Aira Snape - A Comensal escrita por Ma Argilero


Capítulo 12
Um dia doce


Notas iniciais do capítulo

Depois de dias sem postar nada, aqui um capítulo novo.



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Todos sabiam do meu rompimento com Jean. Depois da bofetada que dei na Cheege, era de se esperar que fofocas corressem pela mesma noite. E haviam diversas versões para eu ter feito aquilo. Umas delas era que eu os peguei se beijando. Mas a que chegou mais perto, a de Jean ter me traido por algum tempo, era a mais passada.

Clara, uma das fofoqueiras, contou-me todas as versões. Ela perguntou-me se eu queria espalhar a verdadeira, mas eu não queria estragar mais a vida da Cheege. Se ela nunca se protegeu todo esse tempo, já estaria fecundada. Só restava esperar.

Meu pai chamou-me em sua sala para saber se algumas das fofocas eram verdadeiras. Contei a ele que fui traida, mas não disse como. Ele viu que eu não precisava de consolo, mas alertou-me para não fazer nada impensado.

Um dos meus passatempos obrigatórios era ajudar na organização do baile. Conversei com McGonnagal, que aceitou a entrada da Alekxis. Tive que implorar muito, coisa que eu não gostava de fazer. Minha amiga ficou tão feliz e eu poderia me livrar um pouco desse ar de baile.

Ela tinha muitas ideias, das quais podíamos usar e abusar. Nunca participei de nenhum baile em Beauxbottons, mas pelo que Alekxis dizia, eram sempre lindos, cheios de objetos decorativos. Tinha a música certa para cada tema.

Meu único baile foi um desastre no começo e terminou bem, até quando durou.

Draco estava ao meu lado, anotando tudo que seria preciso. Ele era um leso nesse quesito, tanto quanto os outros garotos.

O tema do baile era de máscaras. Os garotos não concordaram muito, mas com a Clara raivosa e espumando pela boca, além de tê-los ameaçado pela eternidade, acabaram cedendo.

Ele pelo menos não tentava me agarrar ali. Ficava tão aliviada quando ele se dirigia aos garotos e conversava com eles. Entretanto eu não conseguia fugir quando estávamos na biblioteca, sozinhos. Draco sempre aproximava-se de mim, fazendo-me ficar receosa, mas apenas pegava o livro que eu estava usando ou outro distante de si. O garoto sabia como me deixar neurótica.

Os treinos ainda estavam longes, por isso eu gastava meu tempo lendo. Sempre havia alguém para interromper, mas eu conseguia encontrar um lugar tranquilo.

Como haveria o baile, o diretor abriu duas saídas dos alunos para Hogsmead em outrubro. Sábado se aproximava e eu precisava de dinheiro para comprar um vestido, porém meu pai não queria me dar.

Por que não?

Ele guardou os pergaminhos em sua gaveta.

Do jeito que está é bem capaz de gastar tudo.

Eu adorava a confiança de meu pai por mim. Ele achava que eu era como as outras garotas que gastavam sem se importar com a soma. Eu fui criada na mais remota mordomia. Eu ganhava tudo que queria, mas meus pais adotivos faziam das tripas o coração para conseguir.

Não apelei para o choro e dizer que ele não me amava e queria ver-me afundada no poço, sofrendo. Não sou tão boa atriz assim.

Como queira.

Lembrei do meu antigo vestido. Ele ainda estava em meu malão. Alguma coisa me dizia de que precisaria dele, quando o guardei ali. O peguei e vi o bufante na saia. Peguei minha varinha e com um feitiço simples fiz ficar em pregas sobrepostas em preto e branco. Claro que precisei da ajuda de uma agulha e linha, mais um feitiço para reforçar e estava perfeito. Ainda mudei o busto, deixando-o acolchoado e modelando minha cintura e culote. Tinha que ser algo a ver com Halloween. Apenas mais alguns acessórios e estaria perfeito.

Quando pensei que iria somente à Hogsmead para fazer companhia as garotas, fui pega de surpresa por Secero, no portão, entregando-me algumas moedas.

Não poderia deixar você ver as outras garotas comprarem vestidos e você não.

Guardei as moedas em meu bolso e saí. Essa atitude dele foi inesperada.

Fomos direto para a loja, que estava atulhada de pessoas. Só vi a Clara e a Alekxis correndo pra lá e pra cá, pegando vestidos, sapatos, acessórios e os segurando, não sei como. Eu e Ângela seguimos para alguns cabides, onde ela escolheu um vestido pink. Queria saber o que faria com ele. Já que era longo e não parecia do seu gosto. Procurei uma máscara e vi uma preta, texturizada em veludo. Comprei-a, pagando com as moedas. Ainda sobraram algumas. Eu aproveitaria e compraria alguns doces e tomaria uma bebida no Três Vassouras. Eu só queria saber quando eu poderia fazer isso já que Clara e Alekxis não se decidiam por qual roupa levar.

Ângela e eu saimos e fomos até o Três Vassouras, onde encontramos Ernesto e mais alguns garotos em um canto e para meu desespero emocional e racional: Draco, em um canto, sozinho, olhando-me...

Fui até o balcão e pedi uma cerveja amanteigada. Draco aproximou-se de mim, porém eu o ignorarva como podia.

Não é do seu feito fazer compras ele disse brincando com um guardanapo.

E nem do seu reparar em mim! peguei as bebidas e segui para a mesa.

Sentei-me ao lado de Angel e comecei a conversar com ela. Era somente um pretexto para passar o tempo. Meu pensamento estava naquele balcão, tentando processar o que Draco quer.

Que vai fazer com seu vestido? perguntei, interessada na escolha.

Acho que vou de patricinha.

Não aguentei e ri. Ela de patricinha era uma coisa inesperada. Ângela sempre foi agressiva e odeia cores claras principalmente rosa Não posso perder meu posto de mais ousada de Hogwarts.

Nem percebi quando Ernesto sentou-se ao lado dela.

Oi disse.

Oi, Aira. Vocês já compraram as roupas?

Disse-lhe que só havia comprado uma máscara. Ele quis saber o motivo e falei que já tinha um vestido. Quando Angel contou do que iria, ele somente lhe retribuiu um sorriso e lhe beijou. Ver minha amiga namorar em minha frente não era legal. Fazia uma semana que eu e Jean estávamos separados. E aqueles infelizes não foram à Hogsmead. Eles deveriam estar se entendo.

Tenho um ótimo sensod de escolha para namorados.

Não aguentei mais ver as línguas deles se encontrarem daquela forma. Vou ver as duas lá na loja, disse saindo da mesa e deixando minha sacola onde eu estava sentada. Saí do bar e respirei o ar. Se inveja matasse eu já estaria enterrada há muito tempo.

Vem comigo somente senti um puxão depois de ouvir as palavras proderidas por um voz que soube, imediatamente, de quem era. O loiro estava me levando para algum lugar.

Ele parou diante uma árvore florida e sentou-me sob um tronco caído. Draco ajoelhou-se, ficando da minha altura.

Isso...

Draco pegou um lenço.

Espera... o quê?

E vendou meus olhos. Coloquei minha mão em meu rosto e tentei retirar a venda, mas ele me impediu.

Onde estamos?

Em um lugar longe dos outros sussurrou ao meu ouvido, fazendo-me arrepiar toda. Ele riu e passou a mão por meu braço nu. Abra a boca.

O que você vai fazer? era muito suspeito. E pedir para eu fazer as coisas enquanto estava vendada não era confiável.

Apenas abra. Não farei nada que não queira.

Receosa, abri lentamente minha boca. Senti um cheiro doce, mas eu não sabia dizer do que se tratava. Draco colou em minha boca um morango coberto de chocolate. Mastiguei e engoli. Queria descobrir porquê estava fazendo àquilo.

Novamente ele colocou algo em minha boca, que só descobrir tratar-se de um pedaço de maçã depois de engolir.

Doces.

Ignorada, continuei a comer o que ele me dava: chocolate, uva, cereja...

O que recebi depois não foi nada doce, de comer, mas um beijo dele. Era como se eu estivesse de mãos atadas. Ele conseguia me envolver. Quando percebi já estava com minhas mãos embrenhadas em seu cabelo.

Ele apertou-me mais contra seu corpo e pude sentir o quanto me desejava. Draco separou-se de mim, ofegante, assim como eu. Olhei-o, pois com o beijo, a venda saiu de meus olhos.

Levantei-me e vi embrulhos ao meu pé. Não era bom. Não mesmo. O que estava havendo comigo?

Droga, Draco! Isso é burrice!

Ele apenas sentou-se ao meu lado.

Eu prometi que te conquistaria em três meses Ele aproximou-se de mim, colocando sua mão em minha nuca.

Senti um arrepio súbito e fechei meus olhos. Foi o sinal para ele prosseguir. Os lábios dele tocaram a pele de meu pescoço, descendo até a alça de minha blusa. Ele subiu os lábios por minha pele, beijando meu queixo e encontrando minha boca. Como ele conseguia fazer-me perder o controle da sanidade?

Draco puxou-me para mais perto, mordendo meu pescoço. Foi quando acordei de meu transe, empurrando-o e me levantando.

Não faça mais isso! Não quero me envolver dessa maneira com você... Eu ainda... virei-me ajeitando meu cabelo amo outra pessoa.

Era difícil eu dizer isso.

Voltei para o bar e vi Clara e Alekxis conversando com Ângela e Ernesto, que estavam mais preocupados em trocar carícias.

Sentei-me em minha cadeira, ainda devaneada. O que ocorreu não poderia voltar a acontecer em hipótese alguma!

Terra para Aira.

Olhei para Ângela e a minha mente vagueou. Por que eu era tão importante para ele? Para eles? No passado nem tão distante assim, dois anos atrás, basicamente fui disputada por dois garotos. Até Salvatore gostava de mim, mas ele já se formou. O que eu tenho que os atraem? Não tenho descendência de vella.

Droga! levantei-me.

Que houve?

Preciso saber de algo!

Saí correndo. Os quatro vieram atrás de mim. Não os impedi. Fui até onde eu e Draco estivemos alguns minutos atrás, mas não restava nenhum indício de que ele estivera ali. Voltei frustrada até o Três vassouras e vi Draco de braços cruzados, escorado em uma árvore.

Seu grande inútil gritei e fui até ele.

O que fiz agora?

Eu precisava arrancar dele a maldita dúvida.

Diga tudo!

Todos que estavam presentes ali não entendiam nada. Ele, com as mãos no bolso, ficou ao meu lado e sussurrou em meu ouvido:

Sala precisa hoje a noite.

Apenas concordei com a cabeça e vi-o ir.

Eu estava uma pilha de nervos. O que ele diria em respostas às minhas perguntas? Não poderia esperar muito tempo para isso.

Antes de meu horário habitual em que visitavao Draco, para ajudá-lo, entrei na Sala Precisa e o vi trabalhando no armário. Tinha tanta coisa ali, que era meio difícil eu não passar por despercebida.

Controlei meus pensamentos e andei até onde ele estava. Sentei-me a sua frente. Draco olhou-me, deixando as ferramentas de lado.

Não te esperava tão cedo.

Não quero enrolações. Quero a verdade de tudo que perguntar a você.

Ele esticou a mão em minha direção e meu coração pulou. Pensei que ele fosse me tocar, mas, apenas pegou sua camisa. Fiquei o observando colocá-la.

Então, qual a primeira pergunta?

Eu tinha formulado todas as perguntas. Mas algumas dependiam da resposta da anterior.

Eu fui sua amiga?

Draco ajustou a gola, colocando a gravata frouxa em volta do pescoço. Os movimentos dele eram tranquilos, nem parecia que estava passando por um interrogatório.

Foi não era essa resposta que eu queria. Esperava que ele dissesse que ainda sou.

Hora de outra pergunta. Vasculhei minha mente e encontrei a ideal:

Por que era meu amigo?

Talvez seja por que você não era parecida com os outros.

Pensando bem, os outros amigos dele eram todos gananciosos e sonserinos sem tirar nem por. Eu, era apenas uma aberração que estava na casa errada. Talvez o chapéu sempre soube que Severo Snape era meu e por isso deixou-me na mesma casa que a dele, para podermos ficar mais próximos.

Já me comparou à Parkinson?

Draco riu. Era a primeira vez que o via rir daquela maneira.

Comparar você àquela grudenta? De jeito nenhum! Você é imcompatável!

Lembrei do que meu pai sempre me dizia quando eu aprontava alguma Você é muito parecida com a Hayley. Como ela, que morreu a anos atrás, ainda assombra meu presente? Por que tenho de ser igual a ela?

Abaixei a cabeça, deixando que a lembrança fugisse.

Eu tinha milhões de perguntas pra fazer, mas se não fizer essa logo, não aguentarei muito tempo.

Eu sabia que estava prestes a chorar. Não queria que ele me visse fracassando. Poucas pessoas sabiam como eu realmente era. E dois deles estavam mortos.

Olhei para o teto, desejando que ele se parecesse com o teto enfeitiçado do Salão Principal. Começaram a aparecer pontos de luz algumas nuvens. Fechei meus olhos e soltei a última pergunta:

Por que sou tão importante pra você? Por que me quer tanto?

Continuei olhando pra cima, era algo reconfortante. Sentia-me mais calma.

Porque gosto muito de você abaixei minha cabeça e olhei-o. Draco se aproximou e tocou meu rosto. Não me importo mais com nada. Minha vida acabou quando Voldemort disse ter planos para mim. Mas você... ele tocou meu rosto. , você fez ver as coisas de um modo diferente. Aira, você sempre protegeu quem ama, e eu faço o mesmo.

Segurei pra não falar nada. Precisava escutar tudo que ele tinha pra dizer.

Sempre fui um imprestável que usava as garotas e depois as descartava, mas não quero fazer isso com você, pois eu te amo.

Ele tocou meus lábios, beijando-me demoradamente. Meu corpo começou a deslizar, até que senti o chão em minhas costas e Draco por cima.

Prometo não te magoar.

Olhei-o. Ele poderia ser sonserino, mas nunca abandonaria quem precisasse.

Você ainda tem mais dois meses para me conquistar.

Empurrei-o e sentei. Aquele beijo foi diferente. Eu poderia acreditar no que havia me dito? Olhei-o e o vi confuso.

Nos vemos amanhã.

Levantei-me e segui para fora. Foi estranho ele dizer que me ama. Já ouvi essa simples frase, mas impactante, três vezes. E nenhuma delas durou.

Voltei para meu dormitório e sentei-me ao lado de minha cama, no chão, pensando e chorando baixinho. Meu desespero aumentava. Eu estava sozinha, mesmo rodeada de pessoas. Ainda sentia um vazio...



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Notas finais do capítulo

Estou tentando não deixar a fic. Não se preocupem se eu demorar pra postar novos capítulos. Só é uma fase de pouca inspiração.



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