Tudo ia muito bem. Eu estava em um jardim lindo. Perfeito. O cheiro de rosas cobria o lugar e o sol brilhava forte, sem a companhia de nenhuma nuvem. A grama era verde e um pouco alta, mas macia. Flores de todos os tipos. Um arco íris de flores de todos os perfumes e tamanhos banhava o jardim.

            Nuvens começaram a cobrir o sol com uma velocidade impressionante. E de repente não se tinha mais luz. Só a escuridão. As flores ficaram cinzentas e murcharam. Tudo perdeu a vida e a cor.

            Olhei para o vestido que eu estava usando, ele também perdera a cor juntamente com meus cabelos e minha pele.

            Cai no chão, depois de ter tropeçado em alguma coisa, era uma cobra cinzenta que olhou para mim nos olhos e sibilou.

            _Alice!! Ajude-nos!_ ouvi uma voz gritar.

            Não entre em pânico, sussurrei para eu mesma.

            Tudo em volta sumiu e então eu estava em uma espécie de acampamento improvisado no meio de uma floresta.

            A lua estava perfeita no alto, mais prateada do que nunca. Caminhei em meio às tendas e vi várias garotas, em idades entre 11 e 16 anos andando ou conversando.

            De repente elas começaram a gritar e apontar para cima. Vi quando novas nuvens cobriram a lua da mesma forma que o sol e tudo ficou novamente escuro.

            Pânico total no acampamento. As garotas corriam e gritavam, mas de suas bocas não saia voz alguma.

            _Alice! Ajude-nos!!_ era a voz outra vez.

            Tudo sumiu e quando vi, estava em uma plantação de milho. Corri. Corri o mais rápido que pude. Alguma coisa estava atrás de mim. Alguma coisa invisível. E perversa.

            Corri e de repente, estava em outro lugar.

            Um salão vazio. Um brilho estranho vinha do meio. Devagar, me aproximei.

            O brilho ficou mais forte e corri meus olhos com os braços.

            _Olá, Alice. Sentiu minha falta? Eu senti._ disse uma voz, que ecoava de todos os lugares._ Venha para mim e você será minha rainha. Minha Rainha das Trevas e dos Titãs.

            Senti um leve choque e olhei para o meu corpo e passei a mão no cabelo. Minhas roupas tinham sido trocadas por um vestido preto de veludo perfeito, como os de princesas; meu cabelo estava preso em um coque alto, deixando algumas partes soltas; e meu pescoço e braços eram cheios de jóias caras e raras.

            Senti mãos invisíveis afagar-me o rosto. E de repente Cronos apareceu na minha frente.

            Ele era um homem alto, julgando pelo aparecia, estava na casa dos 40

            Tentei livrar-me disso.

            _Calma, querida._ era Cronos._ Junte-se a mim. E juntos, seremos invencíveis.

            _E quanto a Reia?

            _A idiota? A idiota que causou minha desgraça salvando Zeus? Mas… talvez ela tenha feito um bom trabalho, se o estúpido do meu filho não tivesse tido Atena, eu não teria você.

            Só de pensar que Cronos era meu bisavô, eu sentia nojo.

           Reia, a mulher dele, que como ele disse, salvou Zeus e deu para Cronos comer uma pedra em seu lugar, já que, por causa de uma profecia, ele devorava todos os filhos.

            _O que diz, Alice? Quer ser minha Rainha?

            Sorri para ele, um sorriso brando.

            _Cronos…

            _Sim.

            _Cronos…

            _Sim, Alice._ disse ele, sorrindo para mim.

            _Vá para o Tártaro!_ disse e depois cuspi na cara dele.

            Cronos urrou de raiva.

            _Sua idiota! O que você fez?

            _Apenas o começo do que você merece._Eu cuspi as palavras.

            _Você vai ver!

            _Não, Cronos._ eu disse o nome dele como se fosse o pior xingamento do mundo._ Você quem vai! Você vai realmente ver! E sabe o que? A sua própria derrota… pela terceira vez!!

            _Eu vou te matar!

            _Não!!_ gritei._ Você não pode encostar em mim! Porque esse ainda é meu sonho! E eu odeio essas roupas!_ senti o choque de novo e eu estava vestida com minha tradicional calça jeans e camiseta._ Eu odeio você! E sabe o que eu sinto por você, além disso? Asco! E eu te expulso, Cronos! Eu te expulso do meu sonho de novo!!

            A imagem se desfez e eu vi um eclipse e as vozes de novo:

            _Nos ajude!

            _Alice, socorro!

            _Alice!!

            _ALICE!

            Acordei com um salto. Um barulho fora do quarto me fez acordar.

            Olhei pela janela e vi um dos arbustos se mexendo. Abri a gaveta do criado mudo do lado da minha cama e uma pequena lanterna rolou lá dentro, indo para frente.

            Agarrei-a e sai da Casa Grande para ir ver o que era.

            Descalça e de pijama, atravessei a casa na ponta dos pés. A porta rangeu quando eu a abri. Um ventou louco soprava. Era uma noite escura. Acendi lanterna e foi até o arbusto, espiei e não vi nada. Virei de lado para ele e olhei para cima, pensando nos meus sonhos. Não eram só sonhos, tinha certeza disso, só não sabia o significado. E pelo que percebi, Cronos gosta de mim. Isso não era exatamente uma boa notícia. Ok, era uma péssima notícia.

            E eu odiava Cronos. Por levar meu Art e por tudo o que um dia ele pôde ter feito. Eu o odeio imensamente. Pensei em Percy. Ele já o tinha derrotado uma vez. Talvez soubesse como derrotar de novo. Talvez fosse capaz de destruir Cronos outra vez.

            Nesse momento, senti uma mão gelada pegar meu braço e me puxar bruscamente para o meio dos arbustos.