Anny narrando –

Acordei no hospital, tinha um homem me encarando, apalpei meu bolso a fim de achar o celular, mas não achei, na verdade eu não estava com bolsos, olhei a roupa que eu vestia era aqueles malditos aventais de hospital.

_ Boa tarde, tem uns garotos ali fora, aguardando notícias sobre você.

_ Tá, cadê minha roupa? – o olhei

_ Está em cima da pia do banheiro, e seus pertences na estante – ele apontou.

_ Tá, vou vestir minha roupa – sentei-me e ele tirou a agulha de meu braço

Ele saiu e eu fui em direção ao banheiro.

Liguei meu celular novamente, e o coloquei na pia.

_ Aff – bufei baixo, quando eu ia passando para um lugar mais espaçoso bati meu corpo na quina da pia - Droga, aff, odeio hospital, odeio essas porcarias todas – falei quase explodindo de raiva também por meu celular ter caído na pia molhada.

Vesti meu short e blusa, dobrei meu casaquinho, prendi meu cabelo e lavei o rosto.

_ Anny – alguém, provavelmente o Ryan, falou me fazendo derrubar o celular.

_ Ah, vai tomar no... – pausei – oi Ry. Entra. – falei destrancando a porta

_ Você está bem? – ele perguntou sorrindo e fechando a porta

_ Sei lá, acho que sim – dei de ombros, pegando meu celular no chão.

_ Hm... o que aconteceu? – ele perguntou

_ O Justin estava me falando umas coisas, eu senti uma tontura e desmaiei. Eu acho... – falei o fitando

_ Ah ok – ele sorriu de lado

_ Vem cá Ry – o abracei – tá gostoso em – fitei seu corpo mordendo os lábios

_ Gostosa tá você – ele piscou, lhe dei um beijo perto do queixo e após mordi – ok gatinha, vamos sair daqui logo – ele riu

_ Vamos – sorri pra ele e pisei de leve em um de seus pés o olhando

_ Vai – ele riu entendendo o recado – cuidado para não cair para trás – ele segurou em minhas costas perto de meus quadris, abracei sua cintura segurando meu casaquinho também.

_ Não me derruba – falei já rindo, aquilo nunca dava certo, ele assentiu e abriu a porta.

Ele entrou no quarto rindo comigo, até que alguém pigarreou.

_ Isso é o Justin, não é?! – perguntei próximo ao ouvido do Ryan

_ É – ele riu

_ Que sorrisinho de bebê Ryan – lhe dei um beijo no queixo e desci de seus pés e me virei.

_ Opa – sorri sem graça quando vi o Chaz e Lenny ali, o Justin praticamente nos fuzilava.

_ O que vocês estavam fazendo no banheiro esse tempo todo? – o Lenny perguntou rindo e o Justin semicerrou os olhos para nós.

_ Segredinho – pisquei – mas como vocês são nossos amigos... nós estávamos nos pegando – falei rindo

_ Ryan! – o Justin o olhou – Anny, tem alguém de meus amigos que você ainda não ficou?

_ Tem... o Chris, Lenny. – o fitei – o Chris porque ele namora e o Lenny porque é meu irmão – falei me divertindo com a cara dele

_ Vocês estavam ficando mesmo? – o Lenny nos olhou

_ É brincadeira – sorri e o Justin bufou, os meninos estavam se matando de rir.

_ Vejo que todos estão se divertindo, mas a Anny precisa descansar – o doutor falou sorrindo.

_ Como assim? Eu vou ficar aqui mais uma noite? – perguntei

_ É, tenho que ter uma conversinha com você antes de te dar alta – ele sorriu

_ Mas... – ia protestar

_ Ok doutor... Dante, ela vai ficar aqui sim e vai ouvir atentamente o que o senhor tem para falar – o Ryan me interrompeu – não é Anny?! – ele me fuzilou

_ É... – falei contra minha vontade

Os meninos foram para casa, o Ryan ficou a tarde comigo no hospital e o Lenny iria vir pela noite.

_ Anny, eu preciso ir, o médico vai vir conversar com você e daqui a pouco seu irmão vem – o Ryan sorriu

_ Tá, obrigado por me aturar a tarde toda Ry – sorri lhe abraçando

_ Escuta o que o doutor tem para dizer... – ele deu um beijo em minha testa

_ Até amanhã – sorri soltando um beijo no ar e me encostando na cama.

O doutor rapidamente chegou e começou a falar que eu precisava me alimentar bem, não podia ficar sem almoçar e logo atacar doces, precisava parar te tomar tanto cappuccino – o que eu não entendi o motivo – e maneirar no açúcar porque se não eu iria ter uma diabetes e blablabla.

_ Ouviu bem moçinha?

_ Ouvi – sorri

_ Vou mandar o garoto que está aí fora entrar. – ele sorriu

Sorri de leve, ao menos teria o Lenny para me fazer rir bastante durante a noite. Ou não.

O Justin entrou e eu fiquei o encarando, ele estava com duas bolsas, uma minha e outra preta.

_ O que você está fazendo aqui? – o perguntei sem expressão

_ Fui obrigado – ele bufou e sentou-se no sofá, fiquei calada.

_ Justin – o chamei

_ Fale

_ Você está com raiva porque eu desmaiei quando você estava falando comigo ou por causa do Ryan?

_ Você não precisa saber – ele falou aparentemente com raiva

_ Mas eu quero saber, diz Justin... – falei calma

_ Porque eu falei tudo aquilo para você nem escutar e quando você está com o Ryan você ri de tudo, é feliz com tudo, mas comigo não, só patadas, olhares de raiva e essas coisas, e quer saber... eu gosto de você calada sem me dirigir uma palavrinha se quer.

_ Mas... – ele me interrompeu

_ Não quero ouvir nada vindo de você. – ele falou me cortando completamente ignorante.

Só senti algumas lágrimas rolarem por meu rosto, que droga, porque ele precisava ser tão grosso? Logo que eu queria as desculpas dele, droga, mil vezes droga.

Sequei as lágrimas e saí da cama, peguei minha bolsa que estava ao lado do Justin e fui para o banheiro.

Tomei banho, algumas lágrimas se confundiam com as gotas de água que caiam da ducha morna. Vesti um short blusa pretos de um pijama, penteei meu cabelo e o prendi em um rabo-de-cavalo, eu ia sair do banheiro, mas logo lembrei que o Justin estava lá e eu estava chorando, bom, nem eu mesmo entendia o porquê.

Vai ver o motivo é ele, ou a culpa é toda minha, porque eu disse que o odiava, porque ele é tão ciumento? Mas a culpa é minha, desde sempre foi minha, sempre é minha, eu me odeio.

Eu chorava tanto que soluçava, soluçava baixinho implorando para que ele tivesse ocupado e não ouvisse.

 Eu não poderia ficar trancada no banheiro para sempre, levantei-me e lavei o rosto, uma vez, duas, três, sete, dez vezes e respirei fundo milhões de vezes. Eu não conseguia convencer nem a mim mesma, quando mais a ele? Aff, saco.

Coloquei minhas roupas em uma sacola que tinha e guardei na bolsa também, a deixei lá mesmo.

Peguei o celular e voltei para o quarto. Deitei-me virada para o lado oposto ao que o Justin estava.

“Eu te perdoo, foi tão difícil passar todo esse tempo longe de você achando que você nem se importava comigo, é, você não cumpriu a promessa, mas foi bom, porque eu não aguentaria ficar tanto tempo longe de você. O Ryan é um amigo, você é o garoto que me faz sonhar quase todas as noites. O Beijo significou muito, e se isso te deixa melhor e sem tanta raiva... eu te amo, sempre amei.”

Enviei em forma de duas mensagens para ele, ele não queria ouvir minha voz, mas eu precisava dizer para poder dormir sem um peso em minhas costas, ouvi o barulho de mensagem de seu celular, cobri meu rosto a fim de dormir o mais rápido possível. Fui interrompida com o barulho de mensagem de meu celular.

“Tá, e porque não fala isso pessoalmente? É medo de voltar atrás?”

“Não Justin, não é medo de voltar atrás, só medo de você falar com ironia novamente fazendo com que meu coração quebre em mais mil pedaços.”

Respondi a mensagem e voltei ao mesmo estado de antes, com a cabeça coberta.

Alguns minutos depois senti um leve movimento na cama em que eu estava.

_ Anny, você ainda está acordada? – perguntou afagando meus cabelos

_ Não – falei baixo e ele riu

_ Tira o pano da cara Anny.

_ Eu escuto pelos ouvidos Justin.

_ Tá – ele falou e de repente tirou o pano de meu rosto

_ Não!, devolve Drew – falei calma com os olhos fechados

_ Para de me chamar de Drew – ele deu um beijo em minha testa

_ Eu gosto de Drew – sorri abrindo meus olhos e o olhando

_ Eu gosto do sabor do seu beijo e nem por isso estou provando mais dele – ele piscou

_ Porque não? – perguntei o desafiando

_ Hm, estou gostando dessa Anny – ele falou e eu me sentei

_ Tá, vamos conversar... – o olhei e ele sentou-se ao meu lado

_ Eu faço perguntas e você responde - ele falou e eu assenti – primeira... Você já sexo com o Ryan?

_ Porque a pergunta? – o perguntei confusa

_ Responde.

_ Já.

_ Quantas vezes?

_ Não precisa saber Justin – o olhei ficando com vergonha já

_ Diz...

_ Muitas, brincadeira, sei lá três, quatro vezes, não lembro – dei de ombros

_ Tá... hm... o que você ouviu antes de desmaiar?

_ Tudo né – revirei os olhos

_ E a parte que eu disse que... – ele coçou a nuca

_ É Justin, eu ouvi tudo, você que não quis me ouvir – o fitei rindo

_ E o que você queria dizer?

_ Que eu estava passando mal – falei fazendo uma careta – e porque você estava tão chateado agora pouco?

_ Porque agora para você, tudo é o Ryan, até seu irmão prefere ele – ele falou em um quase sussurro.

_ Ah Justin, mas o Ryan é um amigo, você sabe – falei o abraçando de lado – isso tudo é bobagem.

_ Tudo bem... amanhã eu quero fazer uma coisa, promete ouvir? – ele sorriu

_ Você vai fazer o que?

_ Tentar compensar o tempo longe de você – sorriu e me deu um beijo na testa

_ Ok... Justin, me desculpa.

_ Desculpar o que?

_ Por eu ter dito que te odeio, sério, eu não odeio, nunca odiei – sorri sem graça e ele sorriu abertamente.

Ah como eu amo esse sorriso!