranquila.

Dei uma leve risada.

—Deve falar muito isso.

—Vá por mim. –Ele falou sorrindo. –Não sou a melhor pessoa no mundo para levantar o astral das pessoas.

Gargalhei dessa vez, então empurrei-o para o outro lado.

—Então nos completamos. Pois eu sou.

—Isso foi bem Hollywoodiano.

Ele falou, franzi a testa.

—Foi mesmo, não?

Ele balançou a cabeça.

—Isso foi brega. -Dei risada e um tapa em seu braço. -Vem então filha de Poseidon.

Ele falou me erguendo a mão. Eu não discuti, só saímos os dois correndo como retardados pelo acampamento, eu não tinha ideia para onde estávamos indo, até que ele parou na floresta, franzi a testa.

—O que você pretende fazer aqui, senhor?

Ele revirou os olhos e me puxou até pararmos na frente de um enorme lago, olhei para ele um pouco confusa.

—Achei que precisasse relaxar um pouco da missão.

Ele falou me empurrando dentro do lago gelado, voltei a superfície e o olhei feio em seguida dando risada e nadando até a margem, me aproximei dele que se agachou e sorriu:

—A água está boa?

Ele provocou, segurei seu pescoço lhe dando um beijo, ou fingindo, porque antes de nossos lábios se tocarem eu segurei sua jaqueta o puxando para dentro da água junto comigo. Gargalhei com a cena e balancei a cabeça.

—Não sei. Me diz você. A água está boa?

—Vamos ver.

Eu percebi que ele fechou os olhos parecendo estar se concentrando e a proxima coisa que eu senti foi a agua, como eu era filho de posseidon a agua nem sempre me molhava so que naquele momento eu sentia a agua, nossa como estava fria e boa. Na verdade eu estava muito afim de me molhar, então nem hesitei em deixar que a água encharcasse minhas roupas e meu cabelo, sorri para Percy, digo, qual é a graça de mergulhar em um lago sem se molhar?

— Bem acho que no final das contas voce nao virou comida de monstros.

Franzi a testa olhando para a outra extremidade do lago.

—Percy... Olha!

Abri um sorriso quando vi amarrada na árvore uma enorme corda, nadei rapidamente para o outro lado e puxei a corda para ver se ainda estava presa.

—É... Acho que sim... Nem comida de deusa... Graças a Annabeth, e que deuses me matem por falar isso.

Falei ainda puxando a corda tendo certeza de que estava firme.

—Será que isso vai arrebentar comigo?

Perguntei imaginando a situação ridícula em que me colocaria caso a corda arrebentasse.

— Se voce cair eu seguro, certo essa conversa esta bem hollywodiana.

Dei risada.

—Falar de Hollywood está ficando Hollywoodiano x.x

Falei enquanto pegava impulso me segurando na corda, assim deixando o chão e voando até em cima do rio, em seguida me soltando e mergulhando na água gelada, voltei para a superfície dando risada.

—Não sabe a vontade que eu estava de fazer isso!

Eu olhei para ele e so ouvi uma coisa.

— Guerra de agua!!!!

Ele comecou a criar uma onde gigante mas esperou antes de lancar para ver se eu iria aceitar o desafio, eu pensei se uma guerra de travesseiro acabou se transformando em um beijo o que seria uma guerra de agua?

Uma onda atingiu meu rosto e cuspi água, fiz o mesmo jogando nele, e assim foi. Água crescia de um lado e jorrava do outro, fiz uma enorme barreira de água para me proteger, mas quando ele lançou a onda, ela se juntou com a barreira dobrando a altura e me afundando em uma enorme onda cuspi água e comecei a rir.

—Não é justo! Você mexe com isso há mais tempo!

—Isso não é desculpa.

Ele falou me mostrando a língua. Dei risada, mas não ia aceitar a perda, enquanto ele estava ocupado me provocando, juntei forças e criei uma onda que foi diretamente em seu rosto, eu juro que nunca tinha visto Percy cuspir água daquele jeito, caí na gargalhada com a cena e então joguei o cabelo encharcado para trás.

—Cantou vitória muito cedo.

—Cof Cala a boca Cof.

Ele falou enquanto ainda cuspia água, gargalhei mais uma vez, só eu para matar um filho de Poseidon afogado >.< Entao ele comecou a fazer um redomoinho ao meu redor, eu sentia a minha perna sendo puxada pela pressão e não conseguia sair! Enquanto eu ia afundando a água ja começava a incomodar um pouco, afundei completamente engolindo um pouco de água, mas foi só assim para eu sair de lá. Quando finalmente consegui sair do redemoinho eu fiquei cuspindo água e tentando tirar água do ouvido.

—Cof Isso foi Cof Maldade!

—Você que pediu.

Ele rebateu, dessa vez eu fiz como uma pessoa normal teria feito, peguei impulso com a minha mão e joguei água em seu rosto.

—Não é uma tsunami, mas espere até o próximo verão! Se considere afogado, Jackson.

Falei piscando para ele.

— Mau posso esperar. Falou enquanto ele jogava agua em mim com a mao dele do mesmo jeito que eu tinha feito.

Dessa vez apelei e nadei até ele o puxando pela camisa e olhando sério.

—Se mais uma gota entrar na minha boca vai ter morte!

Falei fingindo que estava brava.

—Ok princesa dos mares. Nem um pingo.

Sorri o abraçando.

—Princesa dos mares? Posso viver com isso.

Sorri me pendurando em seus braços e lhe dando um beijo.  A verdade é que o ponto alto do meu verão foi ter conhecido todas essas pessoas, não só o mundo, mas eu havia feito alguns amigos, que eu sei que manteria por um longo tempo, e eu juro que não me arrependi de nada do que havia feito naquele verão, pois os erros ajudam a ver quem são os amigos, e eu sabia que pelos meus valia a pena brigar. Eu também sabia que Percy estava completamente tentado em desafiar minha ameaça, mas foi inteligente em não fazer nada, então foi isso o que ficamos fazendo pelo resto da tarde, brincando em um lago como duas crianças e nunca nada fez eu me sentir tão viva como naquela hora.