Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 25
A Batalha começa


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pela demora, mas estava ocupada fazendo um template de blog (esse aqui: http://alien-ada.blogspot.com.br/), então fiquei bem ocupada.
Espero que gostem bastante do capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/166537/chapter/25

Os dias passavam e eu e Geovanna nos aproximamos mais. Ninguém via essa aproximação, pois nos encontrávamos na biblioteca. Giulia aparecia de vez em quando para dar notícias de sua gravidez.

Jean ainda não sabia de nada. Giulia preferiu não dizer nada antes de ter de sair de Hogwarts. Todos achariam que ela sairia de férias, mas era para nunca mais voltar.

Eu já havia avisado se ela não contasse no caminho para a estação de King Cross, eu contaria. Jean se tivesse juízo, ficaria dentro de sua família. Ele tinha de se fortalecer antes de querer ter as pessoas que ama junto de si. Giulia é a que faria o maior sacrifício, deixando seu filho.

Hogwarts estava eufórica, pois os exames finais estavam á porta e precisávamos dar o nosso melhor. Não era novidade alunos se trancarem em biblioteca, salas e tentarem reforço com os alunos mais velhos.

A sala Comunal da Sonserina fedia a poções pelo reforço que os alunos do sétimo ano davam para os novatos. Slughorn não era muito exigente, mas ninguém queria ficar pra trás.

Eu ficava na minha. Tinha muita coisa para eu fazer. Estava a ponto de agradecer meu pai por ter me tirado do quadribol. Mas não me rebaixaria. Ele poderia acabar fazendo disso um hábito e querer sempre tomar as decisões por mim. Mesmo que eu tenha fraturado ossos, não queria dizer que morreria no campo. Mas era melhor obedecê-lo.

Até Draco reclamava de não ficarmos muito tempo juntos. Meu Merlin. Eu esquecia como era bom ser criança. Faltavam poucos dias para eu ser adulta e ao mesmo tempo em que era excitante, não me agradava a idéia de ter responsabilidades. Eu queria crescer, mas estava indo rápido demais.

Eu encontrava alunos quintanistas e setanistas loucos. Eles estavam super nervosos com os exames mais importantes que existiam. N.O.M.s e N.I.E.M.s botavam medo em todos. E no próximo ano eu estaria como eles, correndo contra o tempo para poder estudar.

Para meu bem estar temporário, Draco conseguira consertar o armário. Uma parte da missão já estava pronta. Hogwarts logo mais seria invadida... Essa parte me atormentava. Tinha uma grávida que eu prezava muito pela saúde dela. Com a invasão, poderia haver o risco de algo acontecer com ela.

– Aira, isso é perigoso – Draco disse-me. – Somente eu, você e o Snape podem saber dessa missão. Se contarmos para mais alguém...

– Não estou pedindo para contar. Só quero protegê-la, Draco.

Draco olhou-me, estudando esse meu interesse repentino pela Giulia.

– Achei que odiasse ela.

– Eu também, mas prometi que cuidaria do...

Suspirei. Não podia contar pra ele.

– Apenas prometi que ajudaria ela até que pudesse fazer algo por si só.

Draco era meu namorado, mas não cedia com facilidade, ao contrário de mim. Ele refletiu por mais algum tempo até aceitar que Giulia deveria estar preparada para o caso de Hogwarts ser invadida.

Eu deixaria Giulia e Geovanna no dormitório, trancadas ali dentro para não terem a curiosidade de sair e acabar ocorrendo uma tragédia com elas.

Meus exames foram razoáveis. Sorte eu saber de boa parte com tantos problemas que carrego nas costas. Pelo menos meu pai não me torturaria com minhas notas baixas. Ele tinha um dom em me fazer mal por já tirar um oito, se fosse abaixo da média, além de sermões, me fiscalizaria pra estudar. Não é porque sou filha de um Mestre de Poções que não tiro nota baixa.

Ketlen descansava no gramado de Hogwarts com Noite, minha coruja. Sentei-me ao lado dela e observei o Lago Negro.

Conversar com Ketlen era mais fácil do que eu imaginava. Ela não era a patricinha que todos achassem. Mesmo tendo sido atriz na infância, quando decidiu estudar em uma escola bruxa, deixou de lado os holofotes. Não queria que seu segredo fosse descoberto. Minha irmã estava próxima da Geovanna, mas não era o bastante. Ela queria ser amiga dela, compartilhar momentos como faz comigo. Geovanna queria o mesmo, mas a situação no momento não permitia isso.

– Que faz com a Noite aqui fora?

– Snape pediu-me para levá-la ao Corujal, mas antes parei aqui para conversar. Noite me escuta diferentemente das pessoas.

Eu ri. Noite escutava a todo mundo, mas ela não demonstrava estar interessada, apenas tinha déficit de atenção, pelo que eu notara. Ela não parava quieta dentro de meu dormitório e nem quarto (na casa de meu pai). A única maneira de deixá-la menos enérgica era enviando ao Corujal ou sempre a fazendo enviar correspondências.

– Todos estão com os nervos à flor da pele com os exames. Calma. Vocês se aproximarão.

O dia estava lindo. Era primavera e o dia estava razoavelmente quente, mas nada que fritassem a todos dentro de suas roupas. Eu podia ficar sem meia alguma, mas preferia uma 7/8 por gostar mais delas.

Boa parte de Hogwarts fazia planos de viagens pelo mundo ou alguns preferia ficar com seus pais. Bem, eu voltaria como todo mundo pra casa, mas com Voldemort à espreita e a missão concluída, seria horrível esses dias de férias.

Eu estava uma pilha de nervos. Draco já havia terminado com o armário. Ele só estava esperando algum tempo pra criar coragem. E, infelizmente esse dia havia chegado...


Despenquei da cama durante a madrugada. Não consegui pregar os olhos a noite toda. Logo quando eu saia da Sala Comunal, vi cabelos loiros virando um corredor. Eram lisos e sedosos. Eu suspeitava de quem fosse.

Eu segui àquela cabeleira até um corredor, depois de inúmeros passos, degraus, lugares escuros... A Lufa Lufa não era agradável assim. Talvez fosse algum aluno daquela casa, mas meu instinto dizia que não era algo assim.

Aproximei-me e vi os dois de perfil. Como fazia falta uma boa iluminação. Eu desejava que eles avançassem mais um passo pro lado, assim ficariam mais visíveis. Abaixei-me para não me verem e com a ingenuidade de que talvez pudesse visualizá-los melhor.

A garota parecia insegura quanto suas palavras.

– Não podemos mais ficar juntos.

– Mas porque?

Alguém mexeu em um objeto de metal que fez um ruído.

– Não quero mais te namorar. Não te amo mais.

Ui. Essa dói até a alma. Bem que ela podia usar eufemismo, mas pelo jeito essa era sinceridade pura.

Ele avançou sobre ela e segurou seus ombros.

– Posso saber por que não me quer mais? Sabe o que você me fez? Você me mudou. Não pode dizer que não sente mais nada por mim.

– Apenas me esquece, Ernesto. É adeus pra sempre.

Para tudo! Ernesto? Mudança? Garota loira? Tarde da noite? Sinceridade? Oh meu Merlin, não é que eu estou pensando que é, é?

A vontade de iluminar me tomou e quase fiz isso, mas a garota começou a avançar onde eu estava e tive de me camuflar atrás de um tapete. Não era o melhor lugar pra isso, mas foi a única coisa que eu podia fazer. Não daria pra voltar. Eu nem sabia se conhecia o caminho de volta pra falar a verdade.

A garota passou por mim. Não parecia estar chorando. Segurei minha respiração, esperando o tal de Ernesto passar, mas ele não passava. Antes que eu me matasse ali, soltei o ar dentro da bola que fiz com minhas mãos e nesse meio tempo ele passou.

Trajava um pijama brega. Pelo menos era de uma cor só e não com desenhos de bichinhos.

Sai de trás do tapete toda empoeirada. Enquanto me limpava processava as informações adquiridas. Mas não poderia ser quem eu achava. A garota de quem eu suspeitava não tinha cabelo loiro, mas talvez liso sim. E quanto ao Ernesto eu só conhecia um e ele namorava a Ângela.

Era melhor eu retirar a poeira de mim. Estava parecendo parte da decoração com tanto pó no cabelo.

Banhos são excelentes fontes de reflexão e intensificadores. Mas não havia chegado à conclusão alguma quando terminei de me banhar. Era muita coisa acontecendo ultimamente.

No café da manhã eu saberia que minhas suspeitas eram infundadas. Fui totalmente inocente, mas super ansiosa pela noite que não tardaria a chegar. Sentei-me à mesa e me servi. Draco sentou-me ao meu lado alguns minutos depois.

Pansy morria de ciúmes. Essa parte eu adorava assistir em todas as refeições. Mas ela era assustadora quando te seguia pelos lugares e fazia ameaças. Não que ela tenha ameaçado verbalmente e ao vivo, mas bilhetinhos que se incineram quando você os pega na mão não é algo aparentemente normal todos os dias.

Estava eu, conversando com Geovanna - Sim, converso com ela. Não voltamos a ser amigas, mas eu era a única com quem ela podia contar para fazer amizades novamente ou tentar -, quando vi uma morena e uma loira entrarem. Cabelos lisos e sedosos. E eu conhecia as duas.

A morena era a Clara. Isso eu sabia por causa da tiara dela. Ela sempre a usava. A loira era a Ângela com seu jeito largado e presença sentida há milhas de distância.

Minhas teorias foram por água abaixo vendo Ângela loira. Mas ainda não poderia ser necessariamente ela. Isso eu descobriria quando Ernesto entrasse no salão, o que não ocorreu durante toda a manhã.

Mas infelizmente era ele, pois o vi com oleiras. Não foram provocadas por falta de dormir. Provavelmente chorara. Coisa que não era tão agradável de imaginar. Se fosse verdade, Ângela deveria estar louca ou sob o efeito de um feitiço.

Antes que ele fugisse para chorar suas mágoas, abordei-o no corredor.

– McMillian – ele me viu e continuou a andar. – Espera ai! Eu vi você e Ângela conversando tarde da noite – ele parou abruptamente e virou-se. – E não saiu boa coisa dali.

– Vocês armaram isso pra eu ficar mal?

Motivos não faltavam para pregarmos uma peça nele, mas com sentimentos não se brinca. Eu nem me tocava que ele existia se não fosse pelas agarrações que eu via querendo ou não.

Ângela não era previsível, mas ser sem coração não era uma coisa dela. Tinha algo ali.

– Eu queria dizer que foi uma brincadeira de mau gosto... Mas até eu fiquei surpresa com o que vi.

Ernesto se encostou à parede e ficou cabisbaixo. Eu tinha um coração de manteiga. Queria ajudá-lo.

Não sei como as pessoas me suportavam. Eu tinha meus ataques de dupla personalidade. Também com esses genes herdados de meu pai carrancudo, estudioso, sério, chato, protetor... Da minha mãe louca, responsável, coração mole, compreensiva, amiga... Só resultaria em um erro da genética. Eu era uma alienígena.

– Você é amiga dela. Não sabe o que houve pra fazer isso? Quero dizer... Se ela não gosta mais de mim, era só falar que queria um tempo... Sabe ser mais simpática.

Eu estudei tudo que havia observado. Eles sempre estavam se agarrando ou se beijando – que é quase a mesma coisa – Não via diferença de comportamento nem brigas. Nada que pudesse implicar à Ângela a fazer isso.

– Sabe o que acho? Que ela bateu com a cabeça.

– Fala sério! Isso é a desculpa mais idiota que já ouvi.

Com certeza era uma desculpa super descarada.

– Se não bateu, eu baterei na parede. Ela não pode fazer essas coisas sem se explicar.

Ele me olhou como se duvidasse de minha sanidade.

– Arrancarei dela a verdade.

Saí em direção às salas de aula. Teria um dia cheio.

Não precisei andar muito para a primeira aula. Era Feitiços e Grifinória não era a outra casa que dividia a sala com a Sonserina, mas sim a Lufa Lufa.

Sentia-me a Boa Samaritana pelo ato de bondade que faria com aqueles dois. Já estava muita bondade sem que eu percebesse. Certo que o coração fica mais leve, mas é difícil deixar todos satisfeitos.

Com o término da aula, corri para poder alcançar as gêmeas antes de elas seguirem para a aula delas, mas infelizmente elas já haviam entrado na sala. Dei meia volta e quase esbarrei em Dumbledore. Ele quase nunca anda por Hogwarts. Estranhei, mas passei por ele. Tinha aula de Poções e ter de encarar o Slughorn não era fácil.

Durante a manhã não havia conseguido ficar sozinha com a Ângela. Mas tinha o almoço. Dessa ela não me escapa. Ou eu seria discreta ou causaria um escândalo pra ela poder falar comigo.

Propositalmente cheguei tarde ao almoço. Vi Draco, mas não segui para a mesa da Sonserina. Ele também não estranhou, apenas continuou comendo. Parei em frente à mesa da Grifinória e bati no Weasley para ceder espaço. Rony Weasley foi inteligente em ter atendido.

– Que faz aqui, Snape?

Com meu melhor sorriso, olhei pra ele:

– Simplesmente não te interessa... Agora Ângela Salvatore tem de me responder algumas coisas – acrescentei e ela fitou-me.

– Sem essa de responder. Não estou em um interrogatório.

Eu ri e peguei o suco do Weasley e beberiquei. Ele reclamou, mas nem me importei. Os outros alunos riam e alguns estavam curiosos.

– Sabe qual é a vantagem de ser filha do Severo Snape? É que conviver com ele é um aprendizado – coloquei a taça em frente ao Weasley, que a olhou e ficou decepcionado por eu ter acabado com tudo. – Sessões de interrogatório são freqüentes... Então desembucha sobre essa de término de namora tarde da noite.

Ângela se engasgou com o suco e teve de ser socorrida pela irmã, que batia nas costas dela, enquanto tossia.

– Eu... Não... – ela se sentou, recompondo-se. – O que tem isso?

Eu revirei meus olhos. Ninguém iria querer ouvir meus sermões em pleno almoço – E olha que eu tinha uma lista enorme naquele momento - Contei até dez em sussurros e a fitei novamente.

– Oras. Não me venha com o que tem. Quero saber a causa disso tudo. Tá certo que o McMillian é chato, feio, super nerd, perfeccionista, exibido... Mas do jeito que eram, parecia inseparáveis. Dava até ânsia de vômito a agarração de vocês...

– Por isso achei estranho os dois não estarem se agarrando nessa manhã – comentou algum aluno da Grifinória.

– Exatamente. Agora conte. Uma carga a mais nas minhas costas não me incomodará.

Ângela olhou para a irmã, que abaixou a cabeça para seu prato. Clara devia saber o motivo.

– É coisa de família e impossível de ir contra.

– Conheço tantas famílias problemáticas que a sua deve ser a mais simplória que existe.

Ela respirou fundo.

– Não me faça contar a história de mais de mil anos da minha linhagem. É uma coisa estúpida da família que persiste por séculos. Somente alguns conseguiram escapar, mas quem leva o nome Salvatore e sangue não pode se desfazer.

Isso me cheirava como a história que Giulia me contou.

– Dez famílias que se mantiveram incólumes durante séculos, foram quase dizimadas na Segunda Guerra Mundial. O sistema não era tão severo, mas como os puro sangue não são mais na quantidade de antes, o sistema continua...

– O dos patriarcas escolherem as noivas e noivos.

Ela me olhou espantada por eu saber isso.

– Como que sabe disso? Somente as próprias famílias sabem.

– Pois sei que Cheege, Baptist, Currié, Luigi são quatro dessas famílias com esse sistema feudal. Coisa mais idade das trevas. Só não sabia que os Salvatore estavam no meio também.

Ângela calou-se. Eu não deveria saber sobre esse assunto.

Percebi os olhares dos outros alunos. Podia apostar que tinha algumas cabeças espichadas atrás de mim, querendo ouvir tudo. Já me preparava para as perguntas, mas quem se manifestou foi a Sabe-tudo-Granger.

– Achei que esse sistema tivesse sido destruído pelas leis bruxas.

– Era de se esperar que soubesse de tudo... – olhei pra trás e os outros se viraram, como se não tivessem escutado nada. Voltei-me aos grifinórios. – Até eu fiquei surpresa. E olha que vivo entre cobras – sorri.

Ângela continuava quieta. Eu já descobrira a causa, mas ainda precisava juntar aqueles dois. Eles eram um casal estranho, mas ficar nesse clima depressivo era insuportável. Eu já vivia nas masmorras onde nada era tão legal quanto nas torres.

– Pra quem você foi prometida?

Ângela virou o olhar. Parecia procurar alguém, até que eu vi onde seus olhos pararam: mesa da Corvinal.

– Cara, sério que o patriarca da família Salvatore fez isso?

Era por isso que Ângela nunca demonstrou gostar de Jean, pois ela provavelmente o conhecia.

– Lembre-me de socar esse velho.

Levantei-me e vi um aviãzinho de papel voar até mim. Peguei-o no ar e li.

– Encontre-me no campo? – li em voz alta. – Até parece!

– Aira...

Virei e vi Ângela.

– Okay. Entendo a história. Acho super absurda. Ainda quero matar quem fez essas regras. Mas tenho provas para estudar e algum idiota que quer me encontrar – olhei para meu braço esquerdo e a marca estava ali, queimando. – Mas viva sua vida. Que se dane seus familiares que acharem ruim. Cara, se você gosta daquele besta do McMillian, vai atrás e seja o que for... – parei e lembrei que minha irmã estava no meio da história. Mas quanta sorte ela tinha. – Conversa com a Ketlen. Ela vai saber o que te dizer.

– Ketlen? Sua irmã?

Achei que fosse Ângela a fazer essa pergunta, mas foi o Potter.

– Quem mais seria? Ela não é somente um rostinho bonito.

Virei-me a La Severo Snape e fiz meu percurso para fora do salão.

Força de hábito trancar-me longe das pessoas, mas dessa vez fugi pro banheiro feminino. Tinha a Murta-que-geme, mas ela deveria estar navegando pelos encanamentos. Sentei-me no chão e retirei meu livro, o que meu pai me dera para eu escrever, mas nunca iniciei nada nele. Já era hora de fazer alguma coisa. Coloquei minhas metas, meus problemas, prováveis soluções e pensamentos do momento. Foram mais de cinco folhas com uma letra garranchosa.

Eu normalmente era calma para escrever, mas queria fazer tudo rápido. Queria transferir minhas frustrações para o papel, vê-lo rasgar... Depois de escrever olhei e vi as anotações. Eu sabia que tinha muitos problemas, mas vendo no papel tive noção da quantidade. Havia problemas antigos e suas soluções, mas os que persistiam me tiravam o sono.

Recolhi tudo e segui para as próximas aulas.

Quando eu menos esperava o dia havia acabado e eu estava instruindo Giulia e Geovanna a ficarem no quarto e não saírem em hipótese alguma.

Não dei chance de elas perguntarem o que aconteceria. Apenas disse que era para o bem do bebê. As duas não seriam loucas de sair. Giulia não iria querer que nada acontecesse a ela e perdesse o bebê e Geovanna deveria ficar ilesa para proteger o bebê futuramente.

Fiz com elas prometessem com todas as palavras que não sairiam dali e nem me procurariam ou mais ninguém. Eu teria de confiar nelas. Algo que se perdeu a muito tempo.

Eu não estaria na ação toda. Mas eu deveria me encarregar de deixar a porta aberta para eles saírem. Quando chegou próxima a hora, sai de fininho do dormitório, mas antes observei Giulia dormindo serenamente. Não sabia o que sentia em relação a ela, mas sabia que não era pena.

Coloquei meu capuz e vaguei pelos corredores com pouca luz. Seria mais eficaz eu ter ficado o tempo todo na Sala Precisa, mas não queria aquelas duas tendo suspeitas. Cheguei em frente a porta e quando me aproximei, vi que estava aberta. Alguém havia saído. Pensei melhor e decidi guardar essa informação só pra mim.

Subi as escadas, que mesmo de noite se moviam. Mas dessa vez não me deixaram andando por caminhos longos. Em pouco tempo já estava em frente à Sala Precisa andando pra lá e pra cá, pedindo um lugar pra ficar em paz. A porta se abriu e adentrei. Os montes de objetos dali formavam corredores e tive de passar por eles até chegar onde o Armário Sumidouro estava.

– Atrasada, Snape.

Fazia tempo que não ouvia a voz aguda e irritante de Bellatrix Lestrange. Apenas ignorei-a.

– Aira?

Olhei meu pai.

– Certo. Está feito.

Ele continuou com sua expressão ranzinza e séria. Eu tinha certeza que estava feliz por ter feito minha parte. Aparentemente meu trabalho era insignificante, mas eu teria que permanecer em Hogwarts após a morte de Dumbledore. Se não fosse alvo de torturas, seria de olhares feios e muita fofoca.

– Se não precisam mais de mim. Tenho coisas para fazer.

Virei-me e andei alguns passos até que senti alguém apertando meu braço. Olhei e vi que era Draco. Ele se aproximou de meu ouvido.

– Fique com isso. Eu queria ter te dado há algum tempo.

Ele me soltou e saiu. Era uma caixinha que ele me entregou. Abri e vi um anel com um diamante incrustado nela. Eu sabia do que se tratava. Era um anel de compromisso; pra ser mais exata, uma aliança.

Coloquei-a em meu dedo anelar direito e guardei a caixinha em meu bolso. Segui andando.

Esse foi o pedido de casamento mais original que já vi. Estávamos prestes a entrar em uma guerra. Era preciso agarrar tudo como se fosse a última coisa que fizesse. Eu sabia que encontraria Draco de volta, pois meu pai prometera que o protegeria, mas o sentimento era ruim. Era como se fosse o início de um fim, em que nada voltaria a ser o mesmo.

Desci as escadas e me postei na entrada. Era hora da batalha.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não demorarei pra postar o próximo. Ele já está feito. Só mais ele e acaba o 6 ano de Aira e começa a guerra verdadeira com mais emoções.
O próximo será bem mais emocionante e cheio de sentimentalismo. Sugiro ficar com lenços no caso de você ser uma manteiga derretida.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aira Snape - A Comensal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.