Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 36
Somente


Notas iniciais do capítulo

Ok, desculpe pela super demora, mas meu pc vivia morrendo e quando voltou tinha a faculd e biologia e outra coisas pra fazer. Mas escrevi um capítulo e tem revelação no final dele.
Próximo capítulo, provavelmte postarei amanhã a noite.



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O Natal não foi uma festa de diversão. Presenteamos-nos e desejamos feliz natal, mas nada mais que isso. A ceia foi simples e mais cedo do que o normal. Ketlen olhou-me feio durante todo o jantar porque eu não estava comendo direito. Como não queria preocupar meus pais comi o bastante para não levantar suspeita e em decorrência disso, minutos depois, corri pro banheiro e coloquei tudo pra fora.

Os outros dias foram tranqüilos. Eu fazia o que devia para me manter ocupada. Já tive meus momentos de tédio. Peguei alguns livros da minha mãe, outros do meu pai e alguns da biblioteca e os folheei. Para qualquer um não havia sentido no que eu fazia, pois eu estava estudando medicina trouxa e bruxa, vendo os pontos em que as duas eram a mesma coisa. Medicina convencional não era tão diferente da bruxa, só os feitiços que aceleravam as coisas, porém as poções eram como os remédios.

Passava meus dias afundada nos livros e nos gráficos. Comecei pela anatomia, área já conhecida minha. Tanto para qualquer medicina era preciso saber sobre a anatomia. Não adiantava de nada saber o que fazer e não ter idéia de como aplicar. Era como atirar no escuro.

Meu pai pelo menos reconhecia meu esforço. Ele não achava que era termpo perdido eu estudar o que queria. Ele até me ajudara algumas vezes, mas ele nunca foi muito conhecedor da arte da cura. Minha mãe achava graça quando eu tentara ensinar meu pai sobre um feitiço – na verdade ele era minha cobaia -, mas acabava fugindo para seus deveres.

– Você está indo muito bem – ela sempre dizia. E eu sempre continuava nos estudos.

Praticamente já era época de voltar para Hogwarts, quando meu pai presenteou Ketlen e eu com uma notícia nada agradável.

Ele simplesmente não podia fazer aquilo. Eu sempre dei o meu melhor nos estudos e na reta final ele me arranca da minha recompensa. Ketlen não reagiu diferente. Eu nunca a vi explodir, mas ali ela expôs tudo o que pensava sem pesanejar. Foi a coisa mais surpreendente e assustadora. Ela ficou vermelha pela falta de respiração enquanto falava.

– Ketlen, tente entender...

– O que? Me puxaram para esse país e eu aceitei. Não pode me tirar da escola por que tem medo!

Meu pai buscou auxilio em mim, mas eu apenas observava-a. Eu nunca tinha parado para pensar no que ela pensava. Ela vivia em outro país e a nossa mãe a trouxe para ficar de olho em mim. Ketlen perdera a vida que tinha nos Estados Unidos e não tinha a menor esperança de poder tê-la de volta.

– Pai?

Ele olhou-me e suspirou derrotado.

– Não posso permitir Hayley vivendo sozinha. Alguém tem de ficar com ela.

Eu queria ser egoísta como Ketlen estava sendo, mas não queria ver meu pai infeliz e preocupado com minha mãe. Já havia descartado muitas coisas em minha vida em prol dos outros e eu precisava continuar fazendo isso. E ainda tinha Fred que continuava me rejeitando. Hogwarts não tinha mais a magia de antes...

– Eu fico.

Ambos olharam para mim. Ketlen surpresa e meu pai aliviado. Não era esa a expressão que queria dele. Ele poderia ter mostrado o mínimo de pesar sobre minha decisão.

– Tem certeza?

– Não, não tenho. Eu vou ficar aqui e continuarei estudando. Talvez onsiga entrar em alguma universidade trouxa...

Aquela conversa não me interessava mais. Queria sair, mas eles puxaram o assunto de volta.

– Não estou pedindo que fiquem aqui...

Olhei-o. Ele não estava tão diferente quanto da primeira vez em que o vi. Seus olhos eram negros e indecifráveis. Seu semblante era sério e não demonstrava sinal de que pudesse ser fácil convencê-lo de algo.

– Então porque retirar Ketlen e eu de Hogwarts? Minha mãe pode muito bem se cudiar; como ela sempre fez sem qualquer ajuda sua.

– Você acha que é uma desculpa.

Ketlen olhou-me, clamando para acabarmos logo com aquilo. Mas ela já teve sua deixa, agora era a minha. Eu tinha muitas coisas das quais precisava falar aele.

– Tudo o que você fez foi me proteger. Agradeço, mas agora sigo meu caminho. Hayley pode muito bem se cuidar. Ketlen nem precisaria ser envolvida nisso. O que você quer é coninuar me protegendo como sempre fez.

– Aira...

– Escute! – disse alto. – Sou adulta no mundo bruxo e serei em breve no trouxa. Faço minhas escolhas. Não voltarei para Hogwarts porque você não quer, mas sim porque aquele lugar não é mais o mesmo – não era a mesma coisa voltar para aquele castelo. Estava tudo morrendo por causa dessa guerra. – É meu ultimato. Sinta-se feliz em saber que sou prisioneira em minha própria casa.

•••

Noite estava empoleirada no meu guarda-roupa. Normalmente eu deixava a porta aberta e ela dormia sobre minhas roupas. Não via problema nisso. Mas hoje ela estava quieta, olhando para a janela. Acho que ela sentia falta de voar aos arredores à procura de caça. Não entendia porque ficava dentro de casa.

Eu sentei na escrivaninha e abri meus livros. Queria voltar a minha linha de raciocionio de mais cedo. Mas normalmente quando eu perdia algo, demorava a voltar. Noite começou a piar sem sair de seu lugar. Olhei para a janela e vi outra coruja. Essa era marrom e parecia meio grogue, pois andava cambaleando. Antes que ela se estatelasse no chão do lado de fora de casa, fui até ela e abri ainda mais a janela, deixando-a entrar. Mais um pio de Noite. A coruja marrom não carregava nada. A única coisa de diferente nela era uma fita de seda vermelha em volta ao seu pescoço. Normalmente as pessoas enfeitavam suas corujas, mas aquela fita chamou minha atenção.

Retirei a fita do pescoço da coruja e ela alçou vôo. A fita era a entrega dela. Não vi nada na fita que me ajudasse a entender a situação. Deixei-a sobre a mesinha de cabeceira e retornei aos meus estudos.

Nos dias seguintes chegavam mais coisas estranhas através da mesma coruja. Na primeira noite foi a fita vermelha, na noite seguinte era um pedaço de papel em branco, na terceira era uma pena. Quando a coruja veio pela quarta vez, ela trouxe um envelope. Eu deveria ter suspeitado quando me trouxera a pena. Era uma carta. E era eu que deveria faricá-la. Não entendia o significado de tudo aquilo.

Na quinta noite a coruja apareceu sem nada e espichou a pata. Ela queria que eu entregasse a carta pronta. Não faria isso. Recusava-me a escrever para quem quer que fosse. Tranqueim-me em meu quarto por opção. Queria ficar longe das outras pessoas. E se quem mandara tudo aquilo queria que eu escrevesse algo, deveria ter escrito em primeiro lugar. Joguei tudo dentro de uma gaveta, juntamente com a fita. Queria esquecê-los.

Acordei no meio da noite com Noite bicando a gaveta da escrivaninha. Ela estava na cadeira e bicava com força. Já tinha formado um buraco, quando a afastei dali. O que tinha de interessante naquela gaveta? Era onde eu guardara as coisas para a carta. Abri a gaveta e estava tudo normal. Noite pegou o papel e jogou no chão. Puxou o frasco de tinta e jogou fora. Abocanhou a pena e a estraçalhou. Antes que ela destruísse a fita, peguei-a.

Senti certo relevo na fita. Acendi a luz e observei melhor. “Coeur”. Não era bom sinal aquela palavra. Peguei a fita e a guardei em meu bolso. A única pessoa em que eu conseguia pensar que me mandaria algo assim era quem eu queria estar longe. Olhei para Noite e ela piou, virando a cabeça de lado. Até minha coruja estava me interrogando. Eram duas escolhas a de ir ou ficar, mas parecia ser importante. Porque mandar as outras três coisas?

Coloquei minhas pantufas de pelúcia e joguei um cardigã listrado por cima de meu short e blusa de dormir. Seja o que fosse que ele queria, eu teria minha resposta. Não seria tão fácil sair. Meu pai bloqueara a casa toda com feitiços e só minha mãe sabia desfazê-los. Mas eu imaginava um lugar que ele não pensara em bloquear. Desci pelas escadas silenciosamente. Fui até a lareira. Eu esperava que fosse ele...

Da outra lareira, vi as prateleiras dispotas e cheias. Os vários produtos que a abarrotavam eram dos mais diversos tamanhos e formas. Ao lado da lareira havia uma prateleira cheia de alguns potes coloridos. Avancei por dentro da loja. Ela era tão diferente durante a noite. Parecia mais mágico do que normalmente era.

Estava me aproximando do balcão quando as luzes se acenderam. Virei-me e vi Fred encostado na parede com a expressão impassível. Eu tinha certeza que era ele. Conhecia cada centímetro dele. Desviei meus olhos dele e olhei para o lado, atraindo minha atenção para os cubos peludos que havia ali. Peguei um nas mãos e o estudei. O bom sinal é que não eram vivos.

– Não havia uma forma menos suspeita de me chamar?

– Está falando do material para a carta? Aquilo foi para o caso não vinhesse. Eu deveria pelo menos receber uma resposta.

Ele estava convencido demais que eu escolheria vê-lo. Coloquei o cubo em seu lugar e olhei ao redor.

– Por que me chamar? Por que Coeur?

Fred afastou-se da parede e percebi como estava mais magro e pálido. Seu cabelo estava bagunçado e usava uma calça de moletão, que deixava a mostra um depaço de sua peça intima. Desviei meus olhos da visão dele. Ainda sentia atração por ele.

– Por que não está em Hogwarts?

– Eu estava até quatro dias atrás quando eu e Jorge discutimos com os Comensais. Fomos estuporados centesnas de vezes, mas saímos bem.

Como ele conseguia dizer que estava bem? Eu andei até ele, ficando próxima demais, querendo descobrir alguma escoliação, mas não havia nada. Toquei seu rosto, deslizando os dedos pela maçã do rosto...

– Como saiu de lá?

– Segredo.

Eram as passagens secretas. Eu já ouvira falar delas, mas nunca vi nenhuma.

– Você fica com seus joguinhos e eu com o meu, mas esse segredo é muito valioso.

Ele abarcou minha cintura e vi um sinal de exclamação em seu rosto.

– Você está diferente.

Tentei me afastar, mas ele me segurou no lugar.

– Você é que está diferente! Parece que não se alimenta há dias.

– Quando voltei para Hogwarts, enfiei-me em brigas. Principalmente com a doninha. Acabei levando alguns castigos...

– Você é um idiota! – gritei. – Eu me afastei de você para que nada lhe acontecesse e você vai e tenta se matar!

– Eu quero morrer em seus braços – ele puxou minha boca e beijou-a. – Quero morrer sabendo que você é minha. Que levem minha vida, mas que eu pelo menos tenha certeza de que fui amado por você – eu o olhava. Ele era idiota. – Longe ou perto de você, isso me mata.

Ele era clichê demais, mas eu não podia evitar gostar das palavras que saiam de sua boca. Fred estava irresistível a mim. Abracei-o, apertando meu rosto contra seu peitoral e segurando-o. Era uma droga. Meus sentimentos estavam confusos. Eu queria chorar, rir, ficar quieta, gritar... Mas só continuei abraçando-o. As lágrimas não demoraram em cair.

– Por que querer uma pessoa como eu? – levantei meu rosto e o fitei. Fred secou uma lágrima minha que caia. – Por que eu?

– Não sei. Apenas sinto. São coisas difícies de se explicar.

Eu me afastei, secando as lágrimas. Tudo que estávamos passando não deveria existir. Meu estômago revirou e senti as coisas rodarem. Procurei um lugar para me apoiar, mas só havia o Fred a minha frente. Agarrei-o, fechando os olhos.

– Agora sou eu que darei sermão – Fred pegou-me no colo.

– Como assim sermão?

Ele andou até as escadas e começou a subi-la. A última vez que fizemos isso paramos em uma cama. A idéia não era ruim, mas não estava me sentindo bem.

– Me ponha no chão.

Quando toquei no chão, a ânsia subiu. Corri pelo corredor. Vi uma porta aberta e olhei de relance. Tinha os obejtos de um banheiro, não havia dúvida. Entrei, trancando-me ali dentro. Não havia muita coisa em meu estômago, mas coloquei pra fora assim mesmo. Odiava me sentir doente, mas não era a sensação que eu experimentara em outras doenças. Não ficava doente o dia todo, só em algumas ocasiões. Já persistia dessa forma havia algumas semanas. Eu deveria ter conversado com minha mãe. Ela saberia o que fazer.

Quando abri a porta, Fred estava encostado na parede e de braços cruzados. Seus olhos estavam tristes. Talvez achasse que eu estava sucumbindo a uma doença. Passei por ele, mas Fred segurou meu braço e puxou-me para ficar de frente a ele.

– Estou esperando o sermão que me prometera.

Ele suspirou, fechando os olhos e voltou a abri-los logo em seguida.

– Eu estou tão horrível assim porque o lugar em que estava não tínhamos vida fácil...

– Hogwarts se tornou tão horrível?

Ninguém nunca pensaria que Hogwarts se tornaria um lugar horrível, mas estava visível quando eu ainda estudava lá. Poderia ter piorado.

– Hogwarts não importa. Eu estou bem de saúde. Só tenho alguns machucados que estou curando aos poucos com magia – ele olhou para o lado e voltou seus olhos para mim. – Mas você? A última vez em que estavamos juntos, você não parecia doente.

– Fred... Não sei o que é. Só... Eu passo mal, mas é só naquele momento. Não consigo manter a comida por muito tempo no estômago.

– Quanto tempo está assim?

Eu não tinha uma data de inicio para aquilo. Mas eu comecei a passar mal com freqüência em meio de janeiro. Estavamos praticamente em março...

– Quase dois meses.

Fred tornou-se sério. Não deveria ser tão ruim o que disse pra ele. Ele riu.

– Não acredito que você passe mal por tanto tempo e nem tenha levantado hipóteses para isso.

Como que um tapa na cara, eu entendi o que ele estava falando. Dois meses vomitando e nem comendo direito. Tontura... Eram sintomas sim, mas não de doença. E tinha uma coisa que não percebi e que já me daria respostas.

– Eu não menstruo desde novembro... – deixei a frase morrer. Encostei-me na parede, não acreditando na descoberta. Como eu pude ser negligente com meu próprio corpo. Os sinais estavam todos ali. – Eu... – não conseguia formular as palavras. – Como posso ser tão burra a ponto de deixar isso acontecer? Eu estou grávida. Ai, meu Deus. Grávida. O que faço agora? E como não pude perceber?



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Notas finais do capítulo

Que acharam?



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