Crônicas de Forks II - Emocional escrita por Débora Falcão


Capítulo 3
Emoções Conturbadas




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A cada dia que se passava, os meus sentimentos ficavam ainda mais confusos. Embora meu amor por Seth não tivesse mudado um só milímetro, esses sentimentos novos com relação a Jasper estavam me perturbando. Eu inventava motivos para visitar Alice, e, embora meus objetivos eram ver Jasper, ela parecia não ter visões a esse respeito, ou então, era perfeitamente distraída por Jasper nisso.

Quando eu chegava à casa, eu nunca via Jasper, mas sempre havia aquela presença. Até que um dia, ele apareceu, e eu pude vê-lo.

Não foi algo simples. Foi um acontecimento. Os Cullen tinham marcado para ir caçar em grupos. Rosalie e Emmett tinham viajado para a Africa por uns tempos, e Edward, Bella e Renesmee estavam no Alaska, para visitar os Denali, por umas duas ou três semanas. Esme e Carlisle tinham ido caçar, e Alice e Jasper já tinham voltado. Alice me ligou.

"Estou me sentindo tão sozinha..." ela falou ao telefone, e eu sorri, imaginando o biquinho que ela estava fazendo, já tentando convencer-me a ir para lá e satisfazer-lhe os caprichos, virando sua bonequinha de novo.

"O que vai ser dessa vez, Alice?"

Ela sorriu de felicidade. "Quero que experimente umas roupas novas... nada demais."

Eu sorri. O 'nada demais' de Alice provavelmente seria uma nova coleção exclusiva outono-inverno Dolce e Gabanna.

"Estarei aí em meia hora."

"Não tenha hora pra voltar. E nem invente de dormir cedo!"

Eu ri. "Ok, Alice... estarei preparada para o show de horrores e torturas da Alice."

Quando estava quase chegando à casa, a onda de sentimentos chegou, suave. Era como uma atmosfera que permeava a casa dos Cullen. Estávamos apenas eu, Alice e Jasper. Aquilo ia ser confuso. Eu estava agora completamente focada em saber de Jasper, vê-lo, a saudade corroendo meu coração e minha mente.

Alice me recebeu na porta.

"Venha, venha, Lisa, nossa você anda muito devagar!"

"Ei, eu sou humana, esqueceu?"

Ela sorriu, seus dentes brilhando perigosamente. "Claro que não."

Uau, aquilo foi assustador...

Ela me puxou e me levou escada acima, até sua suíte. Me sentou numa imensa cadeira.

"Agora, você espera aqui, que eu vou ao meu closet buscar alguns modelos que eu quero que você prove. Mas antes..."

Ela puxou uma gaveta enorme da penteadeira, que eu conhecia bem.

"Eu vou maquiar você."

"Ai, Alice, é mesmo necessário?"

"Claro que é! Você acha mesmo que eu vou deixar você usar roupas maravilhosas com a cara lavada? Claro que não! Você vai estar maravilhosa, tanto quanto as roupas."

"Mas, Alice! É só experimentar roupas..."

"Não importa quem vai ver. Importa que seja perfeito."

E saiu rapidamente. Eu fiquei me olhando no espelho. Sorri. Só podia ser Alice mesmo. Então, o sentimento veio e revirou meu estômago. Era expectativa, ansiedade, saudade, tudo junto, embrulhando minhas vísceras. Me segurei na bancada onde os produtos de maquiagem de Alice estavam. Então, eu vi seu vulto na porta.

Me virei para vê-lo.

Foi como um golpe.

Jasper estava deslumbrante, e parecia estar inconsciente do que estava acontecendo comigo. Eu me senti culpada por me sentir daquela forma diante dele, e me lembrei de quando fui uma vampira, e ele me repreendeu duramente.

Na mesma hora, a culpa se foi, a tranquilidade veio, e senti um pouco de alívio na ansiedade. Mas a expectativa aumentava a cada minuto.

"Olá, Lisa. Como está?"

Seus olhos eram dourados. Bem diferentes do escuro ônix que estavam em meus sonhos. Ele me olhava intensamente, mas ao mesmo tempo, como se não soubesse sobre meus sentimentos. Era claro que ele sabia. Ainda que não os tivesse inflingindo a mim, ele os testaria, os sentiria no momento em que me visse.

"Estou bem, Jasper. E você?"

Ele deu de ombros. "Nada novo."

"Hum."

Percebi que ele olhou rapidamente para o camafeu em meu pescoço.

"Bem, Alice vem aí, não vou estragar seu programa de garotas."

E sorriu.

Eu raramente via Jasper sorrir. Era tão raro que eu praticamente nem me lembrava de quando o vira. E seu sorriso era tão lindo! No momento em que ele sorriu, uma onda de sentimentos de ternura, paz, calor, desejo, tudo ao mesmo tempo, me atingiu. Me desequilibrei. Ele já tinha saído.

"Está se sentindo mal?" A voz de sininho de Alice chegou aos meus ouvidos, numa melodia. Ela estava no quarto.

"Não, não, foi só um pouco de... sono."

"Ah, não, senhora. Você não vai dormir tão cedo."

E pôs-se a trabalhar, totalmente entretida. Como ela não podia ver? Como ela não havia percebido o que eu estava pensando? Eu tinha pensamentos que não deveria ter com o vampiro dela, e ela nem via? Que espécie de vidente era ela?

Quando pensei isso, ela parou de mexer nos meus cabelos. Olhei no espelho e vi seu rosto em branco.

Ela estava captando algo.

Seria minha perdição?


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