Edward POV

- Edward…Edward… - alguém me chamava sussurrando ao meu ouvido. A voz soava-me familiar, não sabia… encontrava-me bastante confuso e sentia que a minha cabeça iria explodir a qualquer momento.

Abri, muito devagar, os meus olhos. Decerto que me encontrava no meu quarto. E sabia que estava de ressaca, como já é habitual de há uns meses para cá.

Senti alguém me tocar nos cabelos, virei-me e dei de caras com Esme, a minha mãe. Não me espantava que ela estivesse cá, pois eu já não dava notícias há semanas.

- Edward, meu filho, tu estás a destruir-te. – Ela disse com pesar e dor nos olhos. Sabia a que ela se referia. Praticamente não vivia, havia tirado férias do hospital, pois já não sentia o prazer de curar que sentia antes de tudo acontecer. Eu apenas dormia, fazia as minhas necessidades fisiológicas, quase não comia e embriagava-me praticamente todas as noites, porque eu precisava de me desligar da realidade com desespero, embora nem bêbedo eu me esquecesse dela ou da minha enorme dor.

- Mãe, não vamos falar sobre isso novamente. A minha vida acabou quando ela se foi. – Ao me lembrar dela, o meu coração apertou e os meus olhos começaram a ficar embaraçados pelas lágrimas. Reação instantânea sempre que me lembrava dela.

- Edward, lembra-te que ela não iria querer que ficasses assim, ela queria mais que tudo que fosses feliz, mas tu não te estas a esforçar por superar. Simplesmente vais pelo caminho mais fácil, não enfrentar a tua dor e não vives, fazes tudo mecanicamente e sem emoção. Isso é nada, meu amor. – Esme estava com dor. E a minha dor ainda ficava maior ao ver que eu fazia toda a minha família sofrer. Ninguém dizia o nome dela, para não ser mais difícil, então tratavam-na por “ela”.

Não respondi. Pois se o fizesse iria começar a berrar e a dar cabo de tudo, como sempre aconteciam quando me vinham confrontar.

Ninguém entendia a minha situação, então porque simplesmente não me deixavam em paz?! Eu merecia, penso eu.

Já lá iam 6 meses, e tudo parecia piorar e não melhorar. Sempre diziam que o tempo cura tudo, mas pelos vistos, não no meu caso.

Ai meu deus, porquê a ela? PORQUÊ?!

Só preferia que quem tivesse morrido fosse eu e nunca, nunca ela. Nunca ela. Ela não devia ter ido, porque ela era simplesmente ela. Não merecia nada, nada disto.

Mas a minha mãe tinha razão, eu tinha que dar um novo rumo à minha vida... não podia continuar mais assim. De certeza que a minha esposa lá em cima, não iria querer me ver neste estado.

Então por ela e por minha família, eu iria recomeçar, ou melhor tentar reconstruir minha vida, para esta ser minimamente decente.

Eu ia levantar-me, por ela.